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Livro Direreito Empresarial e Do Consumidor
Livro Direreito Empresarial e Do Consumidor
Unicesumar
DIREITO
EMPRESARIAL E
DO CONSUMIDOR
SEJA BEM-VINDO(A)!
Olá, caro(a) aluno(a)! O Direito é uma ciência ampla e por isso merece uma análise minu-
ciosa. Para quem pretende desenvolver uma atividade enquanto futuro gestor, torna-se
essencial o conhecimento de algumas áreas específicas, o que possibilita uma melhor
administração e gestão da sua atividade.
Enquanto profissional da área e professora, ao longo dos anos acredito que conhecer o
Direito deveria ser essencial para todos, enquanto indivíduos que fazem parte de uma
sociedade, possibilitando assim um melhor funcionamento dela e as pessoas saberiam
também de que forma poderiam exigir mudanças em nossa sociedade. Na Unidade I,
estudaremos o Direito Empresarial, analisando quem pode ser considerado empresário
ou não, de que forma a pessoa pode ser considerada empresária, bem como as modali-
dades de sociedade e os títulos de crédito que existem na nossa legislação.
Na Unidade II, estudaremos o Direito Tributário, compreendendo que o tributo é o gêne-
ro, que se subdivide em espécies que são: imposto, taxa, contribuição de melhoria, con-
tribuição social e empréstimo compulsório, e analisaremos cada uma delas. Lembrando
que existe em discussão uma reforma tributária proposta, mas que até o presente mo-
mento não há indícios de quando será aprovada.
Na Unidade III, falaremos um pouco sobre Direito do Trabalho, a área de mais impor-
tância e grande discussão dentro de uma organização empresarial. Veremos a diferen-
ça entre empregado e empregador, a forma de remunerar o empregado pela função
desempenhada, em que medida vai o poder de direção do empregador, entre outros
aspectos relevantes e pertinentes ao conteúdo. A Reforma Trabalhista foi um grande
marco de mudanças dentro do Direito do Trabalho e que merece uma análise cuidadosa
e receosa já que ainda não temos muitas definições a respeito.
Por fim, na Unidade IV estudaremos o Direito do Consumidor, conhecendo um pouco
melhor os direitos e deveres que o Código do Consumidor criou tanto para o consumi-
dor final quanto para o próprio fornecedor.
Espero que você aproveite o conteúdo trabalhado para conhecer um pouco mais sobre
essa ciência tão ampla e possa, assim, desempenhar melhor seu trabalho e toda a orga-
nização empresarial em que está.
Bons estudos!
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SUMÁRIO
UNIDADE I
DIREITO EMPRESARIAL
23 Sociedades Comerciais
27 Títulos de Crédito
34 Direito Falimentar
44 Referências
46 Gabarito
UNIDADE II
DIREITO TRIBUTÁRIO
49 Conceito e Denominação
51 Tributo
69 Referências
70 Gabarito
09
SUMÁRIO
UNIDADE III
DIREITO DO TRABALHO
73 A Evolução no Brasil
90 Empregado
94 Empregador
99 Remuneração
119 Referências
121 Gabarito
UNIDADE IV
DIREITO DO CONSUMIDOR
125 Finalidade
129 Consumidor
130 Fornecedor
149 Referências
150 Gabarito
151 Conclusão
Professora Me. Mariane Helena Lopes
I
UNIDADE
DIREITO EMPRESARIAL
Objetivos de Aprendizagem
■ Compreender o Direito Empresarial.
■ Analisar modelos societários.
■ Analisar títulos de crédito.
■ Conhecer o direito falimentar.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Desenvolvimento do Direito Empresarial no Brasil
■ Sociedades comerciais
■ Títulos de crédito
■ Direito falimentar
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Com a vigência do Código Civil de 2002, a primeira parte do Código
Comercial de 1850 foi revogada. A partir desse momento, o Direito Empresarial
deixou de ter como fonte principal o Código Comercial, passando a ser regu-
lado pelo Código Civil.
DIREITO EMPRESARIAL
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O Direito Empresarial influencia o Direito Civil, visto que ele arrisca mais,
inventando e experimentando coisas novas, que mais tarde poderão ou não ser
consolidadas no âmbito civil. Rubens Requião (2008) lembra a posição de Sylvio
Marcondes Machado (1956), ao dizer que as razões da retratação do renomado
jurista italiano Cesare Vivante (1936) continuavam válidas, mas nem por isso
excluíam a coordenação unitária de atos jurídicos concernentes ao fenômeno
econômico, e que o Direito Comercial podia conviver com o Direito Civil em
um código unificado. A unificação do direito das obrigações não significa a abo-
lição da vida comercial, e uma unidade orgânica não conflita com a disciplina
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
De acordo com o art. 966 do Código Civil de 2002, empresário é aquele que exerce
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circu-
lação de bens ou de serviços. O artigo citado é reflexo do art. 2.082 do Código
Civil italiano (apud VIVANTE, 1936) que dispõe: “é empreendedor quem exerce
profissionalmente uma atividade econômica organizada para o fim da produção
ou da troca de bens ou de serviços”.
O empresário é um ativador do sistema econômico. Ele funciona como um
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
intermediário, pois de um lado estão os que oferecem capital e/ou força de tra-
balho e, de outro, os que demandam satisfazer suas necessidades (TEIXEIRA,
2011). Para melhor entender o conceito de empresário, bem como analisar os
elementos que o compõem, dividiremos nosso estudo em cinco grupos:
DIREITO EMPRESARIAL
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3. A organização da atividade
Empresário Individual
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reflita se a nossa legislação é favorável para que alguém desenvolva seu es-
pírito empreendedor na sociedade a ponto de criar um produto ou serviço,
por exemplo, fomentando a economia e não se tornando apenas mais um
empregado dentro de uma organização empresarial.
CONCEITO DE EMPRESA
Com relação ao conceito de empresa, o italiano Alberto Asquini (1996) foi quem
melhor escreveu sobre o conceito de empresa, sendo traduzido no Brasil por
Fábio Konder Comparato. De acordo com Alberto Asquini (1996), a empresa
pode ser entendida em quatro perfis, sendo os seguintes:
1. Objetivo: a empresa significa patrimônio, ou seja, o conjunto de bens
destinados ao exercício da empresa. Nesse sentido, temos o art. 1.142
do Código Civil.
2. Subjetivo: a empresa significa empresário, individual ou sociedade empre-
sária, que possui personalidade jurídica, com a capacidade de adquirir
direito e contrair obrigações. Nesse sentido, temos o art. 966 e 981 do
Código Civil.
3. Institucional: é um conjunto de pessoas em razão de um objetivo comum.
4. Funcional: a empresa é a atividade organizada, com a coordenação dos
fatores de produção para alcançar sua finalidade.
DIREITO EMPRESARIAL
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Com base no exposto, pode-se dizer que empresa significa atividade. Ela é um
conjunto de atos coordenados pelo empresário com habilidade.
De acordo com o art. 972 do Código Civil, qualquer pessoa pode exercer a ati-
vidade empresarial, desde que esteja em pleno gozo da sua capacidade civil, não
sendo impedida por lei. Para que uma pessoa realize o exercício da atividade
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Contudo, no ano de 2015, foi sancionada a Lei nº 13.146, que trouxe modifica-
ções com relação aos absolutamente incapazes. Por essa modificação, não existe
mais, no Direito Privado, pessoa absolutamente incapaz que seja maior de idade.
Como consequência, não há que se falar mais em uma ação de interdição absoluta
no nosso sistema civil, visto que os menores não são interditados. Todas as pes-
soas com deficiência, das quais tratava o comando anterior, passam a ser, em
regra, plenamente capazes para o Direito Civil, o que visa a sua plena inclusão,
em prol de sua dignidade (TARTUCE, 2015, on-line)1.
Os relativamente incapazes são aqueles que devem ser assistidos por seus pais ou
representantes. Eles são incapazes relativamente a certos atos, ou à maneira de exer-
cê-los. De acordo com o Art. 4º do Código Civil (BRASIL, 2002, on-line) são eles:
a) Os maiores de 16 e menores de 18 anos.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
b) Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência
mental, tenham o discernimento reduzido.
Emancipação
O Art. 1.634, V do Código Civil (2002) dispõe que, até os 16 anos, os filhos
menores devem ser representados por seus pais. A partir dos 16 anos e até os
18 anos eles são assistidos. É nessa possibilidade de assistência que se pode falar
na emancipação.
A emancipação é a cessação, para os maiores de 16 e menores de 18 anos, de
sua incapacidade, antes da idade prevista em lei – diga-se 18 anos – nos seguin-
tes casos, de acordo com o Art. 5º do Código Civil (BRASIL, 2002, on-line):
a) Por concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante
instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou
por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver 16 anos comple-
tos. Não pode ser feita por instrumento particular.
DIREITO EMPRESARIAL
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d) Pelo casamento.
