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Antonia Paulino

Ataimo António Muassuca

Hermenegilda José Marcos Elias

Marta de Lurdes Antoninho Maia

Momade Bastonio

Acção da selecção natural

Licenciatura em ensino de Biologia com habilidades em Química

Universidade Rovuma

Nacala Porto

Novembro de 2021
Antónia Paulino

Ataimo António Muassuca

Hermenegilda José Marcos Elias

Marta de Lurdes Antoninho Maia

Momade Bastonio

Acção da selecção natural

Licenciatura em ensino de Biologia com habilidades em Química

Trabalho em grupo de carácter avaliativo,


pertencente a cadeira de Biologia Evolutiva
4oano, II semestre, EAD.
Docente: Gamito Camilo

Universidade Rovuma

Nacala Porto

Novembro de 2021
III

Índice
Introdução...............................................................................................................................4

Seleção natural........................................................................................................................5

Princípios gerais.....................................................................................................................7

Coloração de aviso.................................................................................................................8

Camuflagem.........................................................................................................................10

Maneiras de produção de cor................................................................................................10

Influência da fisiologia de cada animal................................................................................11

Mudança de cor....................................................................................................................11

Por movimentos musculares.................................................................................................11

Pela dieta..............................................................................................................................12

Pela liberação de hormônios.................................................................................................12

Confusão com outro objeto ou animal..................................................................................12

Mecanismo do mimetismo...................................................................................................13

Tipos de mimetismo.............................................................................................................13

Conclusão.............................................................................................................................18

Referências...........................................................................................................................19
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Introdução

O presente trabalho de pesquisa visa abordar sobre a acção da selecção natural.

No desenvolvimento, o trabalho objectiva-se em descrever com mais detalhes as acções


da selecção natural (coloração oculta, coloração de aviso e mimetismo).

Para o alcance destes objectivos neste trabalho foi utilizada a metodologia de pesquisa
bibliográfica.

O trabalho de pesquisa é de carácter avaliativo, foi orientado pelo tutor da mesma


cadeira e está organizado da seguinte maneira: para além da presente Introdução, segue-
se o desenvolvimento, a conclusão e a bibliografia.
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Seleção natural

Apesar do conceito de seleção natural refletir a reprodução diferencial dos indivíduos e,


em um primeiro momento, parecer simples, a compreensão conceitual e a aceitação do
processo de evolução biológica tem sido considerada difícil e pode sofrer influência de
valores culturais e do entendimento da natureza do caráter científico(MEGLHIORATTI,
2004, p.107). Desse modo, uma forma de compreender o conceito de evolução biológica
de forma contextualizada é entender aspectos da construção histórica desse conceito.
Algumas pesquisas indicam que conhecer a História da Ciência pode ser um elemento
que ajuda a compreensão de conceitos e a obtenção de uma postura mais crítica em
relação ao conhecimento científico, como afirma Martins (1998) a História da Ciência
pode contribuir com o Ensino de Ciências, uma vez que,

a) mostra através de episódios históricos o processo gradativo e lento da construção do


conhecimento, permitindo que se tenha uma visão mais concreta da natureza real da
ciência, seus métodos, suas limitações; b) mostra, através de episódios históricos, que
ocorreu um processo lento de desenvolvimento de conceitos até se chegar às concepções
aceitas atualmente e, c) através da História da Ciência o educando irá perceber que a
aceitação ou o ataque a alguma proposta não dependem apenas de seu valor intrínseco,
de sua fundamentação, mas que também nesse processo estão envolvidas outras forças,
tais como as sociais, políticas, filosóficas ou religiosas (MARTINS, 1998, p.18).

Seleção natural (AO 1945: Selecção natural) é o processo proposto por Charles
Darwin e Alfred Wallace, os dois responsáveis pela teoria da evolução por seleção
natural. A alta fecundidade e a recorrente competição pela sobrevivência em cada
espécie geram o pressuposto para esse processo. Outros mecanismos de evolução das
espécies incluem a deriva genética, o fluxo gênico, as mutações e o isolamento
geográfico.
O conceito básico de seleção natural é que características favoráveis que são
hereditárias tornam-se mais comuns em gerações sucessivas de uma população de
organismos que se reproduzem, e que características desfavoráveis que são hereditárias
tornam-se menos comuns. A seleção natural age no fenótipo, ou nas características
observáveis de um organismo, de tal forma que indivíduos com fenótipos favoráveis
têm mais chances de sobreviver e se reproduzir do que aqueles com fenótipos menos
favoráveis. Gradativamente, desenvolveu-se a ideia de diversidade de espécies,
decorrente da especiação. Em uma população, indivíduos de uma espécie apresentam
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variações (variações intraespecíficas). As variações podem ou não serem úteis à


