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A importância do

modelo de negócio n
a Indústria da Confecção
Sumário
INTRODUÇÃO
1. A DEFINIÇÃO DE UM MODELO DE NEGÓCIO
1.1. A necessidade de ter um modelo de negócio
1.2. A transformação recente na indústria da moda
1.3. O risco para um negócio da indústria da moda

2. AS MUDANÇAS PARA UM NOVO MODELO FOCADO NO CONSUMIDOR


2.1. Por que a moda tornou-se um produto híbrido?
2.2. A homogeneização das estratégias das empresas de moda
2.3. Tendências divulgadas com rapidez e que duram menos
2.4. O papel dos desfiles nesse cenário
2.5. Estratégias comerciais e o perfil do cliente

3. A VELOCIDADE COMO NOVA VARIÁVEL DA MODA

4. O NOVO CENÁRIO APRESENTADO POR FAST FASHION

CONCLUSÃO

SOBRE A AUDACES

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1. INTRODUÇÃO
A moda nunca viveu um momento em que atraísse tanta atenção Confira, neste material que produzimos especialmente para você
internacional quanto hoje. Esse setor está, atualmente, passando entender melhor esta nova fase da indústria da moda, um pouco
por uma profunda transformação. mais sobre as ideias do italiano Enrico Cietta. Descubra, por
exemplo, a importância de ter um modelo de negócio bem estru-
Para acompanhar esse momento, é necessário compreender que turado e como tirar o melhor proveito dele para chegar ao seu
a moda não trata apenas de uma produção simples de itens de público consumidor. Boa leitura!
consumo. Ela é um híbrido entre produto cultural e criativo. Ainda
assim, nesse segmento não há consumo sem a posse, diferente-
mente da indústria musical ou da cinematográfica.

Segundo o economista italiano Enrico Cietta, autor de “A economia


da moda: porque hoje um bom modelo de negócios vale mais do
que uma boa coleção”, vive-se em um tempo em que, para o con-
sumidor, os produtos têm dois valores: o material e o imaterial.

“Uma camiseta, sob um olhar industrial, é só uma


camiseta. Mas, com a informação e o modelo de negócio
da marca, ela pode ser muito mais do que isso aos olhos
do consumidor”, escreveu Cietta.

Um dos fatores que, cada vez mais, tem se tornado decisivo para
a moda é o tempo. Para uma empresa que atue nesse setor,
tornou-se fundamental aprender a usar o tempo de maneira ade-
quada. Por exemplo, dividindo-o corretamente entre as várias
funções da empresa (criativa, produtiva e comercial).

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1. A definição de um modelo de negócio
O economista italiano Enrico Cietta destaca que uma empresa pode ser compreendido como um ponto de equilíbrio que nasce
pode sobreviver sem uma estratégia, mas que ela não existe sem não da tradicional noção econômica da eficiência, mas sim de
a adoção de um modelo de negócio. Por isso, o primeiro grande uma visão total da empresa.
desafio de qualquer empresa de moda é saber qual é o seu
diferencial. O segundo é deixar claro esse diferencial para toda a Cietta define o modelo de negócio como sendo o funcionamento
empresa: quem cria, quem produz e quem vende. “As teórico da empresa. A estratégia da companhia faz parte desse
estratégias podem ser copiadas. Os modelos, não”, modelo.
defende Cietta.

O modelo de negócio não é apenas o valor da marca para o


consumidor. É a forma de ser que faz com que a indústria tenha
diferenciais não só no produto, mas também na produção. É o
que faz com que aquele negócio prospere, funcione e chegue ao
consumidor com valor monetário e imaterial. Não se cria moda
sem a indústria da moda, defende o economista. “Temos que
valorizar a indústria como integrante sine qua non do
processo”, argumenta.

O modelo de negócio é fundamental porque ele define um


equilíbrio específico entre as diferentes funções empresariais
necessárias para desenvolver o negócio e o impacto que este
terá no mercado.

De forma mais ampla, ele analisa o impacto que o negócio terá em


todos os stakeholders externos. Assim, o modelo de negócio

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1. A definição de um modelo de negócio

1.1. A necessidade de ter um modelo


Fontes de receita: como você cobra pela sua
de negócio proposta de valor?

