9 de setembro de 2016
“O ponto alto do artigo original é que é muito fácil ser míope quando se trata
de marketing”, afirma Deighton. “Qualquer profissional de marketing tem
obrigação de se interessar em programas, táticas, campanhas, etc..
Infelizmente, o relógio não para o tempo suficiente para responder a
pergunta, ‘por que você está fazendo o que está fazendo? ’ Por isso é muito
fácil perder a dimensão do panorama. Outra coisa que tornou o artigo tão
importante quando foi publicado é que ele lembrava aos CEOs que
o marketing faz parte do seu trabalho: “(Levitt) diz ao líder da organização:
você está no negócio porque tem clientes. Então precisa pensar
em marketing“, explica Deighton.
A miopia que Levitt descreve é a falta de insight sobre o que o negócio está
fazendo por seus clientes. As organizações investem demasiado tempo,
energia e dinheiro no que atualmente fazem e acabam, muitas vezes, cegas
para o futuro. Elas se sentem confortáveis em pensar que estão numa
“indústria em crescimento”, o que, de acordo com Levitt, não existe. Por
outro lado, existem realmente empresas que estão continuamente só
capitalizando oportunidade de crescimento.
E você não precisa olhar muito longe para encontrar empresas ou indústrias
que sofrem dessa doença hoje. Deighton mostra um exemplo dentro de casa
para este escritor: o setor editorial. Ele sugere que é hora de os editores
fazerem a pergunta central de Levitt: em que negócio realmente
estamos? “Parece haver uma ligação míope com a palavra ‘publicar’ que é a
parte orientada para a produção do setor. Mas o que os clientes estão
realmente procurando?” Eles não querem jornais e revistas, ele diz. “Eles
querem ser entretidos, informados, estimulados, por pessoas mais
interessantes que seus amigos e conhecidos”. “Somente um editor orientado
para a produção colocaria a forma de entrega acima do valor da experiência
que ela representa”.
Isso não significa que ela não teve seus limites. Em 2010, Craig Simith, da
Insead, Minette Drumwright, da Texas University, em Austin, e Mary Gentile
Babson publicaram um artigo intitulado “A nova miopia em marketing”. Eles
postularam que os profissionais de marketing exageraram ao seguir o
conselho de Levitt, criando um novo tipo de falta de visão marcada por um
foco fixo no cliente, uma definição muito limitada do cliente, e uma total
impossibilidade de atender os vários stakeholders que surgiram fora do
“contexto social transformado do negócio”. Não há dúvida de que Levitt
acreditava que a corporação inteira precisava ser vista como um organismo
que cria para o cliente e que satisfaz o cliente, e Deighton admite que essa é
uma das potenciais armadilhas da ideia original de Levitt: ela “deposita muita
confiança no cliente”. No artigo original, Levitt concorda que pode ser muito
difícil ouvir o cliente. Ele escreveu: “os clientes são imprevisíveis, volúveis,
variados, tolos, sem visão, teimosos e quase sempre chatos”. Mas Smith.
Drumwright e Gentile vão ainda mais longe, argumentando que não se trata
somente de ouvir o cliente, mas de ouvir todos os stakeholders que
contribuem para o sucesso da empresa, como funcionários, fornecedores,
acionistas, concorrentes, mídia, e membros da sociedade.