Uma vez que o sujeito é emancipado, esta não poderá ser revogada. Ainda que
tivemos a mudança dos sujeitos que são considerados absolutamente ou relati-
vamente incapazes, não se fala em modificação da emancipação. O que se pode
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
observar é que existem casos em que esse instituto não é mais utilizado, pois
caiu em desuso.
Impedimentos e incapacidade
Existem alguns casos em que uma pessoa pode ser plenamente capaz civilmente,
mas não podendo exercer a atividade empresarial caso esteja impedida por lei.
Tal fato acontece por ser uma proibição legal, entre esses impedimentos podem
ser citados: falido não reabilitado, funcionário público, militar, devedor do INSS,
estrangeiro e incapacidade superveniente (LOPES, 2018).
Estabelecimento
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
nas. Por outro lado, os bens imateriais/incorpóreos são as coisas que não ocupam
lugar no mundo exterior, sendo um resultado da elaboração abstrata humana,
como os títulos dos estabelecimentos, as marcas, as patentes, os desenhos indus-
triais entre outros (TEIXEIRA, 2011).
O estabelecimento é o instrumento para o empresário exercer sua atividade;
é uma base física da empresa, podendo ser virtual também. Normalmente, os
clientes se dirigem para o estabelecimento do empresário para a realização de
negócios (TEIXEIRA, 2011).
Nome empresarial
DIREITO EMPRESARIAL
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de qualquer interessado, quando cessar o exercício da atividade para que foi ado-
tado, ou quando ocorrer a liquidação da sociedade que o inscreveu.
SOCIEDADES COMERCIAIS
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Sociedades Comerciais
24 UNIDADE I
1. Sociedade em comum
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais.
Nesta classificação, é aberta uma conta para indicar as operações realizadas bem
como os resultados alcançados. A participação será a divisão dos lucros entre
os sócios. Ela não é uma pessoa jurídica, não tem personalidade jurídica, mas
representa um contrato entre os sócios (MARTINS, 2013).
O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a inscrição de
seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica a ela.
Nesse caso, pode-se dizer que a inscrição é uma faculdade e não uma obriga-
ção (LOPES, 2018).
SOCIEDADE PERSONIFICADA
1. EIRELI
DIREITO EMPRESARIAL
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figura do sócio “fictício”, que é uma prática comum nas empresas que são regis-
tradas como limitada, visto que antes poderiam ser constituídas por, no mínimo,
duas pessoas.
Essa modalidade permite a separação entre o patrimônio empresarial e o
privado, em que, caso a empresa contraia dívidas, apenas o seu patrimônio será
utilizado para quitá-las. O que precisa ser observado aqui é que deve ter um capi-
tal mínimo de 100 vezes o valor do salário-mínimo no momento do registro da
empresa (SEBRAE, 2018, on-line)2.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2. MEI
3. Sociedade simples
Sociedades Comerciais
26 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Há os sócios comanditados e comanditários. Os primeiros são pessoas físicas,
responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais. Os segundos,
porém, obrigam-se apenas pelo valor de sua quota (TEIXEIRA, 2011). Assim,
quando for detectada qualquer compatibilidade, deverão ser aplicadas às nor-
mas da sociedade em nome coletivo. O sócio comanditário poderá participar
de deliberações da sociedade e fiscalização das operações, não podendo realizar
atos de gestão, nem podendo ter o seu nome na firma social, sob pena de ficar
sujeito a responsabilidade solidária e ilimitada (TEIXEIRA, 2011).
6. Sociedade limitada
DIREITO EMPRESARIAL
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TÍTULOS DE CRÉDITO
■ Princípio da Cartularidade
Títulos de Crédito
28 UNIDADE I
■ Princípio da Literalidade
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Pelo princípio da literalidade, somente produzirão efeitos jurídico-cambiais os
atos que forem lançados no próprio título de crédito. Caso um ato seja
documentado em instrumento apartado, ou seja, quando for feito sepa-
radamente do contrato principal, ainda que válidos e eficazes entre os
sujeitos envolvidos, não produzirão efeitos perante o portador do título
(COELHO, 2013, p. 122).
Isso ocorre para que o devedor não seja obrigado a pagar mais do que está no
documento.
“De outro lado, o titular do crédito pode exigir todas as obrigações de-
correntes das assinaturas constantes, o que representa para os obriga-
dos o dever de satisfazer exatamente o que está no título” (COELHO,
2013, p. 122-123).
DIREITO EMPRESARIAL
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Pode ser que um mesmo título documente mais de uma obrigação. Se, porven-
tura, uma delas for considerada inválida, não prejudicará as demais. Imagine a
situação hipotética a seguir: Marcos de Oliveira vendeu seu veículo usado para
Antonio Caetano, concordando que receberia metade do preço no prazo de
60 dias. Neste caso, a nota representa a obrigação do comprador, na compra e
venda do veículo. Marcos é devedor de Camilo Santos, em importância próxima
ao valor facial da nota promissória. Caso Camilo Santos concorde, o débito de
Marcos de Oliveira poderá ser satisfeito com a transferência do crédito que titu-
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ENDOSSO
Títulos de Crédito
30 UNIDADE I
AVAL
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Nas palavras de Sérgio Pinto Martins (2013, p. 366),
a fiança precisa ser feita por escrito, enquanto o aval não necessita dessa
formalidade. Na fiança, a responsabilidade é subsidiária, enquanto no
aval é solidária. A fiança é dada para a garantia de contratos. O aval é
prestado para a garantia de títulos de crédito. O aval só pode ser dado
no próprio título. A fiança pode ser dada em documento em separado.
Dessa forma, pode-se analisar que o aval é uma garantia com relação à pessoa
do devedor, enquanto a fiança é uma garantia relacionada ao contrato realizado.
O aval é feito no verso ou anverso do próprio título. Para a sua validade, quando
for feito no anverso do título, é a simples assinatura do avalista.
■ Letra de Câmbio
A letra de câmbio é uma ordem de pagamento, sendo sacada por um credor con-
tra o seu devedor, favorável a alguém. Este pode ser um terceiro ou o próprio
sacador (COELHO, 2013). O saque é a emissão do título e quem o faz é o saca-
dor, enquanto o sacado é o devedor contra quem foi emitida a letra de câmbio.
DIREITO EMPRESARIAL
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Ele tem 24 horas para aceitar ou não o título (MARTINS, 2013). O endossante é o
proprietário do título, que o transfere para outrem conhecido como endossatário.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■ Nota Promissória
Títulos de Crédito
32 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 2 - Nota promissória
Fonte: Cobrar Simples (2015, on-line)5.
■ Cheque
O cheque é uma ordem de pagamento à vista sacada por uma pessoa contra um
banco. É chamada de emissor ou emitente a pessoa que assina o cheque e determina
a ordem de pagamento. Por sua vez, o beneficiário ou portador é a pessoa destinatá-
ria da ordem de pagamento (MARTINS, 2013; COELHO, 2013; TEIXEIRA, 2011).
Essa modalidade de título de crédito, diferentemente do que muitas pessoas
acreditam, em lei, nada prevê a modalidade à prazo. Contudo, o cheque pré-
-datado (nome dado pela prática comercial), ou ainda à prazo ou pós-datado, é
aceito pelo comércio, possibilitando assim a circulação de mercadorias, fazendo
que exista uma movimentação no comércio e um consumo dos produtos e bens
produzidos (LOPES, 2018).
Além disso, caso o cheque pré-datado seja apresentado antes da data acor-
dada, o emissor terá direito a uma indenização por danos morais, visto que há
uma quebra de acordo verbal realizado entre as partes (LOPES, 2018).
Quando se fala em cheque cruzado é aquele que contém duas linhas parale-
las em seu anverso. Tal cruzamento indica que ele só poderá ser pago pelo banco,
devendo ser depositado. Caso o título tenha o nome do referido banco, só este
paga o cheque (MARTINS, 2013).
DIREITO EMPRESARIAL
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Figura 3 - Cheque
Fonte: adaptada de Direitos Brasil ([2018], on-line)6.
■ Duplicata
Títulos de Crédito
34 UNIDADE I
DIREITO FALIMENTAR
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
financeira pública ou privada, coopera-
tiva de crédito, consórcio, entidade de
previdência complementar, sociedade
operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de
capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.
RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
FALÊNCIA
Direito Falimentar
36 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
estabelecido, uma obrigação assumida no plano de recuperação judi-
cial (BRASIL, Lei n° 11.101, 2005).
Nota-se, assim, que a falência ocorre quando a empresa não tem mais possibili-
dade de continuar exercendo suas atividades, impossibilitando seu funcionamento,
bem como a continuação da atividade escolhida pelo empresário. Uma vez
decretada a falência, quando houver necessidade, poderá ser decretada a des-
personificação da pessoa jurídica criada para a existência da sociedade, a fim de
se atingir o patrimônio dos sócios, possibilitando assim o pagamento das dívi-
das não cumpridas. Por fim, nesse caso, sempre deverá ser dada a preferência
para o pagamento de dívidas trabalhistas, depois de acidentes de trabalho, dívi-
das tributárias e, por último, dos demais credores (LOPES, 2018).