A definição do modelo de negócio por uma empresa de moda Estrutura de custos: quais são os custos para o
passa por uma série de questionamentos por parte do negócio rodar?
empreendedor. Deve-se observar que modelo de negócio não é
o mesmo que a estratégia. Esta depende daquele. Principais recursos: qual é a infraestrutura de
recursos ou serviços de base?
Listamos aqui as principais perguntas que você deve fazer-se ao
formular o modelo de negócio: Canais de comunicação e distribuição: como o
produto ou serviço chega ao cliente final?

Proposta de valor: o que você oferece que seja Relacionamento com o cliente: como a marca
único no mercado? comunica-se com ele?

Potenciais segmentos-alvo: quem é o cliente final?

Atividade principal: o que exatamente você


realiza e que vai consistir no produto ou no
serviço ofertado para entregar a proposta de
valor do seu negócio?

Parcerias estratégicas: que empresas ajudarão a


compor melhor essa oferta?

05
1. A definição de um modelo de negócio

1.2. A transformação recente na


Indústria da Moda
Tradicionalmente, até pouco tempo atrás, o que predominava na
indústria da moda era uma visão de acumulação: a empresa
esperava certo número de pedidos para começar a produção das
suas peças.

O objetivo da indústria era conseguir um número suficien-


te de peças para tornar a produção mais eficiente e, por-
tanto, mais econômica. O foco era no aspecto industrial e
produtivo, e não no comercial e de atendimento ao cliente.

Outro exemplo do que predominava na indústria da moda pode


ser observado no planejamento de coleções e na gestão de
produção por tipo de modelo. Antes, essa lógica funcionava
como em um funil.

Na etapa de criação, eram produzidas muito mais peças do que


aquelas que seriam efetivamente produzidas para determinada
coleção. As melhores peças eram escolhidas para a prototipagem
e assim, sucessivamente, até chegar às peças finais da coleção.
Esse modelo era possível em um cenário de duas coleções ao
ano e com poucas peças compondo cada uma dessas coleções.

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1. A definição de um modelo de negócio
Esse era um contexto em que as tendências de moda eram O que está em jogo na moda não é a preponderância de um
ditadas, principalmente, pelas semanas de moda. Nesse cenário, processo de produção mais lento e uma pesquisa minuciosa
as tendências não tinham interferência de influenciadores digitais de design para construir um produto de qualidade, mas
e blogueiros, como hoje em dia. Por isso, apostar em uma “quanto” e “o que” exatamente o sistema dominante pode
coleção que a empresa tinha criado seria mais certeiro. fazer para reduzir a crescente diferença entre o momento em
que o produto é proposto – e o consumidor toma consciência
Mais recentemente, a variável tempo passou a dominar o cenário dele – e aquele em que o produto chega ao mercado.
e, com isso, surgiram duas correntes: a norte-americana, focada
nos resultados de mercado e nas necessidades comerciais; e a Desde que o processo de hibridização do produto transfor-
europeia, especialmente a italiana e a francesa, que estão mais mou a moda em algo que não é totalmente industrial nem
preocupadas com a defesa da qualidade e de processos de cultural (ou seja, imaterial), a questão dos tempos e dos
produção mais artesanais dos artigos de luxo. riscos está em aberto e não completamente resolvida.

A discussão foi estimulada pela imprensa – um dos princi-


pais veículos de divulgação das novas tendências –, que
rotulou os desfiles de moda de Nova Iorque (EUA) de “see
now, buy now” (veja agora, compre agora). Os de Milão
(Itália) e Paris (França) são qualificados como os proposi-
tores de slow fashion e da tradição.

Dessa forma, a pressão norte-americana é por aproximar a oferta


da demanda. Os europeus não estão interessados nessa lógica.
O argumento destes está voltado a uma demanda
estruturalmente diferente, que não necessita do realinhamento
proposto pelos americanos.

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1. A definição de um modelo de negócio
produtos imateriais híbridos. A alta costura já tinha essa veia e
1.3. O risco para um negócio da tornou-se um segmento cada vez mais predominante de
Indústria da Moda significados do que de produtos.

Com a variável tempo tendo papel cada vez mais relevante, o


negócio da moda tornou-se mais arriscado. É só olhar para os
resultados das vendas das empresas do setor. Promoções,
saldos e sobras de fim de estação impactam, cada vez mais, nos
balanços das marcas da moda.

Enrico Cietta enfatiza que “o risco é uma consequência direta


da propriedade do produto criativo híbrido e talvez seja o
aspecto que mais condicionou o comportamento das empre-
sas e o desenvolvimento do mercado dos últimos anos”.

