Você está na página 1de 80

AS ESCOLAS DE PSICANÁLISE E A PSICANÁLISE

CONTEMPORÂNEA

PROF MS. VANESSA DOS SANTOS


As sete escolas que estamos destacando são:

1) Escola Freudiana.
2) Teóricos das Relações Objetais (M. Klein).
3) Psicologia do Ego (Hartman a M. Mahler).
4) Psicologia do Self (Kohut).
5) Escola Francesa (Lacan).
6) Winnicott.
7) Bion.
O que caracteriza uma “escola psicanalítica” são as seguintes
quatro condições mínimas e básicas:

• 1) o aporte de conceitos originais;


• 2) que esses tenham aplicabilidade na prática psicanalítica clínica;
• 3) que sejam conceitos que atravessem gerações de psicanalistas; e
• 4) que sucessivamente inspirem e deem novos frutos e ramos.
ESCOLA FREUDIANA
Nasceu em 1856 em Freiberg, Morávia
(Tchecoeslováquia)
• Aos 4 anos, pressionado por uma ruína
econômica, mudou-se com a família para
Viena
• Estudou medicina

• Se mudou para Londres – perseguido pelo


nazismo
• Faleceu em 1939 – 83 anos devido a um
câncer no maxilar
• Médico – neurologia – destaque
• Prêmio Goethe de literatura – Paris – Charcot – Hipnose
• França – Bernheim – mistérios do hipnotismo
• Viena – Nesta época tratava-se distúrbios neuropsicológicos com banhos mornos,
massagens, repouso, pequenos estímulos elétricos
• Freud / aplica hipnose / clínica particular
• Se dá conta que não é um bom hipnotizador
• Cria Técnica de associação livre
• Livre associação de ideias – acesso a repressões inconscientes e suas pacientes histéricas
• Tais fatos evolutivos possibilitaram a criação da psicanálise
• Casos clínicos – Estudos sobre a histeria (1893-95)- Breuer – Relatos de atendimentos com
pacientes histéricas
ESCOLA FREUDIANA
• Clínica Freudiana – Início – Hipnose
• Abandono da Hipnose – Utiliza a técnica de associação livre
• Associação livre - existência de repressões
• Inconsciente – força – resistência
• Descobre – Inconsciente dinâmico – influência na vida da pessoa
• Formula as bases da técnica e teoria psicanalítica:
• Sonho – acesso – inconsciente
• Teoria da sexualidade – complexo de Édipo
ESCOLA FREUDIANA
• Resistência e repressões
• Transferência
• Psiquismo – dualidade – pulsão de vida e pulsão de morte
• Consciente e inconsciente
Quem fez parte desta Escola Freudiana
• Karl Abraham
• Nasce em maio de 1877 – 1925 – 48 anos
• Amigo fiel de Freud
• Estudou os estágios de desenvolvimento
• Pacientes narcisistas
Quem fez parte desta Escola Freudiana
• Sandor Ferenczi
• 1873 – 1933
• Modificações na clínica – retira o divã – propõe contato visual

