Você está na página 1de 152

GRADUAÇÃO

Unicesumar

DIREITO
EMPRESARIAL E
DO CONSUMIDOR

Professora Me. Mariane Helena Lopes

Acesse o seu livro também disponível na versão digital.


Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
Chrystiano Mincoff
James Prestes
Tiago Stachon
Diretoria de Graduação
Kátia Coelho
Diretoria de Pós-graduação
Bruno do Val Jorge
Diretoria de Permanência
Leonardo Spaine
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Head de Curadoria e Inovação
Tania Cristiane Yoshie Fukushima
Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira
Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas
Gerência de de Contratos e Operações
Jislaine Cristina da Silva
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Supervisora de Projetos Especiais
Yasminn Talyta Tavares Zagonel
Coordenador de Conteúdo
Patrícia Rodrigues
Designer Educacional
Amanda Peçanha Dos Santos
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Projeto Gráfico
Distância; LOPES, Mariane Helena. Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Direito Empresarial e do Consumidor. Mariane Helena Lopes. Arte Capa
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2019. Reimpresso 2021. Arthur Cantareli Silva
152 p. Ilustração Capa
“Graduação - EaD”. Bruno Pardinho

Editoração
1. Direito 2. Empresarial 3. Consumidor 4. EaD. I. Título.
Flávia Thaís Pedroso
ISBN: 978-85-459-1761-8 Qualidade Textual
CDD - 22 ed. 346.81 Érica Fernanda Ortega
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ilustração
Bruno Cesar Pardinho

Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário


João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade,
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil:
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba,
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades
de todos. Para continuar relevante, a instituição
de educação precisa ter pelo menos três virtudes:
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quando
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou
profissional, nos transformamos e, consequentemente,
transformamos também a sociedade na qual estamos
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com
os desafios que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe
de professores e tutores que se encontra disponível para
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
CURRÍCULO

Professora Me. Mariane Helena Lopes


Mestre em Ciências Jurídicas com ênfase em Direitos da Personalidade pelo
Centro Universitário de Maringá (UNICESUMAR). Pós-graduada em Direito
Aplicado pela Escola da Magistratura do Paraná, graduou-se em Direito
pelo Centro Universitário de Maringá (UNICESUMAR). É docente no Ensino
à Distância do Unicesumar no curso de Administração, Ciências Contábeis,
Ciências Econômicas, Gestão de Cooperativas, Gestão Hospitalar, Gestão
de Recursos Humanos, Processos Gerenciais, Secretariado, Serviço Social e
Segurança do Trabalho. Ainda, é professora e mediadora de cursos de pós
graduação no EAD da Unicesumar. Por fim, foi membro do Colegiado do
Curso de Gestão de Recursos Humanos do Centro Universitário de Maringá.
Foi docente no curso de Administração, Comércio Exterior, Direito, Gestão de
Recursos Humanos, Jornalismo, Logística, Pilotagem de Aviões, Publicidade e
Propaganda e Turismo do Centro Universitário de Maringá.

Para maiores informações, acesse: <http://lattes.cnpq.br/1815582404405502>.


APRESENTAÇÃO

DIREITO EMPRESARIAL E DO CONSUMIDOR

SEJA BEM-VINDO(A)!
Olá, caro(a) aluno(a)! O Direito é uma ciência ampla e por isso merece uma análise minu-
ciosa. Para quem pretende desenvolver uma atividade enquanto futuro gestor, torna-se
essencial o conhecimento de algumas áreas específicas, o que possibilita uma melhor
administração e gestão da sua atividade.
Enquanto profissional da área e professora, ao longo dos anos acredito que conhecer o
Direito deveria ser essencial para todos, enquanto indivíduos que fazem parte de uma
sociedade, possibilitando assim um melhor funcionamento dela e as pessoas saberiam
também de que forma poderiam exigir mudanças em nossa sociedade. Na Unidade I,
estudaremos o Direito Empresarial, analisando quem pode ser considerado empresário
ou não, de que forma a pessoa pode ser considerada empresária, bem como as modali-
dades de sociedade e os títulos de crédito que existem na nossa legislação.
Na Unidade II, estudaremos o Direito Tributário, compreendendo que o tributo é o gêne-
ro, que se subdivide em espécies que são: imposto, taxa, contribuição de melhoria, con-
tribuição social e empréstimo compulsório, e analisaremos cada uma delas. Lembrando
que existe em discussão uma reforma tributária proposta, mas que até o presente mo-
mento não há indícios de quando será aprovada.
Na Unidade III, falaremos um pouco sobre Direito do Trabalho, a área de mais impor-
tância e grande discussão dentro de uma organização empresarial. Veremos a diferen-
ça entre empregado e empregador, a forma de remunerar o empregado pela função
desempenhada, em que medida vai o poder de direção do empregador, entre outros
aspectos relevantes e pertinentes ao conteúdo. A Reforma Trabalhista foi um grande
marco de mudanças dentro do Direito do Trabalho e que merece uma análise cuidadosa
e receosa já que ainda não temos muitas definições a respeito.
Por fim, na Unidade IV estudaremos o Direito do Consumidor, conhecendo um pouco
melhor os direitos e deveres que o Código do Consumidor criou tanto para o consumi-
dor final quanto para o próprio fornecedor.
Espero que você aproveite o conteúdo trabalhado para conhecer um pouco mais sobre
essa ciência tão ampla e possa, assim, desempenhar melhor seu trabalho e toda a orga-
nização empresarial em que está.
Bons estudos!
08
SUMÁRIO

UNIDADE I

DIREITO EMPRESARIAL

13 Desenvolvimento do Direito Empresarial no Brasil

23 Sociedades Comerciais

27 Títulos de Crédito

34 Direito Falimentar

44 Referências

46 Gabarito

UNIDADE II

DIREITO TRIBUTÁRIO

49 Conceito e Denominação

51 Tributo

56 Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar

61 Exclusão do Crédito Tributário

69 Referências

70 Gabarito
09
SUMÁRIO

UNIDADE III

DIREITO DO TRABALHO

73 A Evolução no Brasil

76 Autonomia do Direito do Trabalho

79 Direito Individual do Trabalho

90 Empregado

94 Empregador 

99 Remuneração

105 Formas de Rescisão de Contrato de Trabalho e Direitos do Empregado

119 Referências

121 Gabarito

UNIDADE IV

DIREITO DO CONSUMIDOR

125 Finalidade

127 Princípios do Direito do Consumidor

129 Consumidor

130 Fornecedor

136 Responsabilidade Civil nas Relações de Consumo

138 Responsabilidade pelo Vício do Produto e do Serviço

149 Referências

150 Gabarito

151 Conclusão
Professora Me. Mariane Helena Lopes

I
UNIDADE
DIREITO EMPRESARIAL

Objetivos de Aprendizagem
■ Compreender o Direito Empresarial.
■ Analisar modelos societários.
■ Analisar títulos de crédito.
■ Conhecer o direito falimentar.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Desenvolvimento do Direito Empresarial no Brasil
■ Sociedades comerciais
■ Títulos de crédito
■ Direito falimentar
13
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

DESENVOLVIMENTO DO DIREITO EMPRESARIAL NO


BRASIL

No período Brasil Colônia, as relações jurídicas brasileiras eram reguladas pelas


Ordenações Portuguesas sob influência do Direito Canônico e Direito Romano
(TEIXEIRA, 2011). Em 1808, com a chegada da Família Real ao Brasil, surgiu a
necessidade de organização da Corte e de uma legislação com finalidade econô-
mica. Por obra de Visconde de Cairu, com a chamada Lei de Abertura dos Portos
de 1808, os comerciantes, antes impedidos pela política mesquinha da metró-
pole, abrem-se plenamente para o comércio (TEIXEIRA, 2011).
Na sequência, de acordo com Tarcisio Teixeira (2011), surgiram a Real Junta
de Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegações e o Banco do Brasil, entre outras
determinações legais. Com a Proclamação da Independência, foi convocada a
Assembleia Legislativa de 1823, ficando determinada a vigência, no Brasil, das
leis portuguesas, com a possibilidade de invocar leis mercantis. Assim, o Código
Comercial francês de 1807, o espanhol de 1829 e o português de 1833 foram ver-
dadeiras fontes legislativas para o Brasil (TEIXEIRA, 2011).

Desenvolvimento do Direito Empresarial no Brasil


14 UNIDADE I

O espírito de soberania no Brasil exigia uma legislação própria. Em 1834, foi


elaborado um projeto de Código de Comércio, que tramitou na Câmara até ser
sancionado em 1850 como Lei nº 556, sendo conhecida como Código Comercial
brasileiro (VERÇOSA, 2004).
O Código Comercial brasileiro de 1850 adotava a teoria dos atos de comér-
cio. Na segunda metade do século XX, tanto a jurisprudência quanto a doutrina
começaram a perceber que tal teoria era insuficiente, passando a admitir a teo-
ria da empresa. Tal afirmação pode ser percebida na Lei nº 8.078/90, também
conhecida como Código de Defesa do Consumidor (TEIXEIRA, 2011).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Com a vigência do Código Civil de 2002, a primeira parte do Código
Comercial de 1850 foi revogada. A partir desse momento, o Direito Empresarial
deixou de ter como fonte principal o Código Comercial, passando a ser regu-
lado pelo Código Civil.

AUTONOMIA, IMPORTÂNCIA E CONCEITO DE DIREITO


EMPRESARIAL

Como a vigência do Código Civil levou à unificação dos diplomas obrigacionais,


as obrigações, tanto civis quanto empresariais, seguem esse mesmo regime jurí-
dico. O Direito Empresarial difere do Direito Civil por ser mais dinâmico em
suas relações e normas. O Direito Civil é estável, enquanto o primeiro é criativo
e mutante. Para se comparar com o Direito Empresarial, neste se contrata reite-
radamente, enquanto no outro contrata-se poucas vezes e se pensa muito antes
de realizar algo (TEIXEIRA, 2011).
Esse ramo do Direito possui uma principiologia própria, sendo dinâmico e
cambiante, ocupando-se de negócios de massa, diferente dos demais, que têm a
peculiaridade de ser mais conservadores e estáveis nas suas relações e também
quanto às mudanças, tratando de atos isolados (TEIXEIRA, 2011). Assim, o con-
ceito de Direito Comercial continua como aquele que “constitui aquela parte do
direito privado que tem, principalmente, por objeto regular a circulação dos bens
entre aqueles que os produzem e aqueles que os consomem” (VIVANTE, 1936, p. 1).

DIREITO EMPRESARIAL
15

O Direito Empresarial influencia o Direito Civil, visto que ele arrisca mais,
inventando e experimentando coisas novas, que mais tarde poderão ou não ser
consolidadas no âmbito civil. Rubens Requião (2008) lembra a posição de Sylvio
Marcondes Machado (1956), ao dizer que as razões da retratação do renomado
jurista italiano Cesare Vivante (1936) continuavam válidas, mas nem por isso
excluíam a coordenação unitária de atos jurídicos concernentes ao fenômeno
econômico, e que o Direito Comercial podia conviver com o Direito Civil em
um código unificado. A unificação do direito das obrigações não significa a abo-
lição da vida comercial, e uma unidade orgânica não conflita com a disciplina
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

da vida mercantil (REQUIÃO, 2008).


Ainda, Fábio Ulhoa Coelho (2008) pondera que a justificativa fundamental
para a autonomia do Direito Empresarial se dá pela manutenção dessa disci-
plina nos bancos universitários, inclusive no exterior, como no caso da Itália e
da Espanha.

OBJETO DO DIREITO EMPRESARIAL

O objeto desse ramo do Direito é, essencialmente, regular as relações entre empre-


sários e dispor sobre as regras das sociedades empresariais. Se, anteriormente,
o objeto do Direito Empresarial era tido a partir da teoria dos atos de comér-
cio, com a vigência do Código Civil de 2002 o objeto passa a ser mais amplo,
o da teoria da empresa, abrangendo toda e qualquer atividade econômica (art.
966 do Código Civil).
O Direito Empresarial, em sua evolução, chegou à atualidade como uma ala-
vanca ao desenvolvimento dos negócios, em razão dos instrumentos que coloca
à disposição para as operações, atendendo, assim, às necessidades dos empresá-
rios com suas normas e diversos tipos de contratos (TEIXEIRA, 2011).

Desenvolvimento do Direito Empresarial no Brasil


16 UNIDADE I

CONCEITO E CARACTERIZAÇÃO DO EMPRESÁRIO

De acordo com o art. 966 do Código Civil de 2002, empresário é aquele que exerce
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circu-
lação de bens ou de serviços. O artigo citado é reflexo do art. 2.082 do Código
Civil italiano (apud VIVANTE, 1936) que dispõe: “é empreendedor quem exerce
profissionalmente uma atividade econômica organizada para o fim da produção
ou da troca de bens ou de serviços”.
O empresário é um ativador do sistema econômico. Ele funciona como um

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
intermediário, pois de um lado estão os que oferecem capital e/ou força de tra-
balho e, de outro, os que demandam satisfazer suas necessidades (TEIXEIRA,
2011). Para melhor entender o conceito de empresário, bem como analisar os
elementos que o compõem, dividiremos nosso estudo em cinco grupos:

1. O exercício de uma atividade

A atividade é um conjunto de atos coordenados para alcançar um fim comum.


Não é uma mera sequência de atos; é necessária a coordenação. Ela pode envol-
ver atos jurídicos e atos materiais. Quando se fala em atividade, pressupõe-se
uma habilidade do sujeito que a exerce ou a organiza, assumindo o seu risco eco-
nômico (TEIXEIRA, 2011).

2. A natureza econômica da atividade

A atividade econômica tem como finalidade o lucro. “Econômica” é uma expres-


são que aqui está relacionada ao fato de a atividade apresentar “risco”. A atividade
é exercida com total responsabilidade do empresário, pois há o risco de perder
o capital ali empregado, justificando o proveito que ele tem em retirar o lucro
decorrente da atividade (TEIXEIRA, 2011).

DIREITO EMPRESARIAL
17

3. A organização da atividade

A organização de uma atividade empresarial depende exclusivamente do empre-


sário. Ele faz uma combinação entre os fatores de produção, que podem ser
divididos em: a) natureza, onde se fala da matéria-prima; b) capital, que são os
recursos utilizados; c) trabalho, que é toda a mão de obra envolvida no negócio;
e d) tecnologia, que são as técnicas necessárias para o desenvolvimento da ativi-
dade. A partir dessa divisão, o empregador observa as necessidades do mercado,
constituindo assim sua empresa.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

4. A profissionalidade do exercício de tal atividade

Para que seja considerada a profissionalidade do empresário, é preciso a análise


de 2 pontos: habitualidade; pessoalidade e especialidade. Devemos considerar
que toda atividade empresarial é de risco e este deve ser assumido pelo empre-
sário, não podendo ser repassado aos seus empregados.

5. A finalidade da produção ou circulação de bens ou de serviços

O empregador pode organizar uma atividade empresarial para quatro finalidades


diferentes. São elas: a) produção de bens, que seria a fabricação de mercado-
rias; b) produção de serviços; c) circulação de bens, que é a aquisição deles para
revendê-los ao mercado; e, por fim, d) circulação de serviços: que é a intermedia-
ção entre o cliente e o fornecedor do serviço prestado pela empresa organizada.

Empresário Individual

Quando falamos em empresário, precisamos entender que todo empresário


deve ser considerado como o gênero, onde tem-se o empresário individual e a
sociedade empresária como espécies. Ao falarmos da modalidade empresário
individual precisamos entender que é aquele que fez a opção de realizar a sua
atividade de forma isolada, não solicitando a participação de sócios.
A essa modalidade de empresário é assegurado o direito à inscrição, à recu-
peração de empresas, à falência, à utilização dos seus livros como provas, assim

Desenvolvimento do Direito Empresarial no Brasil


18 UNIDADE I

como é assegurado o direito da sociedade empresária. Contudo, ele não goza da


limitação de responsabilidade e da separação patrimonial inerente às socieda-
des empresárias (TEIXEIRA, 2011).
Sérgio Campinho (2009) nos atenta para o fato de que o empresário indivi-
dual é a pessoa física titular de uma atividade empresarial, que, por sua vez, não
se confunde com o sócio da sociedade empresária. O sócio não é empresário,
mas um integrante do quadro social de uma sociedade empresária.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reflita se a nossa legislação é favorável para que alguém desenvolva seu es-
pírito empreendedor na sociedade a ponto de criar um produto ou serviço,
por exemplo, fomentando a economia e não se tornando apenas mais um
empregado dentro de uma organização empresarial.

CONCEITO DE EMPRESA

Com relação ao conceito de empresa, o italiano Alberto Asquini (1996) foi quem
melhor escreveu sobre o conceito de empresa, sendo traduzido no Brasil por
Fábio Konder Comparato. De acordo com Alberto Asquini (1996), a empresa
pode ser entendida em quatro perfis, sendo os seguintes:
1. Objetivo: a empresa significa patrimônio, ou seja, o conjunto de bens
destinados ao exercício da empresa. Nesse sentido, temos o art. 1.142
do Código Civil.
2. Subjetivo: a empresa significa empresário, individual ou sociedade empre-
sária, que possui personalidade jurídica, com a capacidade de adquirir
direito e contrair obrigações. Nesse sentido, temos o art. 966 e 981 do
Código Civil.
3. Institucional: é um conjunto de pessoas em razão de um objetivo comum.
4. Funcional: a empresa é a atividade organizada, com a coordenação dos
fatores de produção para alcançar sua finalidade.

DIREITO EMPRESARIAL
19

Com base no exposto, pode-se dizer que empresa significa atividade. Ela é um
conjunto de atos coordenados pelo empresário com habilidade.

CAPACIDADE DE SER EMPRESÁRIO

De acordo com o art. 972 do Código Civil, qualquer pessoa pode exercer a ati-
vidade empresarial, desde que esteja em pleno gozo da sua capacidade civil, não
sendo impedida por lei. Para que uma pessoa realize o exercício da atividade
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

empresarial, pressupõe-se capacidade civil do sujeito que irá exercê-la. Essa


capacidade ocorre quando a pessoa atinge a maioridade – completa 18 anos – e
possui sanidade mental. Assim, vamos entender melhor como funciona a capa-
cidade no Direito brasileiro.
O Art. 1º do Código Civil (2002) prevê que “toda pessoa é capaz de direitos e
deveres na ordem civil”, implicando a capacidade de ser parte. Existem duas espé-
cies de capacidade. São elas: a de gozo ou de direito e a de exercício ou de fato. A
primeira é a aptidão da pessoa gozar seus direitos. Ela é inerente ao ente humano
e toda pessoa a possui. Enquanto a segunda é a aptidão de exercitar direitos.
A capacidade no Direito Civil é dividida em: 1) absolutamente incapazes; 2)
relativamente capazes e; 3) plenamente capazes ou capacidade absoluta.
Os absolutamente incapazes devem ser representados por seus pais ou guardi-
ões e não podem exprimir sua vontade. De acordo com o Art. 3º do Código Civil
(BRASIL, 2002, on-line), até o ano de 2015 eram os absolutamente incapazes:
a) Os menores de 16 anos.

b) Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o neces-


sário discernimento para a prática desses atos.

c) Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua


vontade. É o que ocorre com a pessoa embriagada ou com alguém en-
torpecido por drogas alucinógenas.

Contudo, no ano de 2015, foi sancionada a Lei nº 13.146, que trouxe modifica-
ções com relação aos absolutamente incapazes. Por essa modificação, não existe
mais, no Direito Privado, pessoa absolutamente incapaz que seja maior de idade.
Como consequência, não há que se falar mais em uma ação de interdição absoluta

Desenvolvimento do Direito Empresarial no Brasil


20 UNIDADE I

no nosso sistema civil, visto que os menores não são interditados. Todas as pes-
soas com deficiência, das quais tratava o comando anterior, passam a ser, em
regra, plenamente capazes para o Direito Civil, o que visa a sua plena inclusão,
em prol de sua dignidade (TARTUCE, 2015, on-line)1.
Os relativamente incapazes são aqueles que devem ser assistidos por seus pais ou
representantes. Eles são incapazes relativamente a certos atos, ou à maneira de exer-
cê-los. De acordo com o Art. 4º do Código Civil (BRASIL, 2002, on-line) são eles:
a) Os maiores de 16 e menores de 18 anos.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
b) Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência
mental, tenham o discernimento reduzido.

c) Os pródigos são as pessoas que gastam desordenadamente, que dis-


sipam ou dilapidam seu patrimônio sem justificativa.

No caso dos relativamente incapazes, a Lei nº 13.146 de 2015 também trouxe


modificações. Aqui não se fala mais no inciso II, no caso dos deficientes mentais.
Mantiveram-se somente os ébrios habituais e os viciados em tóxicos (TARTUCE,
2015, on-line). Por fim, os plenamente capazes ou que possuem capacidade abso-
luta são os maiores de 18 anos, que ficam habilitados para a prática de todos os
atos da vida civil.

Emancipação

O Art. 1.634, V do Código Civil (2002) dispõe que, até os 16 anos, os filhos
menores devem ser representados por seus pais. A partir dos 16 anos e até os
18 anos eles são assistidos. É nessa possibilidade de assistência que se pode falar
na emancipação.
A emancipação é a cessação, para os maiores de 16 e menores de 18 anos, de
sua incapacidade, antes da idade prevista em lei – diga-se 18 anos – nos seguin-
tes casos, de acordo com o Art. 5º do Código Civil (BRASIL, 2002, on-line):
a) Por concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante
instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou
por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver 16 anos comple-
tos. Não pode ser feita por instrumento particular.

DIREITO EMPRESARIAL
21

b) Pelo exercício do emprego público efetivo.

c) Pela colação de grau em curso de ensino superior.

d) Pelo casamento.

e) Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação


de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos comple-
tos tenha economia própria.

Uma vez que o sujeito é emancipado, esta não poderá ser revogada. Ainda que
tivemos a mudança dos sujeitos que são considerados absolutamente ou relati-
vamente incapazes, não se fala em modificação da emancipação. O que se pode
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

observar é que existem casos em que esse instituto não é mais utilizado, pois
caiu em desuso.

Impedimentos e incapacidade

Existem alguns casos em que uma pessoa pode ser plenamente capaz civilmente,
mas não podendo exercer a atividade empresarial caso esteja impedida por lei.
Tal fato acontece por ser uma proibição legal, entre esses impedimentos podem
ser citados: falido não reabilitado, funcionário público, militar, devedor do INSS,
estrangeiro e incapacidade superveniente (LOPES, 2018).

Os impedimentos e a incapacidade do sujeito impedem que ele tenha uma


empresa, de acordo com o que estudamos e com a legislação vigente. Para
saber mais sobre os impedimentos e a incapacidade leia o texto de Vanessa
Diniz Mendonça Miranda, intitulado O exercício da atividade empresarial
pelo incapaz nos termos no Código Civil de 2002, disponível em <http://
www.fest.edu.br/data/fckfiles/file/nepe/2009_2fest_revistatransversalida-
des_issn.pdf#page=121>.
Fonte: a autora.

Desenvolvimento do Direito Empresarial no Brasil


22 UNIDADE I

Estabelecimento

De acordo com o art. 1.142 do Código Civil, o estabelecimento é o conjunto de


bens organizado pelo empresário para o exercício da empresa. A primeira vez
que se falou em estabelecimento foi com Oscar Barreto Filho (1969, p. 73), que o
define como um “conjunto de meios materiais e imateriais, pelos quais o comer-
ciante explora determinada espécie de comércio”.
Os bens materiais/corpóreos são aqueles que se caracterizam por ocupar
espaço no mundo exterior, como no caso de mercadorias, instalações, máqui-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
nas. Por outro lado, os bens imateriais/incorpóreos são as coisas que não ocupam
lugar no mundo exterior, sendo um resultado da elaboração abstrata humana,
como os títulos dos estabelecimentos, as marcas, as patentes, os desenhos indus-
triais entre outros (TEIXEIRA, 2011).
O estabelecimento é o instrumento para o empresário exercer sua atividade;
é uma base física da empresa, podendo ser virtual também. Normalmente, os
clientes se dirigem para o estabelecimento do empresário para a realização de
negócios (TEIXEIRA, 2011).

Nome empresarial

Nome empresarial é aquele que vai identificar o empresário. A denominação,


bem como a razão social, podem ser usadas tanto na sociedade limitada como
na sociedade em comandita por ações. No caso da sociedade em que houver
sócios de responsabilidade ilimitada, operará sob firma, na qual somente os
nomes daqueles poderão figurar, bastando para formá-la aditar ao nome de um
deles a expressão “e companhia” ou sua abreviatura.
Com relação ao nome empresarial, este não pode ser objeto de alienação. O
que pode ser feito é que o adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, se
o contrato permitir, pode usar o nome do alienante, precedido de seu próprio,
com a qualificação de sucessor (MARTINS, 2013).
No caso de o sócio falecer, for excluído ou ainda se retirar da sociedade, o
nome não poderá ser conservado na firma social. Segundo Sérgio Pinto Martins
(2013), a inscrição do nome empresarial poderá ser cancelada, a requerimento

DIREITO EMPRESARIAL
23

de qualquer interessado, quando cessar o exercício da atividade para que foi ado-
tado, ou quando ocorrer a liquidação da sociedade que o inscreveu.

SOCIEDADES COMERCIAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Dispõe o art. 981 do Código Civil


(2002) que podem celebrar contrato
de sociedade as pessoas que recipro-
camente se obrigam a contribuir, com
bens ou serviços, para o exercício de
atividade econômica e a partilha, entre
si, dos resultados. A sociedade é con-
siderada empresária quando tem por
objeto o exercício de atividade pró-
pria de empresário sujeito a registro.
Ela visa à produção ou circulação de
bens ou serviços para o mercado com
o objetivo de lucro. Exemplos dessa forma de sociedade são: anônima, coman-
dita por ações, em nome coletivo, limitada, em comandita simples. Todas devem
ser registradas na Junta Comercial, de acordo com o art. 1.150 do Código Civil.
As sociedades simples são as demais, como a cooperativa. Ela não tem
por objetivo a produção ou a circulação de bens ou serviços para o mercado
(MARTINS, 2013).

Sociedade não Personificada

Nesta classificação, temos a sociedade em comum e a sociedade em conta de


participação.

Sociedades Comerciais
24 UNIDADE I

1. Sociedade em comum

Esse modelo societário é a sociedade em formação ou organização. Quando


se fala nesse modelo, os sócios só podem provar a existência da sociedade por
escrito e os terceiros podem provar a existência dela de qualquer forma. Os bens
e as dívidas sociais constituem um patrimônio especial, sendo os sócios os titu-
lares em comum (LOPES, 2018). Nesse caso, os bens da sociedade responderão
pelos atos de gestão praticados por qualquer dos sócios, salvo pacto expresso
limitativo de poderes, que só terá eficácia contra o terceiro que o conheça ou
deva conhecer (MARTINS, 2013).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais.

2. Sociedade em conta de participação

Nesta classificação, é aberta uma conta para indicar as operações realizadas bem
como os resultados alcançados. A participação será a divisão dos lucros entre
os sócios. Ela não é uma pessoa jurídica, não tem personalidade jurídica, mas
representa um contrato entre os sócios (MARTINS, 2013).
O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a inscrição de
seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica a ela.
Nesse caso, pode-se dizer que a inscrição é uma faculdade e não uma obriga-
ção (LOPES, 2018).