A mudança veio e fez com que uma coleção não seja mais
pensada como um processo seletivo, mas como um processo
criativo destinado a definir categorias específicas de produtos.
Não se trata somente da adaptação de estratégias a um contexto
que passou por modificações, mas de aprender a confrontar
essas estratégias com características de produtos diferentes
(manufatureiros e culturais).

Houve uma culturalização da moda, fazendo com que o setor


têxtil e de vestuário se tornasse, cada vez mais, uma indústria de

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1. A definição de um modelo de negócio

Segundo Cietta, quanto mais predominam características de


diferenciação horizontal, como a cor, o modelo, a estética e o
tipo de loja em que é vendida uma coleção, mais predomi-
nam os julgamentos subjetivos. E quanto mais predominam
as características verticais – por exemplo, um tecido melhor
que gera um produto melhor –, mais objetivo torna-se o
julgamento do consumidor.

A decisão de compra do consumidor, atualmente, é


caracterizada por fatores não materiais, ou seja, subjetivos. Ele
está mais preocupado com fatores não estritamente técnicos e
de performance. O processo de compra envolve mais o prazer
que a necessidade.

O produto da moda é cada vez mais sofisticado e envolve variáveis


relevantes na percepção do produto. Entre elas estão a
sustentabilidade ambiental, a responsabilidade social, as origens da
empresa, os pontos de venda e, por conseguinte, a própria marca.

Por tudo isso, a definição de preço na moda mudou. Ela deixou


de ser o equivalente ao custo (produção mais custos gerais)
adicionado à margem de venda e passou a envolver quesitos
mais subjetivos, como o consumo, a informação acumulada, a
independência do consumidor e o peso preferencial pessoal e
não de terceiros.

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2. As mudanças para um novo modelo focado no consumidor
Os consumidores estão cansados dos produtos
mesmo antes que eles cheguem às lojas. O motivo Produtos culturais/ Produtos
disso é que as informações sobre as coleções,
CARACTERÍSTICA criativos e moda manufaturados
apresentadas pelo menos seis meses antes, já
foram amplamente vistas, mastigadas e digeridas. Variedade baseada na
Diferenciação Variedade infinita e
variabilidade técnica e
do produto: diferenciação horizontal.
Essa característica decorre do fenômeno de hibri- diferenciação vertical.
dismo da moda. O produto deixou de ser exclusi-
vamente manufatureiro e transformou-se, ao Tipo de produto: Bem de experiência. Bem de busca.
longo do tempo, em um produto cultural (veja
mais dessa diferenciação na tabela a seguir). As
consequências dessa transformação são exóge- No processo produtivo
Valor do produto: No processo produtivo.
nas a qualquer empresa, semana de moda ou e no consumo.
qualquer sistema empresarial.
O consumidor é apenas
O consumidor é raramente influenciado
Conheça a diferenciação entre produtos da Efeitos do consumo
influenciado pelo consumo pelo consumo dos outros
moda e os da manufatura dos outros: do outros (tendência). (padrões tecnológicos
aos quais se adequar).

Um consumidor é Um consumidor é
influenciado pelo próprio influenciado por variáveis,
Previsões de como renda, faixa etária,
consumo anterior; suas
consumo: escolhas definem que sexo etc., que descrevem
tipo de consumidor ele é. o seu comportamento.

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2. As mudanças para um novo modelo focado no consumidor

Produtos culturais/ Produtos


CARACTERÍSTICA criativos e moda manufaturados

Determinante das escolhas: Paixão. Utilidade

Determinante do consumo: Busca de novidade e homologação Maximização da utilidade com a melhor


às tendências. qualidade com o menor preço.

Efeito blockbuster e propriedade winner- As vendas seguem ciclos mais previsíveis e


takes-all (o vencedor leva tudo); as vendas regulares. Podem ser geradas situações
Concentração das vendas: se concentram em poucos produtos nas quais o produtor ou o consumidor
best-sellers; propriedade nobody knows tenha mais informações sobre o bem que
(ninguém sabe); ignorância simétrica. o outro; ignorância assimétrica.

Estratégias de criação dos produtos Estratégias de diferenciação do risco


orientadas para diversificar o risco e ligadas a processos específicos de produ-
Diferenciação de risco: ção ou de distribuição caracterizados
equilibrar tendência e novidade.
pela incerteza.

