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Curso: Teologia Sistemática

Prof. Rev. João França


CENTRO DE ESTUDOS PRESBITERIANO
Introdução:
Geralmente tratamos como sendo a obra objetiva de Cristo em
seu sofrimento, ressurreição, Ascenção e o assentar a mão direita
de Deus.
Esta redenção é designada para produzir o fruto na salvação e
santificação dos homens.
A aplicação acompanhada da redenção e seus beneficios constitui
o locus da teologia que é conhecido como soteriologia.
Especificamente falando a obra redentiva de Cristo é chamada de
Soteriologia obejtiva, e a aplicação desta obra chamamos de
soteriologia subjetiva.
I – A ORDO SALUTIS
A primeira questão que ocupa a nossa mente agora é qual é a ordem
que a obra da salvação segue?
Isto é chamado em teologia de ordo salutis.
A questão fundamental: qual é a relação que os vários elementos da
obra da redenção mantém uns com os outros?
E qual é a nossa resposta a cada um destes elementos.
Conforme pode ser considerado que a aplicação da redenção a nós
possui uma multiformidade de aspectos, e que nem sempre é
possível indicar uma ordem temporal dos eventos.
Entendendo a questão da ordo salutis
• 1. Precisamos considerar que existem vários elementos da salvação
que devem ser distinguido um do outro.
• 2. Eles incluem:
• (a) chamado (f) Justificação
(g) Adoção
• (b) regeneração
(h) Santificação
• (c) fé
(i) Perseverança
• (d) arrependimento (j) glorificação
• (e) Conversão
Nossa pergunta é: como se relacionam um com o outro?
Há uma ordem?
• Certamente existe uma ordem destes elementos que não pode ser
reversa. Por exemplo, a glorificação vem no final da ordem, e não
no início, e nem no meio.
• Assim são todos os outros elementos que seguem uma ordem
lógica na relação de causalidade.
• A ordem da salvação (Ordo Salutis) está presente na Palavra de
Deus .
II – A ORDO SALUTIS EXAMINADA
BIBLICAMENTE
• Vamos considerar algumas passagens bíblicas que parecem indicar haver
uma ordem de salvação.
• (a) 1ª João 3.9 – “Aquele que é nascido de Deus não peca habitualmente; porque a
semente de Deus permanece nele, e não pode continuar no pecado, porque é nascido de
Deus. ” – Essa passagem ensina claramente que deve haver uma
regeneração para que o homem passe a rejeitar o pecado. E, ele não
pode continuar na prática do pecado porque ele é “nascido de Deus”!
Ele foi regenerado, parece-nos que a regeneração tem ação prioritária
neste caso.
(b) João 1.12
• “Mas, a todos quantos o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o
poder de se tornarem filhos de Deus; ”
• Nesta passagem vemos claramente a relação entre a fé a adoção.
• A adoção é dada aqueles que creem
• Em Gálatas 3.26 – confirma esta ordem “Pois todos sois filhos de
Deus pela fé em Cristo Jesus.” a fé é apresentada aqui como
antecedendo à adoção. É o instrumento através do qual esta benção
é recebida.
(c)Efésios 1.13-14
• “ no qual também vós, tendo ouvido a palavra da verdade, o
evangelho da vossa salvação, e tendo nele também crido, fostes
selados com o Espírito Santo da promessa, o qual é o penhor da
nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para o louvor
da sua glória. ”
• Aqui a prioridade de uma ordem é sugerida “primeiro
está o ouvir a palavra” que sugere haver primeiro um
chamado; então, existe o crer, ou seja, a fé.
(d) Chamado e Justificação
• O chamado é logicamente anterior a justificação , como nós podemos ver
em Efésios 1.13-14.
• Agora precisamos considerar o texto base dessa discussão que é Romanos
8.30 (conhecido a correte de ouro da salvação): “e aos que predestinou, a estes
também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a
estes também glorificou.”
• Este verso fornece três aspectos de nossa salvação, geralmente,
enfatizados: Chamado, justificação e glorificação. O contexto da passagem
no verso 28 sugere uma ordem, onde os “chamados segundo o seu
propósito” – na ordem o “chamado” ocorre primeiro de acordo com Seu
decreto. E nos versos 29-30 temos o pré-conhecimento e predestinação,
ambos são expressão do conselho eterno de Deus e são anteriores aos
chamado, então, no verso 30 a glorificação é vista como o fim da ordem.
(E) Fé e Justificação
• A relação deste dois não é clara. Tem havido alguns teólogos reformados que
tem argumento sobre a prioridade da justificação. Isto é a posição lógica,
baseada na ideia que o nosso relacionamento objetivo com Deus tem
precedência sobre a nossa resposta subjetiva.
• Observando a conclusão desta posição, uma distinção precisa ser feita. Trata-
se da diferença entre o decreto para justificar e o ato da justificação. O decreto
para justificar é anterior a fé., mas o próprio ato da justificação está
relacionado na escritura com a nossa fé. Uma futura distinção precisa ser
observada, a saber, entre justificação e reconciliação há duas passagens nas
Escrituras onde a palavra é usada com o sentido de reconciliação (Isaías 53.11
e Romanos 5.9)
Considerando os textos:
• Isaías 53.11: “Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito;
com o seu conhecimento o meu servo justo justificará a muitos, e as iniqüidades
deles levará sobre si.
• Romanos 5.9: “Logo muito mais, sendo agora justificados pelo seu
sangue, seremos por ele salvos da ira. ”
__________________________
O termo é tomado para significar a reconciliação realizada na cruz,
então, fica claro que existe prioridade lógica em relação a fé.