SOCIEDADE PERSONIFICADA

Nessa classificação, veremos EIRELI, MEI, sociedade simples, em nome cole-


tivo, em comandita simples, limitada e sociedade anônima.

1. EIRELI

É a empresa individual limitada, que permite a constituição da empresa com


apenas um sócio, que será o próprio empresário. Essa modalidade empresa-
rial já existia, sofrendo uma alteração em 2011, com a intenção de acabar com a

DIREITO EMPRESARIAL
25

figura do sócio “fictício”, que é uma prática comum nas empresas que são regis-
tradas como limitada, visto que antes poderiam ser constituídas por, no mínimo,
duas pessoas.
Essa modalidade permite a separação entre o patrimônio empresarial e o
privado, em que, caso a empresa contraia dívidas, apenas o seu patrimônio será
utilizado para quitá-las. O que precisa ser observado aqui é que deve ter um capi-
tal mínimo de 100 vezes o valor do salário-mínimo no momento do registro da
empresa (SEBRAE, 2018, on-line)2.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

2. MEI

É o microempreendedor individual, ou seja, aquele empreendedor que tem um


baixo faturamento, sendo este limitado de acordo com a lei. Há uma margem
de tolerância junto a Receita Federal que é de 20% do valor total do fatura-
mento anual. Para ser caracterizado como MEI, não pode fazer parte de outra
empresa como sócio, administrador ou titular de outra empresa (PORTAL DO
EMPREENDEDOR, 2018, on-line)3.

3. Sociedade simples

É uma sociedade de profissão devidamente regulamentada, como a sociedade de


advogados, por exemplo. Ela deve ser registrada no Registro Civil das Pessoas
Jurídicas, de acordo com os artigos 998, 1000 e 1150 do Código Civil.
A constituição de tal sociedade é feita mediante um contrato escrito, seja ele
público ou particular. As obrigações dos sócios, neste modelo societário, come-
çam imediatamente com o contrato, se este não fixar uma data diferente, e se
extinguirá com a liquidação da sociedade (MARTINS, 2013).
Os sócios não podem ser substituídos sem o consentimento dos demais. Eles
também participam tanto dos lucros quanto das perdas da empresa, de acordo
com a proporção das respectivas quotas.

Sociedades Comerciais
26 UNIDADE I

4. Sociedade em nome coletivo

Tem previsão nos arts. 1.039 a 1.044 do Código Civil.


Somente pessoas físicas podem fazer parte desse modelo societário. Todos os
sócios responderão de forma solidária e ilimitada pelas obrigações sociais. A admi-
nistração da sociedade será exclusivamente dos sócios, sendo que o uso da firma
poderá ser feito nos limites dos que tenham os necessários poderes (MARTINS, 2013).

5. Sociedade em comandita simples

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Há os sócios comanditados e comanditários. Os primeiros são pessoas físicas,
responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais. Os segundos,
porém, obrigam-se apenas pelo valor de sua quota (TEIXEIRA, 2011). Assim,
quando for detectada qualquer compatibilidade, deverão ser aplicadas às nor-
mas da sociedade em nome coletivo. O sócio comanditário poderá participar
de deliberações da sociedade e fiscalização das operações, não podendo realizar
atos de gestão, nem podendo ter o seu nome na firma social, sob pena de ficar
sujeito a responsabilidade solidária e ilimitada (TEIXEIRA, 2011).

6. Sociedade limitada

Nessa modalidade, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas


quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social
(art. 1.052 do CC). Com a integralização do capital, o sócio passa a ter respon-
sabilidade limitada a cada quota.
A responsabilidade solidária diz respeito ao capital faltante e não a todo o
capital, visto que o art. 1.052 do CC faz referência à solidariedade pela integra-
lização do capital social. Este divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo
uma ou diversas a cada sócio. Ela é administrada por uma ou mais pessoas desig-
nadas no contrato social ou em ato separado. A administração pode ser feita por
qualquer sócio ou por não sócio, dependendo de determinação no contrato social.

DIREITO EMPRESARIAL
27

TÍTULOS DE CRÉDITO

Quando falamos em título de cré-


dito podemos defini-lo como um
documento pelo qual se faz neces-
sário para que o exercício do direito
seja realizado de forma literal e autô-
noma. Por considerar que o título é
um documento, a ele sempre será
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

reportado um fato, ou seja, que existe


uma relação jurídica constituída e
que o originou. Tal documento se
distingue dos demais em três aspectos. São eles: 1º) refere-se unicamente a rela-
ções creditícias, não se documentando no título nenhum outro tipo de obrigação;
2º) facilidade de cobrança do crédito em juízo. Ele é considerado um título exe-
cutivo extrajudicial, de acordo com o art. 585, I do Código de Processo Civil.
Ou seja, ele possui executividade, dando ao credor o direito de promover a exe-
cução judicial do seu direito; 3º) ostenta o atributo da negociabilidade, estando
sujeito a certa disciplina jurídica, tornando cada vez mais fácil a circulação do
crédito, a negociação do direito nele mencionado (COELHO, 2013).

PRINCÍPIOS DO DIREITO CAMBIÁRIO

Estudaremos, aqui, três princípios do direito cambiário: cartularidade, literali-


dade e autonomia das obrigações cambiais.

■ Princípio da Cartularidade

O exercício dos direitos representados por um título de crédito pressupõe a sua


posse. Ou seja, somente quem exibe a cártula (papel) pode pretender a satisfação de
uma pretensão relativamente ao direito documentado pelo título (COELHO, 2013).

Títulos de Crédito
28 UNIDADE I

Tal princípio é a garantia de que o sujeito que postula a satisfação do direito


é mesmo seu titular. Ele evita o enriquecimento indevido de quem o negociou
com terceiros. Ainda, em virtude do citado princípio, quem paga o título deve,
como forma de cautela, exigir que ele lhe seja entregue. Isso para evitar que a
cambial seja ainda negociada com terceiros de boa-fé, que terão direito de exigir
um novo pagamento e para que o pagador possa exercer, contra outros devedo-
res, o direito de regresso (LOPES, 2018).

■ Princípio da Literalidade

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Pelo princípio da literalidade, somente produzirão efeitos jurídico-cambiais os
atos que forem lançados no próprio título de crédito. Caso um ato seja
documentado em instrumento apartado, ou seja, quando for feito sepa-
radamente do contrato principal, ainda que válidos e eficazes entre os
sujeitos envolvidos, não produzirão efeitos perante o portador do título
(COELHO, 2013, p. 122).

Um exemplo disso é quando se faz a quitação em recibo separado. Quem paga


parcialmente um título deve pedir a quitação na própria cártula, não podendo
se exonerar de pagar o valor total, caso ela seja transferida a terceiro de boa-fé.
Isso por que
o princípio da literalidade projeta consequências favoráveis e contrá-
rias, tanto para credor como para devedor. Por um lado, nenhum cre-
dor pode pleitear mais direitos do que os resultantes exclusivamente do
conteúdo do título de crédito. (COELHO, 2013, p. 122)

Isso ocorre para que o devedor não seja obrigado a pagar mais do que está no
documento.
“De outro lado, o titular do crédito pode exigir todas as obrigações de-
correntes das assinaturas constantes, o que representa para os obriga-
dos o dever de satisfazer exatamente o que está no título” (COELHO,
2013, p. 122-123).

DIREITO EMPRESARIAL
29

■ Princípio da Autonomia das Obrigações Cambiais

Pode ser que um mesmo título documente mais de uma obrigação. Se, porven-
tura, uma delas for considerada inválida, não prejudicará as demais. Imagine a
situação hipotética a seguir: Marcos de Oliveira vendeu seu veículo usado para
Antonio Caetano, concordando que receberia metade do preço no prazo de
60 dias. Neste caso, a nota representa a obrigação do comprador, na compra e
venda do veículo. Marcos é devedor de Camilo Santos, em importância próxima
ao valor facial da nota promissória. Caso Camilo Santos concorde, o débito de
Marcos de Oliveira poderá ser satisfeito com a transferência do crédito que titu-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

lariza em razão da nota.


Neste caso, o título que representava apenas a obrigação de Antônio Caetano
pagar a Marcos de Oliveira o saldo devedor do valor do automóvel, representa
agora duas outras relações jurídicas. As implicações do princípio da autono-
mia representam uma garantia efetiva de circularidade do título de crédito.
Dessa forma, o terceiro descontador não precisa investigar as condições em que
o crédito transacionado teve origem, visto que, ainda que haja irregularidade,
invalidade ou ineficácia na relação fundamental, ele não terá o seu direito macu-
lado (COELHO, 2013).

ENDOSSO

O endosso é uma das formas de transmissão da propriedade dos títulos de cré-


dito. Ele não tem por objetivo a garantia do título, somente a possibilidade de
sua transferência (LOPES, 2018).
O endosso pode ser feito em branco ou em preto. O primeiro é chamado
também de incompleto, sendo feito somente pela aposição da assinatura, sem
identificar o destinatário (LOPES, 2018). Por outro lado, o segundo, chamado
também de completo, envolve a aposição da assinatura e mais a indicação do
nome do beneficiário (MARTINS, 2013). A transferência só se completa com a
tradição do título. O endossatário do endosso em branco pode mudá-lo, comple-
tando-o com o seu nome ou de um terceiro. Poderá endossar novamente o título,
em branco ou em preto, ou pode transferi-lo sem um novo endosso (COELHO,

Títulos de Crédito
30 UNIDADE I

2013). Uma vez que a responsabilidade é assumida pelo pagamento constante


no endosso, o endossante torna-se devedor solidário. Caso o endossante pague
o título, tem direito à ação de regresso contra os coobrigados anteriores.

AVAL

O avalista se obriga pelo avalizado, comprometendo-se à satisfação da obriga-


ção, caso o devedor principal não a pague. Deve-se distinguir o aval da fiança.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Nas palavras de Sérgio Pinto Martins (2013, p. 366),
a fiança precisa ser feita por escrito, enquanto o aval não necessita dessa
formalidade. Na fiança, a responsabilidade é subsidiária, enquanto no
aval é solidária. A fiança é dada para a garantia de contratos. O aval é
prestado para a garantia de títulos de crédito. O aval só pode ser dado
no próprio título. A fiança pode ser dada em documento em separado.

Dessa forma, pode-se analisar que o aval é uma garantia com relação à pessoa
do devedor, enquanto a fiança é uma garantia relacionada ao contrato realizado.
O aval é feito no verso ou anverso do próprio título. Para a sua validade, quando
for feito no anverso do título, é a simples assinatura do avalista.

ESPÉCIES DE TÍTULOS DE CRÉDITO

A partir de agora, iremos estudar um pouco sobre os títulos de crédito. Iremos


falar sobre a letra de câmbio, a nota promissória, o cheque e a duplicata.

■ Letra de Câmbio

A letra de câmbio é uma ordem de pagamento, sendo sacada por um credor con-
tra o seu devedor, favorável a alguém. Este pode ser um terceiro ou o próprio
sacador (COELHO, 2013). O saque é a emissão do título e quem o faz é o saca-
dor, enquanto o sacado é o devedor contra quem foi emitida a letra de câmbio.

DIREITO EMPRESARIAL
31

Ele tem 24 horas para aceitar ou não o título (MARTINS, 2013). O endossante é o
proprietário do título, que o transfere para outrem conhecido como endossatário.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 1 - Letra de Câmbio


Fonte: adaptada de Sieiro (2013, on-line)4.

■ Nota Promissória

A nota promissória é uma promessa de que, na data estipulada, será realizado


o seu pagamento. Nota-se, assim, que, diferentemente do título visto anterior-
mente, aqui tem-se uma promessa de pagamento e não uma ordem (MARTINS,
2013). A nota promissória será paga de acordo com o que for acordado entre as
partes. Ela ainda é muito praticada em nossa sociedade, principalmente no caso
das pessoas que vendem a domicílio. É importante que as pessoas tomem cui-
dado ao anotar todos os dados do devedor para garantir a possibilidade do seu
pagamento, caso não seja cumprida na data acordada.

Títulos de Crédito
32 UNIDADE I

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 2 - Nota promissória
Fonte: Cobrar Simples (2015, on-line)5.

■ Cheque

O cheque é uma ordem de pagamento à vista sacada por uma pessoa contra um
banco. É chamada de emissor ou emitente a pessoa que assina o cheque e determina
a ordem de pagamento. Por sua vez, o beneficiário ou portador é a pessoa destinatá-
ria da ordem de pagamento (MARTINS, 2013; COELHO, 2013; TEIXEIRA, 2011).
Essa modalidade de título de crédito, diferentemente do que muitas pessoas
acreditam, em lei, nada prevê a modalidade à prazo. Contudo, o cheque pré-
-datado (nome dado pela prática comercial), ou ainda à prazo ou pós-datado, é
aceito pelo comércio, possibilitando assim a circulação de mercadorias, fazendo
que exista uma movimentação no comércio e um consumo dos produtos e bens
produzidos (LOPES, 2018).
Além disso, caso o cheque pré-datado seja apresentado antes da data acor-
dada, o emissor terá direito a uma indenização por danos morais, visto que há
uma quebra de acordo verbal realizado entre as partes (LOPES, 2018).
Quando se fala em cheque cruzado é aquele que contém duas linhas parale-
las em seu anverso. Tal cruzamento indica que ele só poderá ser pago pelo banco,
devendo ser depositado. Caso o título tenha o nome do referido banco, só este
paga o cheque (MARTINS, 2013).

DIREITO EMPRESARIAL
33

O cheque, quando for da mesma praça, deve ser apresentado ao sacado no


prazo de 30 dias, ou 60 dias, quando for de outra praça. A não apresentação do
cheque importará em decadência da ação de execução contra os endossantes e
seus avalistas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 3 - Cheque
Fonte: adaptada de Direitos Brasil ([2018], on-line)6.

■ Duplicata

A duplicata é um título que decorre da venda e compra mercantil ou da presta-


ção de serviços. Ao se emitir a fatura de venda, o comerciante saca uma duplicata
para a circulação como todo título de crédito (LOPES, 2018). Ela é emitida para
ser o pagamento feito em um momento posterior (MARTINS, 2013; COELHO,
2013; TEIXEIRA, 2011). Só se pode recusar a duplicata em casos de avaria, não
recebimento de mercadorias, vícios redibitórios e divergência quanto aos pra-
zos e preços. Quando se fala em duplicata esta deve ser apresentada ao devedor
no prazo de 30 dias de sua emissão para aceite, que deve ser feito em 10 dias.

Títulos de Crédito
34 UNIDADE I

DIREITO FALIMENTAR

O direito falimentar tem previsão na


Lei nº 11.101/2005, que regulamenta a
recuperação extrajudicial, recuperação
judicial e a falência. Tanto a falência
quanto a recuperação judicial não se
aplicam a: a) empresa pública e socie-
dade de economia mista; b) instituição

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
financeira pública ou privada, coopera-
tiva de crédito, consórcio, entidade de
previdência complementar, sociedade
operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de
capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.

RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL

A recuperação extrajudicial é aquela em que o devedor propõe e negocia com


seus credores um plano de recuperação da empresa (TEIXEIRA, 2011). No
entanto, nesta modalidade, não serão incluídos os créditos de natureza tributá-
ria, derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidente do trabalho
(MARTINS, 2013). Pode-se concluir que o plano de recuperação extrajudicial
não contempla o pagamento antecipado das dívidas existentes, nem mesmo o
tratamento desfavorável aos credores que a ele não estejam sujeitos.

RECUPERAÇÃO JUDICIAL

Essa modalidade tem como objetivo a viabilização da superação de uma situação de


crise econômico-financeira do devedor, buscando permitir que a fonte produtora
do emprego dos trabalhadores continue suas atividades, sendo também de interesse
dos credores, uma vez que assim preservam-se a empresa, sua função social e o estí-
mulo à atividade econômica (MARTINS, 2013; COELHO, 2013; TEIXEIRA, 2011).
DIREITO EMPRESARIAL
35

A recuperação judicial pode ser requerida pelo devedor que, no momento


do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de dois anos, atendendo
aos seguintes requisitos: 1- não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas,
por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; 2- não
ter, há menos de cinco anos, obtido concessão de recuperação judicial; 3- não
ter, há menos de oito anos, obtido concessão de recuperação judicial com base
no plano especial; 4- não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou
sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos na lei de
falências. Ela também pode ser requerida pelo cônjuge sobrevivente, herdeiros
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

do devedor, inventariante ou sócio remanescente (LOPES, 2018).


Podem ser objetos da recuperação todos os créditos existentes na data do
pedido, ainda que não vencidos (LOPES, 2018). As obrigações anteriores à recu-
peração judicial devem observar as condições originalmente contratadas ou
definidas em lei, inclusive no que diz respeito aos encargos, salvo se de modo
diverso ficar estabelecido no plano de recuperação judicial (MARTINS, 2013).

FALÊNCIA

A falência é um processo de execução coletiva contra o devedor insolvente


(ALMEIDA, 2007). Considera-se falida a empresa ou empresário que, sem rele-
vante razão de direito, não paga no vencimento a obrigação líquida constante de
título que legitime a ação executiva (TEIXEIRA, 2011). Em verdade, a caracteriza-
ção da falência acontece pela impontualidade no cumprimento de suas obrigações.
De acordo com a Lei Falimentar (Lei n° 11.101/2005) em seu artigo 94, ela
pode ser decretada nas seguintes situações:
1) sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação
líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja
soma ultrapasse o equivalente a 40 salários mínimos na data do pedido
de falência; 2) executado por qualquer quantia líquida, não paga, não
deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo le-
gal; 3) pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano
de recuperação judicial: a) faz a liquidação precipitada de seus ativos ou
lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos;
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de

Direito Falimentar
36 UNIDADE I

retardar pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alie-


nação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não;
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consenti-
mento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver
seu passivo; d) simula a transferência de seu principal estabelecimento
com o objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para preju-
dicar credor; e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída
anteriormente sem ficar com bens livres e desembaraçados suficientes
para saldar seu passivo; f) ausentar-se sem deixar representante habi-
litado e com recursos suficientes para pagar os credores, abandona o
estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua
sede ou de seu principal estabelecimento; g) deixa de cumprir, no prazo

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
estabelecido, uma obrigação assumida no plano de recuperação judi-
cial (BRASIL, Lei n° 11.101, 2005).

Nota-se, assim, que a falência ocorre quando a empresa não tem mais possibili-
dade de continuar exercendo suas atividades, impossibilitando seu funcionamento,
bem como a continuação da atividade escolhida pelo empresário. Uma vez
decretada a falência, quando houver necessidade, poderá ser decretada a des-
personificação da pessoa jurídica criada para a existência da sociedade, a fim de
se atingir o patrimônio dos sócios, possibilitando assim o pagamento das dívi-
das não cumpridas. Por fim, nesse caso, sempre deverá ser dada a preferência
para o pagamento de dívidas trabalhistas, depois de acidentes de trabalho, dívi-
das tributárias e, por último, dos demais credores (LOPES, 2018).

QUADRO RESUMO

Direito Empresarial: estuda o funcionamento da organização empresarial.


Benefícios com a inscrição da empresa na Junta Comercial ou cartório
competente: personificação da pessoa jurídica e separação do patrimônio
pessoa física e pessoa jurídica. Com relação a responsabilidade e ao direito
falimentar, competirá ao modelo societário analisado.
Títulos de crédito: Nota promissória; Cheque; Letra de câmbio; Duplicata
mercantil.
Direito falimentar: Recuperação extrajudicial; Recuperação judicial; Falência.
Fonte: a autora.

DIREITO EMPRESARIAL
37

1. O desenvolvimento do direito empresarial tem forte ligação com o contexto


histórico de nosso país. Pautando-se no conteúdo estudado sobre o desenvol-
vimento do Direito Empresarial no Brasil, analise as assertivas:
I. Com a Proclamação da Independência, foi convocada a Assembleia Legisla-
tiva de 1823, ficando determinada a vigência, no Brasil, das leis portuguesas,
com a possibilidade de invocar as leis mercantis.
II. O Código Comercial brasileiro de 1850 adotava a teoria dos atos de comércio.
III. Com a vigência do Código Civil de 2002, a primeira parte do Código Comer-
cial de 1850 foi revogada.
IV. O código comercial brasileiro tinha suas próprias características sem a adap-
tação das leis portuguesas, visto que Família Real Portuguesa queria leis ex-
clusivas para a nova terra.
É correto afirmar o que se encontra em:
a) Apenas I, II e III.
b) Apenas II, III e IV.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e IV.
e) I, II, III e IV.

2. O nome empresarial tem como função identificar o empresário. Considera-se


a firma ou denominação adotada para o exercício da empresa. Por outro lado,
a firma ou razão social é destinada às sociedades em nome coletivo e em co-
mandita simples. De acordo com o que foi estudado sobre o nome empresarial,
considere V para assertiva verdadeira e F para assertiva falsa.
I. A denominação bem como a razão social não podem ser usadas tanto na
sociedade limitada como na sociedade em comandita por ações.
II. No caso da sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada,
operará, sob firma, na qual somente os nomes daqueles poderão figurar,
bastando para formá-la aditar ao nome de um deles a expressão “e compa-
nhia” ou sua abreviatura.
III. O nome empresarial não pode ser objeto de alienação.
IV. No caso do sócio falecer, for excluído ou ainda se retirar da sociedade, o
nome não poderá ser conservado na firma social.
38

É correto o que se encontra em:


a) F,V,V,V.
b) V,V,V,V.
c) F,V,F,V.
d) V,F,V,F.
e) F,V,V,F.

3. O título de crédito é um documento necessário para o exercício do direito, li-


teral e autônomo. Por ser considerado um documento, ele reporta a um fato,
ou seja, prova a existência de uma relação jurídica: ele prova que certa pessoa
é credora de outra; ou que duas ou mais pessoas são credoras de outras. Sobre
os títulos de crédito e seus princípios, analise as assertivas que seguem:
I. Os títulos de crédito se distinguem dos demais em alguns aspectos, sendo
que um deles é a facilidade de cobrança do crédito em juízo, pois ele é con-
siderado um título executivo extrajudicial.
II. O princípio da cartularidade é a garantia de que o sujeito que postula a sa-
tisfação do direito é mesmo seu titular. Ele evita o enriquecimento indevido
de quem o negociou com terceiros.
III. O princípio da literalidade representa uma garantia efetiva de circularidade
do título de crédito.
IV. O princípio da autonomia das obrigações cambiais projeta consequências
favoráveis e contrárias tanto para credor como para devedor.
É correto o que se encontra em:
a) Apenas a I e II.
b) Apenas a II e III.
c) Apenas a I, II e IV.
d) Apenas a I, III e IV.
e) Apenas a II, III e IV.
39

4. A Lei nº 11.101/2005 prevê a possibilidade de o empresário renegociar seus


débitos mediante os institutos da recuperação judicial e da recuperação extra-
judicial. De acordo com as semelhanças e diferenças entre as formas de recu-
peração, assinale a alternativa correta.
a) Diferentemente do previsto para a recuperação judicial, a recuperação ex-
trajudicial limita-se ao procedimento negocial entre o devedor e os respecti-
vos credores, excluída a participação do Poder Judiciário, em qualquer uma
de suas fases.
b) Ambos os procedimentos envolvem a negociação de todos os créditos opo-
níveis ao devedor, sendo a recuperação extrajudicial reservada apenas às
microempresas e empresas de pequeno porte.
c) Ambos os procedimentos exigem que o devedor apresente plano de recu-
peração, o qual somente vinculará os envolvidos se devidamente aprovado
em assembleia geral de credores.
d) Diferentemente do previsto para a recuperação extrajudicial, o pedido de
recuperação judicial poderá acarretar a suspensão de ações e execuções
contra o devedor antes que o plano de recuperação do empresário seja
apresentado aos credores.
e) Na verdade, o direito falimentar regulamenta somente a falência que ocorre
em empresas públicas e regidas pelo próprio Estado.