QUADRO RESUMO
DIREITO EMPRESARIAL
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O período republicano teve seu início marcado pela proclamação da República. Com
esse advento, surgiu à preocupação moralizante com o governo que se instalara, a ree-
laboração da legislação sobre a falência. Sendo assim, o Governo Provisório optou por
revogar, inteiramente, as disposições sobre falências do Código Comercial pelo Decreto
nº 917 de 24 de outubro de 1890. Essa nova lei trouxe as esperanças de conter a fraude,
sendo considerada um marco para o andamento em matéria de falência, caracterizan-
do-se pelo estado de falência por atos ou fatos previstos na lei e na impontualidade do
pagamento da obrigação mercantil líquida e certa, tendo instituído como meios pre-
ventivos à moratória, a cessão de bens, o acordo extrajudicial e a concordata preventiva.
Mas, mesmo fazendo algumas mudanças importantes para o sistema, esse decreto não
foi isento de críticas, sendo reformado pela Lei nº 859 de 16.8.1902, regulamentada pelo
Decreto nº 4.855 de 2.6.1903. Promulgou-se, então, a Lei 2.024 de 17.12.1908. Essa nova
lei baseou-se no projeto do comercialista J. X. Carvalho de Mendonça, apresentando
suas características, conforme relata Nelson Abrão: Apresentou como características es-
senciais: a impontualidade como caracterizadora da falência; a enumeração das obriga-
ções cujo inadimplemento denota a falência; alinhou os chamados atos falimentares, a
exemplo do Direito Inglês; suprimiu a concordata amigável, admitida só a judicial; con-
ceituou os crimes falimentares e estabeleceu que o procedimento penal correria em au-
tos apartados e, a partir do recebimento da denúncia (àquela época pronúncia) perante
o juiz criminal; determinou a escolha de um até três síndicos, conforme o valor da massa,
entre os maiores credores.
Em 21 de outubro de 1943, novo anteprojeto é apresentado, agora elaborado por uma
comissão composta pelo Ministro da Justiça Alexandre Marcondes Filho, e este se trans-
formou na lei vigente, isto é, no Decreto-Lei nº 7.661 de 21.6.1945. Esse novo decreto teve
como novidade a extinção da figura do liquidatário e, também, o fato de que, a concessão
da concordata preventiva não ficava mais à mercê dos credores. Instaurou-se, também, a
marcha paralela do processo falimentar com o processo criminal. Nas hipóteses de crime
falimentar, trazia, no entanto, um tratamento severo ou tolerante ao falido, na esfera civil.
O Decreto-Lei nº 7661 sofreu, posteriormente, muitas alterações, principalmente no que
concerne às concordatas e à classificação dos créditos e recursos cabíveis.
Com o tempo, verificou-se que a moratória e a concordata preventiva da falência, na for-
ma de acordo entre devedor e seus credores, não atendiam às necessidades do devedor,
cumprindo, então, mudar, de novo, o sistema, para tornar, independente da vontade
dos credores, obrigatória a dilação dos prazos de pagamento das dívidas do devedor e
até mesmo a remissão parcial, o que veio a ocorrer com a concordata preventiva da fa-
lência imposta pelo juiz, pelo simples fato de o devedor preencher determinados requi-
sitos expressamente previstos em lei. Neste momento, passa, então, a ser a concordata
preventiva da falência deferida em benefício do devedor, com efeitos reflexos sobre os
direitos do credor.
Fonte: Oliveira (2005, on-line)7.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Para saber mais sobre o direito falimentar, leia o texto “Noções à respeito da Falência”, de André
Abatayguara Trindade, disponível em: <http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=10580 >.
Material Complementar
REFERÊNCIAS
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BRASIL. Código Civil. Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/
l10406.htm>. Acesso em: 22 out. 2018.
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______. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão
da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm>.
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Renovar, 2009.
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GABARITO
1. A.
2. A.
3. A.
4. D.
5. D.
Professora Me. Mariane Helena Lopes
II
UNIDADE
DIREITO TRIBUTÁRIO
Objetivos de Aprendizagem
■ Compreender o Direito Tributário.
■ Demonstrar a diferença entre tributo e suas modalidades.
■ Analisar de que forma funciona o Direito Tributário.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Conceito e denominação
■ Tributo
■ Limitações constitucionais ao poder de tributar
■ Exclusão do crédito tributário
49
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONCEITO E DENOMINAÇÃO
O Direito Tributário, nas palavras de Sérgio Pinto Martins (2012, p. 11), pode ser
definido como “o conjunto de princípios, de regras e de instituições que regem
o poder fiscal do Estado e suas relações”.
Para tal ramo do Direito, podemos citar inúmeras denominações, tais como:
Direito Financeiro, Direito Fiscal, Direito Tributário e Direito do Imposto
(MARTINS, 2013). Em verdade, a melhor denominação é Direito Tributário,
pois ele diz respeito ao gênero tributo.
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS
Com relação ao Direito Tributário, os princípios aos quais devemos dar impor-
tância e estudar são: da legalidade, da anterioridade da lei, da igualdade tributária,
da vedação do confisco e, por fim, mas não menos importante, da uniformidade
(LOPES, 2018).
Conceito e Denominação
50 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e imposto de exportação.
Por sua vez, o princípio da igualdade tributária dispõe que todos são iguais
perante a lei para efeito de tributação, não podendo haver exceção entre pes-
soas que estejam na mesma situação. É uma aplicação específica prevista no art.
5º da Constituição Federal. Com relação a tal princípio, reza o art. 150, II da
Constituição que é vedado ao sujeito ativo instituir tratamento desigual entre
contribuintes que estejam em situação equivalente, proibida qualquer distinção
em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, sendo indepen-
dente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos.
DIREITO TRIBUTÁRIO
51
em todo território nacional deve ser aplicado o mesmo tributo, não podendo
fazer nenhuma distinção entre as regiões, bem como entre os sujeitos.
TRIBUTO
Tributo
52 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Aqui devemos lembrar que analisaremos o que compreende cada uma das
espécies tributárias. Contudo, não teremos como discutir os tributos de
cada um dos Estados, muito menos dos Municípios. Por essa razão, deve
ser observado que cada um dos entes federados pode possuir uma alíquota
diferente, bem como um tributo diferente.
Fonte: a autora.
IMPOSTO
De acordo com o art. 16 do CTN, o imposto é o tributo que tem por fato gera-
dor uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa
ao contribuinte. Ele é genérico, pois atende aos interesses gerais da coletividade.
O imposto não tem uma prestação vinculada à sua cobrança, sendo assim um
tributo geral.
Na medida do possível, os impostos têm caráter pessoal e serão computa-
dos de acordo com a capacidade econômica do contribuinte (LOPES, 2018).
TAXA
Pelo art. 77 do CTN, a taxa tem por fato gerador o exercício regular do poder
de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e
divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. A taxa pode ser
DIREITO TRIBUTÁRIO
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CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA
Tributo
54 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
priações em desenvolvimento de plano de aspecto paisagístico (BRA-
SIL, 1967, on-line).
Assim, percebe-se que a contribuição de melhoria sempre irá agregar mais valor ao
patrimônio pela realização de alguma atividade por parte da Administração Pública.
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL
DIREITO TRIBUTÁRIO
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EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO
Tributo
56 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE
TRIBUTAR
DIREITO TRIBUTÁRIO
57
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
c) Instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito
Federal ou dos Municípios. As isenções de tributos estaduais, distritais
ou municipais só poderão ser feitas por meio de lei editada pelos pró-
prios Estados, Distrito Federal ou Municípios (BRASIL, 2012, art. 151).
FATO GERADOR
O fato gerador pode ser definido como “o conjunto dos pressupostos abstratos
descritos na norma de direito material, de cuja concreta realização decorrem os
efeitos jurídicos previstos” (NOGUEIRA, 1987, p. 154). De acordo com o art.
114 da Constituição Federal, o fato gerador da obrigação principal é a situação
definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. No que diz respeito
ao fato gerador da obrigação acessória, pode-se dizer que ocorre em qualquer
situação que impõe a prática ou a abstenção de ato que não é configurado como
uma obrigação principal.
DIREITO TRIBUTÁRIO
59
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
Ela pode ser principal ou acessória. A obrigação principal, de acordo com o art.
113, §1º do CTN, surge com a ocorrência do fato gerador, tendo por objeto o
pagamento de tributo ou penalidade pecuniária, extinguindo-se juntamente com
o crédito dela decorrente.
A obrigação acessória, porém, é decorrente da legislação tributária, tendo por
objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arre-
cadação ou da fiscalização dos tributos. Pelo simples fato da inobservância da
obrigação acessória, pode-se convertê-la em obrigação principal relativamente
à penalidade pecuniária (MARTINS, 2013).
