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Flávio Justino 

(em latim: Flavius Iustinus; 100 - 165), também conhecido como Justino


Mártir (em latim: Iustinus Martir) ou Justino de Nablus, foi um teólogo romano do século
II.

Índice

 1Biografia
 2Participação das criaturas racionais no Logos
 3Pensamento teológico
o 3.1Batismo
o 3.2O culto perpétuo dos cristãos
o 3.3O dia do culto dos cristãos
o 3.4Descrição do culto dos cristãos
o 3.5Eucaristia
o 3.6Maria
 4Os evangelhos canônicos
 5Ver também
 6Ligações externas
 7Bibliografia
 8Referências

Biografia
Seu lugar de nascimento foi Flávia Nápoles (atual Nablus), na Síria Palestina ou Samaria.
A educação infantil de Justino incluiu retórica, poesia e história. Como jovem adulto
mostrou interesse por filosofia e estudou primeiro estoicismo e platonismo.
Justino foi introduzido na fé diretamente por um sábio homem que o envolveu numa
discussão sobre problemas filosóficos e então lhe falou sobre Jesus. Ele falou a Justino
sobre os profetas que vieram antes dos filósofos, ele disse, e que falou "como confiável
testemunha da verdade". Eles profetizaram a vinda de Cristo e suas profecias se
cumpriram em Jesus. Justino disse depois que "meu espírito foi imediatamente posto no
fogo e uma afeição pelos profetas e para aqueles que são amigos de Cristo, tomaram
conta de mim; enquanto ponderava nestas palavras, descobri que a sua era a única
filosofia segura e útil". Justino "se consagrou totalmente a expansão e defesa da
religião cristã".
Justino continuou usando a capa que o identificava como filósofo e ensinou estudantes
em Éfeso e depois em Roma. Os trabalhos que escreveu inclui: duas apologias em defesa
dos cristãos e sua terceira obra foi Diálogo com Trifão.[2]
A convicção de Justino da verdade do Cristo era tão completa que ele teve morte
de mártir sendo decapitado no ano 165.

Participação das criaturas racionais no Logos


O ponto central da apologética de Justino consiste em demonstrar que Jesus Cristo é
o Logos do qual todos os filósofos falaram, e, portanto, à medida em que participam do
Logos chegando a expressar uma verdade parcial – vendo a verdade de modo obscuro –
graças à semente do Logos neles depositada, podem dizer-se cristãos. Mas uma coisa é
possuir uma semente e outra é o próprio Logos:
Aprendemos que Cristo é o primogênito de Deus e que é o Logos, do qual participa todo o
gênero humano
— Justino, Apol. Prima, 46.
Consequentemente, aqueles que viveram antes de Cristo, mas não segundo o Logos,
foram maus, inimigos de Cristo (…) ao contrário aqueles que viveram e vivem conforme o
Logos são cristãos, e não estão sujeitos a medos e perturbações
— Justino, I Apologia.

Toda pessoa, criada como ser racional, participa do Logos, que leva desde a gestação e
pode, portanto perceber a luz da verdade.
Justino, convencido de que a filosofia grega tende para Cristo, "acredita que os cristãos
podem servir-se dela com confiança" e em conjunto, a figura e a obra
do apologista "assinalam a decidida opção da Igreja antiga em favor da filosofia, em vez
de ser a favor da religião dos pagãos", com a qual os primeiros cristãos "rechaçaram com
força qualquer compromisso".
Justino, em particular, notadamente em sua primeira Apologia, conduziu uma crítica
implacável com relação à religião pagã e a seus mitos, que considerava como «caminhos
falsos» diabólicos no caminho da verdade.
Assim, Justino, e com ele os outros apologistas, marcaram a tomada de posição nítida da
fé cristã pelo Deus dos filósofos contra os falsos deuses da religião pagã. Era a escolha
pela verdade do ser, contra o mito do costume.

Pensamento teológico
Batismo
Vamos expor de que modo, renovados por Cristo, nos consagramos a Deus. Todos os que
estiverem convencidos e acreditarem no que nós ensinamos e proclamamos, e
prometerem viver de acordo com essas verdades, exortamo-los a pedir a Deus o perdão
dos pecados, com orações e jejuns; e também nós oraremos e jejuaremos unidos a eles.
Em seguida, levamo-los ao lugar onde se encontra água; ali renascem do mesmo modo
que nós também renascemos: recebem o batismo da água em nome do Senhor Deus
Criador de todas as coisas, de nosso Salvador Jesus Cristo e do Espírito Santo. Com
efeito, foi o próprio Jesus Cristo que afirmou: Se não renascerdes, não entrareis no reino
dos céus (cf. Jô 3,3.5). É evidente que não se trata, uma vez nascidos, de entrar
novamente no seio materno.
— Justino, «61», I Apologia, pp. 6, 419-22

Os que são batizados por nós são levados para um lugar onde haja água e são
regenerados da mesma forma como nós o fomos. É em nome do Pai de todos e Senhor
Deus, e de Nosso Senhor Jesus Cristo, e do Espírito Santo que recebem a loção na água.
Este rito foi-nos entregue pelos apóstolos.
— Justino  (151),  I Apologia, 61.