5. Empresário é aquele que exerce profissionalmente atividade econômica orga-


nizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços. Esse empresário é
um ativador do sistema econômico. Ele funciona como um intermediário, pois
de um lado estão os que oferecem capital e/ou força de trabalho e, de outro, os
que demandam satisfazer suas necessidades. Com relação aos elementos que
compõem o conceito de empresário, analise as assertivas que seguem:
I. O exercício de uma atividade é um conjunto de atos não coordenados para
alcançar um fim esperado, sendo uma mera sequência de atos.
II. A organização da atividade é do empresário. Ele combina fatores de produ-
ção, que são: natureza, capital, trabalho e tecnologia.
III. A profissionalidade do exercício do empresário pressupõe habitualidade,
pessoalidade e especialidade. Toda atividade é de risco.
IV. A finalidade da produção ou circulação de bens ou de serviços é o lucro.
40

É correto o que se afirma em:


a) Somente a assertiva I está correta.
b) Somente as assertivas I e III estão corretas.
c) Somente as assertivas III e IV estão corretas.
d) Somente as assertivas II e III estão corretas.
e) Todas as assertivas estão corretas.
41

DIREITO FALIMENTAR BRASILEIRO


Celso Marcelo de Oliveira
INSTITUTO FALIMENTAR BRASILEIRO

No ano de 1603, surgiram as Ordenações Filipinas, que abrangiam a Espanha e Portu-


gal, submetido ao Reino de Castela, e que tiveram maior influência no Brasil, devido o
florescimento da Colônia e de suas atividades mercantis. Nessa fase, sendo o devedor
condenado por sentença que transitasse em julgado, era, automaticamente, executado
e penhorados os seus bens. Caso não achassem os bens, ele seria recolhido a cárcere
privado, até que pagasse, cabendo ao devedor optar por fazer a cessão de seus bens,
sendo assim, seria libertado. Amador Paes de Almeida, escreveu que eram impostas ao
devedor culposo penas que variavam do degredo até a pena de morte, mas para os
credores que não agiram com culpa, era dado tratamento diferente. Em suas palavras: "E
os que caírem em pobreza sem culpa sua, por receberem grandes perdas no mar, ou na
terra em seus tratos e comércios lícitos, não constando de algum dolo, ou malícia, não
incorrerão em pena alguma crime. E neste caso serão os autos remetidos ao Prior Cônsu-
les do Consulado, que os procurarão consertar e compor com seus credores, conforme
a seu regimento".
A lei de falências recebida de Portugal só passou a vigorar no Brasil após a Proclamação
da República, conforme imposto pela Lei de 30 de outubro de 1823, através de notó-
ria observância do Alvará expedido em 18 de agosto de 1769, o qual aplicava a lei das
nações civilizadas, como também do Código Napoleônico de 1807. No ano de 1850,
período designado imperial, foi promulgado o Código Comercial. Dedicou a sua terceira
parte às “quebras”, inaugurando assim, a primeira fase histórica desse instituto do di-
reito brasileiro e que se estenderia até o advento do regime republicano. José Cândido
Sampaio de Lacerda descreveu sobre essa época, destacando os principais aspectos: Em
1850, promulgado o Código Comercial, dedicou ele a sua terceira parte à falência, intitu-
lando-a “Das Quebras”, tendo o Decreto nº 738, de 1850, estabelecido o processo para as
falências (arts. 102 a 187). Com a publicação do Código Comercial de 1 850 inaugura-se a
primeira fase histórica do instituto do direito brasileiro, fase essa que se estenderia até o
advento do regime republicano. Nesse período, o que caracteriza a falência é a cessação
de pagamentos (art. 797). Alegava-se, contra o sistema do Código Comercial, ser lento,
complicado, dispendioso, prejudicando, há um tempo, credores e devedor; além disso,
dava maior importância à apuração da responsabilidade comercial da falência, pois só
com a ultimação do processo da quebra e qualificação da falência é que iniciava a liqui-
dação da massa. Por outro lado à aceitação da concordata dependendo da maioria de
credores em número e que representassem pelo menos dois terços dos créditos sujeitos
aos efeitos da concordata (art. 847, 3ª al.) constituía obstáculos à obtenção desse favor.
42

O período republicano teve seu início marcado pela proclamação da República. Com
esse advento, surgiu à preocupação moralizante com o governo que se instalara, a ree-
laboração da legislação sobre a falência. Sendo assim, o Governo Provisório optou por
revogar, inteiramente, as disposições sobre falências do Código Comercial pelo Decreto
nº 917 de 24 de outubro de 1890. Essa nova lei trouxe as esperanças de conter a fraude,
sendo considerada um marco para o andamento em matéria de falência, caracterizan-
do-se pelo estado de falência por atos ou fatos previstos na lei e na impontualidade do
pagamento da obrigação mercantil líquida e certa, tendo instituído como meios pre-
ventivos à moratória, a cessão de bens, o acordo extrajudicial e a concordata preventiva.
Mas, mesmo fazendo algumas mudanças importantes para o sistema, esse decreto não
foi isento de críticas, sendo reformado pela Lei nº 859 de 16.8.1902, regulamentada pelo
Decreto nº 4.855 de 2.6.1903. Promulgou-se, então, a Lei 2.024 de 17.12.1908. Essa nova
lei baseou-se no projeto do comercialista J. X. Carvalho de Mendonça, apresentando
suas características, conforme relata Nelson Abrão: Apresentou como características es-
senciais: a impontualidade como caracterizadora da falência; a enumeração das obriga-
ções cujo inadimplemento denota a falência; alinhou os chamados atos falimentares, a
exemplo do Direito Inglês; suprimiu a concordata amigável, admitida só a judicial; con-
ceituou os crimes falimentares e estabeleceu que o procedimento penal correria em au-
tos apartados e, a partir do recebimento da denúncia (àquela época pronúncia) perante
o juiz criminal; determinou a escolha de um até três síndicos, conforme o valor da massa,
entre os maiores credores.
Em 21 de outubro de 1943, novo anteprojeto é apresentado, agora elaborado por uma
comissão composta pelo Ministro da Justiça Alexandre Marcondes Filho, e este se trans-
formou na lei vigente, isto é, no Decreto-Lei nº 7.661 de 21.6.1945. Esse novo decreto teve
como novidade a extinção da figura do liquidatário e, também, o fato de que, a concessão
da concordata preventiva não ficava mais à mercê dos credores. Instaurou-se, também, a
marcha paralela do processo falimentar com o processo criminal. Nas hipóteses de crime
falimentar, trazia, no entanto, um tratamento severo ou tolerante ao falido, na esfera civil.
O Decreto-Lei nº 7661 sofreu, posteriormente, muitas alterações, principalmente no que
concerne às concordatas e à classificação dos créditos e recursos cabíveis.
Com o tempo, verificou-se que a moratória e a concordata preventiva da falência, na for-
ma de acordo entre devedor e seus credores, não atendiam às necessidades do devedor,
cumprindo, então, mudar, de novo, o sistema, para tornar, independente da vontade
dos credores, obrigatória a dilação dos prazos de pagamento das dívidas do devedor e
até mesmo a remissão parcial, o que veio a ocorrer com a concordata preventiva da fa-
lência imposta pelo juiz, pelo simples fato de o devedor preencher determinados requi-
sitos expressamente previstos em lei. Neste momento, passa, então, a ser a concordata
preventiva da falência deferida em benefício do devedor, com efeitos reflexos sobre os
direitos do credor.
Fonte: Oliveira (2005, on-line)7.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Para saber mais sobre o direito falimentar, leia o texto “Noções à respeito da Falência”, de André
Abatayguara Trindade, disponível em: <http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=10580 >.

Curso de Direito Comercial, v. 2


Autor: Fábio Ulhoa Coelho
Editora: Saraiva

Sinopse: a economia globalizada e a inserção do Brasil nesse cenário


reclamam novas lições sobre o direito empresarial. Como as mudanças
são tantas, apenas o sólido conhecimento das bases teóricas da disciplina,
reexaminadas à luz dos problemas atuais, capacita o estudante e o profissional
da área a enfrentá-las. Os volumes deste Curso trazem destacadas, ao longo do texto, sínteses da
matéria em desenvolvimento, com conceitos, anotações relevantes, súmulas de jurisprudência ou
dispositivos de lei. Trata-se dos subtextos, que podem servir tanto de introdução como de reforço
e recapitulação dos assuntos abordados.

Material Complementar
REFERÊNCIAS

ALMEIDA, A. P. de. Curso de falência e concordata. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
ASQUINI, A. Perfis da empresa. Profili dell’impresa. Rivista del Diritto Commerciale,
1943, v. 41, I. Tradução de Fábio Konder Comparato. Revista de Direito Mercantil,
Industrial, Econômico e Financeiro, São Paulo, RT, n. 104, p. 109 e ss., out./dez.
1996.
BARRETO FILHO, O. Teoria do estabelecimento comercial. São Paulo: Max Limo-
nad, 1969.
BRASIL. Código Civil. Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/
l10406.htm>. Acesso em: 22 out. 2018.
______. Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005. Regula a recuperação judicial,
a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. Disponível
em: <hhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm>.
Acesso em: 10 mar. 2017.
______. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão
da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm>.
Acesso em: 10 mar. 2017.
CAMPINHO, S. O direito de empresa à luz do novo Código Civil. 10. ed. São Paulo:
Renovar, 2009.
COELHO, F. U. Curso de direito comercial: direito de empresa. 12. ed. São Paulo:
Saraiva, 2013.
LOPES, M. H. Legislação Empresarial. Unicesumar: Maringá, 2018.
MARTINS, S. P. Instituições de direito público e privado. São Paulo: Atlas, 2013.
REQUIÃO, R. Curso de direito comercial. v. 1. São Paulo: Saraiva, 2008.
TEIXEIRA, T. Direito empresarial sistematizado. São Paulo: Saraiva, 2011.
VERÇOSA, H. M. D. Curso de Direito Comercial. v. 1. São Paulo: Malheiros, 2004.
VIVANTE, C. Elementi di diritto commerciale. Milano: Ulrico Hoepli. 1936.
45
REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <http://www.migalhas.com.br/FamiliaeSucessoes/104,MI224217,21048-Alte-
racoes+do+Codigo+Civil+pela+lei+131462015+Estatuto+da+Pessoa+com>. Aces-
so em: 03 out. 2018.
2
Em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/entenda-o-que-e-u-
ma-eireli,4fe2be300704e410VgnVCM1000003b74010aRCRD>. Acesso em: 02 out.
2018.
3
Em: <https://portaldoempreendedor.me/?gclid=Cj0KCQjwv-DaBRCcARIsAI9sba-
9Cok175TR5uZ0B2q_htqlOZmPmkYNemM4I2vEq9dzBNUG_gBPOj3caAgU7EALw_
wcB >. Acesso em: 03 out. 2018.
4
Em: <http://srtasieiro.blogspot.com/2013/09/letra-de-cambio.html>. Acesso em:
03 out. 2018.
5
Em: <https://cobrarsimples.jusbrasil.com.br/artigos/305950452/requisitos-essen-
ciais-da-nota-promissoria>. Acesso em: 03 out. 2018.
6
Em: <https://direitosbrasil.com/como-preencher-um-cheque-corretamente/>.
Acesso em: 03 out. 2018.
7
Em:<http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI7991,91041-Direito+Falimentar+
Brasileiro>. Acesso em: 03 out. 2018.
GABARITO

1. A.
2. A.
3. A.
4. D.
5. D.
Professora Me. Mariane Helena Lopes

II
UNIDADE
DIREITO TRIBUTÁRIO

Objetivos de Aprendizagem
■ Compreender o Direito Tributário.
■ Demonstrar a diferença entre tributo e suas modalidades.
■ Analisar de que forma funciona o Direito Tributário.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Conceito e denominação
■ Tributo
■ Limitações constitucionais ao poder de tributar
■ Exclusão do crédito tributário
49
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

CONCEITO E DENOMINAÇÃO

O Direito Tributário, nas palavras de Sérgio Pinto Martins (2012, p. 11), pode ser
definido como “o conjunto de princípios, de regras e de instituições que regem
o poder fiscal do Estado e suas relações”.
Para tal ramo do Direito, podemos citar inúmeras denominações, tais como:
Direito Financeiro, Direito Fiscal, Direito Tributário e Direito do Imposto
(MARTINS, 2013). Em verdade, a melhor denominação é Direito Tributário,
pois ele diz respeito ao gênero tributo.

PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS

Com relação ao Direito Tributário, os princípios aos quais devemos dar impor-
tância e estudar são: da legalidade, da anterioridade da lei, da igualdade tributária,
da vedação do confisco e, por fim, mas não menos importante, da uniformidade
(LOPES, 2018).

Conceito e Denominação
50 UNIDADE II

O princípio da legalidade nos mostra que só existirá tributo se houver uma


prévia determinação legal. Pelo art. 150, I da Constituição Federal, é vedado ao ente
público exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. Obrigatoriamente,
a lei tem de definir o fato gerador, a base de cálculo e o contribuinte do tributo
(art. 97 do CTN).
O princípio da anterioridade da lei dispõe que nenhum tributo pode ser
exigido no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que o
instituiu ou aumentou, de acordo com o art. 150, III, b, da Constituição. A exce-
ção ocorre em relação aos seguintes impostos: IPI, IOF, imposto de importação

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e imposto de exportação.

O princípio da anterioridade é uma segurança para o contribuinte, pois com


ele existe a possibilidade de se programar, preparando-se para o próximo
ano fiscal. Por essa razão, qualquer alteração ou novos tributos que são cria-
dos pelo Poder Legislativo e Executivo devem obedecer a esse princípio.
Contudo, sabemos que o Direito possui uma série de exceções. Para tanto,
faz-se necessário conhecer que o princípio em questão também possui ex-
ceções, considerando situações extraordinárias em que não deve ser aplica-
da a anterioridade.
Fonte: a autora.

Por sua vez, o princípio da igualdade tributária dispõe que todos são iguais
perante a lei para efeito de tributação, não podendo haver exceção entre pes-
soas que estejam na mesma situação. É uma aplicação específica prevista no art.
5º da Constituição Federal. Com relação a tal princípio, reza o art. 150, II da
Constituição que é vedado ao sujeito ativo instituir tratamento desigual entre
contribuintes que estejam em situação equivalente, proibida qualquer distinção
em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, sendo indepen-
dente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos.

DIREITO TRIBUTÁRIO
51

O quarto princípio, que é o da vedação do confisco, indica que os tributos não


podem ser utilizados com efeitos de confisco. Ou seja, a tributação não pode exigir
exação em percentual superior a 50% do patrimônio da pessoa (MARTINS, 2012).
Por fim, o princípio da uniformidade dispõe que é vedado à União instituir
tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique dis-
tinção ou preferência em relação ao Estado, Distrito Federal ou aos Municípios,
em detrimento de outro, sendo admitida a concessão de incentivos fiscais des-
tinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as
diferentes regiões do país (art. 151, I, da Constituição). Assim, percebe-se que
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

em todo território nacional deve ser aplicado o mesmo tributo, não podendo
fazer nenhuma distinção entre as regiões, bem como entre os sujeitos.

TRIBUTO

Pelo art. 3º do Código Tributário


Nacional (CTN), o tributo é toda pres-
tação pecuniária, compulsória, que não
constitua sanção de ato ilícito, institu-
ída em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada.
Ele só pode ser exigido em moeda ou
valor que nela possa se exprimir. É
compulsória, pois não depende da von-
tade do contribuinte. Para que um tributo seja cobrado, deve ter previsão em lei,
de acordo com o princípio da legalidade tributária. Ele não constitui uma sanção
de ato ilícito. Não pode ser considerado uma punição pelo descumprimento da
lei. Os tributos podem ser classificados em fiscais e extrafiscais. No fiscal, o Estado
arrecada valores para o bem geral da coletividade, enquanto no extrafiscal tem
por objetivo restringir certas condutas das pessoas, como de atividades nocivas.

Tributo
52 UNIDADE II

Pelo art. 4º do CTN, a natureza do tributo é determinada pelo fato gerador


da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: a) a denominação
e demais características formais adotadas pela lei; b) a destinação legal do pro-
duto de sua arrecadação. As espécies de tributo são: imposto, taxa, contribuição
de melhoria, contribuições sociais e empréstimo compulsório. Iremos estudar
cada uma delas a seguir.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Aqui devemos lembrar que analisaremos o que compreende cada uma das
espécies tributárias. Contudo, não teremos como discutir os tributos de
cada um dos Estados, muito menos dos Municípios. Por essa razão, deve
ser observado que cada um dos entes federados pode possuir uma alíquota
diferente, bem como um tributo diferente.
Fonte: a autora.

IMPOSTO

De acordo com o art. 16 do CTN, o imposto é o tributo que tem por fato gera-
dor uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa
ao contribuinte. Ele é genérico, pois atende aos interesses gerais da coletividade.
O imposto não tem uma prestação vinculada à sua cobrança, sendo assim um
tributo geral.
Na medida do possível, os impostos têm caráter pessoal e serão computa-
dos de acordo com a capacidade econômica do contribuinte (LOPES, 2018).

TAXA

Pelo art. 77 do CTN, a taxa tem por fato gerador o exercício regular do poder
de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e
divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. A taxa pode ser

DIREITO TRIBUTÁRIO
53

classificada em duas formas: de polícia ou de serviços. A primeira é aquela que


decorre do poder de polícia da Administração Pública. Esse poder é considerado
como uma atividade da administração que limita ou disciplina direito, interesse ou
liberdade, regulando a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse
público relacionado à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina
da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes
de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao
respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos, conforme o art.
78 do CTN. Como exemplo, temos as taxas de vistoria, de licença e de funcio-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

namento entre outros.


A taxa de serviço, porém, é dependente de serviço prestado ou posto à dis-
posição daqueles que contribuem. Um exemplo seria a taxa de limpeza pública.

CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA

A contribuição de melhoria é um tributo que visa custear uma obra pública,


decorrente de valorização imobiliária (BRASIL, 1967).
A contribuição tem como limite total a despesa realizada e o limite indi-
vidual tem um acréscimo do valor que da obra resultará cada imóvel que for
valorizado. Se não houver uma valorização imobiliária essa forma de contribui-
ção não pode ser cobrada.
O Decreto-lei nº 195, de 24 de fevereiro de 1967, em seu art. 2°, dispõe
sobre a cobrança da contribuição de melhoria e as obras que implicam valori-
zação imobiliária são:
a) abertura, alargamento, pavimentação, iluminação, arborização, es-
gotos pluviais e outros melhoramentos de praças e vias públicas;

b) construção e ampliação de parques, campos de desportos, pontes,


túneis e viadutos;

c) construção ou ampliação de sistemas de trânsito rápido, inclusive


todas as obras e edificações necessárias ao funcionamento do sistema;

Tributo
54 UNIDADE II

d) serviços de obras de abastecimento de água potável, esgotos, insta-


lações de redes elétricas, telefônicas, transportes e comunicações em
geral ou de suprimento de gás, funiculares, ascensores e instalações de
comodidade pública;

e) proteção contra secas, inundações, erosão, ressacas, e de saneamento


e drenagem em geral, diques, cais, desobstrução de barras, portos e ca-
nais, retificação de ferro e construção, pavimentação e melhoramento
de estradas de rodagem;

f) construção de aeródromos e aeroportos e seus acessos;

g) aterros e realizações de embelezamento em geral, inclusive desapro-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
priações em desenvolvimento de plano de aspecto paisagístico (BRA-
SIL, 1967, on-line).

Assim, percebe-se que a contribuição de melhoria sempre irá agregar mais valor ao
patrimônio pela realização de alguma atividade por parte da Administração Pública.

CONTRIBUIÇÃO SOCIAL

A contribuição social, por sua vez, é um tributo destinado a custear atividades


estatais específicas, que não são inerentes ao Estado. De acordo com o art. 217
do CTN, ela pode acontecer das seguintes formas:
I - da "contribuição sindical", denominação que passa a ter o imposto
sindical de que tratam os arts 578 e seguintes, da Consolidação das Leis
do Trabalho (...)

II - das denominadas "quotas de previdência" a que aludem os arts 71 e


74 da Lei 3.807, de 26 de agosto de 1960 com as alterações determina-
das pelo art. 34 da Lei 4.863, de 29 de novembro de 1965, que integram
a contribuição da União para a previdência social (...)

III - da contribuição destinada a constituir o "Fundo de Assistência" e


"Previdência do Trabalhador Rural" (...)

IV - da contribuição destinada ao Fundo de Garantia do Tempo de


Serviço (...)
V - das contribuições enumeradas no § 2º do art. 34 da Lei 4.863, de 29
de novembro de 1965, com as alterações decorrentes do disposto nos arts
22 e 23 da Lei 5.107, de 13 de setembro de 1966 (BRASIL, 2012, art. 217).

DIREITO TRIBUTÁRIO
55

Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, sendo


cobrada de seus servidores para benefícios, para o custeio do regime previdenci-
ário tratado pelo art. 40 da Constituição Federal, cuja alíquota não será inferior
à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União, que é de
11% sobre o total da remuneração.
De acordo com o art. 149-A da Constituição Federal, os municípios e o
Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis,
para o custeio do serviço de iluminação pública. Ela somente poderá ser cobrada
após a edição da lei municipal ou distrital sobre o tema.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Não há como fazer uma cobrança da contribuição em relação a fatos gera-


dores que ocorreram antes do início da vigência da lei ordinária que os houver
instituído. Ainda, o tributo não poderá ser cobrado no mesmo exercício finan-
ceiro em que foi publicada a legislação que a criou.
Por fim, no caso da cobrança da contribuição na fatura de consumo de ener-
gia elétrica ela é facultativa.

EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO

Quando falamos em empréstimo compulsório, este será criado pelo Estado em


casos extremos, em que há necessidade de a despesa ser fundamentada. Isso
acontece quando o Estado não tem possibilidade de arcar com as custas das
suas dívidas sozinho, necessitando assim de um auxílio da própria população.
É uma tomada compulsória (onde não manifesto minha vontade) de determi-
nada quantia de dinheiro. As hipóteses de criação de empréstimo compulsório
estão previstas no art. 15 do CTN, que são:
I. guerra externa ou sua iminência;

para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pú-


blica, de guerra externa ou sua iminência;

b) no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante


interesse nacional, não podendo ser cobrado no mesmo exercício fi-
nanceiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou
(BRASIL, 2012, art. 15).

Tributo
56 UNIDADE II

O empréstimo compulsório só pode ser estabelecido por lei complementar e


não por lei ordinária.

Enquanto sociedade, como poderíamos nos organizar a fim de conseguir


uma melhoria com relação à carga tributária do nosso país?

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE
TRIBUTAR

As limitações constitucionais relacionadas ao poder de tributar são garantias


do contribuinte contra o poder fiscal do Estado. De acordo com a Constituição
Federal (1988), em seu art. 146, cabe à lei complementar:
I. dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II. regular as
limitações constitucionais ao poder de tributar;

III. estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, espe-


cialmente sobre:

a) definição de tributos e suas espécies, bem como em relação aos im-


postos discriminados nesta Constituição, dos respectivos fatos gerado-
res, bases de cálculo e contribuintes;

b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;

c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas


sociedades cooperativas;

d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microem-


presas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais
ou simplificados de ICMS, da contribuição da empresa destinada ao
custeio da seguridade social e do PIS (BRASIL, 1988, art. 146)

DIREITO TRIBUTÁRIO
57

Ainda, conforme o previsto no art. 150 da Carta Magna (1988), é proibido à


União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
[...]

I. exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;

II. instituir tratamento desigual entre contribuintes que estejam em si-


tuação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação
ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurí-
dica dos rendimentos, títulos ou direitos;

III. cobrar tributos:


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da


lei que os houver instituído ou aumentado;

b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que


os instituiu ou aumentou (princípio da anterioridade da lei tributária);

c) antes de decorridos 90 dias da data em que haja sido publicada a lei


que os instituiu ou aumentou, observado o disposto no item 2;

d) utilizar tributo com efeito de confisco;

d) estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de


tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de
pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público (BRA-
SIL, 1988, art. 150).

Ainda no artigo 150, inciso V, a União, os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios não podem instituir impostos sobre: I. patrimônio, renda ou ser-
viços, uns dos outros; II. templos de qualquer culto; III. patrimônio, renda ou
serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindi-
cais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem
fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; IV. livros, jornais, periódicos e o
papel destinado à sua impressão.
Caso seja necessário algum tipo de subsídio ou isenção, redução de base de
cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativo a impos-
tos, taxas ou contribuições, estes só poderão ser concedidos mediante uma lei
específica, seja ela federal, estadual ou municipal, que regule de forma exclusiva
as matérias citadas anteriormente ou que corresponda ao tributo ou contribui-
ção (MARTINS, 2013).

Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar


58 UNIDADE II

De acordo com o art. 151 do CTN (2012), é vedado à União:


a) Instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacio-
nal ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao
Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a
concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do
desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do país.

b) Tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do


Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os pro-
ventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que
fixar para suas obrigações e para seus agentes.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
c) Instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito
Federal ou dos Municípios. As isenções de tributos estaduais, distritais
ou municipais só poderão ser feitas por meio de lei editada pelos pró-
prios Estados, Distrito Federal ou Municípios (BRASIL, 2012, art. 151).

FATO GERADOR

O fato gerador pode ser definido como “o conjunto dos pressupostos abstratos
descritos na norma de direito material, de cuja concreta realização decorrem os
efeitos jurídicos previstos” (NOGUEIRA, 1987, p. 154). De acordo com o art.
114 da Constituição Federal, o fato gerador da obrigação principal é a situação
definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. No que diz respeito
ao fato gerador da obrigação acessória, pode-se dizer que ocorre em qualquer
situação que impõe a prática ou a abstenção de ato que não é configurado como
uma obrigação principal.

SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO

O sujeito ativo é a pessoa jurídica de Direito Público titular da competência para


exigir seu cumprimento, de acordo com o art. 119 do CTN. Nesse caso, encon-
tram-se a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

DIREITO TRIBUTÁRIO
59

Por outro lado, o sujeito passivo é a pessoa obrigada ao pagamento de tri-


buto ou penalidade pecuniária (art. 121 do CTN). Ele pode ser dividido em:
contribuinte e responsável.
Quando se fala em contribuinte, pode ser tanto uma pessoa física quanto
jurídica, tendo uma relação pessoal e direta com a situação que constituiu o res-
pectivo fato gerador. Dessa forma, todos nós estamos ligados diretamente com o
objeto do tributo. Agora quando falamos no responsável da obrigação, é a pessoa
cuja obrigação é exigida por parte do Estado, sem revestir a condição de contri-
buinte, decorrendo assim de disposição legal.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

Ela pode ser principal ou acessória. A obrigação principal, de acordo com o art.
113, §1º do CTN, surge com a ocorrência do fato gerador, tendo por objeto o
pagamento de tributo ou penalidade pecuniária, extinguindo-se juntamente com
o crédito dela decorrente.
A obrigação acessória, porém, é decorrente da legislação tributária, tendo por
objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arre-
cadação ou da fiscalização dos tributos. Pelo simples fato da inobservância da
obrigação acessória, pode-se convertê-la em obrigação principal relativamente
à penalidade pecuniária (MARTINS, 2013).

CRÉDITO TRIBUTÁRIO

O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza


desta (art. 139 do CTN). Ele é constituído pelo lançamento fiscal. O crédito
regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibi-
lidade suspensa ou excluída, nos casos que estão previstos no Código Tributário
Nacional, não podendo ser dispensadas fora das possibilidades previstas, sob
pena de responsabilidade funcional de acordo com a lei, sua efetivação ou as
respectivas garantias (art. 141 do CTN).

Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar


60 UNIDADE II

Percebe-se que existem situações previstas pelo CTN em que o crédito tri-
butário poderá ter sua exigibilidade suspensa. Tais situações estão previstas no
art. 151 do CTN (2012), que são:
[...] I. pela moratória; II. pelo depósito de seu montante integral; III.
pelas reclamações e recursos, nos termos das leis reguladoras do pro-
cesso tributário administrativo; IV. pela concessão de medida liminar
em mandado de segurança (BRASIL, 2012, art. 151).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
LANÇAMENTO

O lançamento é o procedimento administrativo pelo qual o agente fiscal verifica


a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinando a maté-
ria tributável, calculando o montante do tributo devido, identificando o sujeito
passivo e, se for o caso, propondo a aplicação da penalidade cabível. Com o lan-
çamento, haverá a constituição do chamado crédito tributário (MARTINS, 2013).
O lançamento só pode ser alterado em virtude de: “[...] I. impugnação do
sujeito passivo; II. recurso de ofício; III. iniciativa de ofício da autoridade admi-
nistrativa”, conforme previsto no art. 145 do CTN.
Ele pode ser feito de três formas diferentes: por declaração, por ofício e por
homologação. O crédito tributário pode ser extinto pelos seguintes motivos:
a) o pagamento; b) a compensação; c) a transação; d) a remissão; e) a
prescrição e a decadência; f) a conversão do depósito em renda; g) o
pagamento antecipado e a homologação do lançamento; h) a consigna-
ção em pagamento; i) a decisão administrativa irreformável; j) a decisão
judicial passada em julgado; k) a dação em pagamento em bens imóveis,
na forma e condições estabelecidas em lei (BRASIL, 2012, art. 156).

DIREITO TRIBUTÁRIO
61

EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

As hipóteses de exclusão do crédito tributário são: isenção e anistia. A isenção é


a dispensa pela lei de tributo devido, ou seja, ocorre o fato gerador, porém a lei
dispensa o pagamento do tributo.
De acordo com o art. 176 do CTN, tal possibilidade é sempre decorrente de
lei que especifique as condições e requisitos exigidos para sua concessão, os tri-
butos que podem ser aplicados, bem como, se for o caso, o prazo de duração.
Por outro lado, a anistia é a exclusão do crédito tributário, no que diz respeito
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

a penalidades pecuniárias tais como a multa. Ela atinge somente as infrações


cometidas antes da vigência da lei que a concede. A anistia pode ser de cará-
ter geral, abrangendo penalidades, sem qualquer condição (MARTINS, 2013).
Quando se fala em anistia, ela se diferencia da remissão, pois ela é o perdão
da dívida, pelo fato do crédito tributário já estar constituído. A remissão, porém,
é aquela que abrange tanto o tributo como a penalidade, enquanto a anistia diz
respeito somente às penalidades.

DÍVIDA ATIVA

A dívida ativa é proveniente de crédito de natureza tributária, regularmente ins-


crita na repartição administrativa competente, após esgotado o prazo fixado para
pagamento, pela lei ou por decisão final proferida em processo regular (art. 201
do CTN). Pelo art. 202 do CTN, para que exista a dívida ativa deve ser feito um
termo dela, que deve conter, obrigatoriamente:
[...]

