Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Data: ________________
( ) Aprovada
( ) Reprovada
BANCA AVALIADORA
________________________________________________________________
Profª. Ms. Sandra Helena Mousinho Benevides
(Orientadora - UNIPÊ)
________________________________________________________________
Profª. Ms. Silvana Queiroga da Costa Carvalho Ventura
(Membro – UNIPÊ)
________________________________________________________________
Profa. Ms. Jayana Ramalho Ventura
(Membro – UNIPÊ)
2
RESUMO
O autismo compõe hoje o que se chama Transtorno do Espectro Autista – TEA, marcado por
características essenciais como prejuízo persistente na comunicação social recíproca e na
interação social, bem como padrões restritos e repetitivos de comportamento. Estas
características estão presentes desde a infância e prejudicam o funcionamento diário do
indivíduo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (2017), 1 a cada 160 pessoas tem o
transtorno. Diante disso, faz-se necessário o aumento concomitante dos estudos científicos que
abranjam soluções viáveis para pessoas com TEA com a finalidade de tornar a vida do indivíduo
mais autônoma. Sendo assim, foi realizado um estudo de caso através de uma Pesquisa
Exploratória, onde foram realizadas intervenções com terapia ABA (Applied Behaviour
Analysis) na escola, de forma diária, buscando comprovar a eficácia dessa terapia. A amostra
foi composta por uma criança de 5 anos de idade, residente da cidade de João Pessoa, Paraíba,
com diagnóstico de TEA e está cursando o Ensino Infantil em sala regular. Para coleta de dados
foi feita observação direta e anotações em folhas de registro. A análise dos dados foi feita
através da leitura de quadros e gráficos, sendo possível visualizar a média temporal na qual
houve a substituição do comportamento-problema. Com os resultados obtidos é possível
observar mudança de comportamento em curto espaço de tempo, o resultado das intervenções
demonstram que a terapia ABA é eficaz para a aquisição e generalização de habilidades, sendo
necessário um tempo intensivo nas intervenções para obtenção de melhores resultados.
ABSTRACT
Autism constitutes what nowadays is called Autism Spectrum Disorder (ASD), which is marked
by essential characteristics such as persistent impairment in reciprocal social communication
and social interaction, as well as restricted and repetitive patterns of behavior. These
characteristics are present since childhood and impair the daily functioning of the individual.
According to the World Health Organization (2017), 1 out of 160 people have the disorder. In
view of this, it is necessary the concomitant increase of scientific studies that cover viable
solutions for people with ASD with the purpose of making the life of the individual more
autonomous. Thus, a case study was carried out through an Exploratory Survey, where
interventions were performed with ABA (Applied Behavior Analysis) theraphy, in the school
on a daily basis, seeking to prove the efficacy of this therapy. The sample consisted of a 5-year-
old child, living in the city of João Pessoa, Paraíba, with a diagnosis of ASD who is attending
Kindergarten in a regular classroom. For data collection, direct observation and notes were
taken in log sheets. The analysis of the data was made through reading of tables and graphs,
being possible to visualize the temporal mean in which the problem-behavior was replaced.
With theobtained results, it is possible to observe changes in behavior in a short period of time,
the results of the interventions demonstrate that ABA therapy is effective for the acquisition
and generalization of abilities, requiring an intensive time in the interventions to obtain better
results.
1 INTRODUÇÃO
tipo de terapia era o de Ivan Petrovich Pavlov (1849-1936), que consistia em estudar como um
reflexo pode ser aprendido e modificado através de pareamento de estímulos.
De igual modo o Behaviorista John B. Watson, “se dedicou ao estudo dos reflexos em
geral (com especial atenção aos aprendidos) e das reações emocionais básicas
(incondicionadas) e complexas (condicionadas) dos bebês em particular” (BISACCIONI;
CARVALHO NETO, 2010, p.492). Em um de seus trabalhos, Watson tentou identificar as
reações emocionais humanas mais básicas e os estímulos que as produziam. Seu experimento
mais conhecido foi feito com uma criança, o pequeno Albert B. Ele foi submetido ao
pareamento de um estímulo neutro com um estímulo aversivo (algo que lhe dava medo) para
que o medo fosse adquirido através de condicionamento; assim, o estímulo neutro passou a ser
condicionado e o medo à este estímulo foi instalado.