visual com o paciente


• Critério de analisabilidade – não acreditava
• Analista como figura de cura
Quem fez parte desta Escola Freudiana
• Reich
• 1897 – 1957
• Corpo – mente – energia
• Por meio das couraças – pode-se chegar às memórias fixadas
• Energia que circula no corpo – cosmos – Orgone
Quem fez parte desta Escola Freudiana
• Anna Freud (Filha mais nova de Freud)
• 1895 – 1982
• Psicanálise com crianças – professora primária
• Trabalho – crianças órfãs de guerra
• “Ego e mecanismos de defesa” (Livro)
Escola dos teóricos das relações objetais
• Klein
• 1882- 1960
• Perdas ao longo da vida – irmã (tuberculose) – irmão – filho – marido (distante)
• Irmão doente- Cardiopatia - morre
• Pai – morre – seu “herói” – pai presente
• Mãe – controladora
• Deprime – Ferenzci (seu psicanalista) – Contato com a psicanálise – livro de Freud
– interpretação dos sonhos - estudo da psicanálise
• Volta-se para análise de crianças
• Rompimento com a filha psicanalista
• Admiração por Freud
• Símbolo nos brinquedos e jogos
• Ego inato
• Fases – Freud – ex: fase oral, fálica etc
• Klein propõe pensar em posições – transitar – não é fixo
• Posição Esquizoparanóide e posição depressiva
• Sujeito inicia na fase esquizoparanóide – bebê vê a mãe como partes
• Na posição depressiva – Bebê junta a mãe num objeto total
• Esquizoparanóide – O que é bom e o que é mau
• Depressiva – Une as coisas, mas gera angústia
• Quando bebê une seio bom e mau – vai fantasiar, sente culpa
• Objetos parciais:
• 1. seio bom – amamenta, aparece quando o bebê precisa
• 2. seio mau – Aquele que não nutre
• Na análise
• Na posição depressiva – não deposito no outro as culpas – Integro
• Se promove a consciência da realidade
• Processo doloroso
• Pode fazer com que o sujeito transita para a posição esquizoparanóide – para a fantasia
• Nesta posição depressiva- mais tristeza
• Quando a pessoa internaliza o seio bom - julga
• Quando o seio mau é internalizado – “eu não sou bom”

Ex: paciente - não se sentia boa em nada


Quando paciente não transita nas posições pode adoecer
Escola dos teóricos das relações objetais
• Pulsão de morte – inata – ataques sádicos ao seio da mãe
• Pulsões de angústia e aniquilamento
• A realidade psíquica – fantasias inconscientes
• Cria o conceito de objeto parcial: figura parental – representada como objeto – o seio
• Dissociação entre o objeto – seio bom – seio mau
• Crianças podiam ser analisadas (psicóticos)
• Manteve a crença no Complexo de édipo – mas como já existentes em etapas primitivas do
desenvolvimento
Escola dos teóricos das relações objetais
• Período caracterizado por desenvolvimento emocional primitivo – relações objetais
• Influenciadora do pensamento de Winnicott – Bion – Lacan
Escola da psicologia do Ego
• Consistência ao estudo e descrição de um Self
• Heinz Hartman
• Kris
• Loewenstein
• Rappaport
• Erikson
• Se apoiaram no trabalho de Anna Freud
• Hartaman
• Trabalho com afeto, memória
• Ego como instância psíquica encarregada de funções
• Self como representações
• Nesta escola busca estudar o ser humano nos seus processos mentais e
comportamentais
• Fatores externos e internos podem interferir e alterar no processo
• Psicologia Global – cria uma psicologia geral
Escola da psicologia do Ego
• Principais pensadores na modernidade
• Margareth Mahler e Otto Kernberg
• Mahler – meio e desenvolvimento (interferências)
• Essa autora estabeleceu os sucessivos passos na
evolução neurofisiológica da criança acompanhada
pelas respectivas etapas de crescimento mental e
emocional.
Escola da psicologia do Ego
• Ego e Self instâncias diferentes
• Ego – tarefa de adaptação entre as demandas do aparelho psíquico e a realidade
• Self- Conjunto de representações que fazem a pessoa perceber a si mesma
• Seguintes contribuições provindas da escola da psicologia do ego, principalmente dos
trabalhos de Hartmann (1937) e seguidores imediatos:
• 1) Uma valorização do estudo das funções mentais processadas pelo ego, como os
afetos, memória, percepção, conhecimento, pensamento, ação motora, etc.
• 2) Uma aproximação com outras disciplinas como a medicina, biologia, educação,
antropologia e psicologia em geral.
Escola da psicologia do Self
• Heinz Kohut
• 1913 – 1981
• Médico – neurologista –
• Foge do Nazismo – EUA – Instituto Psicanalítico de
Chicago
• Ele situa como o principal instrumento da psicanálise
não o lugar da livre associação de ideias do analisando,
mas, sim, o da Introspecção e o da, recíproca, Empatia.
• Substitui o Ego Freudiano pelo conceito de Self
• Mãe e bebê – Self evolui – identidade
• Interação empática – internaliza as respostas da mãe – usa para construir sua
personalidade
• Vai falar de bebês narcisistas
• Necessidade de exibição
• Self exibicionista - corresponder desejos
• Imagem idealizada
• Self – transcendência entre self exibicionista e imagem idealizada
Escola da psicologia do Self
• Um outro enfoque enaltecido por Kohut é a importância na prática analítica que
processe no paciente uma internalização transmutadora, que consiste na introjeção da
figura do analista como pessoa e como modelo de função psicanalítica para aqueles
pacientes cujas falhas empáticas dos pais não haviam possibilitado identificações
satisfatórias, nem com a mãe, nem com o pai e, tampouco, com substitutos destes.
• Ex: Uma criança que não se identifica nem com a figura do pai e nem da mãe como figuras
importantes, não introjeta nada destes pais, se desenvolve sem uma identidade – pode
encontrar com o analista essa vivência, introjetar a figura do analista como referência –
conseguindo transmutar e desenvolver essas identificações satisfatórias que foram
insatisfatórias com os pais
Escola da psicologia do Self
• Heinz Kohut