CRÉDITO TRIBUTÁRIO
Percebe-se que existem situações previstas pelo CTN em que o crédito tri-
butário poderá ter sua exigibilidade suspensa. Tais situações estão previstas no
art. 151 do CTN (2012), que são:
[...] I. pela moratória; II. pelo depósito de seu montante integral; III.
pelas reclamações e recursos, nos termos das leis reguladoras do pro-
cesso tributário administrativo; IV. pela concessão de medida liminar
em mandado de segurança (BRASIL, 2012, art. 151).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
LANÇAMENTO
DIREITO TRIBUTÁRIO
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DÍVIDA ATIVA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
o efeito de prova pré-constituída.
QUADRO RESUMO
DIREITO TRIBUTÁRIO
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Segundo dispõe o artigo 201 do Código Tributário Nacional (CTN), “constitui dívida ativa
tributária a proveniente de crédito dessa natureza, regularmente inscrita na repartição
administrativa competente, depois de esgotado o prazo fixado, para pagamento, pela
lei ou por decisão proferida em processo regular”. Ou seja: a inscrição na Dívida Ativa é
procedimento administrativo cuja condição é a inadimplência do sujeito passivo. Trans-
corrido o prazo para o pagamento da dívida tributária, deverá a autoridade administra-
tiva proceder à inscrição do débito na Dívida Ativa. Não se trata, aqui, de mera faculdade
do agente, mas poder-dever, apenas excetuado por expressa disposição legal.
Uma vez inscrito o débito na Dívida Ativa, este passa a gozar de presunção de liquidez
e certeza, além de ter o efeito de prova pré-constituída (artigo 204 do CTN). Será com
base nesse procedimento de inscrição que será emitida a Certidão da Dívida Ativa, título
executivo extrajudicial que figurará como suporte do processo de Execução Fiscal.
A Execução Fiscal está disciplinada na Lei nº 6.830/1980 e representa a única forma de
cobrança judicial do crédito tributário, fato que foi objeto de críticas doutrinárias, tendo
em vista a previsão geral do processo de execução forçada comum no CPC. A despeito
dessas ressalvas, não se pode negar que a Lei nº 6.830/1980 introduziu procedimento
especial para a execução de débitos em que a Fazenda Pública figure como credora.
Portanto, a utilização desse procedimento, precedida da inscrição na Dívida Ativa e pos-
terior emissão da certidão respectiva, nos termos da legislação atual, é único meio exis-
tente para a exigência do crédito tributário.
De outro lado, o protesto extrajudicial é instituto disciplinado na Lei nº 9.492/1997 que,
nos termos do já mencionado artigo 1º, “é ato formal solene pelo qual se prova a inadim-
plência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos
de dívida”. Objetiva, assim, caracterizar a insolvência do devedor, conferindo ao débito
presunção de liquidez e certeza: “é o ato solene e público que se destina a comprovar a
recusa do devedor quanto ao aceite ou pagamento de letra de câmbio”.
67
REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: <http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI24233,31047-O+protesto+da+-
divida+ativa+como+alternativa+a+execucao+fiscal>. Acesso em: 04 out. 2018.
GABARITO
1. D.
2. D.
3. B.
4. E.
5. B.
Professora Me. Mariane Helena Lopes
III
UNIDADE
DIREITO DO TRABALHO
Objetivos de Aprendizagem
■ Compreender a evolução e a hierarquia das normas no Direito do
Trabalho.
■ Compreender por que o Direito do Trabalho recebe essa
denominação.
■ Analisar os princípios mais importantes para o Direito do Trabalho.
■ Conhecer as fontes do Direito do Trabalho e sua importância.
■ Diferenciar empregado de empregador.
■ Analisar as espécies de empregado.
■ Compreender os poderes de direção do empregador.
■ Compreender o que é a remuneração.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ A evolução no Brasil
■ Autonomia do Direito do Trabalho
■ Direito Individual do Trabalho
■ Empregado
■ Empregador
■ Remuneração
■ Formas de rescisão de contrato de trabalho e direitos do empregado
73
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A EVOLUÇÃO NO BRASIL
A Evolução no Brasil
74 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Trabalho, em 1943, por meio do Decreto-lei nº 5.452, foi aprovada a sistemati-
zação das mesmas por meio da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), com
objetivo de que todas as leis fossem consolidadas. Em 1946, surge uma nova
Constituição Federal, rompendo com o corporativismo da Constituição de 1937.
Já a Constituição de 1967 manteve os direitos trabalhistas criados anteriormente.
Em 1988, foi aprovada a atual Constituição Federal, conhecida como
“Constituição Cidadã”. O Direito do Trabalho foi incluído no Capítulo intitulado
“Dos Direitos Sociais”. Nessa última, fala-se dos direitos individuais e tutelares do
trabalho, bem como do sindicato e suas relações. Ainda especifica regras sobre a
greve, a participação dos trabalhadores em colegiados e garante a representação
dos empregados nas empresas com mais de 200 funcionários (MARTINS, 2013).
DIREITO DO TRABALHO
75
A palavra conjunto revela que o Direito do Trabalho é composto por várias par-
tes organizadas, formando um sistema, um todo. Contém o Direito do Trabalho
princípios que são proposições genéricas das quais derivam as demais normas.
Com o conhecimento dos princípios do Direito do Trabalho, notamos um tra-
tamento científico dado à disciplina, justificando também sua autonomia.
O objeto do Direito do Trabalho é o trabalho subordinado, visto que será
regido pela CLT. Para conceituarmos a matéria objeto de estudo, precisamos
analisar duas teorias: a subjetiva e a objetiva.
A primeira tem por base os tipos de trabalhadores a que se aplica o Direito do
Trabalho. Não se pode conceber, porém, que qualquer trabalhador será amparado
pelo Direito do Trabalho, como ocorre com o funcionário público e o trabalha-
dor autônomo, que são espécies do gênero trabalhadores, não sendo assistidos
por nossa matéria. A segunda analisa a matéria e não as pessoas envolvidas.
Ao falarmos em “situações análogas”, estamos tratando daquelas que tenham
semelhança com o trabalho subordinado, mas que não precisam ser necessa-
riamente iguais a ele. A finalidade do Direito do Trabalho é assegurar melhores
condições de trabalho, porém não só essas situações, mas também condições
sociais ao trabalhador. Assim, o Direito do Trabalho tem por fundamento melhorar
as condições de trabalho dos obreiros e também suas situações sociais, assegu-
rando que o trabalhador possa prestar seus serviços em um ambiente salubre,
podendo, por meio de seu salário, ter uma vida digna para que possa desempe-
nhar seu papel na sociedade.
A Evolução no Brasil
76 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
AUTONOMIA DO DIREITO DO TRABALHO
DIREITO DO TRABALHO
77
PRINCÍPIO DE PROTEÇÃO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PRINCÍPIO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL
O operador do Direito deve optar pela norma mais favorável ao empregado, sem-
pre buscando focar globalmente no conjunto de regras componentes do sistema.
O empregado não pode renunciar seus direitos trabalhistas. Ele só pode fazer
isso quando estiver em juízo, diante do juiz do trabalho, visto que nesse caso não
poderá dizer que o empregado está sendo obrigado a fazê-lo. Se o trabalhador
ainda estiver na empresa, não se poderá falar em renúncia aos direitos trabalhis-
tas, pois poderia dar ensejo a fraudes (MARTINS, 2011).
DIREITO DO TRABALHO
79
Pode-se dizer que o empregado ainda é a parte mais frágil da relação de emprego?
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A relação de trabalho é o gênero que compreende o trabalho autônomo,
eventual, avulso dentre outros. A relação de emprego, porém, trata do trabalho
subordinado do empregado em relação ao empregador. O contrato de trabalho é
gênero, compreendendo o contrato de emprego. O primeiro poderia compreen-
der qualquer trabalho, como do autônomo, do eventual, do avulso entre outros,
enquanto o segundo diz respeito à relação entre empregado e empregador e não
a outro tipo de trabalho (LOPES, 2018).
O contrato de trabalho tem natureza contratual. O art. 442 da CLT estabe-
lece que o contrato de trabalho é o acordo, tácito ou expresso, correspondente
à relação de emprego. O contrato de trabalho é o negócio jurídico entre uma
pessoa física (empregado) e uma pessoa física ou jurídica (empregador) sobre
condições de trabalho.
O empregado só fará parte de uma organização empresarial se assim o dese-
jar, visto que o contrato de trabalho deve ser um ajuste de vontade entre as partes.