Porém, entende-se que a “relevância do comportamento respondente para análise,
compreensão e modificação do comportamento humano, ele sozinho (comportamento
respondente) não consegue abarcar toda a complexidade do comportamento humano”
(MOREIRA; MEDEIROS, 2009, p. 47). Diante disso, B. F. Skinner (1904-1990), propôs uma
definição do reflexo como correlação entre estímulo e resposta. O Condicionamento Operante
proposto por ele, defende que as consequências das nossas respostas ou comportamentos no
ambiente, vão influenciar na ocorrência futura desse comportamento.
Baseado no Condicionamento Operante de Skinner, Ivar Lovaas publicou em 1987 os
resultados de um estudo de longo prazo sobre o tratamento de modificação comportamental em
crianças com autismo utilizando a terapia ABA, criada por ele. O estudo conseguiu resultados
expressivos que distinguiam crianças tratadas com ABA de crianças não tratadas com a terapia
comportamental. Lovaas validou resultados através do uso de princípios comportamentais em
um programa de Intervenção Intensivo e Precoce. A amostra era de crianças com TEA de idade
cronológica inferior a 46 meses; os resultados obtidos foram significativos, onde 47% dos
participantes do grupo experimental atingiram funcionamento intelectual normal (SELLA;
RIBEIRO, 2018).
A terapia ABA, através desta análise, tem o objetivo de intervir identificando os
comportamentos que o indivíduo (no presente estudo, a criança) tem dificuldades ou até
inabilidades e que prejudicam sua vida e suas aprendizagens; promove a diminuição da
frequência e intensidade de comportamentos disfuncionais, promove o desenvolvimento de
habilidades sociais, comunicativas, adaptativas, cognitivas, acadêmicas, além de otimizar ou
ensinar comportamentos socialmente funcionais.
6
2 METODOLOGIA
Ela é residente da cidade de João Pessoa, Paraíba, com diagnóstico de Transtorno do Espectro
Autista (TEA) e está cursando o Ensino Infantil em sala regular com crianças típicas.
Para a coleta de dados (observação direta, do manejo de comportamento-problema, da
contagem do comportamento por intervalos de tempo) foram utilizadas folhas de registro de
frequência de comportamento. Essas folhas contém quadros divididos em de 12 tentativas de
resposta, onde são contabilizadas as respostas corretas, erradas ou independentes. A cada dia
uma coluna de 12 tentativas (ver Quadro 1) era preenchida para fazer a intervenção de
generalização de intraverbais.
Para medir ou verificar o comportamento em intervalos de tempo, o cronômetro ou time
(temporizador), foram amplamente utilizados: o relógio era observado a partir do momento que
a criança começava a apresentar o comportamento problema, para marcação do tempo inicial.
Se a intenção era medir quanto tempo ela ficaria engajada nesse comportamento, o cronômetro
dera utilizado. No entanto, se o objetivo era observar em quanto tempo deveria voltar a sala de
aula (como será visto na intervenção “passeio antes da hora da saída”) era utilizado o time como
garantia da contagem regressiva planejada ser aplicada à situação.
A análise dos dados do Questionário Sócio Demográfico foi feita por meio de análise
objetiva dos dados obtidos; por se tratar dos dados de apenas uma criança, não se faz necessário
comparação de dados estatísticos. Os registros de comportamento foram analisados por quadros
e gráfico dividido por intervalo de tempo, sendo o gráfico elaborado em Microsoft Excel, versão
2013; assim, é possível visualizar uma média do tempo no qual houve a substituição do
comportamento-problema por um comportamento funcional na criança. A observação direta foi
analisada e descrita para dar base aos dados coletados, de forma a corroborar com a análise
gráfica exposta. As intervenções na escola, foram realizadas em 17 dias sendo de segunda a
sexta no turno da manhã, como será descrito e analisado a seguir.
3 RESULTADOS
(Aripiprazol). Seus pais nunca tomaram medicação psiquiátrica, não têm nenhum transtorno
mental e são casados, morando juntos: pai, mãe e a criança. Os pais são de classe média alta,
cooperativos com a terapia ABA; há, além disso, o acompanhamento profissional feito em
domicílio e as demais terapias de acordo com a necessidade atual da criança. Quanto as
intervenções, foram realizadas da seguinte forma:
1 ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
2 ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
3 ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
4 ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
5 ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
6 ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
7 ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
8 ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
9 ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
10 ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
11 ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
12 ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Total Corretas
Total
Independentes
Data
Fonte: Núcleo de Intervenção Comportamental – São Paulo, 2019.
avaliados três dias de birra para que o menor tempo de espera fosse tomado como base para que
a criança permanecesse em sala até aquele horário-base.