Cria duas novas estruturas


• Self grandioso - o self grandioso (imagem onipotente e perfeita que o sujeito sente como
sendo própria; no caso de uma evolução normal, o self grandioso vai transformar-se em
autoestima, autoconfiança e ambições próprias)
• Imago parental idealizada - (diz respeito à imagem primitiva toda poderosa e perfeita que
a criança tem dos pais e que, de alguma maneira, é sentida como fazendo parte do sujeito.
Essa imago parental idealizada transforma-se nos “valores ideais” que podem acompanhar o
indivíduo pelo resto de sua vida, tanto no sentido positivo como no negativo.
Escola da psicologia do Self
• Conceitualização de transferências narcisistas
• o analista é sentido pelo paciente portador de transtorno narcisista da personalidade
como fazendo parte do sujeito. Assim, essa modalidade transferencial é diferente daquela
que se dá na clássica neurose de transferência edipiana, e ela pode assumir três formas,
conforme o grau de regressão: a fusional ou idealizadora (o paciente não discrimina as
diferenças entre o seu self e o do analista, e como toda a felicidade reside no objeto
idealizado, o sujeito sente- se vazio e impotente, com enorme dificuldade para separações);
Escola da psicologia do Self
• gemelar ou de alter-ego (o analista já é sentido pelo paciente como um objeto externo,
porém que se deva comportar como um “gêmeo” do paciente, de modo a confirmar as teses
desse último, e partilharem os mesmos ideais, metas e ambições);
• A especular propriamente dita (é maior a discriminação do paciente com o analista, mas ele
tem uma necessidade vital de que seu “self grandioso” seja espelhado pelo “olhar”
reconhecedor do terapeuta, assim como o bebê em relação à sua mãe, de modo a propiciar-
lhe um sentimento de continuidade, coesão e de existência).
ESCOLA FRANCESA DE PSICANÁLISE
(LACAN)
• MacDougall
• Laplanche
• Lebovici
• Grumberger
• (influenciados por Lacan)
ESCOLA FRANCESA DE PSICANÁLISE
(LACAN)
• Lacan
• 1901 – 1984
• França
• Medicina
• Psiquiatria
• Interesse – paranoia
• Divergência e ira contra a escola de psicanálise Norte
Americana (psicologia do ego) Deturpação da psicanálise
ESCOLA FRANCESA DE PSICANÁLISE
(LACAN)
• Reinterpreta os textos de Freud
• Produção – Retorno a Freud
• Trabalho: Etapa do espelho (1936 – 1966)
• Estudou quatro áreas do psiquismo
• Etapa do espelho com a imagem do corpo
• Linguagem
• Desejo
• Narcisismo e Édipo
ESCOLA FRANCESA DE PSICANÁLISE
(LACAN)
• CORPO
• Na constituição do sujeito prolonga-se na criança, dos 6 aos 18 meses, dividida em três
fases de seis meses cada uma.
• Na primeira delas, a imagem da totalidade corporal é antecipada à do esquema corporal
real; assim, a criança reage com júbilo diante da imagem visual completa de si mesmo
porque essa contrasta com a fragmentação do seu corpo (SE VÊ POR INTEIRO)
• Tal fragmentação, no original francês é denominado por Lacan como corps morcelé, e
costuma ser traduzido por “despedaçamento”, ou seja, são “pedaços corporais” que, por
razões neurobiológicas, ainda não se juntaram.
ESCOLA FRANCESA DE PSICANÁLISE
(LACAN)
• Por exemplo, a criancinha não concebe que o seu pé, nariz, sensações corporais provindas
de órgãos internos, etc. pertencem a um mesmo e único corpo, o seu.
ESCOLA FRANCESA DE PSICANÁLISE
(LACAN)
• Linguagem
• Lacan dá uma extraordinária importância ao aspecto do estruturalismo da linguagem (isso
refere- se às relações estabelecidas entre as estruturas linguística e social...
• a “palavra” tem tanto ou mais valor do que a imagem visual, a ponto de Lacan declarar que
o ser humano está inserido em um universo de linguagem
• Discurso atravessa o sujeito
• Ex: a criança vai se identificar com o afeto e significado que lhe dirigem, vai introjetar
através do discurso
ESCOLA FRANCESA DE PSICANÁLISE
(LACAN)
A linguagem será estruturante no inconsciente
O inconsciente é o discurso dos outros