sobrevivência e à reprodução dos indivíduos. Em outras palavras, as variações são
vantajosas ou desvantajosas a depender das condições ambientais ou nicho ecológico.
Os indivíduos que possuem variações favoráveis ou vantajosas, nas condições
ambientais específicas, levam vantagem na competição com outros indivíduos que não
possuem variações úteis à sobrevivência no ambiente específico. Os indivíduos que
possuem as variações vantajosas sobrevivem mais e se reproduzem mais, e assim
prevalecem em quantidade dentro da população, portando as variações vantajosas. Ao
longo do tempo geológico, os indivíduos com as variações vantajosas são diferentes da
população original, isto é, formam agora uma população de uma nova espécie, uma
espécie diferente. Então, podemos dizer que as variações intraespecíficas levaram à
produção de variações interespecíficas.

Dito de outro modo, os fenótipos apresentam uma base genética, então o genótipo
associado com o fenótipo favorável terá sua frequência aumentada na geração seguinte.
Com o passar do tempo, o mecanismo de seleção natural resulta em adaptações que
especializarão organismos em nichos ecológicos particulares e pode resultar na
emergência de novas espécies. A seleção natural não distingue entre seleção ecológica e
seleção sexual, na medida em que ela refere-se às características, por exemplo, destreza
de movimento, nas quais ambas podem atuar simultaneamente. Se uma variação
específica torna o descendente que a manifesta mais apto à sobrevivência e à
reprodução bem sucedida, esse descendente e sua prole terão mais chances de
sobreviver do que os descendentes sem essa variação.

A seleção natural tardia diminui a variabilidade genética, assim, quanto mais intensa a
seleção natural sobre um determinado grupo de indivíduos menor será sua variabilidade,
pois há a seleção dos genótipos. O processo atua em todas as populações, mesmo em
ambientes regulares, eliminando os fenótipos desviantes. A heterogeneidade espacial e
temporal concede diferentes impactos seletivos sobre o conjunto gênico da população,
impedindo a eliminação de determinados genes que não seriam mantidos em um
ambiente estável. Exemplo disso é o que acontece com o aperfeiçoamento na população
humana de genes que normalmente seriam eliminados, como o gene que causa a anemia
falciforme.
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As características originais, bem como as variações que são inadequadas dentro do


ponto de vista da adaptação, deverão desaparecer conforme os descendentes que as
possuem sejam substituídos pelos parentes mais bem-sucedidos. Assim, certas
caraterísticas são preservadas devido à vantagem seletiva que conferem a seus
portadores, permitindo que um indivíduo deixe mais descendentes do que os indivíduos
sem essas características. Eventualmente, através de várias interações desses processos,
os organismos podem acabar desenvolvendo características adaptativas mais e mais
complexas.

A selecção natural pode forçar algumas populações mudarem suas características – a


evoluir. As atividades antrópicas também alteram as condições ambientais e há
impactos na sobrevivência e reprodução dos indivíduos. Um exemplo conhecido é o das
mariposas Biston betularia. Por volta do ano de 1850, durante a Revolução Industrial na
Inglaterra, essas mariposas, sendo anteriormente as brancas com manchas negras
predominantes da região, passaram a ter a forma negra dominante, por conta da
poluição do ambiente (melanismo industrial). Logo, ambientes afetados por diferentes
graus de poluição, influenciaram na evolução do melanismo da mariposa, e
modificaram também as características físicas de outras espécies.

Princípios gerais

Apesar do avanços da pesquisa ainda existem muitas espécies desconhecidas.

A seleção natural age sobre o fenótipo. O fenótipo é determinado por um trecho


genômico do indivíduo, conhecido como genótipo, e também pelo ambiente em que o
organismo vive, e as interações entre os genes e o ambiente.

Frequentemente, a seleção natural age em características específicas de um indivíduo e


os termos fenótipo e genótipo são algumas vezes usados especificamente para indicar
essas características específicas.