Entretanto, o uso mais comum do termo é ao ato forense no qual
Deus declara-nos como justos tendo como base a obra de Cristo. E
isto é relacionado com a fé. Assim aprendemos o seguinte:
Implicações da relação Fé e Justificação
• 1. A Escritura oferece uma distinta impressão que a fé é o instrumento
pelo qual a justificação é recebida. Assim, vemos frequentemente o uso
da seguinte frase “pela fé” [ ek pi,stewj , evpi. th/| pi,stei ]
• 2. Gálatas 2.16 diz: “sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras
da lei, mas sim, pela fé em Cristo Jesus, temos também crido em Cristo Jesus para
sermos justificados pela ” – Quando nos lembramos que o perdão é um dos
elementos básicos da justificação, nós vemos a importância deste
declaração. Nós cremos para sermos perdoados. A ordem é clara.
• 3. Gênesis 15.6 diz: “E creu Abrão no Senhor, e o Senhor imputou-lhe isto como
justiça. ” – Paulo cita essa passagem como o exemplo de Abraão que foi
justificado pela fé. A ordem aqui é clara. Abraão exerceu fé, e isto lhe foi
imputado (creditado na conta) para a justiça.
Implicações da relação Fé e Justificação
• 4. Já observamos que o chamado é anterior à justificação. O Chamado
novamente, quando é eficaz habilita o homem a crer. Assim o Chamado
é anterior a Justificação, e a mesma é inseparável da fé, quando o
chamado é eficaz, então, nós assumimos que a fé é também anterior a
justificação. Antes de deixar-mos este assunto, ainda há algo a ser
observado. É que este é um caso lógico de prioridade. Mas, não trata-se
de uma prioridade causal. O alicerce de nossa justicação não é a fé, mas
a obra de Cristo. A fé é o instrumento pelo qual recebemos a
justificação. Para confirmar este entedimento basta observar o
singificado de dia. pi,stin que nunca é usado no Novo Testamento em relação a
Justificação tal uso seria traduzir "por conta de" ou "por causa de"e ensinaria
que a base da salvação é a fé. Os escritores do Novo Testamento não
fazem o uso deste forma, e isso, nos preserva de tal erro.
(f) Regeneração e Fé
• Entendendo regeneração como referência ao Novo Nascimento,
entendemos que uma pessoa não regenerada está morta em
delitos e pecados (Efésios 2.1-3), e está em inimizade com Deus
(Romanos 8.7-8). O Novo Nascimento toma lugar antes que
possamos exercer a fé. (João 3.3-5; Efésios 2.8). Existe uma
passagem que parece indicar que a regeneração inclui a conversão
a qual é considerada como um produto da fé (1 Pedro 1.23 cf.
Tiago 1.18)
(g) Chamado e regeneração
• Entre os teólogos reformados tem havido uma diferença sobre a
relação do chamado e a regeneração. Nenhuma questão teológica
está em jogo nesta questão. ambos são o ato de Deus somente.
Hoeksema argumenta a prioridade da regeneração sob a base que a
regeneração toma lugar no subconsciente enquanto que o chamado
é dirigido a consciência. Ele assim conclui que logicamente a
regeneração antecede ao chamado. Ele indica a relação do chamado
com o propósito de Deus da predestinação. O chamado é um obra
específica de Deus pai, o qual sugere uma prioridade. (Romanos
8.28,30; 2ª Timóteo 1.9; 1ª Coríntios 1.9).
(h) Outros elementos da ordem
• Arrependimento é inseparavelmente conectado com a fé. Os dois
compreendem conversão. Eles são respostas do pecado ao chamado
eficaz. Nós somos incapazes de estabelecer uma ordem entre ambos,
mas o arrependimento pode ser adicionado à ordem junto com fé,
assim: chamado, regeneração, fé e arrependimento, justificação,
glorificação. Nós já observamos que a adoção vem depois da
regeneração. logicamente deve pertencer após a justificação, pois Deus
dificilmente adotaria o pecador sem perdão e o introduziria a todos os
privilégios dos filhos de Deus. Assim, nós concluímos que a adoção
segue a justificação.
(h) Outros elementos da ordem
• Finalmente, Santificação e perseverança dos santos deve vir depois
da adoção, e antes da glorificação. Considerando que Justificação e
Adoção são atos que tomam lugar no tempo da conversão, e
santifica envolve um processo é logicamente propor o lugar da
santificação depois da adoção.
• Diante disso tudo, observando as Escrituras, acreditamos que a
ordem de salvação é a que segue:
• Chamado e Regeneração, Fé e Arrependimento, Justificação ,
Adoção, Santificação, glorificação.
Adendo
• 1. Outros esquemas para a Ordo Salutis.
• Embora não haja absoluta uniformidade entre as outras visões, o
que se segue são esquemas representativos. No Luterano evangélico
a ordem é: chamado, iluminação, fé e arrependimento, regeneração,
justificação, união mística, renovação, santificação, glorificação.
• A visão Arminiana é: Graça Universal, chamado, fé e
arrependimento, justificação, regeneração, santificação,
perseverança (?), glorificação.
• 2. A questão das crianças eleitas que morrem na Infância.
2. A questão das crianças eleitas que morrem na Infância.
• Que existem crianças eleitas que morrem na infância isso não se
discute. A questão é: Qual é a ordem de salvação para elas?
Certamente elas foram regeneradas para contemplar o Reino.
Como os elementos envolvem nossa resposta, e nós não sabemos
o suficiente sobre o estado de consciência delas em definitivo.
• Somente Deus pode agir em relação aos infantes eleitos que
morrem na infância. E aplica a salvação do mesmo modo como
nos adultos sob a seguinte ordem: Regeneração, justificação,
adoção, gloficação.

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