O culto perpétuo dos cristãos


Os apóstolos em suas memórias que chamamos evangelhos, nos transmitiram a
recomendação que Jesus lhes fizera. Tendo ele tomado o pão e dado graças, disse: Fazei
isto em memória de Mim. Isto é o Meu Corpo [Lc 22,19; Mc 14,22]; e tomando igualmente
o cálice e dando graças, disse: Este é o Meu Sangue [Mc 14,24], e os deu somente a eles.
Desde então, nunca mais deixamos de recordar estas coisas entre nós
— Justino, «66-67»,  I Apologia, pp.  6, 427-31.

O dia do culto dos cristãos


Justino afirma que os cristãos guardavam como dia sagrado a Deus o Domingo, pois foi
neste dia que Jesus Cristo ressuscitou dos mortos:
Reunimo-nos todos no dia do Sol [o primeiro dia da semana era denominado de dia de Sol
no Império Romano até o século IV], não só porque foi o primeiro dia em que Deus,
transformando as trevas e a matéria, criou o mundo, mas também porque neste mesmo
dia Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos. Crucificaram-no na véspera do
dia de Saturno; e no dia seguinte a este, ou seja, no dia do Sol, aparecendo aos seus
apóstolos e discípulos, ensinou-lhes tudo o que também nós vos propusemos como digno
de consideração
— Justino, «66-67»,  I – Apologia, pp.  6, 427-31.

Descrição do culto dos cristãos


No chamado dia do Sol, reúnem-se em um mesmo lugar todos os que moram nas cidades
ou nos campos. Lêem-se as memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas, na
medida em que o tempo permite. Terminada a leitura, aquele que preside toma a palavra
para aconselhar e exortar os presentes à imitação de tão sublimes ensinamentos.
Depois, levantamo-nos todos juntos e elevamos as nossas preces; como já dissemos
acima, ao acabarmos de orar, apresentam-se pão, vinho e água. Então o que preside
eleva ao céu, com todo o seu fervor, preces e ações de graças, e o povo aclama: Amém.
Em seguida, faz-se entre os presentes a distribuição e a partilha dos alimentos que foram
eucaristizados, que são também enviados aos ausentes por meio dos diáconos.
Os que possuem muitos bens dão livremente o que lhes agrada. O que se recolhe é
colocado à disposição do que preside. Este socorre os órfãos, as viúvas e os que, por
doença ou qualquer outro motivo se acham em dificuldade, bem como os prisioneiros e os
hóspedes que chegam de viagem; numa palavra, ele assume o encargo de todos os
necessitados
— Justino, «66-67»,  I Apologia, pp.  6, 427-31.

Eucaristia
A Fé dos cristãos primitivos na eucaristia: Corpo e Sangue de Cristo:
Designamos este alimento eucaristia. A ninguém é permitido dele participar, sem que creia
na verdade de nossa doutrina, que já tenha recebido o batismo de remissão dos pecados
e do novo nascimento, e viva conforme os ensinamentos de Cristo. Pois não tomamos
estas coisas como pão ou bebida comuns; senão, que assim como Jesus Cristo, feito
carne pela palavra de Deus, teve carne e sangue para salvar-nos, assim também o
alimento feito eucaristia (...) é a Carne e o Sangue de Jesus encarnado. Assim nos
ensinaram.
— Justino, Primeiro livro das Apologias, pp. 65-67.

Maria
Justino afirma que Jesus nasceu duma virgem ( Maria), e que descende do rei Davi:
Dizia-se [Jesus] portanto, filho do homem, seja em razão de seu nascimento de uma
Virgem que, como assinalei, era da raça de Davi, de Jacó, de Isaac e de Abraão, etc…
— mártir, Justino, «94-100», Diálogo com Trifão, pp.  VI, 701ss.

Os evangelhos canônicos
Justino freqüentemente cita os evangelhos: de Mateus, de Marcos, de Lucas e
possivelmente de João, contudo não cita sob o nome de Mateus, de Marcos, de Lucas, e
sim de “Memória dos apóstolos”. Por isso chegou-se afirmar que Justino desconhecia a
divisão em quatro evangelhos, afirmada, por exemplo, fortemente por Ireneu mais ou
menos 30 anos mais tarde.
Portanto, é provável que os quatro evangelhos andassem juntos desde o início do século
II e referia-se a esses evangelhos com um nome genérico, como “Memória dos apóstolos”.
Ou, também, que já no início do século II se conhecia a distinção dos quatro evangelhos,
mas de acordo com o testemunho de Justino era mais comum citá-los com um único
nome.

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