I. nome do devedor e, se for o caso, o dos corresponsáveis, bem como,


sempre que possível, o domicílio ou a residência de um e de outros;
II. a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos;
III. a origem e a natureza do crédito, mencionada especificamente a
disposição da lei em que seja fundado; IV. a data em que foi inscrita; e)
se for o caso, o número do processo administrativo de que se originar o
crédito (BRASIL, 2012, art. 202).

Exclusão do Crédito Tributário


62 UNIDADE II

Além desses requisitos, a certidão deverá conter a indicação do livro e da folha


de inscrição (MARTINS, 2013). Caso um dos requisitos acima mencionados
seja omitido ou tenha um erro relativo a um deles, será considerado como
causa de nulidade da inscrição e do processo de cobrança recorrente de tal
dívida. Contudo, a nulidade pode ser sanada até a decisão de primeira instân-
cia, mediante substituição da certidão nula, sendo devolvido ao sujeito passivo,
acusado ou interessado, o prazo para defesa, que versará somente sobre a parte
que foi modificada (MARTINS, 2013).
Uma vez inscrita a dívida, ela goza de presunção de certeza e liquidez, tendo

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
o efeito de prova pré-constituída.

QUADRO RESUMO

Direito Tributário: irá regulamentar o poder de tributar da União, Estado,


Município e Distrito Federal.
Tributos: Imposto; Taxa; Contribuição de melhoria; Contribuição social; Em-
préstimo compulsório.
Dívida ativa: acontece quando o contribuinte se torna devedor de algum
tributo para algum órgão competente. Nesse momento, o contribuinte deve
ficar atento pois ele se torna um devedor fiscal.
Execução fiscal: a ação judicial de execução fiscal é aquela em que o órgão
competente pretende assim receber o valor que é devido pelo contribuin-
te. Dependendo do caso, poderá o juiz determinar a penhora de bens do
devedor para pagamento, podendo inclusive afetar o considerado “bem de
família”.
Fonte: a autora.

DIREITO TRIBUTÁRIO
63

1. O Direito Tributário pode ser definido como “o conjunto de princípios, de


regras e de instituições que regem o poder fiscal do Estado e suas relações”
(MARTINS, 2012, p. 11). Pode-se citar inúmeras denominações para o ramo do
Direito, como Financeiro, Fiscal, Tributário e de Imposto. Em se tratando dos
princípios, assinale a alternativa correta:
a) O princípio da legalidade dispõe que nenhum tributo pode ser exigido no
mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que o instituiu
ou aumentou.
b) O princípio da anterioridade da lei mostra que só existirá tributo se houver
uma prévia determinação legal.
c) O princípio da uniformidade indica que os tributos não podem ser utilizados
com efeitos de confisco.
d) O princípio da igualdade tributária dispõe que todos são iguais perante a
lei para efeito de tributação, não podendo haver exceção entre pessoas que
estejam na mesma situação.
e) Em verdade, no direito tributário o único princípio que existe é do confisco,
onde é terminantemente proibido o enriquecimento por parte do credor.

2. No Direito Tributário existem dois sujeitos envolvidos: ativo e passivo. O pri-


meiro é a pessoa jurídica de Direito Público, titular da competência para exigir
seu cumprimento; enquanto o segundo é a pessoa obrigada ao pagamento de
tributo ou penalidade pecuniária. Com relação aos sujeitos, obrigação tributá-
ria e o fato gerador, analise as assertivas abaixo:
I. São representantes do sujeito passivo: União, Estados, Distrito Federal e Mu-
nicípios.
II. São representantes do sujeito ativo: contribuinte e responsável.
III. A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tendo por
objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.
IV. O fator gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da
legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configu-
ra uma obrigação principal.
64

Assinale a alternativa correta.


a) As afirmações I e II estão corretas.
b) As afirmações I e III estão corretas.
c) As afirmações II e IV estão corretas.
d) As afirmações III e IV estão corretas.
e) Todas as afirmações estão corretas.

3. Conforme estudamos, a Constituição Federal merece total atenção ao estu-


darmos o direito. Nesse sentido, considerando o que estudamos sobre ela, na
hipótese de o Brasil decretar estado de guerra, a Constituição Federal oferece
algumas formas de incrementar a receita federal, entre as quais se inclui a cria-
ção de:
a) Taxas para enriquecer o país a fim de que a população não sofra tanto os
danos da guerra.
b) Empréstimos compulsórios para aumentar o caixa da União.
c) Impostos de guerra, cobrando sobre qualquer tipo de produto e serviço a
fim de fazer que a população ajude o país.
d) Contribuições especiais para que a população não se sinta prejudicada por
uma guerra causada por desentendimentos políticos.
e) Taxas de guerra para a compra de equipamento bélico.

4. No estudo de um ramo jurídico há a necessidade de se compreender seus prin-


cipais princípios. Assim, em relação ao Direito Tributário e ao conteúdo estuda-
do, podem ser considerados princípios desse ramo jurídico:
I. Princípio da legalidade.
II. Princípio da anterioridade.
III. Princípio da igualdade tributária.
IV. Princípio da uniformidade.
65

É correto o que se afirma em:


a) Apenas I e II.
b) Apenas I e IV.
c) Apenas I, III e IV.
d) Apenas II e III.
e) Apenas I, II, III e IV.

5. Leia as afirmações a seguir:


I. O tributo é uma obrigação compulsória imposta pelo Estado.
Porque
II. Para cobrança do tributo não há necessidade de lei que determine seu pa-
gamento.

Sobre isso, podemos afirmar que:


a) As duas afirmações são falsas.
b) A primeira afirmação é verdadeira e a segunda é falsa.
c) As duas afirmações são verdadeiras.
d) A primeira afirmação é falsa e a segunda é verdadeira.
e) A primeira afirmação é verdadeira e a segunda é falsa, sendo inclusive uma
justificativa da primeira.
66

O PROTESTO DA DÍVIDA ATIVA COMO ALTERNATIVA À EXECUÇÃO


FISCAL: DETERMINAÇÕES DA PORTARIA PGFN Nº 321/2006
Arthur Salibe
Tathiane dos Santos Piscitelli

II. - A COBRANÇA DA DÍVIDA TRIBUTÁRIA E O PROTESTO EXTRAJUDICIAL

Segundo dispõe o artigo 201 do Código Tributário Nacional (CTN), “constitui dívida ativa
tributária a proveniente de crédito dessa natureza, regularmente inscrita na repartição
administrativa competente, depois de esgotado o prazo fixado, para pagamento, pela
lei ou por decisão proferida em processo regular”. Ou seja: a inscrição na Dívida Ativa é
procedimento administrativo cuja condição é a inadimplência do sujeito passivo. Trans-
corrido o prazo para o pagamento da dívida tributária, deverá a autoridade administra-
tiva proceder à inscrição do débito na Dívida Ativa. Não se trata, aqui, de mera faculdade
do agente, mas poder-dever, apenas excetuado por expressa disposição legal.
Uma vez inscrito o débito na Dívida Ativa, este passa a gozar de presunção de liquidez
e certeza, além de ter o efeito de prova pré-constituída (artigo 204 do CTN). Será com
base nesse procedimento de inscrição que será emitida a Certidão da Dívida Ativa, título
executivo extrajudicial que figurará como suporte do processo de Execução Fiscal.
A Execução Fiscal está disciplinada na Lei nº 6.830/1980 e representa a única forma de
cobrança judicial do crédito tributário, fato que foi objeto de críticas doutrinárias, tendo
em vista a previsão geral do processo de execução forçada comum no CPC. A despeito
dessas ressalvas, não se pode negar que a Lei nº 6.830/1980 introduziu procedimento
especial para a execução de débitos em que a Fazenda Pública figure como credora.
Portanto, a utilização desse procedimento, precedida da inscrição na Dívida Ativa e pos-
terior emissão da certidão respectiva, nos termos da legislação atual, é único meio exis-
tente para a exigência do crédito tributário.
De outro lado, o protesto extrajudicial é instituto disciplinado na Lei nº 9.492/1997 que,
nos termos do já mencionado artigo 1º, “é ato formal solene pelo qual se prova a inadim-
plência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos
de dívida”. Objetiva, assim, caracterizar a insolvência do devedor, conferindo ao débito
presunção de liquidez e certeza: “é o ato solene e público que se destina a comprovar a
recusa do devedor quanto ao aceite ou pagamento de letra de câmbio”.
67

Portanto, o protesto constitui o devedor em mora e, além disso, confere publicidade


a este estado moratório. Como efeito prático, o devedor que possua título protestado
encontrará dificuldades em realizar atos negociais, como, por exemplo, obter crédito
em instituições financeiras, avalistas ou endossantes para operações no âmbito de suas
atividades.
Diante dessa breve diferenciação, cumpre indagar: o instituto protesto poderia ser utili-
zado em face de créditos tributários devidamente inscritos em Dívida Ativa? [...]

Fonte: Piscitelli (2006, on-line)1.


MATERIAL COMPLEMENTAR

Direito Tributário Brasileiro


Autor: Aliomar Baleeiro
Editora: Forense
Ano: 2012

Sinopse: este livro tem a honra de apresentar ao mundo jurídico a


nova edição deste verdadeiro clássico da literatura nacional que é o
Direito Tributário Brasileiro do renomado mestre Aliomar Baleeiro.
Revelando toda a capacidade e inteligência do autor, a obra propaga-se nas gerações
de estudiosos da doutrina jurídica. A atualizadora, Dra. Misabel Abreu Machado Derzi,
professora titular de Direito Tributário e Financeiro da Universidade Federal de Minas
Gerais e das Faculdades Milton Campos, preservou os textos do autor. Dessa forma,
tem-se agora dois textos, nitidamente diferenciados, mas complementares. Ganha o
leitor, que tem os clássicos comentários ao Código Tributário Nacional, em versão fiel
à genialidade de seu Autor, acrescidos de notas, tópicos de adaptação à Constituição
de 1988, à legislação infraconstitucional em vigência e ao pensamento doutrinário
e jurisprudencial dominante. O trabalho certamente contribuirá para a formação
dos estudantes e auxiliará, como instrumento de grande préstimo, os professores e
profissionais do Direito.
69
REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário


Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e
Municípios. Código Tributário. Diário Oficial da União, Brasília, 27 out. 1966.
______. Decreto-Lei nº 195, de 24 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a cobran-
ça da Contribuição de Melhoria. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/decreto-lei/del0195.htm>. Acesso em: 04 out. 2018.
______. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília-DF. Senado Fe-
deral: Centro Gráfico, 1988.
______. Código tributário nacional. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edi-
ções Técnicas, 2012.
LOPES, M. H. Legislação empresarial. Unicesumar: Maringá, 2018.
MARTINS, S. P. Manual de direito tributário. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
______. Instituições de Direito Público e Privado. São Paulo: Atlas, 2013.
NOGUEIRA, R. B. Curso de direito tributário. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 1987.

REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: <http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI24233,31047-O+protesto+da+-
divida+ativa+como+alternativa+a+execucao+fiscal>. Acesso em: 04 out. 2018.
GABARITO

1. D.
2. D.
3. B.
4. E.
5. B.
Professora Me. Mariane Helena Lopes

III
UNIDADE
DIREITO DO TRABALHO

Objetivos de Aprendizagem
■ Compreender a evolução e a hierarquia das normas no Direito do
Trabalho.
■ Compreender por que o Direito do Trabalho recebe essa
denominação.
■ Analisar os princípios mais importantes para o Direito do Trabalho.
■ Conhecer as fontes do Direito do Trabalho e sua importância.
■ Diferenciar empregado de empregador.
■ Analisar as espécies de empregado.
■ Compreender os poderes de direção do empregador.
■ Compreender o que é a remuneração.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ A evolução no Brasil
■ Autonomia do Direito do Trabalho
■ Direito Individual do Trabalho
■ Empregado
■ Empregador
■ Remuneração
■ Formas de rescisão de contrato de trabalho e direitos do empregado
73
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A EVOLUÇÃO NO BRASIL

Ao examinarmos o Direito do Trabalho, há necessidade de conhecer a sua ori-


gem e o seu desenvolvimento no decorrer do tempo, como também os novos
conceitos e instituições que foram surgindo com o passar dos anos. As primei-
ras Constituições brasileiras versavam apenas sobre o funcionamento do Estado,
não se preocupando com os demais ramos do Direito. A chamada Constituição
do Império, constituída em 1824, tratou de abolir as corporações de ofício, para
que assim houvesse liberdade do exercício de ofícios e profissões (LOPES, 2018).
Na Constituição de 1891, após a abolição da escravatura, começou a se falar
em liberdade de associação, permitindo que as pessoas se reunissem, licitamente,
sem armas, não podendo existir a intervenção do Estado, salvo quando fosse
necessário para manter a ordem pública. Com a Revolução Industrial acontecendo
na Europa e com o grande número de imigrantes chegando ao Brasil, em 1930,
na gestão Getúlio Vargas, surgiu uma política trabalhista (MARTINS, 2013). A
primeira Constituição que tratou especificamente sobre Direito do Trabalho foi a
de 1934, garantindo ao empregado a liberdade sindical, isonomia salarial, salário

A Evolução no Brasil
74 UNIDADE III

mínimo, jornada de trabalho de oito horas, proteção do trabalho das mulheres e


dos menores, repouso semanal e férias anuais remuneradas (MARTINS, 2013).
Em 1937, o Brasil passou por uma fase intervencionista com o golpe de
Getúlio Vargas. Tal Constituição instituiu o sindicato único, o imposto por lei,
vinculado ao Estado, criou o imposto sindical, acreditando ser uma forma de
submissão das entidades de classe ao poder do Estado e, por fim, a greve e o
lockout (greve dos empregadores) foram considerados como meios anti sociais,
incompatíveis com os interesses nacionais (MARTINS, 2013).
Por existirem várias normas esparsas que versavam sobre o Direito do

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Trabalho, em 1943, por meio do Decreto-lei nº 5.452, foi aprovada a sistemati-
zação das mesmas por meio da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), com
objetivo de que todas as leis fossem consolidadas. Em 1946, surge uma nova
Constituição Federal, rompendo com o corporativismo da Constituição de 1937.
Já a Constituição de 1967 manteve os direitos trabalhistas criados anteriormente.
Em 1988, foi aprovada a atual Constituição Federal, conhecida como
“Constituição Cidadã”. O Direito do Trabalho foi incluído no Capítulo intitulado
“Dos Direitos Sociais”. Nessa última, fala-se dos direitos individuais e tutelares do
trabalho, bem como do sindicato e suas relações. Ainda especifica regras sobre a
greve, a participação dos trabalhadores em colegiados e garante a representação
dos empregados nas empresas com mais de 200 funcionários (MARTINS, 2013).

CONCEITO DE DIREITO DO TRABALHO

O Direito do Trabalho é um ramo especializado por regular certo tipo de relação


laborativa na sociedade. Os conceitos do Direito do Trabalho podem envolver os
seguintes aspectos: (a) subjetivos, em que se verificam os tipos de trabalhadores.
Alguns autores entendem que seriam todos os trabalhadores e outros apenas os
trabalhadores subordinados; (b) objetivos, em que será considerada a matéria
do Direito do Trabalho e não os sujeitos envolvidos. Para alguns autores, diria
respeito a todas as relações de trabalho, enquanto outros afirmam que envolve-
ria apenas a relação de trabalho subordinado; (c) mistos, envolvendo pessoas e
objeto (MARTINS, 2013).

DIREITO DO TRABALHO
75

Para Amauri Mascaro Nascimento, Direito do Trabalho é:


[...] o ramo da ciência do direito que tem por objeto as normas, as insti-
tuições jurídicas e os princípios que disciplinam as relações de trabalho,
determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção des-
se trabalho em sua estrutura e atividade” (NASCIMENTO, 2011, p. 29).

Direito do Trabalho também é o:


complexo de princípios, regras e institutos jurídicos que regulam, no
tocante às pessoas e matérias envolvidas, a relação empregatícia de tra-
balho, além de outras relações laborais normativamente especificadas
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

(DELGADO, 2011, p. 51).

A palavra conjunto revela que o Direito do Trabalho é composto por várias par-
tes organizadas, formando um sistema, um todo. Contém o Direito do Trabalho
princípios que são proposições genéricas das quais derivam as demais normas.
Com o conhecimento dos princípios do Direito do Trabalho, notamos um tra-
tamento científico dado à disciplina, justificando também sua autonomia.
O objeto do Direito do Trabalho é o trabalho subordinado, visto que será
regido pela CLT. Para conceituarmos a matéria objeto de estudo, precisamos
analisar duas teorias: a subjetiva e a objetiva.
A primeira tem por base os tipos de trabalhadores a que se aplica o Direito do
Trabalho. Não se pode conceber, porém, que qualquer trabalhador será amparado
pelo Direito do Trabalho, como ocorre com o funcionário público e o trabalha-
dor autônomo, que são espécies do gênero trabalhadores, não sendo assistidos
por nossa matéria. A segunda analisa a matéria e não as pessoas envolvidas.
Ao falarmos em “situações análogas”, estamos tratando daquelas que tenham
semelhança com o trabalho subordinado, mas que não precisam ser necessa-
riamente iguais a ele. A finalidade do Direito do Trabalho é assegurar melhores
condições de trabalho, porém não só essas situações, mas também condições
sociais ao trabalhador. Assim, o Direito do Trabalho tem por fundamento melhorar
as condições de trabalho dos obreiros e também suas situações sociais, assegu-
rando que o trabalhador possa prestar seus serviços em um ambiente salubre,
podendo, por meio de seu salário, ter uma vida digna para que possa desempe-
nhar seu papel na sociedade.

A Evolução no Brasil
76 UNIDADE III

O Direito do Trabalho pretende corrigir os defeitos existentes no contrato


de trabalho, assim como assegurar uma remuneração condigna a fim de que o
operário possa suprir as necessidades de sua família na sociedade. Visa o Direito
do Trabalho melhorar essas condições do trabalhador. Melhorar as condições de
trabalho e sociais do trabalhador objetivam protegê-lo, que é, como observamos
anteriormente, a parte mais fraca dessa relação. Tais medidas protetoras estão
previstas na própria legislação, limitando a jornada de trabalho, assegurando as
férias, possibilitando intervalos nas jornadas dentre outros.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
AUTONOMIA DO DIREITO DO TRABALHO

A autonomia vem do grego: auto, próprio; nome ou nomia, regra ou norma. No


Direito, a autonomia se traduz como a qualidade atingida por determinado ramo
jurídico de ter enfoques, princípios, regras, teorias e condutas metodológicas
próprias de estruturação e dinâmica (DELGADO, 2011). Quando se conquista
a autonomia, confirma-se a maturidade alcançada pelo ramo jurídico, que se
desprende dos laços do ramo próximo, construindo e desenvolvendo seus com-
ponentes específicos (DELGADO, 2011).
Para que se alcance a autonomia, são necessários alguns requisitos: exten-
são da matéria, doutrinas homogêneas e princípios específicos e método próprio
(GARCIA, 2017). Observa-se nitidamente a autonomia científica do Direito do
Trabalho em razão da existência de ampla temática do objeto de estudo, dando
origem a institutos específicos, com metodologia apta a entender suas diversas
peculiaridades, bem como princípios próprios.

DIREITO DO TRABALHO
77

PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO

A palavra princípio traduz a ideia de “começo, início”. Nesta linha, é “o primeiro


momento da existência de algo ou de uma ação ou processo” (DELGADO, 2011).
Sendo assim, a palavra princípio carrega consigo a força do significado de pro-
posição fundamental. Por essa razão, princípio traduz a noção de proposições
fundamentais que se formam na consciência das pessoas e grupos sociais, a partir
de certa realidade e que, após formadas, direcionam-se à compreensão, repro-
dução ou recriação dessa realidade.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

PRINCÍPIO DE PROTEÇÃO

O Direito do Trabalho estrutura em seu interior uma teia de proteção à parte


hipossuficiente na relação empregatícia – empregado – visando atenuar, no
plano jurídico, o desequilíbrio inerente ao plano fático do contrato de trabalho
(LOPES, 2018). É o princípio mais importante do Direito do Trabalho, influen-
ciando em toda a sua estrutura e características desse ramo.

PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO

É de interesse do Direito do Trabalho a permanência do vínculo empregatício,


com a integração do trabalhador na estrutura e dinâmica empresariais. Apenas
mediante tal permanência e integração, é que a ordem trabalhista poderia cum-
prir satisfatoriamente um dos objetivos do Direito do Trabalho, que é assegurar
melhores condições, sob a ótica trabalhadora, de pactuação e gerenciamento da
força de trabalho em determinada sociedade (DELGADO, 2011).
A regra geral é que o contrato seja feito por prazo indeterminado, concreti-
zando assim a relação empregatícia entre os envolvidos na relação.

Autonomia do Direito do Trabalho


78 UNIDADE III

PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE

Quando falamos no Direito do Trabalho, precisamos estar atentos à prática, pois


ela altera muitas vezes o que é pactuado no contrato de trabalho, e passa a gerar
novos direitos e obrigações às partes contratantes (DELGADO, 2011). Assim,
por esse princípio, deve prevalecer a efetiva realidade dos fatos e não eventual
forma construída em desacordo com a verdade.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PRINCÍPIO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL

O operador do Direito deve optar pela norma mais favorável ao empregado, sem-
pre buscando focar globalmente no conjunto de regras componentes do sistema.

PRINCÍPIO DA IMPERATIVIDADE DAS NORMAS TRABALHISTAS

Devem prevalecer as regras jurídicas obrigatórias, em detrimento daquelas que


são apenas dispositivas. As regras trabalhistas são essencialmente imperativas,
não podendo ter a regência contratual afastada pela simples manifestação de
vontade das partes.
Deve-se atentar também à restrição da autonomia da vontade no contrato
trabalhista.

PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DOS DIREITOS TRABALHISTAS

O empregado não pode renunciar seus direitos trabalhistas. Ele só pode fazer
isso quando estiver em juízo, diante do juiz do trabalho, visto que nesse caso não
poderá dizer que o empregado está sendo obrigado a fazê-lo. Se o trabalhador
ainda estiver na empresa, não se poderá falar em renúncia aos direitos trabalhis-
tas, pois poderia dar ensejo a fraudes (MARTINS, 2011).

DIREITO DO TRABALHO
79

PRINCÍPIO DA INTANGIBILIDADE SALARIAL OU


IRREDUTIBILIDADE SALARIAL

O salário do empregado merece garantia, assegurando assim o valor que ele


recebe. Esse merecimento deriva do fato de ter caráter alimentar, atendendo
assim às necessidades do ser humano. Isso, porque esse caráter parte do pres-
suposto de que a pessoa física vive do seu trabalho, provendo suas necessidades
básicas de indivíduo e membro de uma comunidade familiar com o ganho do
seu trabalho, que é o salário. A essencialidade dos bens a que se destina o salá-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

rio do empregado é que induz a criação de garantias fortes e diversificadas em


torno da figura econômico-jurídica.

Pode-se dizer que o empregado ainda é a parte mais frágil da relação de emprego?

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO

O Direito individual do Trabalho “é o segmento do Direito do Trabalho que


estuda o contrato individual do trabalho e as regras legais ou normativas a ele
aplicáveis” (MARTINS, 2011, p. 37). Esse ramo não é autônomo, mas está rela-
cionado ao Direito do Trabalho.

Direito Individual do Trabalho


80 UNIDADE III

CONTRATO DE TRABALHO PELA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO


TRABALHO

O contrato de trabalho era denominado de locação de serviços, sendo que eram


utilizados os arts. 1.216 a 1.236 do Código Civil de 1916. A denominação con-
trato de trabalho surgiu com a Lei nº 62, de 05-06-1935, que tratava da rescisão
do pacto laboral. Em nossa legislação, são encontradas tanto a expressão con-
trato de trabalho como relação de emprego. As expressões mais corretas seriam
contrato de emprego e relação de emprego.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A relação de trabalho é o gênero que compreende o trabalho autônomo,
eventual, avulso dentre outros. A relação de emprego, porém, trata do trabalho
subordinado do empregado em relação ao empregador. O contrato de trabalho é
gênero, compreendendo o contrato de emprego. O primeiro poderia compreen-
der qualquer trabalho, como do autônomo, do eventual, do avulso entre outros,
enquanto o segundo diz respeito à relação entre empregado e empregador e não
a outro tipo de trabalho (LOPES, 2018).
O contrato de trabalho tem natureza contratual. O art. 442 da CLT estabe-
lece que o contrato de trabalho é o acordo, tácito ou expresso, correspondente
à relação de emprego. O contrato de trabalho é o negócio jurídico entre uma
pessoa física (empregado) e uma pessoa física ou jurídica (empregador) sobre
condições de trabalho.
O empregado só fará parte de uma organização empresarial se assim o dese-
jar, visto que o contrato de trabalho deve ser um ajuste de vontade entre as partes.

CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE TRABALHO

De manifesta natureza contratual, a relação de emprego pressupõe a capacidade


das partes e objeto lícito, não havendo, a rigor, forma prescrita em lei (salvo, excep-
cionalmente, como ocorre com o trabalho temporário, de aprendizagem etc.).
Possui, outrossim, características que, embora não lhe sejam exclusivas, dele
fazem parte, a saber: é de natureza privada – em que pesem as disposições de
ordem pública; é, ainda, consensual, não se subordinando a formas específicas;

DIREITO DO TRABALHO
81

basta para configurá-lo o acordo de vontades, tácito ou escrito; ademais disso, é


bilateral, por ser celebrado apenas entre duas pessoas (empregado e empregador);
não é um pacto solene, pois independe de quaisquer formalidades, podendo ser
ajustado verbalmente ou por escrito, conforme o art. 443 da CLT; há onerosidade,
visto que não é um contrato gratuito, pois o serviço prestado deve ser remune-
rado; sinalagmático, visto que as partes se obrigam entre si, com a satisfação de
prestações recíprocas; deve haver continuidade na prestação de serviços, dizen-
do-se que é um trato sucessivo ou de duração, pois não é instantâneo; no contrato
de trabalho contrata-se a atividade e não o resultado; o empregado deve pro-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ceder com boa-fé, diligência, fidelidade, assiduidade, colaboração; e, por outro


lado, comutativo, por isso que estabelece direitos e obrigações recíprocas – a do
empregado, de prestar serviços ou colocar-se à disposição do empregador; a do
empregador, de pagar salários (LOPES, 2018).

OBJETO

Ao falar em Direito do Trabalho, tem-se como objeto do contrato de trabalho


a prestação de serviço subordinado e que é prestado de forma não eventual ao
empregador, percebendo um salário.
Quando se fala no trabalho autônomo, este é prestado a uma pessoa física ou
jurídica, não gerando a subordinação e consequentemente o contrato de trabalho.