Somos o discurso dos outros, constituídos pelo atravessamento de diversos discursos


ESCOLA FRANCESA DE PSICANÁLISE
(LACAN)
O que sobremodo importa para Lacan, fundamentado em Freud, é
que o psiquismo inconsciente funciona com que por meio de
“deslizamentos” (por uma cadeia de significantes, de tal sorte
meio de mecanismos de deslocamento, condensação e
simbolização, de forma análoga ao que ocorre com os sonhos)
um significante é remetido a um outro, de um modo que permite
comparar esse processo com o de uma decifração de uma carta
enigmática, ou a de uma consulta de um termo num dicionário, que
vai remeter a um outro termo, que remete a um terceiro, e assim por
diante, até ser conceitualizado com algum significado.
ESCOLA FRANCESA DE PSICANÁLISE
(LACAN)
• Desejo
• Funcionamento do psiquismo se dá em funcionamento:
• Imaginário
• Simbólico
• Real
• Interagem concomitantemente
ESCOLA FRANCESA DE PSICANÁLISE
(LACAN)
• Registro imaginário – fase do espelho – criança e mãe
uma coisa só – criança possuí a mãe, tem posse sobre
essa mãe.
• Se a mãe estimular essa fantasia a criança se torna o desejo
da mãe
• Quando essa criança passar pelo registro simbólico e for
castrada vai se imbricar em ser o desejo do outro
ESCOLA FRANCESA DE PSICANÁLISE
(LACAN)
• É útil fazer mencionar uma distinção que Lacan postula entre as noções de necessidade
(o mínimo necessário para manter a sobrevivência física e psíquica, como é o alimento para
saciar a fome)
• desejo (alude a uma necessidade que foi satisfeita com um “plus” de prazer e gozo, e o
sujeito quer voltar a experimentar as sensações prazerosas)
• demanda (em cujo caso, a satisfação dos desejos é insaciável, porquanto o verdadeiro
significado da demanda é um pedido desesperado por um reconhecimento e por amor, como
forma de preencher uma antiga e profunda cratera de origem narcisista.
ESCOLA FRANCESA DE PSICANÁLISE
(LACAN)
• Isso explica os frequentes casos de um
consumismo compulsivo por roupas novas, a
ânsia por ganhar presentes, a demanda por juras
de amor, etc., que podem estar conectados com a
busca desesperada de preencher um outro
significante, aquele que alude aos antigos
vazios existenciais.
ESCOLA FRANCESA DE PSICANÁLISE
(LACAN)
• Modificações na clínica
• Tempo de duração da sessão. Ao invés de durar os habituais 50 ou 45 minutos, para os
lacanianos esse tempo “cronológico” foi substituído pelo “tempo lógico”, que alude ao fato
de que o importante é a sessão terminar quando se processa na mente do analisando o “corte
simbólico”, isto é, a passagem do plano “imaginário” – onde a palavra do paciente é “vazia”
e está a serviço de obstaculizar o acesso à verdade – para o plano do registro simbólico,
onde a palavra deve ser “plena” e realmente a favor da comunicação e das verdades.
ESCOLA FRANCESA DE PSICANÁLISE
(LACAN)
• Inveja e agressão não são inatas – surge – paciente frustrado
• Importância da palavra
• A transferência não será instalada se o analista fizer interpretações assertivas
• O uso de interpretações devem ser evitados – paciente pode querer corresponder um
desejo do analista
• Lacan é profundamente criticado
ESCOLA DE WINNICOTT
• Winnicott
• 1897 – 1971
• Interesse por música – criatividade artística
• Médico – pediatra – 40
• Interesse pelo emocional das crianças e a interação com as
mães
• criou os conhecidos jogos da “espátula” e do “rabisco”
(squiggle) que ele praticava com as crianças
• Supervisionando de Klein
ESCOLA DE WINNICOTT
• Estudou – conflitos emocionais e transtornos alimentares
• Gostava de atender psicóticos, borderline e antissociais
• 1945 – Desenvolvimento emocional primitivo
• Desenvolvimento emocional acontece em três etapas:
• 1) Integração e personalização: o bebê nasce num estado de não integração (não é a
mesma coisa que “desintegração” e nem “dissociação”), na qual ele está numa condição de
“dependência absoluta”, apesar da sua crença mágica em possuir uma “absoluta
independência”.