Tendo finalizado a observação dos três dias, iniciou-se a intervenção que seguia no
sentido de permitir a criança que saísse da sala com um comportamento adequado e voltasse
para sala no final da aula (por volta das 10:55) para aguardas os responsáveis que iriam pegá-
la em sala. Nesse contexto, a criança recebia o reforço positivo (brinquedo que mais gostava)
pelo comportamento adequado antes de começar a chorar, por volta das 10:20h (Observar
quadro acima) e era dado modelo para ela dizer: “sair” (mando).
Como mostra o quadro acima, a intervenção foi feita durante 08 dias, saindo mais tarde
a cada dia, considerando a menor diferença entre dois horários dos dias de observação (10:29h
- 10:24h = 5 minutos). A criança voltava sempre às 10:55.
Com o objetivo de testar as habilidades que a criança já possuía, esta foi levada ao
playground para ser avaliada. Assim, foi observado que ela não tinha uma brincadeira funcional
em nenhum brinquedo. De início foi analisada sua altura em proporção a altura do brinquedo,
11
o quanto de força era necessário para que a criança conseguisse subir ou sair destes de forma
independente.
Assim, a intervenção consistiu em ensinar todos os passos necessários para brincar no
escorregador: subir as escadas, sentar e escorregar. O brinquedo em questão era de plástico
colorido, contendo a escada em uma das paredes da casinha que formava o brinquedo. Assim,
iniciou-se dando ajuda total física com movimentos de sombra e instrução, já sendo planejada
a retirada da ajuda, para que a criança adquirisse o comportamento funcional.
O reforço começou sendo social, porém se objetivava que passasse a ser intrínseco.
Além disso, o intuito era que, conseguindo brincar nesse escorregador, a criança generalizasse
o comportamento para outros dois tipos de escorregadores que compunham o playground.
4 DISCUSSÃO
No Behaviorismo, bem como na terapia ABA esse comportamento pode ser explicado
pela identificação dos antecedentes e de suas consequências. Nesta linha teórica, comportar-se
é a identificação das relações entre os eventos ambientais e as ações do organismo. Para
estabelecer estas relações devemos especificar a ocasião em que a resposta ocorre, a própria
resposta e as consequências reforçadoras (COSTA, 2003).
Além de enfatizar a tríplice contingência: “Estímulo (situação/contexto) – Resposta –
Consequência”, a terapia em questão se preocupa em propor uma intervenção baseada na
peculiaridade de cada indivíduo; logo, é necessário que um teste frequente de preferência de
reforçadores seja aplicado à criança, para dá andamento a intervenção de forma que, através da
12
O grande objetivo é utilizar o menor nível possível de ajuda necessário para conseguir
a resposta funcional e então esvanecer (retirada gradual) essa dica o mais rápido possível, de
maneira que o aluno/paciente emita o comportamento independente (LEAR, 2015).
No entanto a terapia ABA se preocupa em utilizar tipos de ajuda para cada resposta
pretendida. São elas: ajuda física, ecoica, gestual, modelo, visuais. Elas são retiradas aos poucos
até que a criança adquira o aprendizado da habilidade de forma que se mostre independente na
emissão do comportamento funcional. Para isso, começa-se a atrasar a ajuda fornecida (SELLA;
RIBEIRO, 2018); por exemplo, faz-se a pergunta: “qual é seu o nome?”, a ajuda ecoica imediata
é fornecida pelo terapeuta: “João”. Então o cliente responderá: “João”, sendo reforçado em
seguida.
A quantidade de resposta corretas é definida pelo terapeuta para que se atrase a ajuda.
Supondo: foram estabelecidas 12 respostas corretas (com ajuda imediata), assim, após dada as
12 respostas sem erro, o aplicador da terapia ABA atrasará a ajuda em 1 segundo, depois em 2
segundos e 3 segundos, até que a resposta do aluno/paciente se torne independente. Como a
terapia é individualizada, os níveis de ajuda podem variar diante da emissão de muitos erros
durante as tentativas. Se, por exemplo, o aluno já está recebendo uma ajuda física parcial com
atraso de 3 segundos, diante de uma solicitação de imitação, e começa a emitir respostas erradas
com frequência, pode-se voltar ao nível anterior de hierarquia de dica, sendo o cliente ajudado
com um atraso de 2 segundos.