REQUISITOS

De acordo com Martins (2013), são requisitos essenciais do contrato de traba-


lho, ou seja, para ser considerado como contrato de trabalho, sempre devem se
fazer presentes os requisitos a seguir:

Direito Individual do Trabalho


82 UNIDADE III

a. Continuidade

O trabalho deve ser prestado com continuidade. Aquele que presta serviços
eventualmente não é empregado. O contrato de trabalho não se exaure com uma
única prestação, pois há um trato sucessivo na relação entre as partes, que per-
dura no tempo. A continuidade é da relação jurídica da prestação de serviços.

b. Subordinação

Este é considerado o requisito de maior relevância na caracterização da rela-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ção de emprego. O empregado deve seguir as suas determinações e orientações,
estabelecidas dentro dos limites legais. Os riscos da atividade exercida são inte-
gralmente do empregador, enquanto o empregado presta serviços por conta alheia.

c. Onerosidade

O contrato de trabalho não é gratuito, mas oneroso, ou seja, envolve um valor


econômico. O empregado sempre receberá um salário pelo serviço prestado ao
empregador.

d. Pessoalidade

O contrato de trabalho deve ser realizado por certa e determinada pessoa. Tal
requisito pode ser chamado também de “intuito personae” (MARTINS, 2013). O
empregado somente poderá ser pessoa física, pois não existe contrato de traba-
lho em que o trabalhador seja pessoa jurídica, podendo ocorrer, no caso, locação
de serviços, empreitada etc.

e. Alteridade

No decorrer do contrato de trabalho, o serviço prestado pelo empregado é carac-


terizado como por conta alheia, ou seja, é um trabalho em que não deve causar
nenhum tipo de risco ao empregado. Ele poderá participar dos lucros da empresa,
mas não dos prejuízos.

DIREITO DO TRABALHO
83

REQUISITOS NÃO ESSENCIAIS

No contrato de trabalho, não é necessária a exclusividade da prestação de servi-


ços pelo empregado ao empregador. O empregado pode ter mais de um emprego,
visando o aumento de sua renda mensal. A legislação trabalhista mostra a pos-
sibilidade de o empregado ter mais de um emprego. O art. 138 da CLT permite
que o empregado preste serviços em suas férias a outro empregador, se estiver
obrigado a fazê-lo em contrato regularmente mantido com aquele.
Quando se fala na exclusividade, para que esta seja exigida pelo emprega-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

dor, deve existir uma compensação financeira, o que impede que o empregado
procure uma outra fonte de renda.
Ainda, também não é obrigatório o grau de escolaridade, visto que quem exige
o nível não é o empregador, mas sim a função a ser desempenhada pelo empregado.

DURAÇÃO

Os contratos de trabalho podem ser por prazo determinado ou indeterminado


(art. 443 da CLT). No contrato de prazo determinado, as partes ajustam ante-
cipadamente seu termo, enquanto no contrato de prazo indeterminado não há
prazo para a terminação do pacto laboral. Na prática, predomina o ajuste por
prazo indeterminado. Quando as partes nada mencionam quanto a prazo, presu-
me-se que o contrato seja por prazo indeterminado, que é o mais empregado. O
contrato de trabalho de prazo indeterminado não é, porém, um contrato eterno,
mas apenas que dura no tempo (LOPES, 2018).
A partir da Reforma Trabalhista, criou-se uma nova modalidade de con-
trato, que é o do trabalho intermitente.

Direito Individual do Trabalho


84 UNIDADE III

CONTRATO DE TRABALHO POR TEMPO DETERMINADO

O contrato de trabalho por tempo determinado é “o contrato de trabalho cuja


vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços especificados
ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproxi-
mada” (§1º do art. 443 da CLT).
A CLT estabelece quais são as hipóteses em que é possível a celebração do
contrato de trabalho por prazo determinado (art. 443, CLT). Caso não seja cum-
prido o estabelecido, o contrato passará a ser por prazo indeterminado. Tal pacto

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
laboral pode ser celebrado verbalmente. O ideal é que esse só fosse estabelecido
por escrito, evitando assim fraudes na contratação (LOPES, 2018).
O término do pacto por tempo determinado pode ser medido em razão do
número de dias, semanas, meses ou anos, ou em relação a certo serviço especí-
fico, como o término de uma obra, ou, se for possível fixar aproximadamente,
quando houver o término de uma colheita, que se realiza periodicamente em
certas épocas do ano (MARTINS, 2011).
Caso o último dia do contrato de trabalho por prazo determinado caia em
feriado, domingo ou dia não útil, isso não o prorrogará para o dia seguinte. O
contrato de trabalho por tempo determinado só é válido em se tratando de: a)
serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo;
b) atividades empresariais de caráter transitório; c) contrato de experiência (§2º
do art. 443 da CLT).
Serviço de natureza transitória é o que é breve, efêmero, temporário. Fala-se
aqui em serviço transitório e não de atividade empresarial de caráter transitório.
São considerados por tempo determinado os seguintes contratos:

Quadro 01 - Contratos por prazo determinado

ESPÉCIE DE CONTRATO TEMPO FUNDAMENTAÇÃO LEGAL


art. 443, §2º, a e b, da CLT,
Por prazo determinado Dois anos
c/c art. 455 da CLT
Trabalho temporário máximo 270 dias art. 10 da Lei nº 6.019/74

DIREITO DO TRABALHO
85

ESPÉCIE DE CONTRATO TEMPO FUNDAMENTAÇÃO LEGAL


art. 443, § 2º, c, c/c art.
De experiência Noventa dias 445, parágrafo único, da
CLT.
Decreto-Lei nº 691/69 c/c
Técnico estrangeiro Dois anos art. 25, V, do Decreto nº
86.715/81.
De safra Dois anos art. 14 da Lei nº 5.889/73.
Artista Dois anos art. 9º da Lei nº 6.533/78.
Por obra certa Dois anos Lei nº 2.959/56
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Dois anos, salvo a pessoa


Aprendizagem art. 428, §3º da CLT.
com deficiência
Treinador profissional de art. 6º, I, da Lei nº
Dois anos
futebol 8.650/93.
Estímulo a novos empre- Lei nº 9.601/98 c/c art. 3º
Dois anos
gos do Decreto nº 2.490/98.
art. 2º, II da Lei nº
Peão de rodeio Dois anos
10.220/01.
Trabalho no exterior Em certos casos três anos art. 16 da Lei nº 7.064/82
art. 29, caput, da Lei nº
Atleta profissional Cinco anos
9.615/98.
Por viagem ou por “via-
gem redonda”. Não pode art. 82, I, do Decreto nº
Trabalho marítimo
ultrapassar o prazo de 87.648/1982.
dois anos.
Empregado contratado Dois posicionamentos:
para substituir outro que 1º) Sem prazo: o aposen-
se encontra aposentado tado pode recuperar sua art. 475, §2º da CLT,
por invalidez, cujo con- capacidade de trabalho a Súmula nº 160 do TST e
trato se encontra suspen- qualquer tempo. Súmula nº 217 do STF.
so e a lei lhe garante o 2º) máximo de cinco anos
retorno à função anterior (SUSSEKIND, 2002)
Por prazo determinado Quatro anos (sem vínculo
art. 598 do CC.
do prestador de serviços de emprego)
Por prazo certo de repre- art. 27, c e §§ 1º e 2º da
sentante comercial Lei nº 4.886/65.
Fonte: adaptado de Cassar (2017).

Direito Individual do Trabalho


86 UNIDADE III

Mesmo que o contrato de trabalho seja prorrogado, não pode exceder o prazo de
dois anos, devendo se observar o art. 451 da CLT. Essa prorrogação nada mais
é do que a continuação do contrato anterior e não um novo contrato. Logo, não
poderia haver a prorrogação do contrato de trabalho por tempo determinado
fixado em dois anos, por igual período, ou seja, por mais dois anos. Nesse caso,
teremos um contrato de trabalho por prazo indeterminado.

CONTRATO DE EXPERIÊNCIA

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Existem várias denominações para o contrato de experiência: período de expe-
riência, contrato de prova, pacto de prova, pacto de experiência, contrato de
experiência, período de prova.
Diferencia-se o contrato de experiência do contrato de aprendizagem. No
primeiro, verifica-se um período em que vai ser testado o empregado, sem ter
uma característica de aprendizado; no segundo, o empregado estuda para exer-
cer a profissão para adquirir capacidade.
Diferencia-se também o contrato de experiência do contrato de trabalho tem-
porário. No primeiro, o prazo máximo é de 90 dias corridos; já no segundo, o
prazo é de três meses. O primeiro compreende a verificação da aptidão do empre-
gado; o segundo diz respeito à necessidade transitória de substituição regular e
permanente do pessoal da tomadora ou a acréscimo extraordinário de serviços.
O contrato de experiência não deixa de ser um contrato de trabalho por
tempo determinado. Há necessidade de anotação na CTPS do empregado do
referido pacto, que dará ao trabalhador todos os direitos e obrigações pertinen-
tes ao acordo realizado. Todavia, para a validade desse contrato, a anotação na
CTPS não é requisito essencial, visto que o pacto laboral pode ser celebrado ver-
balmente e provado por qualquer meio de prova (art. 456, CLT).
O prazo máximo dessa modalidade de contrato é de 90 dias (parágrafo único
do art. 445 da CLT). Caso o prazo seja excedido por mais de 90 dias, o contrato
vigorará como se fosse contrato por tempo indeterminado. Esse contrato pode
ser prorrogado uma única vez (art. 451 da CLT). Em hipótese alguma poderá
exceder o prazo de 90 dias, seja na prorrogação, seja por uma única contratação.

DIREITO DO TRABALHO
87

Não é possível prorrogar um contrato de trabalho de 90 dias por mais 90 dias,


pois o prazo máximo de 90 dias contido no parágrafo único do art. 445 da CLT
foi excedido. Caso o empregado cumpra a experiência e saia da empresa, não
pode o empregador, ao recontratá-lo para a mesma função, exigir novamente a
experiência, pois o trabalhador já foi testado (art. 452 da CLT).

CONTRATO DE TRABALHO INTERMITENTE


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A Lei nº 13.467/17, conhecida como Reforma Trabalhista, acresceu à CLT os arts.


452-A e ss. alterou o art. 443 da CLT, criando o contrato intermitente.
O contrato de trabalho pode ser realizado para trabalho intermitente, ou seja,
para serviços descontínuos, transitórios, com alternância de períodos de traba-
lho e de inatividade. Essa modalidade não servirá para aeronautas. Contudo,
entende-se que todos aqueles que possuem uma legislação própria deveriam
ser excluídos dessa modalidade. Para isso, precisaremos observar como funcio-
nará a aplicação da legislação.
O art. 443, §3º da CLT dispõe que:
Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a pres-
tação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com
alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, de-
terminados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de
atividade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas,
regidos por legislação própria.

Essa forma de contrato deve ser celebrada por escrito e deverá garantir ao empre-
gado o valor da hora de serviço nunca inferior ao salário mínimo ou àquele
devido aos demais empregados do estabelecimento. Essa formalização do con-
trato é essencial para que ele tenha validade jurídica. Caso o empregado tenha
sido contratado oralmente ou de forma tácita para trabalhar nesse modelo não
será regido pelo contrato intermitente e o seu tempo à disposição será contado
na forma do art. 4º da CLT, devendo ser aplicada as demais regras previstas nela.

Direito Individual do Trabalho


88 UNIDADE III

Nas palavras de Vólia Bomfim Cassar (2017, p. 508),


Esta nova modalidade de contrato gera extrema insegurança ao tra-
balhador, que não tem nenhuma garantia da quantidade mínima de
trabalho por mês ou de quantos meses irá trabalhar no ano e, apesar
de ficar a disposição dos chamados do patrão, este período não é com-
putado como tempo de serviço, não se lhe aplicando pelo período de
inatividade o disposto no caput do art. 4º da CLT, podendo, inclusive,
trabalhar para outros empregadores.

O empregador pode convocar o empregado intermitente por qualquer meio efi-


caz, noticiando a jornada, que não poderá ser superior à legal, sempre com a

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
antecedência mínima de três dias corridos (art. 452-A, §1º da CLT). Quando o
empregado recebe a convocação terá o prazo de um dia útil para responder, pre-
sumindo o silêncio como recusa. Caso ele aceite a oferta e não compareça, pagará
ao patrão uma multa equivalente a 50% da remuneração que seria devida, sendo
permitida a compensação do valor.
A mesma regra vale para o empregador caso ele descumpra o acordado.
Contudo, questiona-se: o valor da multa deve ser fixado sobre o trabalho todo
ou apenas sobre o valor do salário do dia, da hora? Paga-se pelo dia de ausência
ou por todo o período acordado?
Outro ponto que deve ser questionado é a época do pagamento do salário.
Pode um empregado receber seu salário com periodicidade maior que a men-
sal, desrespeitando o disposto no art. 459 da CLT? Pelo art. 452-A, § 6º da CLT
determina que ao final de cada período de trabalho o empregado receberá o paga-
mento imediato da remuneração, do repouso, além das férias e trezeno (décimo
terceiro salário) proporcional. A questão aqui é essa “final de cada período de
trabalho” que não ficou claro.
O art. 452-A, §8º da CLT prevê a obrigatoriedade do empregador em forne-
cer ao empregado intermitente o comprovante do recolhimento do FGTS e da
Previdência Social. O empregador também não poderá convocar o empregado
intermitente para trabalhar no período concessivo das férias. No entanto, a lei
fica omissa de como será computado o período aquisitivo das férias.

DIREITO DO TRABALHO
89

Os direitos previstos para o empregado no art. 452-A, §6º, incisos I a V da


CLT também devem ser estendidos ao intermitente, ainda que não sejam men-
cionados. Deve entender que os incisos são exemplificativos e não taxativos.
Quando se fala na criação de mais uma espécie de contrato de trabalho
sob a denominação de “contrato intermitente” visa autorizar a jornada móvel
variada e o trabalho variável (bico), ou seja, a imprevisibilidade da prestação de
serviços, ferindo os princípios da segurança jurídica e a proteção ao trabalha-
dor (CASSAR, 2017).
Por essa modalidade, nota-se que tanto o art. 443 quanto o art. 452-A pre-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

tendem repassar ao empregado os riscos inerentes ao empreendimento, visto a


imprevisibilidade dos ganhos mensais que terá.
Com relação à execução do serviço de tempos em tempos, sem nenhuma
garantia mínima de salário mensal e sem previsibilidade de quantidade mínima
de dias de trabalho a ser realizado por mês, equipara-se o empregado ao autô-
nomo, repassando a ele os riscos do contrato.
Uma novidade estranha proporcionada por essa inovação é a previsão con-
tida no art. 452-A, §6º da CLT, que é no sentido de que, ao fim de cada período
de trabalho, o empregado recebe de imediato as férias proporcionais e 13º pro-
porcional, quase como se fosse uma extinção parcial do contrato. E as demais
verbas rescisórias? Quando poderá levantar o FGTS? Precisará aguardar a des-
pedida formal. Além disso, não conseguirá aplicar ao empregador a justa causa
por falta de trabalho (art. 483, g da CLT)
Nota-se, assim, que muitos são os questionamentos a serem respondidos
por essa inovação na legislação, mas que necessitaremos aguardar para saber o
direcionamento dos tribunais.

Direito Individual do Trabalho


90 UNIDADE III

EMPREGADO

O art. 3º da CLT dispõe que “consi-


dera-se empregado toda pessoa física
que prestar serviços de natureza não
eventual a empregador, sob a depen-
dência deste e mediante salário”. Em
verdade, empregado é todo trabalha-
dor que presta serviço ao empregador.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Cabe ressaltar que o empregado é sem-
pre uma pessoa física ou natural, que
presta serviços com subordinação, não eventualidade, onerosidade e pessoali-
dade, sendo que esses já foram estudados anteriormente.
Além do empregado comum que é o disposto no art. 3º da CLT temos outras
espécies de empregados que são: empregado em domicílio, empregado doméstico,
empregado rural e empregado aprendiz. Vejamos o que especifica cada um deles.

EMPREGADO EM DOMICÍLIO

É aquele que trabalha na própria residência. O art. 83 da CLT, além de assegurar


ao empregado em domicílio o salário mínimo, define tal trabalho como aquele
“executado na habitação do empregado ou em oficina de família, por conta de
empregador que o remunere”.
Para ser empregado, o trabalho precisa ser por conta do empregador, ou seja,
de forma não autônoma, mas sim com subordinação e onerosidade. Conforme o
art. 6º da CLT: “não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do
empregador e o executado no domicílio do empregado, desde que esteja carac-
terizada a relação de emprego”.
No caso do empregado em domicílio, o direito a horas extras apresenta maior
dificuldade de se caracterizar como devido, justamente em razão do labor na pró-
pria residência do empregado, o que significa que pode trabalhar no horário que

DIREITO DO TRABALHO
91

entender mais adequado. Dessa forma, somente será devido se o efetivo labor
em sobrejornada for caracterizado (LOPES, 2018).

EMPREGADO DOMÉSTICO

De acordo com a definição contida no art. 1º da Lei nº 5.859, de 11 de dezem-


bro de 1972, é “aquele que presta serviços de natureza contínua e de finalidade
não lucrativa à pessoa ou à família no âmbito residencial destas”. Então, é aquele
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

que presta uma atividade, de natureza não econômica, à pessoa física ou à famí-
lia, para o âmbito residencial destas. As funções desempenhadas são realizadas
na residência do empregador, como limpar, faxinar, cozinhar, cuidar de crian-
ças ou idosos. No entanto, jardineiro, motorista, copeiro, vigia, piscineiro dentre
outros, desde que realize uma atividade sem fins lucrativos para pessoa física,
poderão ser enquadrados como doméstico também.
Portanto, o empregador doméstico não é uma empresa, não exercendo ativi-
dades econômicas ou lucrativas, mas sim é a pessoa natural ou a família. Pela Lei
nº 5.859/1972, para a existência do vínculo de emprego em questão, exige-se a con-
tinuidade na prestação de serviços.
Dessa forma, nos dizeres de Gustavo Filipe Barbosa Garcia (2011, p. 73):
[...] a lei exige a efetiva habitualidade na prestação de serviços, de for-
ma contínua, e não intermitente, ao longo da semana. Nesta linha, não
seria empregado doméstico aquele que presta serviços esporádicos, ou
mesmo intermitentes, ou seja, em um, dois ou até três vezes na semana.

O art. 7º da Constituição Federal de 1988 indica os direitos assegurados aos


domésticos. Entretanto, deve-se ressaltar que o art. 7º da CLT estabelece que
os preceitos contidos na Consolidação das Leis do Trabalho não se aplicam
aos empregados domésticos. Entretanto, a referida exclusão não mais se aplica,
desde a Constituição de 1988, quanto aos direitos assegurados no art. 7º, pará-
grafo único, da CF/1988.

Empregado
92 UNIDADE III

O empregado doméstico passou por grandes mudanças no que diz respei-


to aos seus direitos trabalhistas. Essas mudanças foram recomendadas pela
Organização Internacional do Trabalho, com o intuito de melhorar a realiza-
ção da atividade, bem como a relação entre esses empregados e seus em-
pregadores. Isso porque, como se sabe, muitos não tinham CTPS assinada,
faziam horário de trabalho irregular, o que proporcionava horas extras sem
qualquer tipo de controle. Para conhecer mais sobre os direitos do empre-
gado doméstico, que foram modificados recentemente, mas sobre o qual

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ainda há dúvidas quanto à melhor forma de aplicação deles, leia “Direitos do
Empregado Doméstico”, disponível em <http://www3.mte.gov.br/trab_do-
mestico/trab_domestico_direitos.asp>.
Fonte: a autora.

EMPREGADO RURAL

O art. 7º da Constituição Federal de 1988, ao arrolar direitos dos trabalhado-


res, faz previsão quanto aos “trabalhadores urbanos e rurais”. A Lei 5.889, de 8
de junho de 1973, regulamenta o trabalho rural. O empregado rural é definido
pelo art. 2º, da citada lei, como “toda pessoa física que, em propriedade rural ou
prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural, sob
a dependência deste e mediante salário”.
Aplicam-se os requisitos da relação de emprego, já estudados: pessoa física,
pessoalidade, não eventualidade, subordinação e onerosidade. Entretanto, deve-
-se diferenciar o empregado rural do empregado urbano. Ao analisarmos o
art. 2º da Lei nº 5.889/1973, observa-se que o empregado rural presta serviços
“em propriedade rural ou prédio rústico”. A propriedade rural é aquela situada
na zona rural, enquanto o prédio rústico pode ser entendido como aquele que
esteja situado na zona rural ou mesmo em zona urbana, tendo como destina-
ção a exploração de atividade agroeconômica. Para visualizar melhor a diferença
entre essas duas modalidades de empregado, deve-se conceituar legalmente quem

DIREITO DO TRABALHO
93

é o empregador rural. O art. 3º da Lei nº 5.889/1973 define o empregador rural


como “a pessoa física ou jurídica, proprietária ou não, que explore atividade
agroeconômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através
de prepostos e com auxílio de empregados”.
Cabe destacar, ainda, o § 1º do art. 3º da Lei nº 5.889/1973, que inclui, na
atividade econômica referida, no artigo citado, a exploração industrial em esta-
belecimento agrário não compreendido na Consolidação das Leis do Trabalho.
Para saber o que são atividades de exploração industrial, deve-se observar o
disposto no art. 2º, §3º a 5º, do Decreto 73.626, de 12 de fevereiro de 1974, que
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

regulamenta a Lei nº 5.889/1973.


Dessa forma, consideram-se como exploração industrial em estabelecimento
agrário as atividades que compreendem o primeiro tratamento dos produtos
agrários in natura sem transformá-los em sua natureza (art. 2º, §4º, do Decreto
73.626/1974). A indústria rural, em que o empregador também é considerado
rural, é aquela em que o produto agrário recebe o primeiro tratamento, desde
que não ocorra a transformação de sua natureza in natura.

EMPREGADO APRENDIZ

O aprendiz é o empregado vinculado ao empregador pelo respectivo contrato de


trabalho de aprendizagem. Pela definição do art. 428, caput da CLT,
o contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado
por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se com-
promete a assegurar ao maior de 14 (quatorze) e menor de 24 (vinte e
quatro) anos inscrito em programa de aprendizagem formação técni-
co-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físi-
co, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência
as tarefas necessárias a essa formação.

O art. 7º, inciso XXXIII, da Constituição Federal de 1988, autoriza o trabalho


como aprendiz a partir dos 14 anos. Por se tratar de contrato de trabalho espe-
cial, por prazo determinado, o contrato de aprendizagem não pode ser estipulado
por mais de dois anos, “exceto quando se tratar de aprendiz portador de defici-
ência”, conforme o art. 428, §3º, da CLT.

Empregado
94 UNIDADE III

Além da necessidade de ser ajustado por escrito, a validade do contrato


de aprendizagem pressupõe a anotação na Carteira de Trabalho e Previdência
Social, matrícula e frequência do aprendiz na escola, caso não haja concluído
o ensino médio, e inscrição em programa de aprendizagem desenvolvido sob
orientação de entidade qualificada em formação técnico-profissional metódica
(§1º do art. 428 da CLT). Nas localidades onde não houver a oferta de ensino
médio para o cumprimento do que foi citado anteriormente, “a contratação do
aprendiz poderá ocorrer sem a frequência à escola, desde que ele já tenha con-
cluído o ensino fundamental” (§7º do art. 428 da CLT).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A formação técnico-profissional citada caracteriza-se por atividades teóricas
e práticas, metodicamente organizadas em tarefas de complexidade progressiva
desenvolvidas no ambiente de trabalho (§4º do art. 428, CLT). A duração do tra-
balho do aprendiz não excederá seis horas diárias, sendo vedadas a prorrogação
e a compensação de jornada. Entretanto, tal limite pode ser de até oito horas diá-
rias para os aprendizes que já tiverem completado o ensino fundamental, se nelas
forem computadas as horas destinadas à aprendizagem teórica (art. 432 da CLT).
Quanto à remuneração, salvo condição mais favorável, será garantido o salá-
rio mínimo hora (§2º do art. 428 da CLT). Ou seja, o empregado aprendiz faz
jus ao salário mínimo proporcional às horas trabalhadas.
Por fim, em razão do contrato de aprendizagem ser um contrato a prazo
certo, ele se extingue no seu termo, ou quando o aprendiz completar 24 anos,
ressalvada a hipótese dos aprendizes portadores de deficiência (art. 433, da CLT).

EMPREGADOR

Pelo art. 2º da CLT, “considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva,


que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a
prestação pessoal de serviços”. Para compreender melhor, deve-se diferenciar a
empresa da figura do empregador. A empresa é a atividade econômica organizada,

DIREITO DO TRABALHO
95

nela estão presentes a coordenação e a organização dos fatores de produção, des-


tinada à produção ou à circulação de bens ou de serviços de mercado (COELHO,
2010). Por outro lado, o empresário é quem exerce profissionalmente a atividade
(art. 966, do Código Civil).
Dessa forma, há aqueles que, mesmo exercendo atividade econômica não
são considerados empresários, seja por expressa exclusão prevista em lei, seja
pela ausência de organização dos fatores de produção ao desenvolver a ativi-
dade. Deve-se observar que o empresário tanto pode ser pessoa jurídica quanto
pessoa física (LOPES, 2018).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

No âmbito da CLT, o empregador é considerado como a própria empresa.


Contudo, pode-se dizer que empregador é toda pessoa jurídica, pessoa natural
ou ente despersonalizado que contrate empregado, mantendo relação jurídica
com este, ou seja, todo ente que se utilize de empregados para a realização de
seu objetivo social.

SUCESSÃO TRABALHISTA

Para a caracterização da sucessão trabalhista, é necessária a transferência de


uma “unidade econômico-jurídica”, ou seja, “de parte significativa do(s) estabe-
lecimento(s) ou da empresa”, permanecendo, ainda, a prestação de serviços pela
empresa (DELGADO, 2011). Quando ocorre a sucessão trabalhista, o sucessor
responderá por todos os direitos trabalhistas do empregado, ainda que referentes
a período anterior à sucessão e mesmo que o contrato de trabalho tenha cessado
anteriormente a ela (GARCIA, 2011).
Por essa razão, uma vez caracterizada a sucessão trabalhista, é o sucessor
quem responderá pelos eventuais direitos trabalhistas ainda não adimplidos,
sendo, portanto, parte legítima para figurar no polo passivo da relação proces-
sual. Como destaca Martins (2011), a empresa sucessora assume as obrigações
trabalhistas da empresa sucedida e a sua posição no processo.
Se for feita uma cláusula contratual entre sucessor e sucedido, esta não pro-
duzirá efeitos quanto aos empregados, se o que estiver disposto ali for diferente
do que estiver sendo praticado.

Empregador
96 UNIDADE III

PODER DE DIREÇÃO DO EMPREGADOR

O poder de direção, que tem como fundamento o art. 2º da CLT, pode ser concei-
tuado como aquele que autoriza o empregador a organizar, controlar e disciplinar
a prestação de serviços pelo empregado, a que ocorre, de forma subordinada.
O abuso no exercício do poder de direção não deve ser aceito, o que faz que o
empregado possa a ele se opor, fazendo jus à reparação ou prevenção da decor-
rente lesão, na esfera material e moral.
Ele pode ser dividido em três diferentes aspectos, facilitando a compreen-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
são de seu conteúdo.

a. Poder de Organização

O empreendimento pode ser organizado da forma que o empregador achar


melhor, bem como a divisão feita por ele também atende ao que ele achar melhor.

b. Poder de Controle

O empregador irá gerenciar a atividade como lhe convier, desde que esteja den-
tro dos limites legais, respeitando as exigências e diretrizes estabelecidas para o
desempenho da atividade laborativa.

c. Poder disciplinar

Permite que o empregador aplique penalidades ao empregado que não observe


as ordens e regras impostas à atividade desempenhada. No caso, a punição apli-
cada pelo empregador situa-se, somente, na esfera do Direito do Trabalho, não
devendo ser confundida com punição criminal.
Caso a punição seja abusiva ou excessiva, poderá ser questionada pelo empre-
gado e tal ilicitude pode acarretar ao empregador o dever de reparar eventual
lesão a direito do empregado de ordem pessoal ou material.