A maioria das características são influenciadas pelas interações de muitos genes, mas
algumas características são governadas por um único gene nos moldes das Leis de
Mendel. Variações que ocorram em um de muitos genes que contribuem para uma
característica podem ter somente pequenos efeitos no fenótipo, produzindo um
continuum de valores fenotípicos possíveis; o estudo desses padrões de hereditariedade
tão complexos é chamado de genética quantitativa.
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Quando organismos diferentes em uma população possuem genes diferentes para a


mesma característica, essas variações genéticas são denominadas de alelos.

Quando todos os organismos em uma população compartilham o mesmo alelo para uma
característica particular, e esse estado apresente-se estável ao longo do tempo, se diz
que os alelos se fixaram naquela população. É essa variação genética que destaca
características fenotípicas; um exemplo comum é a de que certas combinações de genes
para cor dos olhos em humanos correspondem a genótipos que originam o fenótipo dos
olhos azuis.

Coloração de aviso

A coloração de aviso é uma estratégia que consiste em, como o nome diz, exibir
determinados padrões de cores em seu exterior, representando uma sua função
fisiológica interna, ou qualquer outra função sua que sirva para intimidar seus
predadores ou atrair o sexo oposto.

• Geralmente as cores apresentadas são acentuadamente vivas, tais como vermelho,


verde e azul.

• O melhor exemplo de colorações de aviso é a que percebe- se em animais altamente


venenosos, deixando implícita a mensagem de que ele possui glândulas venenosas que
podem causar grande desconforto a quem ouse perturbar.

A natureza e os animais possuem diversas tonalidades e combinações de cores, e todas


elas são geradas por vários fatores. a coloração pode ser de dois típicos: críptica e
aposemática. a coloração críptica é a que se confunde com o ambiente, deixando, em
certos casos, os animais quase invisíveis a olho nu, fazendo com que passem
completamente despercebidos em seus ambientes naturais. no caso de animais com
coloração chamativa, a intenção não é se esconder, mas justamente aparecer. esse tipo
de coloração nós chamamos de coloração de aviso, coloração de advertência, ou, usando
um termo mais técnico coloração aposemática (aposematismo). o termo aposemático é
formado por três radicais: apo = longe de; sema = sinal; atica = série ou conjunto, ou
seja, o termo significaria “o conjunto de sinais para afastar”, evidenciando bem a
principal função da coloração aposemática.
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Animais que possuem coloração aposemática estão enviando uma mensagem muito
clara aos outros, e a mensagem é: não me toque, sou perigoso. Esse perigo pode ser
evidenciado na forma de impalatabilidade, ou seja, algo que não seja palatável, atraente
ao paladar dos predadores, ou mesmo na forma de substâncias tóxicas presentes no
animal.

A razão de como esse tipo de estratégia se desenvolveu ainda é discutida por


pesquisadores, mas duas hipóteses são mais aceitas: a de que as espécies com coloração
de aviso são mais facilmente reconhecidas por prováveis predadores, por sua coloração
evidente e a hipótese de que, como geralmente animais com coloração aposemática
possuem toxinas eles fazem “questão” de aparecer, fazendo com que os predadores
passassem a os evitar o quanto antes. Se o animal é facilmente reconhecido e possui
toxinas o predador vai evitá-lo à primeira visão, evitando qualquer tipo de interação
conflituosa.

Um dos casos mais evidentes de coloração de aviso é apresentado pelo sapo-dardo-


envenenado (Phyllobates terribilis), uma espécie pequena de sapo que apresenta forte
coloração amarelada e altíssimo nível de toxicidade em sua pele.

A coloração do Phyllobates terribilis destaca em qualquer vegetação, mas é melhor os


predadores respeitarem isso.

Algumas espécies podem “imitar” a coloração de aviso de outras, um processo que


chamamos de mimetismo. As espécies miméticas se parecem com espécies
potencialmente perigosas, mas só na aparência, usando dessa imitação para manter os
predadores longe. Sendo assim, ao ser avistada, a espécie mimética pode ser confundida
com a espécie tóxica ou venenosa, fazendo com que o predador a evite da mesma
maneira.

Várias espécies de serpentes mimetizam a coloração das venenosas corais, são as


chamadas falsas-corais.