As competências produtivas devem ser Competências e processos são geral-


heterogêneas e, por isso, a criação dos mente especializados. A divisão de
Competências e
produtos nasce sempre de conflitos e processos é mais clara e mais bem
processos produtivos: consensos no interior dos processos definida.
empresariais.

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2. As mudanças para um novo modelo focado no consumidor

2.1. Por que a moda tornou-se 2.2. A homogeneização das


um produto híbrido? estratégias das empresas de Moda
A dupla natureza material e imaterial dos produtos de moda Após a euforia dos anos 1980, as empresas europeias foram
pode ser observada no processo de compra. Compra-se um obrigadas a ampliar, e muito, as suas coleções para manter o
artigo porque ele é do tamanho certo e porque a cor e o estilo seu market share. O resultado foi o lançamento de coleções
agradam. mais amplas e mais complexas que passaram a atender a um
consumidor cada vez mais imprevisível e mais exigente.
Outro fator que comprova o hibridismo da moda é a utiliza-
ção de componentes criativos, semicriativos e não criativos Assim, houve uma homogeneização das estratégias das
ao longo do processo produtivo. empresas de moda, com raríssimas exceções. As estratégias
passaram a ser marcadas por amplitude, profundidade de
Isso se materializa no dia a dia da empresa pelo criativo do gama e total look.
estilista, que desenha o modelo; pelo semicriativo do modelista,
que transforma o desenho em produto; e pelo não criativo, que é Nesse cenário, encontrar o best-seller da estação tornou--
desempenhado pelo responsável financeiro que estabelece o se um processo cada vez mais difícil. Ampliou-se a compe-
custo de produção e o preço mínimo de venda, por exemplo. tição e os saldos e descontos agressivos começaram a
causar erosão nas margens de lucro dos distribuidores.

As compras sazonais exigem um esforço financeiro dos


compradores muito consistente em relação aos retornos
mais incertos e voláteis. Nesse cenário, surgiram duas
respostas possíveis.

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2. As mudanças para um novo modelo focado no consumidor
A primeira foi a de fast fashion. Com coleções contínuas, essa
proposta tinha por objetivo reduzir os riscos do negócio. A principal
característica de fast fashion é a não obsolescência do produto na
loja. Com a criação do produto com tempos muito próximos ao
momento da venda, foi ampliada a capacidade de observar as
últimas tendências da moda e colocá-las no mercado.

Já a moda de luxo – programada em duas temporadas – escolheu


caminhos opostos: antecipar os tempos criativos e mostrar cole-
ções cruise, que são minicoleções apresentadas cerca de dois a
três meses antes da coleção principal, e coleções-cápsula, que são
pacotes de modelos, geralmente em número limitado, com uma
oferta que integra produtos coordenados entre si e destinados a
uma venda conjunta.

O objetivo dessas propostas era o de reduzir o risco do negócio.


Apesar de essa antecipação dos tempos ser oposta àquela per-
corrida por fast fashion, ambas buscavam o mesmo resultado.
Ao chegar antes, “a pré-coleção aumenta o número de meses
em que a venda tem preço total”, ou seja, tem mais semanas
antes que o mercado comece os saldos e os descontos.

Nesse contexto, a moda de luxo estava distanciando-se, oferecen-


do produtos de forma cada vez mais antecipada. Segundo Enrico
Cietta, do ponto de vista econômico, essa é uma solução diferente
e que incorre no mesmo problema: um ciclo mais curto do produto,
que corre o risco de acabar na promoção cedo demais.

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2. As mudanças para um novo modelo focado no consumidor

2.3. Tendências divulgadas com


rapidez e que duram menos
O consumo de moda apresenta uma característica muito
relevante em relação a outros produtos manufaturados: assim
como acontece com os produtos culturais, o consumo pessoal é
forte e diretamente influenciado por outros consumidores.
Cria-se assim o conceito de tendência na moda. Formam esse
conceito duas variáveis: as próprias preferências pessoais e as
preferências dos outros.

A adoção de uma tendência por parte do consumidor está


diretamente ligada à exposição que ele teve. O sucesso de um
produto cultural/criativo alimenta, até certo ponto, um novo
consumo e atrai novos consumidores.