ESCOLA DE WINNICOTT
• 2) Adaptação à realidade: a mãe tem o papel fundamental de ajudar a criança a sair da
subjetividade total e provê-la com os elementos da realidade objetiva (tal como é a
passagem da “gratificação alucinatória do seio” para a gratificação provinda de um real seio
nutridor), de modo que a criança comece a evocar “aquilo que realmente está à sua
disposição”.
ESCOLA DE WINNICOTT
• 3) Crueldade primitiva: nessa época, Winnicott afirmava que todo bebê tem uma carga
genética com uma certa cota de agressividade que muitas vezes volta-se contra ela mesma,
e que também vem acompanhada da fantasia de ter danificado a mãe; no entanto, ele
enfatiza os aspectos construtivos da agressividade e a esperança da criança de que sua mãe
lhe compreenda, ame e sobreviva aos seus ataques.
• Mãe suficientemente boa
• Mãe insuficientemente boa

• Fases
• 1 dependência absoluta – 0 -6 meses – relação confluente com a mãe
• 2 dependência relativa – 6 meses a 2 anos – Separação – autonomia
• Funções
• 1 Holding – acolhimento – permite o bebê se integrar – se percebe em relação ao outro
• 2 Handling – cuidados físicos – experiencia sensorial – proporcionar a personalização –
formação de noção corporal
• 3 apresentação do objeto – Seio (objeto de satisfação) a partir destas satisfações vai
vivenciando outras
ESCOLA DE WINNICOTT
• Em 1951, surgem os estudos de Winnicott relativos aos fenômenos e objetos transicionais