DIREITO DO TRABALHO
81
OBJETO
REQUISITOS
a. Continuidade
O trabalho deve ser prestado com continuidade. Aquele que presta serviços
eventualmente não é empregado. O contrato de trabalho não se exaure com uma
única prestação, pois há um trato sucessivo na relação entre as partes, que per-
dura no tempo. A continuidade é da relação jurídica da prestação de serviços.
b. Subordinação
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ção de emprego. O empregado deve seguir as suas determinações e orientações,
estabelecidas dentro dos limites legais. Os riscos da atividade exercida são inte-
gralmente do empregador, enquanto o empregado presta serviços por conta alheia.
c. Onerosidade
d. Pessoalidade
O contrato de trabalho deve ser realizado por certa e determinada pessoa. Tal
requisito pode ser chamado também de “intuito personae” (MARTINS, 2013). O
empregado somente poderá ser pessoa física, pois não existe contrato de traba-
lho em que o trabalhador seja pessoa jurídica, podendo ocorrer, no caso, locação
de serviços, empreitada etc.
e. Alteridade
DIREITO DO TRABALHO
83
dor, deve existir uma compensação financeira, o que impede que o empregado
procure uma outra fonte de renda.
Ainda, também não é obrigatório o grau de escolaridade, visto que quem exige
o nível não é o empregador, mas sim a função a ser desempenhada pelo empregado.
DURAÇÃO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
laboral pode ser celebrado verbalmente. O ideal é que esse só fosse estabelecido
por escrito, evitando assim fraudes na contratação (LOPES, 2018).
O término do pacto por tempo determinado pode ser medido em razão do
número de dias, semanas, meses ou anos, ou em relação a certo serviço especí-
fico, como o término de uma obra, ou, se for possível fixar aproximadamente,
quando houver o término de uma colheita, que se realiza periodicamente em
certas épocas do ano (MARTINS, 2011).
Caso o último dia do contrato de trabalho por prazo determinado caia em
feriado, domingo ou dia não útil, isso não o prorrogará para o dia seguinte. O
contrato de trabalho por tempo determinado só é válido em se tratando de: a)
serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo;
b) atividades empresariais de caráter transitório; c) contrato de experiência (§2º
do art. 443 da CLT).
Serviço de natureza transitória é o que é breve, efêmero, temporário. Fala-se
aqui em serviço transitório e não de atividade empresarial de caráter transitório.
São considerados por tempo determinado os seguintes contratos:
DIREITO DO TRABALHO
85
Mesmo que o contrato de trabalho seja prorrogado, não pode exceder o prazo de
dois anos, devendo se observar o art. 451 da CLT. Essa prorrogação nada mais
é do que a continuação do contrato anterior e não um novo contrato. Logo, não
poderia haver a prorrogação do contrato de trabalho por tempo determinado
fixado em dois anos, por igual período, ou seja, por mais dois anos. Nesse caso,
teremos um contrato de trabalho por prazo indeterminado.
CONTRATO DE EXPERIÊNCIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Existem várias denominações para o contrato de experiência: período de expe-
riência, contrato de prova, pacto de prova, pacto de experiência, contrato de
experiência, período de prova.
Diferencia-se o contrato de experiência do contrato de aprendizagem. No
primeiro, verifica-se um período em que vai ser testado o empregado, sem ter
uma característica de aprendizado; no segundo, o empregado estuda para exer-
cer a profissão para adquirir capacidade.
Diferencia-se também o contrato de experiência do contrato de trabalho tem-
porário. No primeiro, o prazo máximo é de 90 dias corridos; já no segundo, o
prazo é de três meses. O primeiro compreende a verificação da aptidão do empre-
gado; o segundo diz respeito à necessidade transitória de substituição regular e
permanente do pessoal da tomadora ou a acréscimo extraordinário de serviços.
O contrato de experiência não deixa de ser um contrato de trabalho por
tempo determinado. Há necessidade de anotação na CTPS do empregado do
referido pacto, que dará ao trabalhador todos os direitos e obrigações pertinen-
tes ao acordo realizado. Todavia, para a validade desse contrato, a anotação na
CTPS não é requisito essencial, visto que o pacto laboral pode ser celebrado ver-
balmente e provado por qualquer meio de prova (art. 456, CLT).
O prazo máximo dessa modalidade de contrato é de 90 dias (parágrafo único
do art. 445 da CLT). Caso o prazo seja excedido por mais de 90 dias, o contrato
vigorará como se fosse contrato por tempo indeterminado. Esse contrato pode
ser prorrogado uma única vez (art. 451 da CLT). Em hipótese alguma poderá
exceder o prazo de 90 dias, seja na prorrogação, seja por uma única contratação.
DIREITO DO TRABALHO
87
Essa forma de contrato deve ser celebrada por escrito e deverá garantir ao empre-
gado o valor da hora de serviço nunca inferior ao salário mínimo ou àquele
devido aos demais empregados do estabelecimento. Essa formalização do con-
trato é essencial para que ele tenha validade jurídica. Caso o empregado tenha
sido contratado oralmente ou de forma tácita para trabalhar nesse modelo não
será regido pelo contrato intermitente e o seu tempo à disposição será contado
na forma do art. 4º da CLT, devendo ser aplicada as demais regras previstas nela.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
antecedência mínima de três dias corridos (art. 452-A, §1º da CLT). Quando o
empregado recebe a convocação terá o prazo de um dia útil para responder, pre-
sumindo o silêncio como recusa. Caso ele aceite a oferta e não compareça, pagará
ao patrão uma multa equivalente a 50% da remuneração que seria devida, sendo
permitida a compensação do valor.
A mesma regra vale para o empregador caso ele descumpra o acordado.
Contudo, questiona-se: o valor da multa deve ser fixado sobre o trabalho todo
ou apenas sobre o valor do salário do dia, da hora? Paga-se pelo dia de ausência
ou por todo o período acordado?
Outro ponto que deve ser questionado é a época do pagamento do salário.
Pode um empregado receber seu salário com periodicidade maior que a men-
sal, desrespeitando o disposto no art. 459 da CLT? Pelo art. 452-A, § 6º da CLT
determina que ao final de cada período de trabalho o empregado receberá o paga-
mento imediato da remuneração, do repouso, além das férias e trezeno (décimo
terceiro salário) proporcional. A questão aqui é essa “final de cada período de
trabalho” que não ficou claro.
O art. 452-A, §8º da CLT prevê a obrigatoriedade do empregador em forne-
cer ao empregado intermitente o comprovante do recolhimento do FGTS e da
Previdência Social. O empregador também não poderá convocar o empregado
intermitente para trabalhar no período concessivo das férias. No entanto, a lei
fica omissa de como será computado o período aquisitivo das férias.
DIREITO DO TRABALHO
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EMPREGADO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Cabe ressaltar que o empregado é sem-
pre uma pessoa física ou natural, que
presta serviços com subordinação, não eventualidade, onerosidade e pessoali-
dade, sendo que esses já foram estudados anteriormente.
Além do empregado comum que é o disposto no art. 3º da CLT temos outras
espécies de empregados que são: empregado em domicílio, empregado doméstico,
empregado rural e empregado aprendiz. Vejamos o que especifica cada um deles.
EMPREGADO EM DOMICÍLIO
DIREITO DO TRABALHO
91
entender mais adequado. Dessa forma, somente será devido se o efetivo labor
em sobrejornada for caracterizado (LOPES, 2018).
EMPREGADO DOMÉSTICO
que presta uma atividade, de natureza não econômica, à pessoa física ou à famí-
lia, para o âmbito residencial destas. As funções desempenhadas são realizadas
na residência do empregador, como limpar, faxinar, cozinhar, cuidar de crian-
ças ou idosos. No entanto, jardineiro, motorista, copeiro, vigia, piscineiro dentre
outros, desde que realize uma atividade sem fins lucrativos para pessoa física,
poderão ser enquadrados como doméstico também.
Portanto, o empregador doméstico não é uma empresa, não exercendo ativi-
dades econômicas ou lucrativas, mas sim é a pessoa natural ou a família. Pela Lei
nº 5.859/1972, para a existência do vínculo de emprego em questão, exige-se a con-
tinuidade na prestação de serviços.
Dessa forma, nos dizeres de Gustavo Filipe Barbosa Garcia (2011, p. 73):
[...] a lei exige a efetiva habitualidade na prestação de serviços, de for-
ma contínua, e não intermitente, ao longo da semana. Nesta linha, não
seria empregado doméstico aquele que presta serviços esporádicos, ou
mesmo intermitentes, ou seja, em um, dois ou até três vezes na semana.
Empregado
92 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ainda há dúvidas quanto à melhor forma de aplicação deles, leia “Direitos do
Empregado Doméstico”, disponível em <http://www3.mte.gov.br/trab_do-
mestico/trab_domestico_direitos.asp>.
Fonte: a autora.
EMPREGADO RURAL
DIREITO DO TRABALHO
93
EMPREGADO APRENDIZ
Empregado
94 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A formação técnico-profissional citada caracteriza-se por atividades teóricas
e práticas, metodicamente organizadas em tarefas de complexidade progressiva
desenvolvidas no ambiente de trabalho (§4º do art. 428, CLT). A duração do tra-
balho do aprendiz não excederá seis horas diárias, sendo vedadas a prorrogação
e a compensação de jornada. Entretanto, tal limite pode ser de até oito horas diá-
rias para os aprendizes que já tiverem completado o ensino fundamental, se nelas
forem computadas as horas destinadas à aprendizagem teórica (art. 432 da CLT).