A coloração evidente também pode ter outra função além de sinalizar perigo. Ela pode
ser utilizada como “ferramenta de atração”. Além da seleção natural, Charles Darwin
descreveu outro mecanismo, o da seleção sexual. Os indivíduos selecionam os melhores
parceiros para reprodução, e em sua grande maioria essa seleção parte das fêmeas: elas
escolhem os machos. E em algumas espécies a coloração exerce fator primordial nessa
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seleção, uma vez que quanto mais evidente, mais vistosa e mais chamativa a coloração
do macho, mais saudável ele é, logo, um parceiro reprodutivo melhor.

Camuflagem

A camuflagem é o conjunto de técnicas e métodos que permitem a um dado organismo


ou objeto permanecer indistinto do ambiente que o cerca. Têm-se como exemplos desde
as cores amadeiradas do bicho-pau até as manchas verdes-marrons nos uniformes dos
soldados modernos. Difere do mimetismo, que consiste na presença, por parte de
determinados organismos denominados mímicos, de características que os confundem
com um outro grupo de organismos, para sua proteção.

A camuflagem é um recurso resultante da ação da seleção natural sobre uma certa


espécie, usado por várias espécies para se protegerem dos seus predadores. Uma das
mais amplas e diferentes adaptações é a camuflagem natural, a habilidade de um animal
se esconder de um predador ou presa. Consiste na presença, por parte de determinados
organismos denominados mímicos, de características que os confundem com um outro
grupo de organismos.

A camuflagem pode ocorrer pela cor, ou forma de cobertura do animal. É difícil, por
exemplo, distinguir um veado novo entre as folhagens, por causa da cor parda e às
pintas escuras. Como o objetivo final da camuflagem é esconder o animal de outros que
querem caçá-lo, a fisiologia e o comportamento de seus predadores ou de suas presas é
altamente significante. Um animal não desenvolverá nenhuma camuflagem que não o
ajude a sobreviver, então nem todos os animais se misturam em seu meio ambiente da
mesma maneira. Por exemplo, não há sentido em um animal replicar a cor de seu meio
ambiente se o seu principal predador for insensível às cores. O fator mais importante é o
meio ambiente.

Maneiras de produção de cor

Há duas maneiras pelas quais os animais produzem cores diferentes. Uma é por meio
dos biocromos, que são pigmentos naturais microscópicos presentes no corpo de um
animal que produzem cores quimicamente. Sua maquiagem química é tanta que eles
absorvem algumas cores da luz e refletem outras. A cor aparente de um pigmento é a
combinação de todos os comprimentos de onda de luz visíveis que são refletidas por
esse pigmento.
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Os animais podem também produzir cores através de estruturas físicas microscópicas.


Estas estruturas agem como prismas, refletindo e espalhando luz visível. Dessa maneira,
uma certa combinação de cores é refletida. Os ursos polares, por exemplo, realmente
têm a pele preta, mas parecem brancos por terem pelos translúcidos. Quando a luz brilha
em seus pelos, cada pelo curva um pouquinho. Isto rebate a luz ao redor, fazendo então
com que parte dela incida sobre a superfície da pele do urso polar e o resto da luz seja
refletida, produzindo a coloração branca. Em alguns animais, os dois tipos de coloração
são combinadas.

Influência da fisiologia de cada animal

As maneiras de coloração dependem da fisiologia de um animal. Na maioria dos


mamíferos, a coloração da camuflagem está nos pelos, já que esta é a camada mais
externa do corpo. Nos répteis, anfíbios e peixes, está nas escamas; nos pássaros está nas
penas; e nos insetos é parte do exoesqueleto. A própria estrutura da cobertura externa
pode também evoluir para criar uma camuflagem melhor. Em esquilos, por exemplo, o
pelo é bastante áspero e irregular, então lembra a textura de casca de árvore. Muitos
insetos têm uma carapaça que imita a textura macia das folhas.

Mudança de cor

Camuflagem é muito comum na natureza; encontra-se em algum grau na maioria das


espécies. Mas não é muito comum para um animal ser capaz de mudar sua coloração
para combinar com um meio ambiente em mudança. Porém, alguns animais
desenvolveram essa a habilidade de mudar de cor, na maioria das vezes por causa da
troca de estações. O habitat de um animal pode estar todo verde e marrom no verão, mas
no inverno estará todo branco de neve, e a sua camuflagem marrom que funcionava
perfeitamente agora o torna um alvo fácil. Por isso, alguns animais, como a raposa-do-
ártico e a lebre-ártica mudam sua pelagem na troca de estações. Penas e pelos em
animais são como cabelos e unhas dos humanos - são, na verdade, tecido morto. Estão
presos ao animal, mas como não estão vivos, o animal não pode fazer nada para alterar
sua composição. Consequentemente, um pássaro ou um mamífero tem que produzir
uma pelagem ou penas completamente novas para mudar de cor.