• Ursinho, pano – posse da criança


• É conservado pela criança por muitos anos – sofre os ataques dessa criança
• Representa um momento evolutivo
• Separação da mãe – angústia
ESCOLA DE WINNICOTT
• Livro: O brincar e a realidade – mãe papel de espelho – primeiro rosto
que o bebê vê é o rosto da mãe
• analista visto como objeto transicional
• Necessidade não satisfeita – decepção – reprodução do fracasso ambiental
• Comprometimento da capacidade de desejar dessa pessoa – pode ser
reparada na análise, na figura do analista
ESCOLA DE BION
• Bion
• 1897 – 1979
• Índia
• Medicina – Londres
• Psiquiatria
• Psicanálise
• Analisando de Klein
ESCOLA DE BION
• Podemos dividir a obra de Bion em quatro décadas distintas: a de 40, dedicada aos seus
experimentos com grupos;
• A de 50, na qual, inspirado pelas observações dos mecanismos psicóticos, tal como M.
Klein postulava, e que estavam subjacentes na dinâmica grupal, ele trabalhou intensamente
com pacientes em estados psicóticos, com os quais se interessou, sobretudo, pelos
distúrbios da linguagem, pensamento, conhecimento e comunicação
• Década de 60 – epistemológica
• Década de 70 – mística
ESCOLA DE BION
• Existência de um pensamento – fazer o paciente pensar no que está pensando
• Função Alfa – Característica importante na função materna – aquela que digere –
decodifica
• Elemento Beta – o que não consegue codificar- digerir- momento de confusão
• Função Alfa – Vai trabalhar processamento do que está confuso que seria (BETA)
• Reconhecimento da existência de vínculos na análise – amor, ódio
• Toda pessoa possuí uma parte psicótica da personalidade
• Composta por: inveja, intolerância à frustração, ódio às verdades
• Analista – Função Alfa – vai promover filtro do que é da pessoa e o que não é
• Paciente simboliza – digere
• Através de REVERIE – ACOLHIMENTO, ESPERANÇA – vai desenvolvendo função
Alfa
ESCOLA DE BION
Analista - Uma “capacidade de “intuição”
Um “estado de “paciência” e de “empatia”
• O reconhecimento de que o analista também é importante como “pessoa real” e que ele serve
como um novo modelo de identificação para o analisando.
Escola de Bion
• Bion evita empregar o termo “cura analítica” – até mesmo porque nunca existe uma
“cura” completa, além de que essa expressão está impregnada com os critérios da medicina
– de modo que ele prefere conceituá-la como crescimento mental, levando em conta que
no lugar de ir “fechando” a mente a partir da resolução dos conflitos, ele postula que é
necessário inverter o funil e abri-la cada vez mais, construindo aquilo que ele denomina
universo em expansão.
PSICANÁLISE CONTEMPORÂNEA
• Psicanálise Ortodoxa – Freud – Análise dos Sonhos – Foco nos
desejos Edípicos – Repressões – Remoção de sintomas – mais rígida
• Psicanálise Clássica – Novas correntes surgem a partir de Freud -
Regras menos rígidas – Winnicott – Lacan
• Psicanálise Contemporânea – Prioriza os vínculos
• Analista interativo – saí de um papel de detentor do saber
• Formação pluralista do analista
PSICANÁLISE CONTEMPORÂNEA
• Foco nos vínculos
• Analista e analisando – remete vivência mãe/bebê
• Abre portas para outras ciências: linguística, teoria sistêmica, neurociências,
psicofarmacologia
• Formação mais pluralista
• Construção de uma formação mais livre e coerente com seu jeito de ser
PSICANÁLISE CONTEMPORÂNEA
• Transformações nos paradigmas da psicanálise
• Paradigma – conjunto de postulados teóricos - regras – técnica
• Durante décadas predominou o paradigma Freudiano: Ênfase desejos pulsionais e
defesas do ego – superego como ameaça
• Com Melanie Klein – Importância das relações objetais internalizadas
PSICANÁLISE CONTEMPORÂNEA

- Lacan – influência discurso dos pais – psiquismo


- Psicanálise contemporânea – analista não fica ligado apenas nas pulsões
- Atenta-se para como este analisando significa
- A mente está impregnada de significados
PSICANÁLISE CONTEMPORÂNEA
• Funções do ego
• Na psicanálise contemporânea – valoriza como o paciente utiliza as funções do ego
• Percebe a si e aos outros – como pensa – como discrimina – como age
PSICANÁLISE CONTEMPORÂNEA
• Psicanalistas contemporâneos priorizam:
• 1. Analisando – contato com o que está dentro dele (não pensado)
• 2. Que ele tenha condições de aceitar perdas – “posição depressiva” – aceitar suas
responsabilidades
• 3. Ter condições de perceber seus pensamentos “mágico onipotente” ou “sincrético”
(parte como se fosse o todo)
• 4. Enfrentar as experiências difíceis sem fugir
• 5. Estabelecer conexões, confrontos entre fatos (por exemplo, insights parciais).
PSICANÁLISE CONTEMPORÂNEA

• Na prática clínica
• Psicanálise contemporânea – conserva ideias e princípios básicos concebidos por Freud
• Existem mudanças na forma de compreender os pacientes
• Mudanças na técnica
• Desde escolha de pacientes, contrato analítico, setting, regras técnicas legadas por Freud
• Está havendo maior liberdade – recursos técnicos de intervenção vincular
• Ex: analista fazer reuniões conjuntas com cônjuge, filho, pais
PSICANÁLISE CONTEMPORÂNEA
• Finalidade de observar melhor a dinâmica das configurações vinculares