A velocidade de transmissão de uma tendência é inversamente


proporcional à sua duração. Em outras palavras, quanto mais
difusos são os métodos de comunicação rápida e instantânea, e
quanto mais eles interligam grupos de pessoas distantes e
diferentes, tanto mais a transmissão de uma tendência (por
exemplo, moda) é rápida e a sua duração é curta.

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2. As mudanças para um novo modelo focado no consumidor
no mercado apenas algumas semanas depois.
2.4. O papel dos desfiles nesse cenário
Da mesma forma, existe o aspecto da comunicação: enquanto
Os desfiles têm hoje, basicamente, dois objetivos. O primeiro está
blogueiros e jornais on-line são capazes de retransmitir a
relacionado a um tipo de teste comercial. As empresas, com o
tendência rapidamente, a mídia tradicional tem tempos mais
objetivo de propor coleções muito grandes, precisam de um
longos e, basicamente, alinhados com os da venda.
momento de confronto das suas ideias com o mercado.
Hoje, as marcas mais evoluídas do setor entendem que pre-
Isso permite acionar a máquina de produção. Coletados os
cisam agregar valor à cadeia inteira e não apenas ao pro-
primeiros pedidos, as empresas podem projetá-los no mercado
duto que chega à mão do consumidor.
e, portanto, ter uma ideia inicial de qual, entre todos os produtos
propostos, foi aquele que recebeu maior aceitação comercial.

Mas esse é apenas um aspecto. Ao mesmo tempo em que o desfile


é certamente um teste para o mercado do futuro, ele é, também,
uma ferramenta de comunicação para o mercado de hoje.

Cietta destaca que o ponto fundamental é que o desfile


apresenta-se como uma ferramenta "2 em 1". Ele funciona muito
bem, mas os transmissores que fazem parte de cada um desses
objetivos têm calendários totalmente desalinhados.

Como teste comercial, o desfile faz com que os compradores e os


atacadistas capturem a tendência, mas a transmitam para o
mercado seis a oito meses depois, enquanto as cadeias de fast
fashion são capazes de observar a mesma tendência e colocá-la

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2. As mudanças para um novo modelo focado no consumidor

2.5. Estratégias comerciais e o


perfil do cliente
Outro efeito da transformação do mercado da moda está
relacionado à necessidade de usar estratégias comerciais mistas
devido ao aumento da complexidade do mercado. Então
passamos a perceber a vez dos multicanais, ou seja, da gestão
comercial de diversos pontos de venda diferentes.

Nesse cenário, não é mais a empresa que escolhe como aten-


derá o cliente. O papel inverteu-se. É o cliente que vai determi-
nar quando e como deseja ser atendido. A transformação digi-
tal e o comércio eletrônico possibilitaram que as mercadorias
cheguem a mercados pouco densos, ou seja, àqueles em que
os custos de distribuição por meio de pontos de venda tradicio-
nais são muito elevados.

Se antes se procurava entender o perfil do cliente para conhecer


seus hábitos de compra, hoje se estudam esses dados para
definir o perfil de clientes similares. A possibilidade de
compreender melhor o gosto do consumidor é fundamental em
um contexto como o da moda, que se tornou muito arriscado.