Por movimentos musculares


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Alguns animais, assim como várias espécies de sépias (molusco da classe Cephalopoda
- a mesma de lulas e polvos), podem manipular seus cromatóforos para a troca total da
cor de sua pele. Estes animais possuem uma coleção de cromatóforos e cada um deles
contém um pigmento singular. Um cromatóforo simples pode estar envolto por um
músculo que pode contrair ou expandir. Quando o músculo da sépia se contrai, todos os
pigmentos são empurrados para a parte superior do cromatóforo. No topo, a célula fica
achatada dentro de um disco largo. Quando o músculo relaxa, a célula retorna ao seu
formato natural de um pequeno pingo. Este pingo é muito difícil de ser visto porque a
parte larga do disco constringe a célula. Constringindo os cromatóforos com um
determinado pigmento e relaxando todos os outros com outros pigmentos, o animal
pode trocar toda a cor do seu corpo.

Pela dieta

Na verdade, algumas espécies de animais trocam os pigmentos que existem em sua pele.
Nudibrânquios trocam sua coloração por alterar sua dieta. Quando um nudibrânquio
alimenta-se de um tipo específico de coral, seu corpo deposita os pigmentos deste coral
na pele e extensões externas do intestino. Os pigmentos aparecem, e o animal torna-se
da mesma cor que o coral. Como o coral não é só a comida da criatura, é também seu
habitat, a coloração é a camuflagem perfeita. Quando a criatura se move para um coral
de cores diferentes as do anterior, seu corpo troca de cor com a nova fonte de comida.

Pela liberação de hormônios

Muitas espécies de peixe gradualmente produzem diferentes pigmentos sem mudar sua
dieta. Isto funciona mais ou menos como troca de pelagem sazonal em mamíferos e
pássaros. Quando o peixe troca de meio ambiente, ele recebe sinais visuais de um novo
modelo de ambiente. Baseado no seu estímulo, estas espécies começam a liberar
hormônios que mudam a maneira de seu corpo produzir pigmentos. Com o tempo, a
coloração dos peixes muda para combinar com seu novo meio ambiente.

Confusão com outro objeto ou animal

Outra tática de camuflagem parecida é o animal tomar a aparência de algum outro


objeto. Um dos mais famosos exemplos deste tipo de comportamento é o bicho-pau, um
inseto que parece um graveto comum e para aperfeiçoar a camuflagem, recolhe as patas
junto ao corpo. Se houver perigo, fica imóvel exactamente como um graveto.
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Mecanismo do mimetismo

O mecanismo da mudança de cor que certos animais possuem em relação ao meio foi
amplamente estudado experimentalmente. Variandose as cores do ambiente artificial
onde eles foram criados, produziam harmônicas variações cromáticas. Verificou-se que
na pele desses animais existem células chamadas cromatóforos, carregadas de
granulações pigmentadas, que se dispõem de diversos modos e lhes permitem produzir
as diferentes cores. A mudança de cor se verifica pela concentração de algumas
granulações e expansão de outras, segundo o tipo de radiação luminosa que recebam
do ambiente (AS ESPÉCIES..., online, 2006).
Menegotto (1980) e Hickman et al. (2004) relatam que a luz actua sobre as células
pigmentadas determinando uma contração ou uma mudança de posição dos
cromatóforos, que se dispõem ora espraiando-se em formas estreladas, ora retraindo-se
como diminutas esferas; cada tipo de cromatóforo absorve um determinado
comprimento de onda do espectro solar, e a ação conjunta dos cromatóforos
profusamente espalhados pela pele origina uma mudança total da cor. É indiscutível que
no mimetismo intervêm certos órgãos efetores, cujas atividades se traduzem por reações
ante os estímulos do exterior e que estão sob a dependência do sistema nervoso,
aceitando-se assim que exista um sistema efetor pigmentar capaz de obedecer à ação
estimulante do ambiente (AS ESPÉCIES..., online, 2006).
Verificou-se também que algumas secreções endócrinas dos animais superiores exercem
grande influência sobre o sistema pigmentar.
Nos anfíbios, a hipófise influi nas mudanças de cor uma vez que sua extirpação
determina uma contração nos melonóforos, acarretando a descoloração permanente da
pele, enquanto que a injeção dos produtos hipofisários restaura a pigmentação cutânea
(MENEGOTTO, 1980).