Nesse caso específico, a ajuda dada em contexto domiciliar foi do tipo ecoica: esta é
controlada pelo comportamento verbal de outra pessoa ou do próprio falante. Consiste na
solicitação da repetição do que o emissor disse, com o objetivo de ampliar a capacidade de
repetição funcional do paciente, o que contribui para o desenvolvimento de outras habilidades
verbais (CIARLINI et al., 2019).
Esse tipo de ajuda foi dispensada na escola, considerando que a criança já tinha o
comportamento independente. A cada resposta independente, a criança recebia reforço social
positivo (elogios e aumento da atenção por parte da AT). Diante da resposta incorreta, era dada
correção imediata sem reforço social. Nesse contexto, a criança começou a responder de forma
funcional, com mais frequência a partir do 9º dia de treino. Se for levada em consideração a
ascendência do gráfico 1 para respostas independentes, pode-se considerar que será possível
que o comportamento funcional seja totalmente aprendido, se os dias de treino continuarem.
14
A segunda intervenção foi necessária porque a criança engajava em birra para poder sair
da sala de aula antes do horário de saída estabelecido pela escola: 11:00h. Assim, a intervenção
seguiu, sendo apresentado um reforçador positivo antes que a birra acontecesse. Reforçadores
positivos são consequências que aumentam a probabilidade da resposta acontecer novamente e
auxiliam no sucesso e progresso da terapia. Esses reforçadores podem ser objetos, comestíveis,
sensoriais, sociais, atividades reforçadoras, brinquedos, entre outros (RIBEIRO, 2010); no
entanto, o comportamento problema só poderá ser resolvido quando a função do
comportamento for identificada. Se não há o conhecimento do porquê de uma criança estar se
engajando em um determinado comportamento inadequado, será difícil saber como ensiná-la
na modificação de tal comportamento.
Para a identificação da função do comportamento-problema é feita uma análise
funcional que consiste no monitoramento da “relação entre o indivíduo e seu mundo, ou seja, é
observar um comportamento e saber que tipo de consequência ele produz (reforço positivo,
punição negativa, etc.)” (MOREIRA; MEDEIROS, 2009, p. 146).
Diante disso, a ABA utiliza folhas de registro para colher dados sobre o comportamento
alvo, como pode ser observado no Quadro 4. Nesta, observa-se a Tríplice Contingência que é
15
dada por: Resposta na presença de um estímulo (Antecedente), que produz uma consequência
(MARTIN, 2009), sendo representada por A-B-C, onde “A” – o Antecedente (estímulo), “B” –
a Resposta e “C” – a consequência da resposta. Alguns autores e teóricos preferem empregar a
relação SD-R-SC, onde há apenas modificação de siglas, porém, o significado da tríplice
contingência é o mesmo.
Feita a análise funcional na segunda intervenção deste caso, observou-se que a função
da birra era de fuga de demanda: a demanda era se manter na sala e a criança desejava sair,
porém, não sabia pedir. Diante disso, antes da birra, foi apresentado o reforçador (brinquedo)
pelo comportamento adequado em sala, enquanto a pesquisadora dava o modelo para a criança
repetir: “sair”. A criança saiu da sala com comportamento adequado e continuava sendo
reforçada pelo atendimento do seu próprio pedido.
Durante os 08 dias de intervenção, conseguiu-se manter a criança sem birra desde a
saída da sala até o momento do aviso de retornar (10:55h). Porém, quando era avisada sobre a
volta, a criança sempre engajava em birra, dessa vez com magnitude menor. Nesse momento
foi aplicada a extinção. Como colocado por Martin e Pear (2009, p.149):
_______________
4
“Mando deriva de “comando” e descreve as respostas verbais utilizadas por alguém para pedir itens, informações,
além de dar instruções, ordens e conselhos. Especificamente, o mando é uma resposta verbal que acontece sob a
influência de uma necessidade ou privação” (SELLA; RIBEIRO, 2018, p. 258).
16
5 CONCLUSÃO
Desde Ivan Pavlov, John B. Watson, B. F. Skinner a Psicologia passou a ser embasada
em método científico. Ivar Lovaas, baseado no Behaviorismo desses teóricos cria a Análise do
Comportamento Aplicada (a terapia ABA) baseada em evidências, abrangendo hoje muito mais
que o espaço de uma terapia, mas passando a ser uma abordagem da Psicologia, crescendo
como ciência capaz de explicar inúmeras descrições do comportamento humano.