DIREITO DO TRABALHO
97

VERIFICAÇÃO DE E-MAIL PELO EMPREGADOR

Com relação ao tema, entende-se que, caso o e-mail seja privativo (particular) do
empregado, encontra-se coberto pela garantia de proibição de violação do sigilo
das comunicações e de dados. No caso do e-mail corporativo, que é disponibili-
zado pelo empregador, as polêmicas aumentam, pois alguns autores entendem
que, mesmo assim, a mencionada vedação da violação do sigilo incide normal-
mente (LOPES, 2018).
Por se tratar de uma ferramenta de trabalho e tendo o empregador avisado
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

previamente, pode-se entender que, quanto à possibilidade de seu controle, de


forma impessoal, na esfera da empresa, e estando em jogo algum valor de ordem
fundamental, pode-se autorizar a verificação no equipamento de informática, res-
guardando a sua eventual responsabilidade, o que não pode ser confundido com
interceptação da mensagem quando em seu caminho de destino (GARCIA, 2011).

Quando o empregador violar o direito de privacidade do empregado com


relação ao seu e-mail particular, ficando tal fato devidamente comprovado,
o empregado terá direito a ingressar com uma ação de indenização por da-
nos morais.
Fonte: a autora.

REGULAMENTO DE EMPRESA

O regulamento de empresa irá prever uma série de direitos e deveres dos empre-
gados e do empregador, sendo uma manifestação do uso do poder de direção do
empregador. Tal regulamento pode ser unilateral quando elaborado apenas pelo
empregador ou bilateral quando estabelecido em conjunto com os empregados.
O regulamento da empresa acaba sendo um termo complementar ao contrato
de trabalho, o que para todos os efeitos se torna parte integrante ao contrato

Empregador
98 UNIDADE III

individual de trabalho. Algumas empresas chamam o regulamento interno de


Manual do Colaborador.

REVISTAS PESSOAIS

O art. 373-A, inciso VI, da CLT, proíbe as “revistas íntimas nas empregadas ou
funcionárias”. Contudo, considerando o princípio da igualdade, o artigo citado
é totalmente aplicável também aos empregadores do sexo masculino.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A revista íntima é aquela que apresenta invasão à intimidade do(a) emprega-
do(a), violando a sua integridade física, psíquica e moral. Por outro lado, a revista
pessoal, com a intenção de evitar lesões ao patrimônio empresarial, dependendo
da atividade desempenhada pelo empregador, seria seu direito de realizá-la nos
empregados, desde que de forma não abusiva e sem caracterizar afronta à sua
intimidade, não podendo ser de forma de perseguição ou discriminação contra
certos trabalhadores (LOPES, 2018).
Assim, a revista deve ser feita de forma aleatória, moderada, respeitosa, por
uma pessoa do mesmo sexo, sem exposição desnecessária ou abusiva por aquele
que está realizando a revista. Se houver conflito entre o direito de propriedade
(do empregador) e os direitos à intimidade e privacidade (do empregado), devem
prevalecer estes últimos, uma vez que estão ligados ao preceito magno de digni-
dade da pessoa humana, conforme ponderação dos valores em confronto.
Quanto aos objetos, bens e locais reservados ao empregado, estão abrangi-
dos no conceito constitucional de domicílio, só podendo “sofrer revista no caso
de flagrante delito ou por determinação judicial” (art. 5º, inciso XI, CF/1988).

DIREITO DO TRABALHO
99

REMUNERAÇÃO

A remuneração pode ser conceituada


como a contraprestação recebida pelo
empregado, decorrente do contrato de
trabalho. O art. 457 da CLT apresenta o
conceito de salário, possibilitando a dife-
renciação da remuneração propriamente
dita. Perante o ordenamento jurídico,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

remuneração é termo mais amplo, ou


seja, o gênero que engloba como espé-
cies o salário e a gorjeta. O salário é a
quantia paga “diretamente pelo empre-
gador” decorrente do contrato de trabalho (art. 457, caput, CLT). Ele é devido pelos
períodos em que o empregado esteve à disposição do empregador, aguardando ou
executando ordens, bem como de certos períodos de descanso remunerado.

FORMAS DE PAGAMENTO DE SALÁRIO

a. Salário por tempo

Ele é pago em razão do tempo no qual houve a prestação do trabalho ou que o


empregado permaneceu à disposição do empregador. O tempo aqui mencio-
nado serve não somente como critério para o cálculo, mas também para repassar
o valor ao empregado. Quanto ao horista, não há o mesmo critério. O tempo,
neste caso, funciona apenas como unidade de cálculo. O horista recebe os salá-
rios por mês, por quinzena entre outros (LOPES, 2018).
Contudo, essa modalidade é injusta, pois é impreciso, já que remunera da
mesma forma qualquer classe e quantidade de trabalho e também é injusto por-
que remunera igualmente esforços desiguais.

Remuneração
100 UNIDADE III

b. Salário por produção

Essa forma de salário é calculada de acordo com o número de unidades produ-


zidas pelo empregado. Ela é retribuída com o valor fixado antecipadamente pelo
empregador. Entretanto, há críticas com relação a essa forma de pagamento, pois
uma das maiores dificuldades são os cálculos dos salários por produção e dos
demais pagamentos do empregado baseados nos salários, como férias, indeni-
zações, afastamento do empregado dentre outros (LOPES, 2018). Ainda, essa
forma de pagamento força o trabalhador, que, para ganhar mais, exaure suas
forças e nunca atinge um valor suficiente.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
c. Salário por tarefa

Salário por tarefa é aquele pago com base na produção do empregado, caso haja
economia de tempo há uma vantagem, uma vez que o empregado ganha um
acréscimo do preço da tarefa ou é dispensado, quando cumpre as tarefas do dia,
do restante da jornada.

d. Salário em dinheiro

O salário deve ser pago em dinheiro, em moeda de curso forçado. O objetivo


principal do pagamento em dinheiro é evitar o pagamento em vales, cupons,
bônus entre outros, e também o pagamento em moeda estrangeira.
Entretanto, há exceção: se a obrigação tiver que ser cumprida no exterior,
não será vedado o pagamento do salário em moeda estrangeira. A conversão
deverá ser feita tomando por base a taxa de câmbio vigente na data da contrata-
ção, aplicando-se daí em diante os reajustes legais ou convencionais.

e. Salário em utilidades

Essa forma de pagamento irá decorrer do contrato ou do costume. O art. 458


da CLT permite o pagamento em utilidades, ou seja, além do pagamento em
dinheiro, o empregador poderá fornecer utilidades ao empregado, como alimen-
tação, habitação, vestuário ou outras prestações in natura.

DIREITO DO TRABALHO
101

Para configuração da utilidade, dois critérios básicos são necessários: i)


habitualidade, que inclusive será indicada no art. 458 da CLT. Se a utilidade for
fornecida uma vez ou outra, eventualmente, provisoriamente, não será consi-
derada salário in natura; ii) gratuidade. O salário-utilidade é uma prestação
fornecida gratuitamente ao empregado. A utilidade não deixa de ter um aspecto
de compensação econômica pelo trabalho prestado, ainda que seja fornecida
gratuitamente. Havendo cobrança da utilidade pelo empregador, deixará de ter
natureza salarial a prestação fornecida ao empregado.
Se a utilidade não fosse fornecida, o empregado teria que comprá-la ou des-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

pender numerário próprio para adquiri-la, mostrando que se trata realmente de


um pagamento ou de um ganho para o trabalhador, uma vantagem econômica.
Todavia, o salário-utilidade deve ser fornecido gratuitamente ao empregado,
pois se a utilidade for cobrada não deverá se falar em salário (MARTINS, 2011).
Não representa salário-utilidade o fornecimento de bebidas alcoólicas ou
drogas nocivas (art. 458, parte final, da CLT). Os vestuários, equipamentos e
outros acessórios fornecidos ao empregado e utilizados apenas no local de tra-
balho para a prestação de serviços não serão considerados como salário. Se o
uniforme não é usado apenas no emprego, ou o veículo é usado também nos
finais de semana e férias do empregado, representando vantagem concedida
pelo trabalho e não apenas para o trabalho, serão considerados como salário in
natura (MARTINS, 2011).
Dessa forma, com base no §2º do art. 458 da CLT, é possível distinguir entre a
prestação fornecida pela ou para a prestação dos serviços. Se a utilidade é fornecida
pela prestação dos serviços, terá natureza salarial. Decorre da contraprestação do
trabalho desenvolvido pelo empregado, representando remuneração. Tem cará-
ter retributivo. Se a utilidade for fornecida para a prestação de serviços, estará
descaracterizada a natureza salarial, como ocorre com os equipamentos de pro-
teção individual, que servem para ser utilizados apenas no serviço.

Remuneração
102 UNIDADE III

f. Salário-condição

É o pagamento feito pelo empregador ao empregado, em decorrência do con-


trato de trabalho, dependente do estabelecimento de condições específicas que
devem ser cumpridas pelo trabalhador. São espécies de salário-condição: adicio-
nais (horas extras, noturno, periculosidade, insalubridade, por tempo de serviço,
transferência etc.), prêmios, gratificações ajustadas.
A condição poderá deixar de ser paga caso o serviço não seja prestado de
acordo com a condição que foi colocada. Caso a condição seja permanente, o
salário do empregado não poderá ser reduzido ou suprimido. Se a condição for

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
temporária, ao final do período em que ela existir, o pagamento será cessado,
salvo se houver habitualidade no pagamento, que passará a ter natureza salarial,
sendo então incorporada ao salário.

FORMAS ESPECIAIS DE SALÁRIO

■ Abonos

Abono, no caso do Direito do Trabalho quando falamos em verbas trabalhis-


tas, tem o significado de adiantamento em dinheiro, ou seja, uma antecipação
salarial (MARTINS, 2013). As situações de momento criam certas necessidades
para as quais serão estabelecidas medidas transitórias.

■ Adicionais

Quando falamos em adicional significa que vamos acrescentar algo. Aqui então
podemos entender que os adicionais serão acréscimos salariais que tem como
causa o trabalho realizado em condições mais gravosas (LOPES, 2018). Pode ser
dividido em adicional de horas extras, noturno, de insalubridade, de periculo-
sidade, de transferência.

DIREITO DO TRABALHO
103

a. Adicional de Horas Extras

Este adicional é devido pelo trabalho extraordinário à razão de pelo menos


50% sobre a hora normal (art. 7º, XVI, da Constituição Federal). Se as horas
extras são pagas com habitualidade, integram o cálculo de outras verbas,
como indenização, 13º salário, FGTS, aviso prévio indenizado, gratifica-
ções semestrais, férias e descanso semanal remunerado.
A lei trabalhista não define o que é habitualidade para efeito de reflexos
de horas extras. Pode-se entender que é habitual o que foi pago na maior
parte do contrato de trabalho. Se o contrato de trabalho teve duração de seis
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

meses, por exemplo, e as horas extras foram pagas por quatro meses, houve
habitualidade. Também pode ser considerado habitual o que foi pago por
mais de seis meses, correspondendo à maior parte do ano (LOPES, 2018).

b. Adicional Noturno

Essa forma de adicional é devida ao empregado urbano que trabalhar no


período entre 22 horas e 5 horas. O trabalhador rural terá direito no perí-
odo de 21 horas de um dia até 5 horas do dia seguinte, na lavoura; entre
as 20 horas de um dia às 4 horas do dia seguinte, na pecuária. O adicio-
nal será de 20% sobre a hora diurna para o empregado urbano (art. 73 da
CLT) e de 25% sobre a remuneração normal para o empregado rural (art.
7º, parágrafo único da Lei nº 5.889/73)
Se o adicional for pago com habitualidade, integra o cálculo do salário do
empregado para todos os efeitos.

c. Adicional de Insalubridade

Insalubre é o prejudicial à saúde, que dá causa à doença. Para a caracteri-


zação da insalubridade é preciso: i) exposição a agentes nocivos à saúde
do trabalhador; ii) que essa exposição seja acima dos limites de tolerân-
cia fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo
de exposição.
O adicional é devido ao empregado que presta serviços em atividades insa-
lubres, sendo calculado à razão de 10% (grau mínimo), 20% (grau médio)
e 40% (grau máximo) sobre o salário mínimo.

Remuneração
104 UNIDADE III

d. Adicional de Periculosidade

Tal modalidade é devida ao trabalhador que presta serviços em contato


permanente com elementos inflamáveis ou explosivos. Quando se fala
em contato permanente, entende-se como diário. Esse adicional é de 30%
sobre o salário do empregado, sem os acréscimos resultantes de gratifica-
ções, prêmios ou participações nos lucros da empresa. Caso esse adicional
seja pago com habitualidade, ele integrará as férias, 13° salário, aviso pré-
vio, FGTS e indenização (GARCIA, 2013).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e. Adicional de Transferência

O adicional de transferência é devido ao trabalhador quando for trans-


ferido provisoriamente para outro local, desde que importe mudança de
sua residência. Não é devido nas transferências definitivas. Esse adicio-
nal dura enquanto existir o fato gerador, que é a transferência provisória,
não incorporando-se ao salário (GARCIA, 2013).

■ Comissões

É frequente, nos empregos de comércio, a retribuição com base em percentu-


ais sobre os negócios que o vendedor efetua. Percebendo o trabalhador apenas
comissões, não tendo salário fixo, o empregador deve assegurar a este pelo menos
um salário mínimo no mês em que as comissões não atingirem essa importân-
cia (LOPES, 2018).

■ Gratificações

Gratificações são liberalidades do empregador que pretende gratificar o empregado


por ocasião das festas de fim de ano. A gratificação pode ter várias finalidades:
i) retributiva, de modo a remunerar o empregado pelo serviço prestado, seja de
maneira expressa ou tácita; ii) premial, ou de recompensa pelos serviços extras
prestados; iii) estimulante, de modo a fazer que o empregado produza mais ou
melhore sua produção (MARTINS, 2011).

DIREITO DO TRABALHO
105

Imagine: tenho uma empregada que se encontra no 5º mês de gestação.


Ela me comunicou da gestação assim que descobriu. Porém, em razão de
desídia, demito-a por justa causa. Tal situação poderia de fato acontecer?

FORMAS DE RESCISÃO DE CONTRATO DE


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

TRABALHO E DIREITOS DO EMPREGADO

A cessação ou rescisão do contrato de trabalho pode ser conceituada como o tér-


mino do negócio jurídico, ou seja, o fim da relação jurídica de emprego.
Classificação das Modalidades de Cessação do Contrato de Trabalho:

a. Dispensa Sem Justa Causa

O empregador decide pôr fim ao vínculo de emprego, por meio do exercício


de direito considerado por parte dos doutrinadores como potestativo, que lhe
autoriza tal conduta, mesmo que o empregado não tenha incorrido em qual-
quer falta disciplinar.
A despedida sem justa causa, chamada também de arbitrária, gera ao tra-
balhador o direito de receber: aviso prévio; férias vencidas e proporcionais com
1/3; décimo terceiro salários vencidos e proporcionais; saldo salarial referente
aos dias trabalhados; indenização de 40% do FGTS; levantamento dos depósi-
tos do FGTS; guias do seguro-desemprego.

Formas de Rescisão de Contrato de Trabalho e Direitos do Empregado


106 UNIDADE III

b. Dispensa Com Justa Causa

Ocorre quando o empregador decide pelo término do vínculo de emprego, por


meio do exercício de seu poder disciplinar, tendo em vista falta disciplinar pra-
ticada pelo empregado. O empregado tem direito a receber: férias vencidas com
1/3, décimo terceiro salário vencido, saldo salarial referente aos dias trabalhados.
A rescisão do contrato de trabalho por justa causa exige o estudo das diversas
hipóteses previstas em lei, vistas a seguir.

1. Ato de improbidade:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
É quando o empregado tem uma conduta desonesta, causando prejuízos
ao patrimônio do empregador.

2. Incontinência de conduta:

É um ato imoral praticado pelo empregado, mas específico quanto à moral


sexual. Até mesmo o assédio sexual praticado pelo empregado contra outro
caracteriza, em tese, a incontinência de conduta, autorizando a dispensa
por justa causa daquele que assedia.

3. Mau procedimento:

Pode ser entendido como uma conduta irregular, faltosa e grave do empre-
gado, mas que não se enquadra em nenhuma das outras hipóteses mais
específicas da lei.

4. Negociação habitual:

É a prática de atos de comércio pelo empregado, com frequência. Pode


ser realizada por conta própria ou por conta de terceiro, ou seja, para si
próprio ou em favor de outra pessoa.

DIREITO DO TRABALHO
107

5. Condenação criminal do empregado transitada em julgado:

Se o empregado for condenado criminalmente por sentença transitada


em julgado, caso não haja a suspensão condicional da pena, o emprega-
dor poderá dispensá-lo por justa causa.

6. Desídia:

Refere-se à falta de atenção, negligência, desinteresse, desleixo do empre-


gado, quanto à prestação dos serviços.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

É frequente a reiteração de pequenas faltas, as quais, no conjunto, reve-


lam comportamento desidioso e grave do empregado, autorizando a sua
dispensa com justa causa.

7. Embriaguez habitual ou em serviço:

Seria o estado em que a pessoa fica sem a plenitude dos seus sentidos,
em razão de ter ingerido ou consumido substâncias químicas que afetam
o sistema nervoso, retirando, total ou parcialmente, a sua capacidade de
controle sobre si.

8. Violação do segredo da empresa:

Tal conduta deve acarretar prejuízo ao empregador. Assim, mesmo que o


empregado não chegue a divulgar o segredo da empresa, se a devassa em
si, já é potencialmente danosa ao empregador.

9. Ato de indisciplina:

Verifica-se quando o empregado não respeita, não acata, não cumpre ordens
gerais estabelecidas e dirigidas aos empregados da empresa como um todo.

10. Ato de insubordinação:

Também é um descumprimento de ordens, porém de natureza pessoal, dirigi-


das especificamente a um certo empregado, quanto à prestação dos serviços.

Formas de Rescisão de Contrato de Trabalho e Direitos do Empregado


108 UNIDADE III

11. Abandono de emprego:

É a ausência contínua e prolongada ao serviço, mesmo estando em vigên-


cia o dever de trabalhar.

12. Ato lesivo da honra ou boa fama em serviço:

Refere-se à conduta do empregado em serviço que viola direitos da per-


sonalidade, no caso, relacionados à imagem e à moral de qualquer pessoa.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
13. Ofensas físicas em serviço:

É a agressão corporal perpetrada pelo empregado, no caso, contra qualquer


pessoa – cliente, fornecedor, colegas de trabalho, superiores hierárquicos
–, quando isso ocorrer durante o serviço.

14. Ato lesivo da honra ou boa fama contra o empregador:

Nesse caso, é específico contra o empregador ou superiores hierárquicos,


podendo ocorrer não só em serviço, mas em qualquer lugar, justamente
em razão da condição da pessoa ofendida.

15. Ofensas físicas contra o empregador:

A ofensa é praticada pelo empregado contra o empregador ou superiores


hierárquicos, podendo ocorrer não só no serviço, mas em qualquer loca-
lidade, em razão da condição da pessoa lesada.

16. Prática constante de jogos de azar:

Havendo a prática constante de jogos de azar pelo empregado de forma


reiterada, de modo a acarretar prejuízo (direto ou indireto) ao trabalho,
haverá a presença de justa causa, autorizando a rescisão de seu contrato
de trabalho.

DIREITO DO TRABALHO
109

17. Atos atentatórios à segurança nacional:

Eventuais atos faltosos do empregado, apresentando teor ilícito ou crimi-


noso, podem autorizar a dispensa com justa causa.

c. Culpa Recíproca

Ocorre quando se verificam condutas faltosas tanto do empregado quanto do empre-


gador. As faltas devem ser simultâneas, graves e conexas. Dessa forma, não é tão
frequente a verificação de culpa recíproca na prática, pois não se configura em face
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

de atos faltosos praticados, de forma autônoma, pelo empregado e pelo emprega-


dor. Na culpa recíproca são devidas férias vencidas com 1/3, décimo terceiro salário
vencido e saldo salarial, por se tratar de direitos já adquiridos (Art. 484, CLT).

d. Demissão

Ela ocorre quando o empregado decide pelo término do vínculo de emprego, avi-
sando o empregador quanto a tal deliberação, não tendo de justificar a medida.
Nesse caso, o empregado tem direito a férias vencidas com 1/3; férias proporcio-
nais; décimo terceiro salário vencido; décimo terceiro salário proporcional; saldo
salarial referente aos dias trabalhados. O empregado tem o dever de comuni-
car o empregador da referida decisão por meio do aviso prévio (BRASIL, 1943).

e. Despedida Indireta

Caracteriza-se por deliberação do empregado, mas ela ocorre em razão de justa


causa praticada pelo empregador, tornando inviável ou indesejada a continui-
dade do vínculo de emprego. Aqui a falta grave é praticada pelo empregador e
quem decide pôr fim ao contrato de trabalho é o empregado (BRASIL, 1943).
O empregado tem direito às verbas rescisórias equivalentes às da dispensa
sem justa causa, ou seja: aviso prévio; férias vencidas e proporcionais com 1/3;
décimo terceiro salário vencido e proporcional; saldo salarial referente aos dias
trabalhados; indenização de 40% do FGTS; levantamento dos depósitos do FGTS;
guias de seguro-desemprego (Art. 486, CLT).

Formas de Rescisão de Contrato de Trabalho e Direitos do Empregado


110 UNIDADE III

f. Cessação do Contrato por Falecimento do Empregado

No caso de falecimento do empregado, há a cessação do contrato de trabalho.


Nesse caso, as verbas rescisórias passam a ser devidas aos dependentes ou suces-
sores do empregado.

g. Cessação do Contrato por Falecimento do Empregador Pessoa Física

Caso o empregador pessoa física faleça, mas não haja o encerramento das ativi-
dades da empresa, há autorização para o empregado pedir demissão, sem precisar

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
conceder aviso prévio. As verbas rescisórias a qual o empregado tem direito são:
saldo salarial; férias vencidas e proporcionais; décimo terceiro salários vencidos
e proporcionais. Para que possa ser sacado o saldo em conta vinculada do FGTS,
o falecimento do empregador individual deverá implicar rescisão do contrato
de trabalho (Art. 485, CLT).

h. Extinção da Empresa pelo Falecimento do Empregador

O empregado tem direito às verbas rescisórias equivalentes às da dispensa sem


justa causa, ou seja: aviso prévio; férias vencidas e proporcionais com 1/3; décimo
terceiro salário vencido e proporcional; saldo salarial referente aos dias trabalha-
dos; indenização de 40% do FGTS; levantamento dos depósitos do FGTS; guias
de seguro-desemprego (BRASIL, 1943).

i. Cessação do Contrato de Trabalho por Consentimento das Partes

Ocorre quando o acordo judicial homologa a cessação do vínculo empregatício,


com previsão da respectiva baixa da CTPS (Carteira de Trabalho e Previdência
Social), bem como do pagamento de verbas rescisórias, que serão pactuadas no
termo judicial (BRASIL, 1943).
j. Cessação do Contrato de Trabalho por Força Maior

Caso fortuito é o evento imprevisível; já força maior é o fato inevitável. A pri-


meira decorre de eventos imprevisíveis, sem que pudéssemos imaginar que ele
iria acontecer, enquanto a segunda é um evento decorrente da natureza.
DIREITO DO TRABALHO
111

Nesse caso o empregado terá direito de receber: saldo salarial; férias venci-
das e proporcionais com 1/3; décimo terceiro salários vencido e proporcional;
indenização compensatória de 20% do FGTS; saque dos depósitos do FGTS;
guias do seguro-desemprego (BRASIL, 1943).

k. Cessação do Contrato de Trabalho por Tempo Determinado

Nesse caso, o empregado tem direito a aviso prévio; indenização de 40% do


FGTS; saque dos depósitos do FGTS; férias vencidas e proporcionais com 1/3;
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

décimo terceiro salário vencido e proporcional, saldo salarial e guias do segu-


ro-desemprego. Se o empregado é quem se desliga, sem justa causa, terá direito
a saldo salarial; férias vencidas e proporcionais com 1/3 e décimo terceiro salá-
rios vencidos e proporcionais (BRASIL, 1943).

QUADRO RESUMO

Empregado: é toda pessoa física, que presta serviços de forma não eventu-
al, com subordinação, recebendo um valor em contraprestação.
Empregador: pode ser uma pessoa física, jurídica ou um ente despersona-
lizado, que assalaria, orienta e assume os riscos pela atividade prestada. Ele
tem poderes de direção para uma melhor prestação do serviço.
Pode realizar:
• Verificação de e-mail.
• Revista pessoal (dependendo da atividade).
Modalidades de empregado:
• Empregado.
• Empregado em domicílio.
• Empregado aprendiz.
• Empregado doméstico.
• Empregado rural.
Fonte: a autora.

Formas de Rescisão de Contrato de Trabalho e Direitos do Empregado


112

1. Segundo Delgado (2011), a palavra princípio traduz a ideia de "início, começo".


Por essa razão, traduz a noção de proposições fundamentais que se formam na
consciência das pessoas e grupos sociais.
Sobre os princípios do direito do trabalho, avalie as afirmações a seguir.
I. O Princípio da Primazia da Realidade mostra que por esse deve prevalecer a
efetiva realidade dos fatos, e não a eventual forma construída em desacordo
com a verdade.
II. Pelo Princípio da Condição mais Benéfica, as convenções firmadas pelas partes
não podem ser unilateralmente modificadas no curso do prazo de sua vigência.
III. O Princípio da Intangibilidade Salarial mostra que o salário merece garantia,
de modo a assegurar seu valor, seu montante e a disponibilidade em bene-
fício do empregado.
IV. Pelo Princípio da Norma mais Favorável o operador do direito mostra que
devem prevalecer o domínio de regras jurídicas obrigatórias.
É correto o que se afirma em:
a) II, apenas.
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.

2. Os contratos de trabalho podem ser classificados de duas formas: por prazo


determinado ou indeterminado. No caso do contrato de trabalho por prazo
determinado, as partes fixam no momento da assinatura dele uma data final,
enquanto, no contrato por prazo indeterminado, não há prazo para a termina-
ção do pacto laboral. A regra geral é por prazo indeterminado.
Com relação ao contrato de trabalho por prazo determinado, avalie as afirma-
ções a seguir.
I. O término do pacto por tempo determinado pode ser medido em razão do
número de dias, semanas, meses ou anos, ou ainda em relação a certo ser-
viço específico, como o término de uma obra ou, se for possível fixar aproxi-
madamente, quando houver o término de uma colheita.
II. O contrato de trabalho por prazo determinado pode ser prorrogado uma
única vez, devendo perdurar no máximo 2 anos.
113

III. O contrato de experiência é uma modalidade de contrato por tempo determinado.


IV. O contrato de experiência tem como prazo máximo 3 meses, caso a empre-
sa necessite, poderá prorrogar o contrato de experiência por mais 90 dias.
É correto o que se afirma em:
a) I e III, apenas.
b) II e IV, apenas.
c) I, II e III, apenas.
d) II, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.