Tipos de mimetismo

De acordo com "As espécies..." (online, 2006), dos numerosos tratados sobre o
assunto fica clara a discordância e confusão reinantes entre os diferentes autores com
relação aos tipos de mimetismo. Segundo alguns autores, podem ser caracterizados
três tipos de mimetismo: topomórfico: quando um animal imita os objetos que o
cercam ou ainda o aspecto ou a coloração do ambiente; fitomórfico: quando o animal
se assemelha aos vegetais sobre os quais se instala; e o Zoomórfico: quando o animal
parece com outros de outra espécie.
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Cada um destes tipos de mimetismo pode ser de forma, de cor ou misto. Quando o
mimetismo é de forma, denomina-se homotípico ou isotípico ou isomorfo; se é de cor,
denomina-se homocromático. Outra corrente de autores coloca os seguintes tipos de
mimetismo:
1. Mimetismo propriamente dito: trata-se da imitação de um animal por outro.
Existem três subtipos principais:
1.1. Mimetismo Batesiano: quando um ser fraco imita um mais forte. Um indivíduo
inofensivo (o imitador) adquiri as formas e as cores de outro mais agressivo, para
confundir seus predadores. Se a espécie imitada for numerosa e perigosa, é possível que
o predador abandone a presa, por causa de uma má experiência anterior. Como
exemplo, temos o das cobras-corais-falsas, não-venenosas, que possuem uma cor mais
ou menos semelhante à das corais verdadeiras, extremamente venenosas (Dicionário
Ecológico, online, 2006). Takyia; Ceotto (online, 2006) retratam que mecanismos para a
protecção contra predadores em algumas espécies de cigarrinhas (que compõem a
família Cicadellidae) foram reportados na literatura, especialmente o mimetismo
batesiano. Algumas espécies possuem características como uma constrição na base do
abdome, coloração predominantemente preta e amarela e asas bastante transparentes e
alongadas, lembrando vespas, que são indiscutivelmente animais agressivos e
geralmente impalatáveis. Um desses casos apresenta inclusive um tipo de mimetismo
comportamental, onde a cigarrinha, quando ameaçada, abre as asas numa posição
semelhante às asas de uma vespa em repouso, deixando à mostra a impressionante
constrição do abdome. Um outro caso interessante de mimetismo em cigarrinhas é o de
mimetismo dual, extremamente vantajoso, onde cada sexo apresenta um padrão de
coloração diferente (o que não é muito comum na família) e mimetiza modelos
diferentes de vespas. Para que uma relação de mimetismo batesiano seja eficiente o
número populacional dos mímicos tem que ser baixo, e esse é regulado pelo número
populacional dos modelos. Num caso de mimetismo dual, que é regido por dois
modelos diferentes, o número populacional dos mímicos tende a aumentar, já que o
controle do número de indivíduos de cada sexo depende de modelos diferentes. Outro
caso de mimetismo batesiano na família Cicadellidae inclui a espécie Teletusa limpida,
encontrada no Norte e Sudeste Brasileiro, que apresenta uma semelhança morfológica
com abelhas (em Minas Gerais, o provável modelo mimético seria Megachile
neoxanthoptera), animais também pouco palatáveis (AS ESPÉCIES..., online, 2006).
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1.2. Mimetismo Mülleriano: dois seres são completamente diferentes, mas possuem uma
qualidade em comum, um mesmo padrão identifica um grupo de espécies. O predador,
ao ter experiências desagradáveis com alguns desses indivíduos, acaba por associá-las
ao grupo todo. Como exemplo, temos o das borboletas Licoria e Helicorneus, cuja
característica comum é um mau-cheiro. Desta forma, uma ave insetívora, uma vez
conhecendo as desagradáveis características da Licoria, evitará destruir a Helicorneus
(Dicionário Ecológico, online, 2006).
1.3. Mimetismo Parasitário: neste caso, o parasito procura imitar o hospedeiro, como
acontece com a mosca do gênero Vollucella, que se assemelha a certa vespa e deposita
seus ovos junto aos desta, na tentativa de enganá-la (Dicionário Ecológico, online,
2006).
2. Homocromia: o animal passa a apresentar a mesma cor dominante do meio que o
cerca.
3. Homotipia ou homomorfia - consiste na imitação da forma ou disposição do
ambiente. Além destas, uma terceira classificação pode ainda ser considerada, usando-
se a homocromia e a homotipia num sentido mais generalizado, segundo o qual o
mimetismo se verifica quando o ser imita a cor e a forma de outros animais e ainda dos
objetos que o cercam e dos substratos em que se dispõem:
I. Homocromia: consiste na imitação das cores de outros animais, dos objetos e do
substrato. O mimetismo homocromático está muito difundido entre os insetos cujos
ovos são verdes quando depositados sobre vegetais e adquirem variados matizes quando
depositados sobre o solo. Muitas mariposas noturnas possuem a mesma tonalidade cinza
esverdeada dos líquens sobre os quais repousam durante o dia, e os insetos do gênero
Locusta têm a mesma cor verde das plantas em que pousam (AS ESPÉCIES..., online,
2006). As pequenas rãs Hyla arborea dificilmente são percebidas porque tomam a