• Resistências – também sofre modificações antes interpretadas como oposição à análise,


hoje, é considerada bem vinda – bússola – permite o analista perceber como funciona o Ego
do paciente no mundo da realidade.
• Do que, porque, PARA o que e como?
• Critério de “cura” também vem mudando.
• Antes: foco na resolução dos conflitos que provocam sintomas
A PSICOTERAPIA CATÁRTICA
• CATÁRTICO (MÉTODO)
• Método de psicoterapia em que o efeito terapêutico visado
é uma “purgação” (Catharsis), uma descarga adequada dos
afetos patogênicos. O tratamento permite ao sujeito evocar
e até reviver os acontecimentos traumáticos a que esses
afetos estão ligados, e ab-reagi-los
• Historicamente, o “método catártico” pertence ao período
de (1880 – 1895) em que a terapia psicanalítica se definia
progressivamente a partir de tratamentos efetuados sob
hipnose
A PSICOTERAPIA CATÁRTICA
• Em estudos sobre a histeria Freud descobre que os afetos que não conseguiram encontrar o
caminho para a descarga ficam presos, exercendo então, efeitos patogênicos
• A cura era obtida pela liberação do afeto desviado, e a sua descarga por vias normais (Ab-
reação)
• No início o método catártico estava ligado à hipnose – Freud deixa de utilizá-lo
• Substitui pela sugestão (auxiliada por um artifício técnico, uma pressão com a mão na testa
do paciente), destinada a convencer o doente de que iria reencontrar a recordação
patogênica
CATARSE
• Catharsis – grego – purificação – purgação – Aristóteles para
designar o efeito produzido no espectador pela tragédia (CONCEITO
FILOSÓFICO)
• “A tragédia é a imitação de uma ação virtuosa que aconteceu e que,
por meio do temor e da piedade, suscita a purificação de certas
paixões”
• Breuer, e depois Freud, retomaram esse termo, que exprime para eles
o efeito esperado de uma AB-REAÇÃO adequada do traumatismo
AB- REAÇÃO
• Descarga emocional – sujeito se liberta do afeto ligado à
recordação de um acontecimento traumático, permitindo assim
que ele não se torne ou não continue sendo patogênico.

• AB-REAÇÃO pode ser provocada no decorrer da psicoterapia,


principalmente sob hipnose, e produzir efeito de catarse,
também pode surgir de modo espontâneo, separada do
traumatismo inicial por um intervalo mais ou menos longo
AB- REAÇÃO
• Noção de Ab-reação – Freud – gênese do sintoma histérico
• A persistência do afeto que se liga a uma recordação depende de diversos fatores, e o mais
importante deles está ligado ao como o sujeito reagiu a um determinado acontecimento
• Esta reação pode ser constituída de reflexos voluntários ou involuntários, pode ir das
lágrimas à vingança. Se tal reação for suficientemente importante, grande parte do afeto
ligado ao acontecimento desaparecerá. Se essa reação for reprimida, o afeto se conservará
ligado à recordação.
AB- REAÇÃO

• AB-REAÇÃO é o caminho normal que permite ao sujeito reagir a um acontecimento e


evitar que ele conserve um quantum de afeto demasiado importante. No entanto, é preciso
que essa reação seja adequada para que possa ter um efeito catártico.
• AB-REAÇÃO pode ser espontânea ou então secundária, provocada pela psicoterapia
catártica que permite ao doente rememorar e objetivar pela palavra o acontecimento
traumático
• AB REAÇÃO – REVIVE O TRAUMA – PARA ISSO PRECISA HAVER UMA
REGRESSÃO DA MEMÓRIA A UM EVENTO TRAUMÁTICO
• DIFERENÇA AB REAÇÃO E CATARSE
• Catarse – conceito filosófico- Purificação- Liberação de emoção
• Ab Reação – resposta intensa – reação a cena do trauma
O CASO ANA O.