3. O contrato de experiência possui algumas denominações, como: período de


experiência, contrato de prova, pacto de prova, pacto de experiência, contra-
to de experiência e período de prova. Esse tipo de contrato é diferenciado do
contrato de aprendizagem, em que o empregado estuda para exercer a profis-
são e adquirir capacidade. Com relação ao contrato de experiência, assinale a
alternativa correta.
a) O prazo máximo dessa modalidade contratual são de 6 meses.
b) O prazo máximo dessa modalidade contratual são de 30 meses.
c) Essa forma de contrato não precisa de anotação na CTPS, por ser uma mo-
dalidade especial.
d) Essa modalidade de contrato pode ser prorrogado mais de uma vez, não se
tornando um contrato por prazo indeterminado.
e) Se o empregado cumprir o contrato de experiência e sair da empresa, ele
não poderá ser recontratado novamente com o contrato de experiência
para a mesma função. Deve ser feito um contrato por prazo indeterminado.
114

4. As formas de rescisão de contrato de trabalho podem ser conceituadas como


o término do negócio jurídico. No caso da dispensa com justa causa, o empre-
gado tem direito a receber: férias vencidas com 1/3, décimo terceiro salário
vencido, saldo salarial referente aos dias trabalhados. Considerando essas in-
formações e as formas de rescisão, avalie entre as alternativas a seguir, a que
descreve uma das hipóteses de rescisão com justa causa.
a) O ato de insubordinação é o cumprimento de ordens, dirigidas especifica-
mente a um certo empregado.
b) Os atos atentatórios à segurança nacional são praticados constantemente
pelo empregado, apresentando teor lícito, ou seja, não criminoso.
c) O ato lesivo da honra ou boa fama em serviço é a ausência contínua e pro-
longada ao serviço, mesmo estando em vigência o dever de trabalhar.
d) As ofensas físicas em serviço são praticadas pelo empregado somente contra
o empregador ou superiores hierárquicos, podendo ocorrer não só no serviço.
e) A prática constante de jogos de azar acontece de forma reiterada, de modo a
acarretar prejuízo (direto ou indireto) ao trabalho, caracterizando a justa causa.

5. Cada sistema normativo é caracterizado por um conjunto próprio de regras e


de princípios. No direito do trabalho, até mesmo em função de sua construção
histórica, ocupam espaço central, informando uma lógica protecionista. Partin-
do dessa ideia e de que a principiologia do direito laboral protege o trabalha-
dor contra suas próprias fraquezas, analise as assertivas abaixo.
I. Princípio da proteção: quando há qualquer dúvida na interpretação legal,
deve-se aplicar a mais benéfica ao operário.
II. Princípio da indisponibilidade dos direitos: o empregado pode dispor dos
direitos trabalhistas, renunciando ou transacionando tais direitos.
III. Princípio da boa-fé: todas as partes envolvidas na relação empregatícia de-
vem atuar com confidencialidade, respeito, lealdade e mútua cooperação.
IV. Princípio da primazia da realidade: baseia-se no andamento nuclear prote-
tivo, segundo o qual a realidade dos fatos prevalece sobre meras cláusulas
contratuais ou registros documentais.
115

É correto o que se afirma em:


a) II, apenas.
b) II e III, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) I, II, III e IV.
116

FGTS AGORA É OBRIGATÓRIO PARA TRABALHADORES DOMÉSTICOS.


O recolhimento de valores relativos ao Fundo de Garantia do Tempo Serviço (FGTS) para
os trabalhadores domésticos passou a ser obrigatório a partir de 1º de outubro. A medi-
da está prevista na chamada PEC das Domésticas, aprovada em 2013 e regulamentada
por lei sancionada pela presidenta Dilma Rousseff em junho de 2015. Com as mudanças,
estabeleceu-se a igualdade de direitos e os trabalhadores domésticos passaram a contar
com hora extra, seguro-desemprego, adicional noturno e a indenização em caso de de-
missão sem justa causa, entre outros.
O empregador deverá consultar o portal eSocial na internet para se cadastrar e cadastrar
o trabalhador doméstico. O eSocial é um projeto do governo federal que vai unificar o
envio de informações pelo empregador em relação aos seus empregados. Para evitar
problemas na hora da inclusão dos dados, a Receita recomenda que o empregador aces-
se o módulo "Consulta Qualificação Cadastral" no portal.
Outra novidade é o Simples Doméstico, mas que só será liberado a partir do dia 26
de outubro no site do eSocial . O sistema permitirá, mediante uma guia única, o recolhi-
mento dos benefícios.
De acordo com a lei, os patrões terão de recolher de 8% a 11% de contribuição previ-
denciária, de responsabilidade do empregado, dependendo do salário, 8% de contribui-
ção patronal previdenciária para a seguridade social, a cargo do empregador, 0,8% de
contribuição social para financiamento do seguro contra acidentes do trabalho, 8% de
recolhimento para o FGTS e 3,2% para o fundo de demissão por justa causa.
Confira as principais orientações para utilizar o novo sistema do governo federal:

• O que é Simples Doméstico?


A Lei Complementar nº 150/2015 determinou a implantação do Simples Doméstico, que
define um regime unificado para pagamento de todos os tributos e demais encargos, in-
clusive o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O recolhimento do FGTS para
os trabalhadores domésticos é obrigatório a partir de 1º de outubro. A competência de
outubro deverá ser recolhida até 06 de novembro, na Guia Única (DAE), com os demais
encargos e tributos. A competência de setembro será quitada pelo empregador até 07
de outubro, utilizando o sistema antigo.

• O que é eSocial?
O eSocial é um projeto do governo federal que vai unificar a prestação de informações pelo
empregador em relação aos seus empregados. O Sistema de Escrituração Digital das Obri-
gações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas é gerido pela CAIXA, INSS, MPS, MTE e RFB.
117

• O que é eSocial para o empregador doméstico?


O Simples Doméstico prevê a criação de um sistema eletrônico, no qual o empregador do-
méstico deverá informar as obrigações trabalhistas, previdenciárias, fiscais, de apuração
de tributos e do FGTS. O eSocial para o empregador doméstico é uma solução web, para
prestação de informação simplificada e on-line por meio do endereço www.esocial.gov.br
<http://www.esocial.gov.br> . Esse sistema estará disponível dentro do portal do eSocial.

• O que é Módulo do Empregador Doméstico?


O Módulo faz parte do sistema eSocial, sistema que futuramente abrangerá todas as
pessoas jurídicas ou pessoas físicas que contratam trabalhadores.

• Como efetuar o cadastro do empregado doméstico?


O cadastro do empregador e do empregado é a primeira providência a ser adotada pelo
empregador. Já na primeira quinzena de outubro, o empregador poderá cadastrar to-
dos os seus trabalhadores domésticos no portal do eSocial, inclusive aqueles que foram
admitidos antes de 1º de outubro de 2015 e que continuam vinculados ao empregador
doméstico. A qualquer momento, na tela de Gestão de Trabalhadores, o empregador
poderá clicar no botão “Cadastrar/Admitir” para incluir novos empregados.

• Quais os prazos para cadastro de trabalhadores ativos?


Os trabalhadores domésticos ativos, no mês de outubro de 2015, deverão ser cadas-
trados no sistema até o fechamento da folha de pagamentos da competência 10/2015
(prazo limite em 06/11/2015). Para trabalhadores domésticos contratados a partir do dia
1º de outubro de 2015, o registro no sistema eSocial deverá ocorrer até o dia imediata-
mente anterior à admissão.
Fonte: Brasil (2015, on-line)1.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Direito do Trabalho
Autor: Sérgio Pinto Martins
Editora: Atlas
Ano: 2011

Sinopse: a presente obra expõe, de forma didática, objetiva e prática o


programa completo do Direito do Trabalho, com base na Constituição
Federal, nas leis, tratados e convenções vigentes. O autor não só discute os
temas propostos, indicando posições jurisprudenciais, como também propõe soluções para os
problemas do dia a dia das empresas e dos sindicatos na aplicação da legislação trabalhista.
119
REFERÊNCIAS

BRASIL. Decreto-Lei n. 5452, de 1º de maio de 1943. CLT. Aprova a Consolidação


das Leis do Trabalho. Diário Oficial [dos] Estados Unidos do Brasil, Poder Executivo,
Rio de Janeiro, DF, 9 ago. 1943.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília-DF. Senado Fede-
ral: Centro Gráfico, 1988.
BRASIL. Constituição de 1891. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/Constituicao/Constituicao91.htm>. Acesso em: 10 set. 2018.
BRASIL. Lei nº 65 de 1935. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/
lei/1930-1939/lei-62-5-junho-1935-557023-publicacaooriginal-77282-pl.html>.
Acesso em: 10 set. 2018.
BRASIL. Lei nº 13.467/17. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2015-2018/2017/lei/L13467.htm>. Acesso em: 10 set. 2018.
BRASIL. Lei nº 5.859 de 1972. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/leis/L5859.htm>. Acesso em: 10 set. 2018.
BRASIL. Lei nº 5889 de 1973. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/LEIS/L5889.htm>. Acesso em: 10 set. 2018.
BRASIL. Decreto nº 73.626 de 1974. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/decreto/1970-1979/D73626.htm>. Acesso em: 10 set. 2018.
BRASIL. Código Civil de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 10 set. 2018.
BRITO FILHO, J. C. M. Direito sindical. São Paulo: LTr, 2007.
CASSAR, V. B. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: GEN, 2017.
COELHO, F. U. Curso de direito comercial. São Paulo: R dos Tribunais. 2010.
DELGADO, M. G. Curso de direito do trabalho. São Paulo: LTr, 2011.
GARCIA, G. F. B. Curso de direito do trabalho. Rio de Janeiro: Forense, 2011.
LOPES, M. H. Legislação trabalhista e relações sindicais. Unicesumar: Maringá, 2018.
MARTINS, S. P. A continuidade do contrato de trabalho. São Paulo: Atlas, 2000.
______. Direito do Trabalho. São Paulo: Atlas, 2013.
______. Comentários à CLT. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
______. Direito do Trabalho. 26. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
MEIRELLES, H. L. Direito administrativo. São Paulo: Malheiros, 2001.
MELLO, C. A. B. Curso de direito administrativo. São Paulo: Malheiros, 2006.
NASCIMENTO, A. M. Curso de direito do trabalho. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
REFERÊNCIAS

______. Iniciação ao Direito do Trabalho. 36. ed. São Paulo: LTr, 2011.
SUSSEKIND, A. Curso de direito do trabalho. Rio de Janeiro: Renovar, 2002.

REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/10/fgts-e-obrigatorio-pa-
ra-domesticos-a-partir-de-hoje-saiba-mais>. Acesso em: 08 out. 2018.
121
GABARITO

1. C.
2. C.
3. E.
4. E.
5. C.
Professora Me. Mariane Helena Lopes

IV
UNIDADE
DIREITO DO CONSUMIDOR

Objetivos de Aprendizagem
■ Compreender o Direito do Consumidor.
■ Analisar os princípios do Direito do Consumidor.
■ Conhecer quem é o consumidor.
■ Conhecer quem é o fornecedor.
■ Demonstrar a responsabilidade civil nas relações de consumo.
■ Analisar pelo vício do produto e do serviço.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Finalidade
■ Princípios do Direito do Consumidor
■ Consumidor
■ Fornecedor
■ Responsabilidade civil nas relações de consumo
■ Responsabilidade pelo vício do produto e do serviço
125
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

FINALIDADE

Por conta da massificação da produção, do consumo e da contratação, o con-


sumidor passou a ficar em desvantagem, pois, à medida que o fornecedor se
fortaleceu tanto técnica quanto economicamente, o consumidor teve o seu poder
de escolha enfraquecido, quase eliminado. Por não ter mais acesso ao fabricante,
o consumidor acabou ficando submisso aos contratos de adesão. Acabou se ins-
talando um acentuado desequilíbrio ou desigualdade de forças entre produtores
e distribuidores, por um lado, e consumidores, por outro. O consumidor se tor-
nou vulnerável em face do fornecedor, sendo esta vulnerabilidade técnica, fática
e jurídica (CAVALIERI FILHO, 2011).
A vulnerabilidade é um requisito essencial para a formulação de um con-
ceito de consumidor; está na origem da elaboração do Direito do Consumidor,
sendo a espinha dorsal que sustenta toda a sua filosofia. Sendo assim, reconhe-
ce-se a desigualdade existente, buscando estabelecer uma igualdade real entre
as partes nas relações de consumo.

Finalidade
126 UNIDADE IV

OBJETIVO

O objetivo do Direito do Consumidor está expresso em seu art. 4º, demonstrando


que a ideia foi implantar uma Política Nacional de Consumo, uma disciplina jurí-
dica única e uniforme, por meio de normas de ordem pública e interesse social.
Para Fábio Konder Comparato (2011),
a defesa do consumidor é, indubitavelmente, um tipo de princípio-pro-
grama, tendo por objeto uma ampla política pública. A expressão polí-
tica nacional designa um programa de ação de interesse público. Como

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
todo programa de ação, a política pública desenvolve uma atividade,
isto é, uma série organizada de ações, para a consecução de uma fina-
lidade, imposta na lei ou na Constituição. A imposição constitucional
ou legal de políticas é feita, portanto, por meio das chamadas “normas-
-objetivo”.

Contudo, essa Política Nacional de Consumo não tem caráter paternalista, tam-
pouco de ilimitado favoritismo do consumidor. Essa é uma visão equivocada e
que tem levado muitos a apontar o Código como um elemento desestabiliza-
dor do mercado ou como ditadura do consumidor, entre outros. Em verdade, a
política normativa traçada pelo CDC desenvolve um projeto de ação destinado
a alcançar a harmonia das relações de consumo (CAVALIERI FILHO, 2011).
De acordo com Humberto Theodoro Júnior (2002, p. 2),
O jurista, portanto, ao interpretar o Código de Defesa do Consumidor
não pode deixar de enfocá-lo em todas as suas dimensões: não pode
tê-lo como se fosse somente uma declaração paternalista em prol de
contratantes incapazes de autogerirem seus próprios negócios. Da boa
e correta aplicação das leis de consumo depende o desenvolvimento
econômico e social que está por trás das relações de mercado e de cujo
êxito pressupõe o progresso da sociedade brasileira como um todo.

O que podemos perceber é que estamos diante de um instrumento jurídico pode-


roso, sendo o uso dele o problema. Tal arma deve ser efetiva, ou seja, tem de
cumprir o seu papel de proteger e defender quem a porta. O Código de Defesa
do Consumidor só existe por conta do consumidor ser vulnerável, ou seja, ele é
o sujeito mais fraco da relação jurídica de consumo, sendo exposto a ofensas e
agressões (LOPES, 2018).

DIREITO DO CONSUMIDOR
127

PRINCÍPIOS DO DIREITO DO CONSUMIDOR

O princípio significa início, começo, ponto de partida de algo. Com base nos
princípios, pode-se iniciar uma análise do ordenamento jurídico, aferindo-se
para onde ele norteia. A partir dessa ideia de princípio, passaremos a estudar
aqueles que são pertinentes para o Direito do Consumidor.

PRINCÍPIO DA BOA-FÉ
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Com o Código de Defesa do Consumidor, o termo boa-fé passou a ser utili-


zado com uma nova e moderna significação, indicando valores éticos que estão
à base da sociedade organizada e desempenham uma função de sistematização
da ordem jurídica. Seria a chamada boa-fé objetiva (MARQUES, 2006).
Na lição de Cláudia Lima Marques (2006, p. 216), a boa-fé objetiva
significa atuação refletida, uma atuação refletindo, pensando no outro,
no parceiro contratual, respeitando-o, respeitando seus interesses legí-
timos, suas expectativas razoáveis, seus direitos, agindo com lealdade,
sem abuso, sem obstrução, sem causar lesão ou desvantagem excessiva,
cooperando para atingir o bom fim das obrigações: o cumprimento do
objetivo contratual e a realização dos interesses das partes.

Percebe-se, assim, que a boa-fé passou a ser considerada como um cinto de segu-
rança da ordem jurídica.

PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA

O art. 4º, caput do CDC estabelece – “bem como a transparência e harmonia


das relações de consumo” – o princípio da transparência filiado ao da boa-fé.
A principal consequência desse princípio é, de um lado, o dever de informar
do fornecedor e, de outro, o direito à informação do consumidor. Isso implica
a proibição da criação artificial de barreiras à informação com intuito de ocul-
tar desvantagens para o outro ou, ainda, forjar uma enganosa valorização das

Princípios do Direito do Consumidor


128 UNIDADE IV

vantagens que o contrato poderá proporcionar (CAVALIERI FILHO, 2011). Aqui


fica claro que se trata de uma publicidade enganosa.
Todavia, a transparência não significa apenas um dever negativo do forne-
cedor, mas também um conjunto diversificado de deveres procedimentais que
recaem sobre aqueles que fornecem produtos e serviços no mercado de consumo.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Muitas vezes escutamos que determinada propaganda foi tirada de circula-
ção devido ao seu conteúdo ou a forma como foi feita. Isso ocorre porque
algum grupo de indivíduos foi ofendido, prejudicado, ou até mesmo porque
o produto ou serviço descrito não faz o que promete.
Para saber mais sobre propagandas enganosas e conhecer alguns casos de
propagandas que também foram assim consideradas, leia o texto disponí-
vel no seguinte link: <http://g1.globo.com/economia/midia-e-marketing/
noticia/2013/07/coca-cola-vivo-e-tim-sao-multadas-por-publicidade-enga-
nosa.html>.
Fonte: a autora.

PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE

Tal princípio está expresso no art. 4º, I do CDC, sendo considerado estruturante
do Direito do Consumidor. Nas relações de consumo, o sujeito vulnerável é aquele
que pode ser prejudicado, ofendido, frágil, pode ser atacado. Esse é o consumi-
dor. Tais características mostram que o consumidor não ostenta os mecanismos
de controle do processo produtivo (produção, distribuição, comercialização) e
dele participando apenas em sua última etapa, que é o consumo. Para Thereza
Arruda Alvim e James Martins Eduardo Alvim (1995, p. 45):
a vulnerabilidade é qualidade intrínseca, ingênita, peculiar, imanente e
indissolúvel de todos que se colocam na posição de consumidor, pouco
importando sua condição social, cultural ou econômica [...]. É incin-
dível do contexto das relações de consumo, não admitindo prova em
contrário por não se tratar de mera presunção legal.

DIREITO DO CONSUMIDOR
129

Percebe-se assim que a vulnerabilidade é um estado da pessoa, uma situação


permanente ou provisória que fragiliza o consumidor. Todavia, a vulnerabili-
dade não pode ser confundida com a hipossuficiência. Na distinção traçada por
Antonio Herman Benjamim (2004, p. 371),
a vulnerabilidade é um traço universal de todos os consumidores, ri-
cos ou pobres, educados ou ignorantes, crédulos ou espertos. Já a hi-
possuficiência é marca pessoal, limitada a alguns – até mesmo a uma
coletividade – mas nunca a todos os consumidores. A vulnerabilidade
do consumidor justifica a existência do Código. A hipossuficiência, por
seu torno, legitima alguns tratamentos diferenciados no interior do
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

próprio Código, como, por exemplo, a previsão de inversão do ônus da


prova – art. 6º, VIII.

Nota-se que a hipossuficiência é um agravamento da situação de vulnerabilidade,


ou seja, mais qualificada. Assim, além de vulnerável, o consumidor se vê em uma
situação de carência cultural, material ou ambos. A hipossuficiência está mais
ligada a aspectos processuais. O Código de Defesa do Consumidor empregou
tal expressão só para as hipóteses de inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII),
sendo determinada pelo juiz em face do caso concreto.
O CDC trata de maneira desigual o consumidor, não para conferir privilégios
ou vantagens indevidas, mas prerrogativas legais para que se atinja o desiderato
constitucional da igualdade real (CAVALIERI FILHO, 2011).

CONSUMIDOR

O art. 2º do CDC prevê que “o consumidor é


toda pessoa física ou jurídica que adquire ou
utiliza produto ou serviço como destinatá-
rio final”. A única característica restritiva é a
expressão “destinatário final”. As características
marcantes do consumidor são (CAVALIERI
FILHO, 2011, p. 189-190):

Consumidor
130 UNIDADE IV

a) Posição de destinatário fático e econômico quando da aquisição de


um produto ou da contratação de um serviço: não está incluído no con-
ceito de consumidor padrão.

b) Aquisição de um produto ou a utilização de um serviço para su-


primento de suas próprias necessidades, de sua família, ou dos que se
subordinam por vinculação doméstica ou protetiva a ele, não desenvol-
vendo outra atividade negocial.
c) Não profissionalidade entendida, como regra geral, a aquisição ou a uti-
lização de produtos ou serviços sem querer prolongar o ciclo econômico
desses bens ou serviços no âmbito de um comércio ou de uma profissão.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
d) Vulnerabilidade em sentido amplo (técnica, jurídica ou científica,
fática ou socioeconômica e psíquica), ou seja, o consumidor é reconhe-
cido como a parte mais fraca da relação de consumo.

E quando falamos da pessoa jurídica? Ela pode ser considerada uma consumi-
dora? Ela deve ostentar a mesma característica que marca o consumidor pessoa
física, que seria a vulnerabilidade. Na sequência, os bens adquiridos por ela devem
ser bens de consumo e a pessoa jurídica esgote a sua destinação econômica.

FORNECEDOR

O outro sujeito da relação de consumo é o fornecedor. O art. 3º do CDC dispõe que:


fornecedor é toda a pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacio-
nal ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desen-
volvem atividades de produção, montagem, criação, construção, trans-
formação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços.

DIREITO DO CONSUMIDOR
131

Pode-se perceber que o conceito jurídico de fornecedor é muito mais amplo do


que consumidor. Dessa forma, pode-se equiparar a fornecedor os entes desperso-
nalizados, ou seja, aquelas entidades despidas de personalidade jurídica (LOPES,
2018). Um exemplo seria a massa falida de determinado fornecedor de produ-
tos ou de determinado prestador de serviços.

O ART. 6º DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Os direitos básicos do consumidor estão arrolados no art. 6º do CDC. Tal rol


não é exaustivo, ou seja, podem existir outros direitos diferentes dos que estão
elencados no artigo supracitado. A conclusão de Hélio Zaghetto Gama (2004)
é correta ao afirmar que os direitos básicos do consumidor, tal como elencados
no art. 6º do CDC, são as linhas mestras do ideal a ser seguido na proteção de
certas garantias instrumentais mínimas, sendo capazes de conferir efetividade
à tutela jurídica do consumidor.

PROTEÇÃO DA INCOLUMIDADE FÍSICA DO CONSUMIDOR:


DIREITO À SEGURANÇA (ART. 6º, I)

O consumidor tem o fundamental direito à proteção de sua vida, de sua saúde


e de sua segurança contra os riscos do fornecimento de produtos e/ou de servi-
ços considerados como perigosos ou nocivos. Ao garantir a incolumidade física
do consumidor, o CDC criou para o fornecedor o dever de segurança. Ou seja,
não basta que os produtos ou serviços sejam adequados aos fins a que se des-
tinam, eles precisam ser seguros. Assim, pelo princípio da prevenção, o CDC
procura garantir que os produtos e serviços colocados no mercado de consumo
não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto aqueles
que apresentam risco inerente (CAVALIERI FILHO, 2011).

Fornecedor
132 UNIDADE IV

DIREITO À EDUCAÇÃO PARA O CONSUMO (ART. 6º, II)

O direito à educação para o consumo busca aumentar os níveis de conhecimento


e de informação do consumidor, aumentando o poder de reflexão e de formula-
ção de um juízo crítico sobre a oportunidade e a conveniência da contratação. Tal
direito envolve dois aspectos: formal e informal. No primeiro, desenvolvem-se tais
níveis de conhecimento e informação por meio de políticas de inserção de temas
relacionados ao direito do consumidor nos currículos escolares, desde o ensino
fundamental, em escolas públicas e privadas. O segundo, porém, diz respeito

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
aos veículos de comunicação em massa, bem como às mídias de comunicação
social e/ou institucional, com o objetivo de prestar informações, orientações e/
ou esclarecimentos aos consumidores (CAVALIEIRI FILHO, 2011).

DIREITO À INFORMAÇÃO (ART. 6º, III)

Esse é um dos mais importantes. Tal direito é um reflexo ou consequência do


princípio da transparência, encontrando-se umbilicalmente ligado ao princípio
da vulnerabilidade. Assim, pode-se dizer que o direito à informação é um ins-
trumento de igualdade e de reequilíbrio da relação de consumo. Isso porque o
consumidor não tem conhecimento algum sobre o produto ou serviço de que
necessita, pois quem é o detentor desse conhecimento é o fornecedor, por ter
um total conhecimento do processo produtivo. Uma outra característica é ele ter
por finalidade garantir ao consumidor o exercício de outro direito ainda mais
importante, o de escolher conscientemente. Tal escolha propicia ao consumi-
dor diminuir os riscos e alcançar suas legítimas expectativas. Por fim, a terceira
característica é a sua abrangência, fazendo-se presente em todas as áreas de con-
sumo, atuando desde antes da formação da relação de consumo, durante e até
depois do seu exaurimento, de acordo com o próprio CDC.

DIREITO DO CONSUMIDOR
133

O CONTROLE DA PUBLICIDADE (ART. 6º, IV, PRIMEIRA PARTE)

O direito do consumidor proporcionou como direito básico a proteção contra a


publicidade enganosa e/ou abusiva, firmando o entendimento de que o princípio
da boa-fé antecede a prática de qualquer relação jurídica de consumo. Devem
imperar nessa relação a ética, a honestidade, a lealdade, a transparência e o res-
peito ao consumidor, mesmo que na fase pré-contratual ou extracontratual.
O CDC confere um novo tratamento à publicidade, começando pela sua força
vinculante, ou seja, qualquer informação ou publicidade relacionada a produtos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ou serviços obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar a cumprir


com o que foi colocado na publicidade, independentemente da forma ou do veí-
culo de comunicação, passando a fazer parte integrante do contrato que vier a
ser celebrado (CAVALIERI FILHO, 2011).
A publicidade enganosa é aquela que contém informação total ou parcial-
mente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo que por omissão, seja capaz
de induzir o consumidor a erro (art. 37, § 3º, CDC). Por sua vez, a publicidade
abusiva é aquela agressiva, desrespeitosa, discriminatória, que incite à violên-
cia, explorando o medo ou a superstição, que se aproveita da vulnerabilidade
e da inexperiência da criança, que violente valores sociais e/ou ambientais, ou
que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de maneira prejudicial
ou perigosa a sua saúde e/ou segurança (art. 37, §2º, CDC).
A sistemática protetiva do consumidor também veda a publicidade subli-
minar, na medida em que não é facilmente perceptível e o consumidor não tem
a noção de que está sendo induzido ao ato de consumo.

Fornecedor
134 UNIDADE IV

PROTEÇÃO CONTRA AS PRÁTICAS E CLÁUSULAS ABUSIVAS


(ART. 6º, IV, PARTE FINAL)

Deve ser considerado como abusivo tudo aquilo que afronta à principiologia e
a finalidade do sistema protetivo do consumidor, bem como que se relacione
à noção de abuso do direito (art. 187, Código Civil c/c art. 7º, caput, CDC),
valendo tanto para a relação fornecedor-consumidor quanto para a relação dos
fornecedores, entre si.
Os referidos comportamentos são considerados ilícitos, não havendo neces-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
sidade de que o consumidor seja efetivamente lesado ou, até que se sinta lesado,
como o caso de um cartão de crédito recebido sem a solicitação. Os artigos 39,
40 e 41 descrevem algumas práticas consideradas abusivas, não esgotando o rol
como enquadráveis, ou seja, podem existir outras formas de publicidade abu-
siva, além das que estão previstas no CDC.