Quanto à remuneração, salvo condição mais favorável, será garantido o salá-
rio mínimo hora (§2º do art. 428 da CLT). Ou seja, o empregado aprendiz faz
jus ao salário mínimo proporcional às horas trabalhadas.
Por fim, em razão do contrato de aprendizagem ser um contrato a prazo
certo, ele se extingue no seu termo, ou quando o aprendiz completar 24 anos,
ressalvada a hipótese dos aprendizes portadores de deficiência (art. 433, da CLT).
EMPREGADOR
DIREITO DO TRABALHO
95
SUCESSÃO TRABALHISTA
Empregador
96 UNIDADE III
O poder de direção, que tem como fundamento o art. 2º da CLT, pode ser concei-
tuado como aquele que autoriza o empregador a organizar, controlar e disciplinar
a prestação de serviços pelo empregado, a que ocorre, de forma subordinada.
O abuso no exercício do poder de direção não deve ser aceito, o que faz que o
empregado possa a ele se opor, fazendo jus à reparação ou prevenção da decor-
rente lesão, na esfera material e moral.
Ele pode ser dividido em três diferentes aspectos, facilitando a compreen-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
são de seu conteúdo.
a. Poder de Organização
b. Poder de Controle
O empregador irá gerenciar a atividade como lhe convier, desde que esteja den-
tro dos limites legais, respeitando as exigências e diretrizes estabelecidas para o
desempenho da atividade laborativa.
c. Poder disciplinar
DIREITO DO TRABALHO
97
Com relação ao tema, entende-se que, caso o e-mail seja privativo (particular) do
empregado, encontra-se coberto pela garantia de proibição de violação do sigilo
das comunicações e de dados. No caso do e-mail corporativo, que é disponibili-
zado pelo empregador, as polêmicas aumentam, pois alguns autores entendem
que, mesmo assim, a mencionada vedação da violação do sigilo incide normal-
mente (LOPES, 2018).
Por se tratar de uma ferramenta de trabalho e tendo o empregador avisado
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
REGULAMENTO DE EMPRESA
O regulamento de empresa irá prever uma série de direitos e deveres dos empre-
gados e do empregador, sendo uma manifestação do uso do poder de direção do
empregador. Tal regulamento pode ser unilateral quando elaborado apenas pelo
empregador ou bilateral quando estabelecido em conjunto com os empregados.
O regulamento da empresa acaba sendo um termo complementar ao contrato
de trabalho, o que para todos os efeitos se torna parte integrante ao contrato
Empregador
98 UNIDADE III
REVISTAS PESSOAIS
O art. 373-A, inciso VI, da CLT, proíbe as “revistas íntimas nas empregadas ou
funcionárias”. Contudo, considerando o princípio da igualdade, o artigo citado
é totalmente aplicável também aos empregadores do sexo masculino.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A revista íntima é aquela que apresenta invasão à intimidade do(a) emprega-
do(a), violando a sua integridade física, psíquica e moral. Por outro lado, a revista
pessoal, com a intenção de evitar lesões ao patrimônio empresarial, dependendo
da atividade desempenhada pelo empregador, seria seu direito de realizá-la nos
empregados, desde que de forma não abusiva e sem caracterizar afronta à sua
intimidade, não podendo ser de forma de perseguição ou discriminação contra
certos trabalhadores (LOPES, 2018).
Assim, a revista deve ser feita de forma aleatória, moderada, respeitosa, por
uma pessoa do mesmo sexo, sem exposição desnecessária ou abusiva por aquele
que está realizando a revista. Se houver conflito entre o direito de propriedade
(do empregador) e os direitos à intimidade e privacidade (do empregado), devem
prevalecer estes últimos, uma vez que estão ligados ao preceito magno de digni-
dade da pessoa humana, conforme ponderação dos valores em confronto.
Quanto aos objetos, bens e locais reservados ao empregado, estão abrangi-
dos no conceito constitucional de domicílio, só podendo “sofrer revista no caso
de flagrante delito ou por determinação judicial” (art. 5º, inciso XI, CF/1988).
DIREITO DO TRABALHO
99
REMUNERAÇÃO
Remuneração
100 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
c. Salário por tarefa
Salário por tarefa é aquele pago com base na produção do empregado, caso haja
economia de tempo há uma vantagem, uma vez que o empregado ganha um
acréscimo do preço da tarefa ou é dispensado, quando cumpre as tarefas do dia,
do restante da jornada.
d. Salário em dinheiro
e. Salário em utilidades
DIREITO DO TRABALHO
101
Remuneração
102 UNIDADE III
f. Salário-condição
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
temporária, ao final do período em que ela existir, o pagamento será cessado,
salvo se houver habitualidade no pagamento, que passará a ter natureza salarial,
sendo então incorporada ao salário.
■ Abonos
■ Adicionais
Quando falamos em adicional significa que vamos acrescentar algo. Aqui então
podemos entender que os adicionais serão acréscimos salariais que tem como
causa o trabalho realizado em condições mais gravosas (LOPES, 2018). Pode ser
dividido em adicional de horas extras, noturno, de insalubridade, de periculo-
sidade, de transferência.
DIREITO DO TRABALHO
103
meses, por exemplo, e as horas extras foram pagas por quatro meses, houve
habitualidade. Também pode ser considerado habitual o que foi pago por
mais de seis meses, correspondendo à maior parte do ano (LOPES, 2018).
b. Adicional Noturno
c. Adicional de Insalubridade
Remuneração
104 UNIDADE III
d. Adicional de Periculosidade
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e. Adicional de Transferência
■ Comissões
■ Gratificações
DIREITO DO TRABALHO
105
1. Ato de improbidade:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
É quando o empregado tem uma conduta desonesta, causando prejuízos
ao patrimônio do empregador.
2. Incontinência de conduta:
3. Mau procedimento:
Pode ser entendido como uma conduta irregular, faltosa e grave do empre-
gado, mas que não se enquadra em nenhuma das outras hipóteses mais
específicas da lei.
4. Negociação habitual:
DIREITO DO TRABALHO
107
6. Desídia:
Seria o estado em que a pessoa fica sem a plenitude dos seus sentidos,
em razão de ter ingerido ou consumido substâncias químicas que afetam
o sistema nervoso, retirando, total ou parcialmente, a sua capacidade de
controle sobre si.
9. Ato de indisciplina:
Verifica-se quando o empregado não respeita, não acata, não cumpre ordens
gerais estabelecidas e dirigidas aos empregados da empresa como um todo.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
13. Ofensas físicas em serviço:
DIREITO DO TRABALHO
109
c. Culpa Recíproca
d. Demissão
Ela ocorre quando o empregado decide pelo término do vínculo de emprego, avi-
sando o empregador quanto a tal deliberação, não tendo de justificar a medida.
Nesse caso, o empregado tem direito a férias vencidas com 1/3; férias proporcio-
nais; décimo terceiro salário vencido; décimo terceiro salário proporcional; saldo
salarial referente aos dias trabalhados. O empregado tem o dever de comuni-
car o empregador da referida decisão por meio do aviso prévio (BRASIL, 1943).
e. Despedida Indireta
Caso o empregador pessoa física faleça, mas não haja o encerramento das ativi-
dades da empresa, há autorização para o empregado pedir demissão, sem precisar
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
conceder aviso prévio. As verbas rescisórias a qual o empregado tem direito são:
saldo salarial; férias vencidas e proporcionais; décimo terceiro salários vencidos
e proporcionais. Para que possa ser sacado o saldo em conta vinculada do FGTS,
o falecimento do empregador individual deverá implicar rescisão do contrato
de trabalho (Art. 485, CLT).
Nesse caso o empregado terá direito de receber: saldo salarial; férias venci-
das e proporcionais com 1/3; décimo terceiro salários vencido e proporcional;
indenização compensatória de 20% do FGTS; saque dos depósitos do FGTS;
guias do seguro-desemprego (BRASIL, 1943).
QUADRO RESUMO
Empregado: é toda pessoa física, que presta serviços de forma não eventu-
al, com subordinação, recebendo um valor em contraprestação.
Empregador: pode ser uma pessoa física, jurídica ou um ente despersona-
lizado, que assalaria, orienta e assume os riscos pela atividade prestada. Ele
tem poderes de direção para uma melhor prestação do serviço.
Pode realizar:
• Verificação de e-mail.
• Revista pessoal (dependendo da atividade).
Modalidades de empregado:
• Empregado.
• Empregado em domicílio.
• Empregado aprendiz.
• Empregado doméstico.
• Empregado rural.
Fonte: a autora.
• O que é eSocial?
O eSocial é um projeto do governo federal que vai unificar a prestação de informações pelo
empregador em relação aos seus empregados. O Sistema de Escrituração Digital das Obri-
gações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas é gerido pela CAIXA, INSS, MPS, MTE e RFB.