Dessa percepção surgiu o presente estudo, com o objetivo maior de Analisar o
comportamento da criança com autismo e intervir para o ganho de novas habilidades e resolução
de comportamentos-problema, aplicando a terapia ABA em ambiente escolar.
Diante das intervenções, pôde-se observar que em um curto espaço de tempo houve
mudança de comportamento, a exemplo da primeira intervenção, onde no nono dia de treino a
criança pouco ecoava os cumprimentos ouvidos. Nesse contexto, deve-se considerar a aquisição
da habilidade não de forma pontual, reduzindo-a a um cumprimento; no entanto, se observado
de forma mais ampla, compreende-se a importância dessa criança não mais ecoar, como pré-
requisito para a conversação em casos futuros, onde o falante e o ouvinte poderão ter uma
conversa funcional, concluindo, portanto, que esse é um pequeno passo para interações mais
complexas entre os humanos.
Outro ponto a ser considerado na segunda intervenção é que, mesmo com pouco de
intervenção, foi possível observar a diminuição do comportamento-problema e um importante
18
treino de mando. Por falta da habilidade de solicitar algo, crianças com autismo tendem a se
engajar em vários comportamentos disfuncionais, se frustram por não saberem demonstrar o
que precisam ou mostrar do que estão privados. A partir do momento que a habilidade de mando
é adquirida, o comportamento da pessoa com TEA passa a ser mais funcional, por ser mais
claro ao ouvinte suas necessidades; isso é imprescindível para a vida inteira. Pedir para sair da
sala, nesse estudo do caso, é apenas o indício de um comportamento indispensável, bem como
a tolerância a frustração ao voltar para sala de aula.
Quanto à terceira intervenção, é importante ressaltar a função do brincar funcional para
as crianças. A brincadeira no playground pode resultar em interação social, resolução de
problemas, um brincar imaginário, além de proporcionar à criança com TEA diversão e
ocupação do tempo ocioso, sem que ela precise estar engajada em comportamentos-problema
como estereotipias, auto ou heterolesivos, por exemplo.
Diante do exposto, é possível notar a importância da terapia ABA no contexto escolar;
consegue-se constatar que a criança em questão é capaz de evoluir e manter resultados positivos
com a terapia. Além disso, pode-se afirmar que as mudanças de comportamento podem ser
explicadas pela identificação de suas consequências, como observado nas intervenções.
O mais instigante é que, ao observar o ganho de habilidades ou modificação de
comportamento em um curto espaço de tempo, surge a perspectiva realista de grandes ganhos
à longo prazo de aplicação da terapia ABA, porém, não se pode desconsiderar o nível do
autismo do sujeito e onde ele se encontra no espectro; há sempre peculiaridades de uma pessoa
com TEA para outra. No entanto, ressalta-se a relevância de um estudo desse tipo, mostrando-
se congruente à teoria e a outros estudos semelhantes já aplicados, sendo gratificante contribuir
com a ciência ABA, e, principalmente, com a vida das pessoas que têm e convivem com
transtornos de atraso de desenvolvimento.
Analisando os dados obtidos no tempo estabelecido para essa pesquisa, há o
reconhecimento da necessidade de um ensino mais intensivo e duradouro, sendo proposto para
estudos futuros um acompanhamento mais longo, com análises cada vez mais aprofundadas,
podendo avaliar um único sujeito à longo prazo, se utilizando assim de pesquisas do tipo
Longitudinal.
Além de comprovar a eficácia da terapia ABA, que estudos desse tipo tragam mais
informação a sociedade para que esta aprenda cada vez mais a lidar com pessoas que estão no
Espectro do Autismo, a conviver com as peculiaridades que acompanham essas pessoas, e,
dessa forma, promover não uma inclusão cega, mas uma inclusão embasada em informação
científica.
19
REFERÊNCIAS
BARBETTA, P. M. et al. Effects of immediate and delayed error correction on the acquisition
and maintenance of sight words by students with developmental disabilities. Journal of
Applied Behavior Analysis, v. 27, n. 1, p. 177-178, 1994.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
LEAR, K. Ajude-nos a aprender. Help us Learn: A Self-Paced Training Program for ABA
Part, v. 1, 2015.
MARTIN, G.; PEAR, J. Modificação de Comportamento: o que é e como fazer. São Paulo:
Roca, 2009.