• 20 anos de idade
• Vivia uma vida monótona
• Cuidava do pai enfermo junto com a mãe
• Era imaginativa – vivia tecendo contos de fadas em sua imaginação
• Manifestou psicose, estrabismo, paralisias

• Pai – morre – doença pulmonar


• Ela desenvolve – sonambulismo
• Aversão por alimentos – tosse – sono
O CASO ANA O.
• Início do tratamento

• 2 estados de consciência – Melancolia e angústia

• Alucinações – agressiva

• Alucinações com cobras negras

• Anna via seus cabelos como essas cobras

• Dificuldade em falar

• Fica muda

• Freud – o obriga a fala – ofensa com algo que não foi dito

• Traz de volta os movimentos das extremidades


O CASO ANA O.
• Morte do pai – Trauma

• Observa – após fala – paciente ficava calma, alegre

• Anna se muda para uma casa de campo – fica sem dormir e comer por dias

• Sonolência – velava a cabeceira do pai

• Freud – 18 meses observando a paciente – trabalhando com a fala – foi apresentando melhoras

• Pela fala revivia anos anteriores

• Sintomas desapareciam após a fala

• Freud fica surpreso


O CASO ANA O.
• Anna – sede – hidrofobia

• Um dia durante a hipnose resmunga – dama de companhia – cão – água


no copo – nojo
• Bebe água sem dificuldades

• Surdez – Freud se comunicava por escrito

• Alucinação – rosto do pai com caveira


• “seu pavor de uma lembrança, inibia o surgimento da mesma, e esta
precisava ser provocada à força pela paciente ou pelo médico”
• Mãe – saiu – Anna à cabeceira do pai – braço apoiado na cadeira – cobra
O CASO ANA O.
• Terreno situado atrás da casa – cobras tivessem aparecido anteriormente – Material para
alucinação

• Dedos se transformaram em cobrinhas


• Anna tenta rezar, mas não acha palavras – se lembra de um poema infantil inglês – passa a
falar nessa língua
• No dia seguinte – atira uma argola em um arbusto – galho – revive a alucinação da cobra –
braço fica rígido
O CASO ANA O.
• Sintomas e sua vida de vigília – visão – lágrimas – cabeceira do pai – reprime as
lágrimas para que o pai não visse - estrabismo
• Perda da capacidade de falar – tosse – sentada à cabeceira, ouviu som de música nos
vizinhos – deseja estar lá – dominada por recriminações reage a qualquer música com tosse
• Toda a doença de Anna desaparece
• Através do método catártico Freud e Breuer perceberam que conseguiam se aplicassem
sistematicamente a técnica em suas pacientes a remoção dos sintomas
• O poder das lembranças inconscientes e dos afetos reprimidos na produção do sintoma
• Uma memória recalcada, um trauma age
• Se a lembrança pudesse ser trazida ao presente junto com o afeto reprimido os sintomas
poderiam desaparecer porque o afeto seria descarregado
Pontos de hoje
• Sete escolas de psicanálise

1) Escola Freudiana.
2) Teóricos das Relações Objetais (M. Klein).
3) Psicologia do Ego (Hartman a M. Mahler).
4) Psicologia do Self (Kohut).
5) Escola Francesa (Lacan).
6) Winnicott.
7) Bion.

• Psicanálise contemporânea – a importância do vínculo
• Psicologia catártica – método – Freud aplicava nas pacientes histéricas
• Catharsis (conceito filosófico) tragédia grega – pessoas se emocionavam coletivamente e
aliviavam – purificavam as emoções
• Ab- reação – revive o trauma de forma intensa
• Ab – reação promove a catharsis – alívio, descarga
Referências
• ZIMERMAN, D. "As sete escolas de psicanálise" e "A psicanálise contemporânea". In:
Fundamentos psicanalíticos: teoria, técnica e clínica, capítulos 3 e 4.
• LAPLANCHE e PONTALIS Vocabulário da psicanálise. Verbetes: "Ab-reação" e
"Catártico (Método)"
• Complementar: BREUER, J. "Senhorita Anna O". In: BREUER, J. & FREUD, S. Estudos
sobre a histeria, vol. 2.

Você também pode gostar