117
Direito do Trabalho
Autor: Sérgio Pinto Martins
Editora: Atlas
Ano: 2011
______. Iniciação ao Direito do Trabalho. 36. ed. São Paulo: LTr, 2011.
SUSSEKIND, A. Curso de direito do trabalho. Rio de Janeiro: Renovar, 2002.
REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/10/fgts-e-obrigatorio-pa-
ra-domesticos-a-partir-de-hoje-saiba-mais>. Acesso em: 08 out. 2018.
121
GABARITO
1. C.
2. C.
3. E.
4. E.
5. C.
Professora Me. Mariane Helena Lopes
IV
UNIDADE
DIREITO DO CONSUMIDOR
Objetivos de Aprendizagem
■ Compreender o Direito do Consumidor.
■ Analisar os princípios do Direito do Consumidor.
■ Conhecer quem é o consumidor.
■ Conhecer quem é o fornecedor.
■ Demonstrar a responsabilidade civil nas relações de consumo.
■ Analisar pelo vício do produto e do serviço.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Finalidade
■ Princípios do Direito do Consumidor
■ Consumidor
■ Fornecedor
■ Responsabilidade civil nas relações de consumo
■ Responsabilidade pelo vício do produto e do serviço
125
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
FINALIDADE
Finalidade
126 UNIDADE IV
OBJETIVO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
todo programa de ação, a política pública desenvolve uma atividade,
isto é, uma série organizada de ações, para a consecução de uma fina-
lidade, imposta na lei ou na Constituição. A imposição constitucional
ou legal de políticas é feita, portanto, por meio das chamadas “normas-
-objetivo”.
Contudo, essa Política Nacional de Consumo não tem caráter paternalista, tam-
pouco de ilimitado favoritismo do consumidor. Essa é uma visão equivocada e
que tem levado muitos a apontar o Código como um elemento desestabiliza-
dor do mercado ou como ditadura do consumidor, entre outros. Em verdade, a
política normativa traçada pelo CDC desenvolve um projeto de ação destinado
a alcançar a harmonia das relações de consumo (CAVALIERI FILHO, 2011).
De acordo com Humberto Theodoro Júnior (2002, p. 2),
O jurista, portanto, ao interpretar o Código de Defesa do Consumidor
não pode deixar de enfocá-lo em todas as suas dimensões: não pode
tê-lo como se fosse somente uma declaração paternalista em prol de
contratantes incapazes de autogerirem seus próprios negócios. Da boa
e correta aplicação das leis de consumo depende o desenvolvimento
econômico e social que está por trás das relações de mercado e de cujo
êxito pressupõe o progresso da sociedade brasileira como um todo.
DIREITO DO CONSUMIDOR
127
O princípio significa início, começo, ponto de partida de algo. Com base nos
princípios, pode-se iniciar uma análise do ordenamento jurídico, aferindo-se
para onde ele norteia. A partir dessa ideia de princípio, passaremos a estudar
aqueles que são pertinentes para o Direito do Consumidor.
PRINCÍPIO DA BOA-FÉ
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Percebe-se, assim, que a boa-fé passou a ser considerada como um cinto de segu-
rança da ordem jurídica.
PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Muitas vezes escutamos que determinada propaganda foi tirada de circula-
ção devido ao seu conteúdo ou a forma como foi feita. Isso ocorre porque
algum grupo de indivíduos foi ofendido, prejudicado, ou até mesmo porque
o produto ou serviço descrito não faz o que promete.
Para saber mais sobre propagandas enganosas e conhecer alguns casos de
propagandas que também foram assim consideradas, leia o texto disponí-
vel no seguinte link: <http://g1.globo.com/economia/midia-e-marketing/
noticia/2013/07/coca-cola-vivo-e-tim-sao-multadas-por-publicidade-enga-
nosa.html>.
Fonte: a autora.
PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE
Tal princípio está expresso no art. 4º, I do CDC, sendo considerado estruturante
do Direito do Consumidor. Nas relações de consumo, o sujeito vulnerável é aquele
que pode ser prejudicado, ofendido, frágil, pode ser atacado. Esse é o consumi-
dor. Tais características mostram que o consumidor não ostenta os mecanismos
de controle do processo produtivo (produção, distribuição, comercialização) e
dele participando apenas em sua última etapa, que é o consumo. Para Thereza
Arruda Alvim e James Martins Eduardo Alvim (1995, p. 45):
a vulnerabilidade é qualidade intrínseca, ingênita, peculiar, imanente e
indissolúvel de todos que se colocam na posição de consumidor, pouco
importando sua condição social, cultural ou econômica [...]. É incin-
dível do contexto das relações de consumo, não admitindo prova em
contrário por não se tratar de mera presunção legal.
DIREITO DO CONSUMIDOR
129
CONSUMIDOR
Consumidor
130 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
d) Vulnerabilidade em sentido amplo (técnica, jurídica ou científica,
fática ou socioeconômica e psíquica), ou seja, o consumidor é reconhe-
cido como a parte mais fraca da relação de consumo.
E quando falamos da pessoa jurídica? Ela pode ser considerada uma consumi-
dora? Ela deve ostentar a mesma característica que marca o consumidor pessoa
física, que seria a vulnerabilidade. Na sequência, os bens adquiridos por ela devem
ser bens de consumo e a pessoa jurídica esgote a sua destinação econômica.
FORNECEDOR
DIREITO DO CONSUMIDOR
131
Fornecedor
132 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
aos veículos de comunicação em massa, bem como às mídias de comunicação
social e/ou institucional, com o objetivo de prestar informações, orientações e/
ou esclarecimentos aos consumidores (CAVALIEIRI FILHO, 2011).
DIREITO DO CONSUMIDOR
133
Fornecedor
134 UNIDADE IV
Deve ser considerado como abusivo tudo aquilo que afronta à principiologia e
a finalidade do sistema protetivo do consumidor, bem como que se relacione
à noção de abuso do direito (art. 187, Código Civil c/c art. 7º, caput, CDC),
valendo tanto para a relação fornecedor-consumidor quanto para a relação dos
fornecedores, entre si.
Os referidos comportamentos são considerados ilícitos, não havendo neces-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
sidade de que o consumidor seja efetivamente lesado ou, até que se sinta lesado,
como o caso de um cartão de crédito recebido sem a solicitação. Os artigos 39,
40 e 41 descrevem algumas práticas consideradas abusivas, não esgotando o rol
como enquadráveis, ou seja, podem existir outras formas de publicidade abu-
siva, além das que estão previstas no CDC.
O art. 6º, V do CDC prevê duas formas de intervenção do Estado nos contratos,
ao prever que é direito básico do consumidor “a modificação das cláusulas con-
tratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão
de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas”.
No primeiro caso, a intervenção decorre de uma lesão congênere, ou seja, da
existência de cláusulas abusivas, desde o momento da celebração do contrato. No
segundo caso, a intervenção decorre de superveniente e excessiva onerosidade,
ou seja, embora não se questione a validade das cláusulas contratuais, hígidas e
perfeitas, fato posterior à formação do negócio jurídico rompe com o equilíbrio
econômico-financeiro daquela relação jurídica, necessitando, assim, da inter-
venção judicial para restaurá-lo (CAVALIERI FILHO, 2011). Assim, na relação
contratual, devem imperar a harmonia de interesses e o equilíbrio entre as pres-
tações, nem que para isso deva intervir o Estado.
DIREITO DO CONSUMIDOR
135
Fornecedor
136 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
judicial. Tal garantia acaba sendo ampla e instrumental. Pode valer tanto para
a esfera extrajudicial quanto para a esfera judicial, não se restringindo à inver-
são do ônus da prova.
O ônus da prova de um fato ou de um direito é incumbência daquele que os
alega. Com isso, a finalidade do ônus da prova é tornar mais fácil a defesa da posição
jurídica assumida pelo consumidor, em uma seara específica da instrução probatória.
DIREITO DO CONSUMIDOR
137
no mundo exterior, que causa dano material e/ou moral ao consumidor, decor-
rendo do defeito do produto (CAVALIERI FILHO, 2011). Tal defeito pode ser
de concepção (criação, projeto, fórmula), de produção (fabricação, construção,
montagem) e ainda de comercialização (informações insuficientes ou inade-
quadas). Nas palavras de Sérgio Cavalieri Filho, são os chamados acidentes de
consumo aqueles “que se materializam através da repercussão externa do defeito
do produto, atingindo a incolumidade físico-psíquica do consumidor e o seu
patrimônio” (2011, p. 289).
No caso de fornecimento de produtos ou serviços nocivos à saúde ou compro-
metedores da segurança do consumidor, o fabricante ou que a isso se equivalha é
responsável pela grande maioria dos acidentes de consumo. Sendo assim, no que
diz respeito aos danos decorrentes das relações de consumo, produzidos por pro-
dutos defeituosos, o Código Civil deve ser afastado, aplicando somente o Código
de Defesa do Consumidor, uma vez que não se trata mais de uma relação con-
tratual, mas de outro tipo de vínculo, que seria o produto defeituoso lançado no
mercado e que, em uma relação de consumo, contratual ou não, dá causa a um
acidente, de acordo com o art. 12 do CDC.