mesma cor dos arbustos que crescem nas redondezas de seus habitats (VAZ, online,
2006). O arminho muda sua cor de neve quando ocorre o degelo, substituindo-a por
tonalidade cinza. Por habitar regiões com estações muito pronunciadas, adquire durante
uma parte do ano um aspecto acinzentado, confundindo-se com a vegetação estival, e no
inverno tornam-se brancos para se confundirem com a paisagem coberta de neve.
O camelo, o antílope do deserto e os pássaros do Saara tomam uma cor quase neutra e
uniforme (AS ESPÉCIES..., online, 2006). A lebre alpina é um bom exemplo de
adaptação de um animal ao seu habitat natural.
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Quando seu território fica coberto de neve, a lebre é completamente branca, com duas
pequenas pintas pretas nas pontas das orelhas. Na primavera, ela se torna cinzenta, em
abril se cobre de pintas e em maio o seu pêlo se torna marrom-avermelhado. As patas
são acolchoadas e os dedos, bem separados. Quando abertos, esses dedos permitem à
lebrecorrer sobre a neve sem escorregar.
II. Homotipia ou homomorfia: consiste na imitação das formas dos animais, dos
objetos e dos substratos. Um exemplo característico é o da borboleta Caligo que, vista
de cabeça para baixo e pela face inferior, dá a impressão de coruja. Os do gênero
Bacillus e Proscospis, vulgarmente conhecidos como bicho-pau, tomam a forma e a
cor de um graveto quando sobre uma árvore, confundindo-se com ela. A mariposa
Kallima paralecta toma o aspecto de uma folha a que não faltam nervuras. Entre os
vegetais, cita-se a alga Caulerpa, que possui órgãos que se assemelham a raízes, hastes
e folhas das plantas superiores (AS ESPÉCIES..., online, 2006).
É interessante observar que, de maneira geral, em todos os grupos zoológicos o
indivíduo adquire a forma e a coloração do ambiente ou de outros animais com o intuito
de levar vantagem contra seus agressores ou suas vítimas; assim, pode-se dizer ainda
que existe um mimetismo defensivo e um mimetismo agressor.
Há insetos que, para além de possuírem cores idênticas à do meio que freqüentam, têm
ainda uma morfologia semelhante a folhas, paus ou outras estruturas com as quais se
possam confundir. O expoente máximo do mimetismo são os animais que conseguem
fazer variar a sua coloração em função da cor e do padrão que os rodeia (VAZ, online,
2006). O mesmo autor, acresce que muitas espécies de mariposas da América do
Sul têm as asas de brilhantes cores avermelhadas, amarelas ou azuis, mas quando
pousam, fecham as asas e tomam o aspecto de uma folha seca, semelhança grandemente
reforçada pela própria forma das asas que terminam em uma espécie de cauda parecida
com a haste da folha. Há ainda uma linha escura que atravessa transversalmente as duas
asas e termina nessa cauda, simulando uma nervura. Para completar o mimetismo, a asa
anterior apresenta um ponto transparente, semelhante a um orifício de folha seca. Mas
não são todas as espécies que possuem tais características. Algumas borboletas, ao
contrário, possuem cores vivas, que se mostram claramente mesmo quando estão
pousadas.
O camaleão é um dos mais populares e conhecidos casos de mimetismo, sua cor imita
o meio ambiente. O cavalo-marinho imita as folhagens submarinas, com a cauda
enroscada nas algas pardas, entre as quais se oculta, balouça suavemente, enganando
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outros peixes. O urso branco, auxiliado por esse fenômeno, confunde-se com a neve,
tornandose alvo difícil e perigoso adversário (VAZ, online, 2006).
Outro exemplo é o matamatá, um cágado que tem a aparência de uma folha apodrecida.
Esta característica o ajuda tanto a conseguir alimento, como a se proteger, evitando que
se transforme em jantar. Imóvel dentro dos rios, o matamatá se confunde com as algas e
sedimentos passando despercebido a seus predadores e presas. Assim disfarçado, o
matamatá abre bastante a boca e dilata a garganta, criando um fluxo de água que suga
peixes e invertebrados aquáticos (ROCHA, online, 2006). Existem seres do mar
que, na água, ficam transparentes. O camaleão e a rã podem mudar de cor.
Esta, quando está sobre a grama, torna-se verde e, sobre um tronco de árvore, mostra-
se marrom (VAZ, online, 2006).
O polvo quando se sente ameaçado, a primeira táctica que adota é formar inúmeras
protuberâncias na pele, com aspecto de algas que associadas a uma coloração parecida
com o ambiente, conferem-lhe grande mimetismo (MELLO, online, 2006). Os
nectônicos são peixes que nadam ativamente, porém mantêm uma relação com o
substrato marinho, onde alguns fazem sua moradia. A coloração do corpo, que varia
muito, usualmente apresenta pintas, manchas ou listas claras ou escuras com um
fundo contrastante mais escuro ou mais claro. Alguns possuem um bom mimetismo
com o fundo onde vivem. Como exemplos têm-se meros, salemas, budiões, ciobas,
robalos e pescadas (OCEANOGRAFIA..., online, 2006).
Raros são os casos em que o mimetismo é observado nos vegetais.
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Conclusão