MODIFICAÇÃO E REVISÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS: A


LESÃO ENORME E A QUEBRA DA BASE DO NEGÓCIO JURÍDICO
(ART. 6º, V)

O art. 6º, V do CDC prevê duas formas de intervenção do Estado nos contratos,
ao prever que é direito básico do consumidor “a modificação das cláusulas con-
tratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão
de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas”.
No primeiro caso, a intervenção decorre de uma lesão congênere, ou seja, da
existência de cláusulas abusivas, desde o momento da celebração do contrato. No
segundo caso, a intervenção decorre de superveniente e excessiva onerosidade,
ou seja, embora não se questione a validade das cláusulas contratuais, hígidas e
perfeitas, fato posterior à formação do negócio jurídico rompe com o equilíbrio
econômico-financeiro daquela relação jurídica, necessitando, assim, da inter-
venção judicial para restaurá-lo (CAVALIERI FILHO, 2011). Assim, na relação
contratual, devem imperar a harmonia de interesses e o equilíbrio entre as pres-
tações, nem que para isso deva intervir o Estado.

DIREITO DO CONSUMIDOR
135

EFETIVA PREVENÇÃO E REPARAÇÃO DE DANOS (ART. 6º, VI)

Tal dispositivo realça dois aspectos relevantes: prevenção e reparação de danos ao


consumidor. Para que seja garantida ao consumidor efetiva prevenção e reparação
de danos, o CDC implantou um moderno e avançado sistema de responsabili-
dade civil. Estabeleceu-se uma responsabilidade objetiva – independentemente
de culpa – para o fornecedor de produtos e serviços, tendo como fundamento
os princípios da prevenção, informação e segurança.
A reparação por danos pode ser de natureza material ou moral. Para a repa-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ração de danos materiais, é necessária a comprovação de sua ocorrência e a sua


extensão. Com relação aos danos morais, porém, a sua indenização não deve
constituir meio de locupletamento indevido do lesado, necessitando ser arbi-
trada com moderação e prudência pelo julgador.

FACILITAÇÃO DO ACESSO À JUSTIÇA E À ADMINISTRAÇÃO


(ART. 6º, VII)

Tal artigo garante ao consumidor o acesso aos órgãos judiciários e administrati-


vos, tanto para a prevenção quanto para a obtenção de reparação de danos, sejam
eles patrimoniais ou morais, individuais, coletivos ou difusos.
Para que o consumidor tenha acesso à justiça, deve observar o art. 5º do CDC,
tornando assim possível a possibilidade de representação junto às Promotorias
de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério Público; registrar
ocorrências em delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumi-
dores vítimas de infrações penais de consumo; reclamar junto aos PROCONS,
Comissões e/ou Conselhos de Defesa do Consumidor; apresentar denúncia às
agências reguladoras; ajuizar ações perante os Juizados Especiais e/ou varas
Especializadas para a solução de litígios de consumo. Ou seja, caso o consu-
midor tenha algum problema com relação ao consumo de algum produto ou
serviço, estas são as medidas que ele deve tomar para ter o seu direito cumprido.

Fornecedor
136 UNIDADE IV

4.10 FACILITAÇÃO DA DEFESA DOS INTERESSES DOS


CONSUMIDORES (ART. 6º, VIII)

Aos direitos materiais fundamentais, devem corresponder as garantias proces-


suais indispensáveis à sua efetivação. Os direitos materiais tornam-se normas
programáticas, promessas não cumpridas, sem realidade prática na vida do con-
sumidor (CAVALIERI FILHO, 2011).
Essa facilitação decorre do reconhecimento de sua hipossuficiência fática e
técnica, acentuando a vulnerabilidade, inclusive no que diz respeito ao processo

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
judicial. Tal garantia acaba sendo ampla e instrumental. Pode valer tanto para
a esfera extrajudicial quanto para a esfera judicial, não se restringindo à inver-
são do ônus da prova.
O ônus da prova de um fato ou de um direito é incumbência daquele que os
alega. Com isso, a finalidade do ônus da prova é tornar mais fácil a defesa da posição
jurídica assumida pelo consumidor, em uma seara específica da instrução probatória.

RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE


CONSUMO

A responsabilidade civil é a forma pela


qual o sujeito que causa um dano a alguém
terá que garantir ou assumir o prejuízo
causado. No Direito do Consumidor, a
responsabilidade possui algumas parti-
cularidades que devem ser observadas de
acordo com a relação constituída.
Na sequência, verificaremos quais são
essas formas de responsabilidade.

DIREITO DO CONSUMIDOR
137

RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO

Ela está disciplinada no art. 12 do CDC, que dispõe:


o fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o impor-
tador, respondem, independentemente da existência de culpa, pela re-
paração dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes
de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação,
apresentação do acondicionamento de seus produtos, bem como por
informações insuficientes ou inadequados sobre sua utilização e riscos.

Nota-se aqui o fato do produto, que é um acontecimento externo, que ocorre


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

no mundo exterior, que causa dano material e/ou moral ao consumidor, decor-
rendo do defeito do produto (CAVALIERI FILHO, 2011). Tal defeito pode ser
de concepção (criação, projeto, fórmula), de produção (fabricação, construção,
montagem) e ainda de comercialização (informações insuficientes ou inade-
quadas). Nas palavras de Sérgio Cavalieri Filho, são os chamados acidentes de
consumo aqueles “que se materializam através da repercussão externa do defeito
do produto, atingindo a incolumidade físico-psíquica do consumidor e o seu
patrimônio” (2011, p. 289).
No caso de fornecimento de produtos ou serviços nocivos à saúde ou compro-
metedores da segurança do consumidor, o fabricante ou que a isso se equivalha é
responsável pela grande maioria dos acidentes de consumo. Sendo assim, no que
diz respeito aos danos decorrentes das relações de consumo, produzidos por pro-
dutos defeituosos, o Código Civil deve ser afastado, aplicando somente o Código
de Defesa do Consumidor, uma vez que não se trata mais de uma relação con-
tratual, mas de outro tipo de vínculo, que seria o produto defeituoso lançado no
mercado e que, em uma relação de consumo, contratual ou não, dá causa a um
acidente, de acordo com o art. 12 do CDC.

Responsabilidade Civil nas Relações de Consumo


138 UNIDADE IV

RESPONSABILIDADE PELO FATO DO SERVIÇO

Essa forma de responsabilização vem prevista no art. 12 do CDC, que dispõe:


o fornecedor de serviços responde, independentemente da existência
de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por de-
feitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

O serviço pode ser considerado defeituoso quando não fornece a segurança que
o consumidor dele pode esperar, levando em conta as circunstâncias relevantes,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tais como o modo do seu fornecimento, o resultado e os riscos que razoavelmente
dele se esperam e a época em que foi fornecido (art. 14, §1º, CDC).
Tal responsabilidade tem como fundamento o dever de segurança. A principal
diferença entre esta e a responsabilidade citada anteriormente está na designa-
ção dos agentes responsáveis. No art. 12 do CDC, fala-se, como responsáveis, o
fabricante, o produtor, o construtor e o incorporador, excluindo o comerciante.
Por sua vez, o art. 14 do CDC fala apenas em fornecedor, incluindo-se todos que
fazem parte da cadeia produtiva.

RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO PRODUTO E


DO SERVIÇO

Primeiramente, é necessário distinguirmos o vício do defeito. O primeiro é um


defeito menos grave, circunscrito ao produto ou serviço, que causa apenas o mau
funcionamento do produto. O segundo, porém, é um vício grave que compro-
mete a segurança do produto ou do serviço, causando um dano a ele (CAVALIERI
FILHO, 2011). Para Luiz Antônio Rizzatto Nunes (2000, p. 214),
há vício sem defeito, mas não há defeito sem vício; o defeito pressupõe
o vício. O defeito é o vício acrescido de um problema extra, alguma coi-
sa extrínseca ao produto ou ao serviço, que causa um dano maior que
simplesmente o mau funcionamento ou não funcionamento.

DIREITO DO CONSUMIDOR
139

Assim, nessa forma de responsabilidade por vício do produto e do serviço cui-


da-se de defeitos inerentes aos produtos e serviços.

VÍCIO DO PRODUTO E VÍCIO REDIBITÓRIO

O vício redibitório são aqueles defeitos ocultos da coisa, de acordo com o art. 441
do Código Civil, enquanto os vícios de qualidade ou de quantidade de bens e ser-
viços podem ser ocultos ou aparentes. Para a configuração do vício redibitório,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

é necessário, ainda, que a coisa seja recebida em virtude de relação contratual,


que o defeito seja grave e contemporâneo à celebração do contrato. Os defeitos
de pequeno dano ou superveniente à realização do negócio não afeta o princí-
pio da garantia. Tais requisitos são irrelevantes para a configuração do vício do
produto, já que o CDC não faz qualquer distinção quanto à gravidade do vício,
quanto a ser ele anterior, contemporâneo ou posterior à entrega do bem, e nem
se esta se deu em razão de contrato (CAVALIERI FILHO, 2011).
Os mecanismos reparatórios são muito mais abrangentes e satisfatórios do
que aqueles que estão previstos no Código Civil. Tais mecanismos permitem
ao consumidor, não sendo o vício sanado no prazo máximo de 30 dias, exigir,
alternativamente e à sua escolha: a substituição do produto por outro da mesma
espécie, em perfeitas condições de uso; a restituição imediata da quantia paga,
monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; o abati-
mento proporcional do preço; a complementação do peso ou medida, no caso
do vício de quantidade; a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando
cabível (BRASIL, 2002).

VÍCIO DE QUALIDADE E VÍCIO DE QUANTIDADE

O art. 18 do CDC prevê dois tipos de vícios do produto: de qualidade e de quan-


tidade. De acordo com o artigo, o vício de qualidade é aquele que torna o produto
(durável ou não) “impróprios ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam

Responsabilidade pelo Vício do Produto e do Serviço


140 UNIDADE IV

o valor, assim como aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações cons-


tantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária [...]”.
Nesse caso, podemos citar como exemplos: o celular que não liga; o ferro de
passar roupa que não esquenta, a comida estragada, o medicamento com data
vencida ou inadequado para o tratamento a que se destina. Pode-se perceber,
assim, que o CDC deu ao fornecedor mais um dever, nesse caso, relacionado à
qualidade do produto ou serviço disponibilizado ao consumidor (LOPES, 2018).
Dessa forma, só podem ser colocados no mercado produtos inteiramente ade-
quados ao consumo a que se destinam.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O vício de quantidade decorre da disparidade entre as indicações constantes
no recipiente, embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária e o produto em si.
Com relação a esse vício, as medidas reparatórias estão especificadas no art.
19 do CDC, que podem ser: abatimento proporcional do preço, complementa-
ção do peso ou medida; substituição do produto por outro da mesma espécie,
marca ou modelo; restituição imediata da quantia paga, monetariamente atua-
lizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos.

VÍCIOS DO SERVIÇO

O art. 20 do CDC dispõe sobre a responsabilidade do fornecedor por vícios do


serviço, que também podem ser de qualidade e de quantidade. O primeiro torna
o serviço impróprio ao consumo ou diminui seu valor. Impróprio é o serviço que
se mostra inadequado para o fim que razoavelmente dele se espera, bem como
aquele que não atende às normas regulamentares de prestabilidade, de acordo
com o §2º do citado artigo. O segundo é aquele que apresenta disparidade com
as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária.
As medidas reparatórias para os vícios do serviço, à escolha do consumi-
dor, estão previstas no art. 20 e são as seguintes: I – a reexecução dos serviços,
sem custo adicional e quando cabível; II – a restituição imediata da quantia paga,
monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III – o
abatimento proporcional do preço.

DIREITO DO CONSUMIDOR
141

Os responsáveis por tal reparação são todos os fornecedores, solidariamente,


inclusive o comerciante.
Assim como ocorre na responsabilidade pelo fato do serviço, o número de
casos de vício do serviço é superior ao do vício do produto, tais como serviços
públicos, serviços profissionais de todo gênero, serviços bancários, financeiros,
securitários, médico hospitalares entre outros.

QUADRO RESUMO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Consumidor: é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto


ou serviço como destinatário final.
Fornecedor: é toda a pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional
ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem
atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação,
importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.
Fonte: a autora.

Responsabilidade pelo Vício do Produto e do Serviço


142

1. O Direito do Consumidor veio para proteger essa parte mais fraca, visando re-
gulamentar a relação entre consumidor e fornecedor, bem como os direitos
básicos previstos no instrumento legal. Além disso, também visa analisar as
formas de responsabilização pelos vícios apresentados pelo produto ou servi-
ço. O objetivo do ramo estudado foi implantar uma Política Nacional de Consu-
mo, por meio de normas de ordem pública e interesse social. Com relação aos
princípios do Direito do Consumidor e de acordo com o que foi estudado em
nossa disciplina, analise as assertivas que seguem:
I. O princípio da boa-fé passou a ser utilizado com uma nova e moderna signi-
ficação, indicando valores éticos que estão à base da sociedade organizada
e desempenham uma função de sistematização da ordem jurídica.
II. O princípio da transparência é o dever do fornecedor em informar e, de ou-
tro, o direito à informação do consumidor. Isso implica na proibição da cria-
ção artificial de barreiras à informação com intuito de ocultar desvantagens
para o outro, ou ainda, forjar uma enganosa valorização das vantagens que
o contrato poderá proporcionar.
III. O princípio é o início de tudo, o começo, o ponto de partida de algo.
IV. O princípio da vulnerabilidade é um estado da pessoa, uma situação perma-
nente ou provisória que fragiliza o consumidor.
É correto o que se encontra em:
a) Apenas a I e II.
b) Apenas a II e IV.
c) Apenas a I e III.
d) Apenas a II e III.
e) I, II, III e IV.

2. A relação de consumo é formada por duas partes: consumidor e fornecedor,


sendo ambos definidos pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC). O art. 2º
do CDC prevê que “o consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire
ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”. Em algumas situações,
identificamos que a mercadoria ou serviço pode apresentar vício e que, se este
não for resolvido no prazo máximo de 30 dias, o consumidor possui alternati-
vas previstas na própria legislação. Com relação às opções do consumidor, leia
as assertivas que seguem:
143

I. O consumidor poderá pedir a substituição do produto por outro da mesma


espécie, em perfeitas condições de uso.
II. As partes poderão convencionar a redução ou ampliação deste prazo, não
podendo ser inferior a 15 nem superior a 90 dias.
III. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em
separado, por meio de manifestação expressa do consumidor.
IV. Quando o consumidor optar pela substituição e não está sendo possível,
poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos,
mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço.
É correto o que se afirma em:
a) I e IV, apenas.
b) II e III, apenas.
c) I, III e IV, apenas.
d) II, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.

3. Os direitos básicos do consumidor estão previstos no art. 6 do CDC. No entan-


to, esse artigo não é exaustivo, ou seja, podem existir outros direitos diferentes
dos que estão elencados no artigo. Com relação aos direitos básicos do consu-
midor, previstos no artigo citado anteriormente, leia as assertivas que seguem:
I. O direito à educação para o consumo é um reflexo ou consequência do prin-
cípio da transparência, encontrando-se, umbilicalmente, ligado ao princípio
da vulnerabilidade.
II. Em relação ao direito à informação, o consumidor não tem nenhuma prote-
ção à publicidade enganosa e/ou abusiva.
III. As efetivas prevenção e reparação de danos garantem ao consumidor o
acesso aos órgãos judiciários e administrativos, tanto para a prevenção
quanto para a obtenção de reparação de danos, sejam eles patrimoniais ou
morais, individuais, coletivos ou difusos.
IV. Em relação à proteção contra as práticas e cláusulas abusivas, é considera-
do como abusivo tudo aquilo que afronta a principiologia e a finalidade do
sistema protetivo do consumidor, bem como que se relacione à noção de
abuso do direito.
144

É correto o que se afirma em:


a) I, apenas.
b) I e IV, apenas.
c) II e III, apenas.
d) III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.

4. A responsabilidade civil serve para reparar os danos causados pelos produtos


ou serviços adquiridos pelo consumidor, a fim de protegê-lo, por ser a parte
mais vulnerável da relação. O direito civil brasileiro acabou adotando a teoria
da culpa, para fins de responsabilidade civil, ou seja, a vítima que deverá de-
monstrar a existência de culpa ou dolo do causador.
No que diz respeito às formas de responsabilidade civil, analise as assertivas
abaixo.
I. No caso de fornecimento de produtos ou serviços nocivos à saúde ou com-
prometedores da segurança do consumidor, o fabricante, ou que a isso se
equivalha, é responsável por alertar o consumidor para riscos do produto.
II. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de
culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes
ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
III. O serviço pode ser considerado defeituoso quando fornece a segurança que
o consumidor dele pode esperar, levando em conta as circunstâncias rele-
vantes, tais como o modo do seu fornecimento, o resultado e os riscos que
razoavelmente dele se esperam e a época em que foi fornecido.
IV. A troca de um produto defeituoso não poderá ser feita a qualquer tempo,
pois existe uma garantia estabelecida que deve ser cumprida.
É correto o que se afirma em:
a) I e II, apenas.
b) II e IV, apenas.
c) I, II e IV, apenas.
d) I, III e IV, apenas.
e) II, III e IV, apenas.
145

5. A responsabilidade civil está relacionada ao fato do indivíduo se responsabili-


zar pelo dano causado, garantindo ou assumindo o pagamento do que se obri-
gou ou do ato que praticou. Ainda, essa responsabilidade pode ser classificada
em responsabilidade objetiva e subjetiva. No que diz respeito à classificação da
responsabilidade, analise as assertivas abaixo:
I. A responsabilidade objetiva é aquela que a indenização deve ser paga sem
que se discuta a existência de dolo ou culpa.
II. A responsabilidade subjetiva é aquela que decorre da negligência, impru-
dência e imperícia.
III. A responsabilidade do comerciante é principal, devendo sempre ser identi-
ficado o fabricante do produto e/ou serviço.
IV. O comerciante será responsável no caso de não promover a adequada con-
servação dos produtos perecíveis.
É correto o que se afirma em:
a) I e IV, apenas.
b) II e III, apenas.
c) II e IV, apenas.
d) I, II e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
146

SAIBA O QUE FAZER DIANTE DE PROPAGANDAS ENGANOSAS


Existem vários tipos de publicidades que enganam o consumidor, oferecendo, por
exemplo, produtos que não cumprem o que prometem. Saiba o que fazer em cada caso.
Muitas vezes o consumidor se sente enganado com propagandas em que o divulgado pa-
rece muito mais interessante do que é na realidade. Mas em todas as situações isso é con-
siderado propaganda enganosa? Entenda as diferenças das publicidades descritas como
enganosas pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC) e saiba o que fazer em cada caso.

PUBLICIDADE ENGANOSA
De acordo com o artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor (CDC), uma publicida-
de é considerada enganosa quando induz o consumidor ao erro. Ou seja, quando traz
uma informação falsa capaz de dar uma ideia diferente da realidade do produto ou do
serviço ofertado. É o caso, por exemplo, de um serviço anunciado gratuito, mas que na
verdade é pago, mesmo que isso só se perceba na hora em que é contratado ou após
certo tempo de uso.
Em casos como esse, o consumidor pode tentar contato com o ofertante, preferencial-
mente por escrito, solicitando providências. O artigo 35 do CDC dá ao consumidor lesado
o direito de escolher entre as seguintes alternativas: a obrigação de cumprir exatamente
o que foi ofertado; outro produto ou serviço equivalente ao adquirido, ou a rescisão do
contrato e a devolução do valor pago, acrescido da devida correção monetária.
Caso o fornecedor não responda à solicitação ou dê um retorno negativo, a reclamação
pode ser registrada junto a um órgão de defesa do consumidor, como o Procon da sua
cidade. Se ainda assim nada for resolvido, o caso pode ser levado à Justiça por meio do
Juizado Especial Cível (JEC). Nos casos que envolvam causas de até 20 salários mínimos,
não será necessário um advogado para mover o processo. Acima desse valor, será ne-
cessário o auxílio de um advogado de confiança para que as ações e avaliações cabíveis
sejam articuladas.
Há, ainda, a possibilidade de o consumidor tentar solucionar seu problema, antes de en-
trar na Justiça, por meio de uma plataforma digital criada pelo governo federal, chama-
da consumidor.gov.br. Ou até mesmo reclamar por outros meios, como as redes sociais.
Mas nunca deixe de registrar seu problema no Procon.

PUBLICIDADE ENGANOSA POR OMISSÃO


Além da publicidade enganosa, o artigo 37 do CDC prevê a publicidade enganosa por
omissão, que é aquela em que o fornecedor deixa de informar um dado essencial sobre
o produto ou do serviço anunciado. Por exemplo, quando um canal de TV anuncia diver-
sos produtos, mas não informa sobre a forma de pagamento ou condições - dados que
também são essenciais sobre o produto na hora da compra.
147

Neste caso, o procedimento a ser tomado será o mesmo que o descrito na publicidade
enganosa. O consumidor pode tentar o contato com o fornecedor, fazendo as solici-
tações convenientes. Se não houver resposta, buscar o Procon e, se mesmo assim não
funcionar, entrar na Justiça.

PUBLICIDADE ABUSIVA
No artigo 37, parágrafo segundo, também é descrita a publicidade abusiva, esta que é
considera imprópria por incitar à violência, desrespeitar o meio ambiente e se aproveitar
da deficiência de julgamento e experiência de crianças.
A ideia da publicidade abusiva está ligada à valores morais e atuais acontecimentos
da sociedade. Em geral, é a publicidade que contém objetiva ou subjetivamente um
discurso discriminatório ou preconceituoso, ou que incita prática imorais ou a violação
de direitos humanos.
Assim como nas demais hipóteses, a abusividade constatada em uma propaganda pode
ser denunciada ao Procon. Na possibilidade da publicidade ser considerada abusiva, o
órgão tomará as medidas necessárias para que ela deixe de ser exibida ou veiculada,
além da aplicação de sanções pelas infrações cometidas.
Em março deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgou como abusiva uma pro-
paganda da Bauducco por associar a venda de um biscoito a um relógio com perso-
nagem infantil. A decisão da corte que deve impactar julgamentos semelhantes, teve
como base o CDC, e está alinhado com a resolução 163/2014 do Conselho Nacional dos
Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda).

Fonte: IDEC (2017, on-line)1.


MATERIAL COMPLEMENTAR

Programa de Responsabilidade Civil


Autor: Sérgio Cavalieri Filho
Editora: Atlas
Ano: 2010

Sinopse: a importância do Direito do Consumidor foi reconhecida e


proclamada pela primeira vez na mensagem que o Presidente Kennedy enviou
ao Congresso dos Estados Unidos em 15 de março de 1962: “Consumidores,
por definição, somos todos nós. Os consumidores são o maior grupo econômico na economia,
afetando e sendo afetado por quase todas as decisões econômicas, públicas e privadas.” A Henry
Ford atribui-se esta frase: “O consumidor é o elo mais fraco da economia: e nenhuma corrente pode
ser mais forte do que o seu elo mais fraco.” Hoje, todos reconhecem, o Direito do Consumidor é
o mais discutido, estudado e aplicado em nosso país. Basta dar uma olhada nas estatísticas dos
Procons, dos Juizados Especiais e da própria Justiça Comum para se ter a constatação dessa verdade:
milhares de casos diariamente. O objetivo desta obra é auxiliar os estudantes e profissionais do
direito na árdua tarefa de bem interpretar e aplicar o Direito do consumidor. A vasta experiência
do autor no magistério e na magistratura permitiu-lhe elaborar um trabalho didático, objetivo e
prático, mas ao mesmo tempo abrangente. Todas as controvérsias doutrinárias e jurisprudenciais
são examinadas de forma sucinta, com destaque para o entendimento predominante, de forma a
oferecer ao leitor orientação segura sobre as mais variadas questões.
149
REFERÊNCIAS

ALVIM, T. A.; ALVIM, J. M. E. Código do Consumidor comentado. 2. ed. São Paulo: R.


dos Tribunais, 1995.
BENJAMIM, A. H. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor comentado pelos
autores do anteprojeto. 8. ed. São Paulo: Forense Universitária, 2004.
BRASIL. Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990. Código de Defesa do Consumi-
dor. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm>. Acesso em: 09 out.
2018.
CAVALIERI FILHO, S. Programa de Direito do Consumidor. São Paulo: Atlas, 2011.
GAMA, H. Z. Curso de Direito do Consumidor. São Paulo: Forense, 2004.
LOPES, M. H. Legislação empresarial. Unicesumar: Maringá, 2018.
MARQUES, C. L. Contratos no Código de Defesa do Consumidor. 5. ed. São Paulo:
R. dos Tribunais, 2006.
NUNES, L. A. R. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. São Paulo: Sa-
raiva, 2000.
THEODORO JUNIOR, H. Curso de direito processual civil. Unicesumar: Maringá,
2002.

REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: <http://www.idec.org.br/consultas/dicas-e-direitos/saiba-o-que-fazer-diante-
-de-propagandas-enganosas>. Acesso em: 09 out. 2018.
GABARITO

1. E.
2. C.
3. D.
4. C.
5. D.
151
CONCLUSÃO

Nesse material, estudamos um pouco sobre algumas áreas do Direito que são es-
senciais para o bom desempenho de uma atividade empresarial.
Na primeira unidade, estudamos sobre o Direito Empresarial. Analisamos quem
pode ser considerado empresário e quem não pode, ou seja, aqueles que são im-
pedidos, bem como de que forma pode ser feito o seu nome empresarial. Nessa
área do Direito, é importante conhecermos um pouco mais sobre as modalidades
societárias e as principais características que as diferenciam.
Assim como é importante saber quem pode e como pode ser empresário, também
é necessário saber o que pode acontecer com uma empresa, caso passe por proble-
mas financeiros, não conseguindo, em função disso, cumprir com suas obrigações.
Neste caso, poderá ser feito um pedido de recuperação extrajudicial ou judicial e,
em último caso, a falência.
Na sequência, estudamos o Direito Tributário. Tal área é importante, pois a partir do
seu estudo é que se compreende melhor a cobrança dos tributos em nosso país.
Além disso, com esse ramo, analisamos a diferença entre imposto, taxa, contribui-
ção social, contribuição de melhoria e empréstimo compulsório. Compreendemos
quem pode ser considerado sujeito ativo e sujeito passivo nessa relação tributária,
bem como a partir de qual momento se torna uma dívida ativa.
Na terceira unidade, analisamos o Direito do Trabalho, um ramo de suma importân-
cia, uma vez que envolve o empregado, que é o principal componente de uma or-
ganização empresarial. Inicialmente, precisamos conhecer os princípios específicos
do Direito do Trabalho, que protegem o empregado.
Em nossa última unidade, vimos o Direito do Consumidor. Tal ramo busca proteger a
relação de consumo, garantindo que o fornecedor cumpra com todos os requisitos
necessários para um bom relacionamento com o consumidor. Para compreender-
mos essa relação, analisamos os direitos básicos do consumidor previstos em seu
art. 6º, bem como as formas de responsabilização por danos causados na relação
de consumo.
Podemos concluir que as áreas aqui estudadas são primordiais para o administra-
dor e os profissionais que atuam na gestão de organizações, podendo melhorar o
funcionamento da sua atividade empresarial, proporcionando uma prestação de
serviços ou fornecimento de produtos correto ao mercado.
ANOTAÇÕES

Você também pode gostar