O serviço pode ser considerado defeituoso quando não fornece a segurança que
o consumidor dele pode esperar, levando em conta as circunstâncias relevantes,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tais como o modo do seu fornecimento, o resultado e os riscos que razoavelmente
dele se esperam e a época em que foi fornecido (art. 14, §1º, CDC).
Tal responsabilidade tem como fundamento o dever de segurança. A principal
diferença entre esta e a responsabilidade citada anteriormente está na designa-
ção dos agentes responsáveis. No art. 12 do CDC, fala-se, como responsáveis, o
fabricante, o produtor, o construtor e o incorporador, excluindo o comerciante.
Por sua vez, o art. 14 do CDC fala apenas em fornecedor, incluindo-se todos que
fazem parte da cadeia produtiva.
DIREITO DO CONSUMIDOR
139
O vício redibitório são aqueles defeitos ocultos da coisa, de acordo com o art. 441
do Código Civil, enquanto os vícios de qualidade ou de quantidade de bens e ser-
viços podem ser ocultos ou aparentes. Para a configuração do vício redibitório,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O vício de quantidade decorre da disparidade entre as indicações constantes
no recipiente, embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária e o produto em si.
Com relação a esse vício, as medidas reparatórias estão especificadas no art.
19 do CDC, que podem ser: abatimento proporcional do preço, complementa-
ção do peso ou medida; substituição do produto por outro da mesma espécie,
marca ou modelo; restituição imediata da quantia paga, monetariamente atua-
lizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos.
VÍCIOS DO SERVIÇO
DIREITO DO CONSUMIDOR
141
QUADRO RESUMO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
1. O Direito do Consumidor veio para proteger essa parte mais fraca, visando re-
gulamentar a relação entre consumidor e fornecedor, bem como os direitos
básicos previstos no instrumento legal. Além disso, também visa analisar as
formas de responsabilização pelos vícios apresentados pelo produto ou servi-
ço. O objetivo do ramo estudado foi implantar uma Política Nacional de Consu-
mo, por meio de normas de ordem pública e interesse social. Com relação aos
princípios do Direito do Consumidor e de acordo com o que foi estudado em
nossa disciplina, analise as assertivas que seguem:
I. O princípio da boa-fé passou a ser utilizado com uma nova e moderna signi-
ficação, indicando valores éticos que estão à base da sociedade organizada
e desempenham uma função de sistematização da ordem jurídica.
II. O princípio da transparência é o dever do fornecedor em informar e, de ou-
tro, o direito à informação do consumidor. Isso implica na proibição da cria-
ção artificial de barreiras à informação com intuito de ocultar desvantagens
para o outro, ou ainda, forjar uma enganosa valorização das vantagens que
o contrato poderá proporcionar.
III. O princípio é o início de tudo, o começo, o ponto de partida de algo.
IV. O princípio da vulnerabilidade é um estado da pessoa, uma situação perma-
nente ou provisória que fragiliza o consumidor.
É correto o que se encontra em:
a) Apenas a I e II.
b) Apenas a II e IV.
c) Apenas a I e III.
d) Apenas a II e III.
e) I, II, III e IV.
PUBLICIDADE ENGANOSA
De acordo com o artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor (CDC), uma publicida-
de é considerada enganosa quando induz o consumidor ao erro. Ou seja, quando traz
uma informação falsa capaz de dar uma ideia diferente da realidade do produto ou do
serviço ofertado. É o caso, por exemplo, de um serviço anunciado gratuito, mas que na
verdade é pago, mesmo que isso só se perceba na hora em que é contratado ou após
certo tempo de uso.
Em casos como esse, o consumidor pode tentar contato com o ofertante, preferencial-
mente por escrito, solicitando providências. O artigo 35 do CDC dá ao consumidor lesado
o direito de escolher entre as seguintes alternativas: a obrigação de cumprir exatamente
o que foi ofertado; outro produto ou serviço equivalente ao adquirido, ou a rescisão do
contrato e a devolução do valor pago, acrescido da devida correção monetária.
Caso o fornecedor não responda à solicitação ou dê um retorno negativo, a reclamação
pode ser registrada junto a um órgão de defesa do consumidor, como o Procon da sua
cidade. Se ainda assim nada for resolvido, o caso pode ser levado à Justiça por meio do
Juizado Especial Cível (JEC). Nos casos que envolvam causas de até 20 salários mínimos,
não será necessário um advogado para mover o processo. Acima desse valor, será ne-
cessário o auxílio de um advogado de confiança para que as ações e avaliações cabíveis
sejam articuladas.
Há, ainda, a possibilidade de o consumidor tentar solucionar seu problema, antes de en-
trar na Justiça, por meio de uma plataforma digital criada pelo governo federal, chama-
da consumidor.gov.br. Ou até mesmo reclamar por outros meios, como as redes sociais.
Mas nunca deixe de registrar seu problema no Procon.
Neste caso, o procedimento a ser tomado será o mesmo que o descrito na publicidade
enganosa. O consumidor pode tentar o contato com o fornecedor, fazendo as solici-
tações convenientes. Se não houver resposta, buscar o Procon e, se mesmo assim não
funcionar, entrar na Justiça.
PUBLICIDADE ABUSIVA
No artigo 37, parágrafo segundo, também é descrita a publicidade abusiva, esta que é
considera imprópria por incitar à violência, desrespeitar o meio ambiente e se aproveitar
da deficiência de julgamento e experiência de crianças.
A ideia da publicidade abusiva está ligada à valores morais e atuais acontecimentos
da sociedade. Em geral, é a publicidade que contém objetiva ou subjetivamente um
discurso discriminatório ou preconceituoso, ou que incita prática imorais ou a violação
de direitos humanos.
Assim como nas demais hipóteses, a abusividade constatada em uma propaganda pode
ser denunciada ao Procon. Na possibilidade da publicidade ser considerada abusiva, o
órgão tomará as medidas necessárias para que ela deixe de ser exibida ou veiculada,
além da aplicação de sanções pelas infrações cometidas.
Em março deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgou como abusiva uma pro-
paganda da Bauducco por associar a venda de um biscoito a um relógio com perso-
nagem infantil. A decisão da corte que deve impactar julgamentos semelhantes, teve
como base o CDC, e está alinhado com a resolução 163/2014 do Conselho Nacional dos
Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda).
REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: <http://www.idec.org.br/consultas/dicas-e-direitos/saiba-o-que-fazer-diante-
-de-propagandas-enganosas>. Acesso em: 09 out. 2018.
GABARITO
1. E.
2. C.
3. D.
4. C.
5. D.
151
CONCLUSÃO
Nesse material, estudamos um pouco sobre algumas áreas do Direito que são es-
senciais para o bom desempenho de uma atividade empresarial.
Na primeira unidade, estudamos sobre o Direito Empresarial. Analisamos quem
pode ser considerado empresário e quem não pode, ou seja, aqueles que são im-
pedidos, bem como de que forma pode ser feito o seu nome empresarial. Nessa
área do Direito, é importante conhecermos um pouco mais sobre as modalidades
societárias e as principais características que as diferenciam.
Assim como é importante saber quem pode e como pode ser empresário, também
é necessário saber o que pode acontecer com uma empresa, caso passe por proble-
mas financeiros, não conseguindo, em função disso, cumprir com suas obrigações.
Neste caso, poderá ser feito um pedido de recuperação extrajudicial ou judicial e,
em último caso, a falência.
Na sequência, estudamos o Direito Tributário. Tal área é importante, pois a partir do
seu estudo é que se compreende melhor a cobrança dos tributos em nosso país.
Além disso, com esse ramo, analisamos a diferença entre imposto, taxa, contribui-
ção social, contribuição de melhoria e empréstimo compulsório. Compreendemos
quem pode ser considerado sujeito ativo e sujeito passivo nessa relação tributária,
bem como a partir de qual momento se torna uma dívida ativa.
Na terceira unidade, analisamos o Direito do Trabalho, um ramo de suma importân-
cia, uma vez que envolve o empregado, que é o principal componente de uma or-
ganização empresarial. Inicialmente, precisamos conhecer os princípios específicos
do Direito do Trabalho, que protegem o empregado.
Em nossa última unidade, vimos o Direito do Consumidor. Tal ramo busca proteger a
relação de consumo, garantindo que o fornecedor cumpra com todos os requisitos
necessários para um bom relacionamento com o consumidor. Para compreender-
mos essa relação, analisamos os direitos básicos do consumidor previstos em seu
art. 6º, bem como as formas de responsabilização por danos causados na relação
de consumo.
Podemos concluir que as áreas aqui estudadas são primordiais para o administra-
dor e os profissionais que atuam na gestão de organizações, podendo melhorar o
funcionamento da sua atividade empresarial, proporcionando uma prestação de
serviços ou fornecimento de produtos correto ao mercado.
ANOTAÇÕES