O conceito de Evolução Biológica é organizador de diversos campos dentro da Biologia


e, por conseguinte da disciplina de Ciências. Ele nos permite perceber as relações de
parentesco entre todos os seres vivos, destacando que todos têm um ancestral comum
além de permitir a investigação de como as mudanças nos seres vivos ocorreram e
continuam ocorrendo.
Na teoria da evolução biológica, o conceito de seleção natural tem um papel
fundamental na explicação do mecanismo evolutivo, evidenciando que, numa
população, organismos que apresentam características que favoreçam a sobrevivência e
reprodução deixam mais descendentes, permitindo a manutenção dessas características
nas próximas gerações.
Apesar do conceito de seleção natural refletir a reprodução diferencial dos indivíduos e,
em um primeiro momento, parecer simples, a compreensão conceitual e a aceitação do
processo de evolução biológica tem sido considerada difícil e pode sofrer influência de
valores culturais e do entendimento da natureza do caráter científico(MEGLHIORATTI,
2004, p.107). Desse modo, uma forma de compreender o conceito de evolução biológica
de forma contextualizada é entender aspectos da construção histórica desse conceito.
Algumas pesquisas indicam que conhecer a História da Ciência pode ser um elemento
que ajuda a compreensão de conceitos e a obtenção de uma postura mais crítica em
relação ao conhecimento científico.
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Referências

GALVÃO, G. Vida entre os seres vivos. São Paulo: Iracema, s.d.


HICKMAN Jr, C.P.; ROBERTS, L.S.; LARSON, A. Princípios
integrados de zoologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.
MELLO, R.L.S. Como vivem os animais do grupo cefalópodes, como o
polvo e a lula? Recife, nov. 1997. Coluna de Olho na Ciência. Disponível
em <http://www.ufrpe.br/deolho/1997/deolho-003.html>. Acesso em 19 jul. 2006.
MENEGOTTO, M. Ecologia. 11. ed. Rio Grande do Sul: Sagra Luzzato, 1980.
RICKLEFS, R.E. Interação entre espécies. In: RICKLEFS, R.E. A economia da
natureza. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

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