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3. A velocidade como nova variável para a moda
A velocidade não é uma escolha estratégica para a empresa, mas os períodos em que as empresas trabalham a todo vapor.
parece ser uma variável estrutural do mercado. O "quando" e o
"quanto tempo" são fatores decisivos para competir nesse tipo Segundo Cietta, quando se aborda a questão da velocidade na
de mercado de produtos híbridos. moda tem-se sempre a sensação de que
Configuração do falta
tempo uma
de visão global do
encaixe;
problema. O raciocínio normalmente usado é que fazer as
O lead time com o qual se consegue servir o mercado é um fator mesmas coisas mais rápido do que
Criação desão
umafeitas hoje
fila de é simplesmen-
encaixe, que será
decisivo e uma variável relevante na estratégia de uma compa- te impossível. O raciocínioexecutada
não é errado, mas incompleto.
enquanto o computador não
nhia de moda. é utilizado;
Deve-se reconhecer a necessidade de pensar a moda. A
O segundo ponto que Cietta destaca em sua obra é a rela- organização não deveUtilização
ser a mesma
do encaixedo passado.
manual Asespecialista;
junto ao em-
ção entre velocidade e qualidade: é verdade, como presas devem levantar seriamente a questão de como
muitos intérpretes da moda italiana apoiam, que um elas podem reorganizar os seus
Redução processos
significativa criativos,
do tempo pro- no
despendido
lead time mais curto que os clássicos seis a oito meses dutivos e comerciais. encaixe;
significa efetivamente abrir mão da qualidade criativa e
de produção? O processo das empresasRedução
de fast do
fashion
custo foi, desde o impactando
operacional, início, con- na
cebido para ser rápido.otimização
No entanto, o processo
do recurso das outras
hora-funcionário(a).
As empresas do segmento têxtil e do vestuário ainda têm um empresas, que não tinha sido pensado dessa forma, foi obrigado
espaço enorme para crescer em termos de agilidade e rapidez a tornar-se mais ágil também.
nas suas respostas. Não se trata somente de comprimir ainda
mais os tempos, explica Cietta. É necessário entender como organizar um processo dife-
rente a partir do processo criativo: hoje, simplesmente,
Uma empresa não será mais rápida comprimindo mais os pretende-se fazer em três semanas o que antes se fazia
tempos, mas por intermédio de uma maior integração dos com- em três meses, mas sem dúvida rapidez e agilidade são
ponentes da cadeia e das funções dentro da companhia. São os os desafios do futuro para as empresas da moda, tanto
“tempos mortos” que precisam ser eliminados e não comprimir para as de slow fashion quanto para as de fast fashion.

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4. O novo cenário apresentado por fast fashion
O aumento de ritmo na moda não está relacionado ao surgi-
mento de empresas fast fashion no mercado. É necessário esta-
belecer uma relação correta entre causa e efeito. Não foi a pro-
dução de fast fashion que criou a velocidade, mas sim a exigên-
cia da velocidade que está diretamente relacionada ao modo de
fast fashion.

Admitir que esse modelo de negócio, apesar de ter


variados tipos de aplicações, premiou empresas com
estratégias diferentes, posicionamentos diversos, como é
o caso de pequenas e médias empresas italianas, e em
mercados muito diferentes, significa o mesmo que dizer
que essa não é uma tendência, mas sim uma mudança
estrutural do mercado.

Na moda contemporânea, crescem as vendas e a notoriedade


de empresas que praticam um modelo de negócio caracteriza-
do por produção extremamente ágil e com disponibilidade ime-
diata no varejo. Entre as adeptas de fast fashion estão as
marcas Zara (Espanha), H&M (Suécia) e Topshop (Reino Unido).
No Brasil, esse modelo é aplicado por marcas como C&A (de
origem holandesa), Lojas Renner e Riachuelo.

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Conclusão
Não dá para classificar a moda como sendo essencialmente um decisão pode ser tomada sem avaliar o impacto em outras funções
produto cultural. Ao fazer isso, negligencia-se o aspecto industrial da cadeia produtiva. Isso não pode nem deve imobilizar a empre-
que constitui um de seus elementos essenciais. O mais indicado, sa. Pelo contrário, deve permitir que ela atue mais rapidamente.
portanto, é considerar a moda como um produto ao mesmo
tempo material e imaterial. Para isso, é fundamental ter um modelo de negócio bem claro,
segundo o qual possa identificar-se facilmente a relação entre as
Essa dupla natureza é indivisível. “Quase não existe fase produti- decisões e as consequências.
va que construa apenas o valor material ou apenas o imaterial.
Quase não existe ato de consumo que não envolva tanto o aspec- A visão circular da empresa e um claro modelo das relações
to funcional (material) do produto quanto o imaterial (o significa- internas e externas são um importante passo para um negócio
do e a estética)”, destaca o economista italiano Enrico Cietta. que queira competir nos segmentos criativos híbridos.

Deve-se pensar na indústria da moda não como outro segmen-


to da economia industrial e nem como outro segmento da
indústria cultural/criativa. Cietta sugere que se deve propor
um modo diferente de abordar esses bens, as indústrias que
os produzem, as empresas e o mercado.

Segundo o economista italiano, a empresa de moda pode ser


definida como um ponto de equilíbrio instável, frágil e inimitável.
O equilíbrio é obtido por meio de uma calculada composição de
diversas decisões. Ao mudar uma delas, todas as outras devem
ser verificadas ou revistas.

Cietta destaca que é importante entender a empresa sob a ótica


da visão circular, ou seja, “tudo depende de tudo”. Nenhuma

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