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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

CENTRO DE TECNOLOGIA

LABORATÓRIO DE HIDRÁULICA
Turma B

ORIFÍCIOS E BOCAIS

Alline Gomes Lamenha e Silva


Beatriz Ramos Barboza *
Indrid Costa Pedrosa Souza
Thaise da Silva Oliveira Morais
Ynaê Almeida Ferreira

Maceió - Alagoas
20 de Março de 2009
Aula prática 01: Orifícios e bocais

1. Objetivo

Através da realização dos experimentos, determinar os coeficientes de contração


(Cc), velocidade (Cv) e vazão (CQ), para três orifícios circulares de uma parede delgada
e para um bocal cilíndrico externo, em função da carga hidráulica dos mesmos; a fim de
confrontar os resultados teóricos com os práticos, adquiridos experimentalmente durante
a execução da atividade, colocando também em uso os conhecimentos atribuídos as
disciplinas teóricas anteriores, ajudando a melhor assimilação do assunto.

2. Introdução teórica

2.1 Orifícios

Orifícios são aberturas de perímetro fechado e forma geométrica definida, feitas


abaixo da superfície livre da água (Figura 2). São usados em paredes de reservatórios,
de pequenos tanques, canais ou canalizações, pela qual o líquido em repouso ou
movimento escoa em virtude da energia potencial e/ou cinética que possui. Servem para
medir e controlar a vazão.

Figura 1 – Orifício-
Fonte:www.cca.ufsc.br/~aaap/hidraulica/hidrometria/orificios_e_bocais.ppt

2.2 Bocais

Bocais são peças tubulares adaptadas aos orifícios, tubulações ou aspersores,


para dirigir seu jato e alterar o coeficiente de vazão de um orifício (Figura 2).

Figura 2 – Bocal Externo –


Fonte:www.cca.ufsc.br/~aaap/hidraulica/hidrometria/orificios_e_bocais.ppt
Os bocais podem ser classificados como cilíndricos externos, cilíndricos
internos, cônicos convergentes e cônicos divergentes (Figura 3).
Seu comprimento deve estar compreendido entre uma vez e meia (1,5) e cinco
vezes (5) o seu diâmetro.

Cilíndricos Externos Cilíndricos Internos

Cônicos Convergentes Cônicos Divergentes


Figura 3 – Classificação de bocais –
Fonte: http://cursos.unisanta.br/mecanica/polari/foronomia-bocais.pdf

2.3 Fórmulas necessárias

Para a determinação de grandezas é necessário o uso de algumas formulações:

 A Distância horizontal e vertical entre cada um dos fios da harpa em relação à


seção contraída é dado por:
X =Xo+nº fio . L . cosα (Equação 1)
Y =Yo +nº fio . L . cosα (Equação 2)

sendo α a inclinação da harpa.


 A Velocidade Teórica do jato Vt, considerando que não houvesse perdas, é dada
por:

V t =√ 2 gh (Equação 3)

sendo h a perda hidráulica obtida a partir do nível da água observado no piezômetro.


 Baseando-se nos valores experimentais X e Y, dados pela equação 1, calcula-se a
velocidade real, citada abaixo:

g
V r =X
√ 2Y
(Equação 4)

 A vazão teórica é dada por:

Q t =A t V t (Equação 5)
sendo At , a área do orifício ou bocal (área teórica).

 A vazão real foi calculada a partir da relação:

Qr = - Ares . dh (Equação 6)
dt
sendo Ares, a área do reservatório.

Para a determinação dos coeficientes, teremos:

 Coeficiente de Velocidade

A razão entre as velocidades teórica e real fornece o coeficiente de velocidade Cv :

Vr
C V= <1 (Equação 7)
Vt

 Coeficiente de Descarga

A razão entre a vazão real e a vazão teórica define o coeficiente de vazão ou


coeficiente de descarga (CQ);

Qr
C Q= (Equação 8)
Qt

 Coeficiente de Contração

O coeficiente de contração (Cc) é calculado a partir da razão entre o coeficiente de


vazão e o coeficiente de velocidade;

Cc = Cq (Equação 9)
Cv
3 Materiais utilizados

 Reservatório de nível variável;


 Piezômetro;
 Orifícios e/ou bocais;
 Harpa graduada para localização do jato;
 Cronômetro.

4 Procedimento experimental

Figura 3-Modelo do reservatório utilizado no experimento.

O procedimento experimental foi conduzido de acordo com os itens abaixo:

4.1. Verificou-se o orifício a fim de que todos estivessem devidamente


fechados;
4.2. O reservatório foi preenchido até uma altura ho (carga hidráulica
inicial);
4.3. Abriu-se o orifício e acionou-se o cronômetro no momento da passagem
do jato por um dos fios da harpa, anotando o número do fio correspondente;
4.4. Sempre que o jato coincidia com um dos fios da harpa, o tempo marcado
pelo cronometro era anotado juntamente com o valor da carga hidráulica
marcada.

5. Resultados e análises

Antes de iniciarmos o experimento coletamos os seguintes dados:

Dres= 97,4 cm; DB=8,08 mm;


D1=2,99 mm; L= 4cm;
D2=9,29 mm; Xo=20cm;
D3=17,45 mm; 
Onde Dres é o diâmetro do reservatório; D1, D2 e D3 representam os respectivos
diâmetros médios dos orifícios 1, 2 e 3; D B é o diâmetro do bocal; L é a distância entre
fios da harpa e Xo é a distância do tubo ao primeiro fio.
Após a realização do experimento, foram anotados os resultados obtidos, a fim de
calcular as velocidades teóricas, velocidades experimentais, coeficientes de descarga,
coeficientes de velocidades, coeficientes de contração, juntamente com as vazões
teóricas e experimentais. Para isso organizamos os dado nas tabelas 1 e 2.

Tabela 1: Carga de água ao atingir o fio da harpa.

  Orifício 1 Orifício 2 Orifício 3 Orifício 4


Número do
4 4 4 3
fio 1 2 3 1 2 3 1 2 3 0 1 2 4
2 1 3, 1,
Carga (cm)
54 11 5,0 2,5 8 0 5 0 41 13 5,5 1,5 87 15 5 2,5 0,7

Tabela 2: Variação de tempo para o jato atingir cada fio.

Orifício Delta T. (0 - 1) Delta T. (1 - 2) Delta T. (2 - 3) Delta T. (3 - 4)


Orifício 1 - 241,85 65,25 36,35
Orifício 2 - 16,95 8,35 5
Orifício 3 - 6,335 5,02 1,555
Bocal 35,7 11,35 6,7 4,325

De posse dos dados acima citados, calculamos as distancias horizontais, verticais e a


velocidade real do jato a partir das equações 1, 2 e 4, respectivamente.

Tabela 1- Distâncias horizontais e verticais entre os fios da harpa e a seção contraída associadas à
velocidade teórica do jato.

Velocidade
Distância Distância
Número do fio real do jato
horizontal(m) vertical(m)
(m/s)
0 0,200 0,000 0
1 0,172 0,028 2,261
2 0,143 0,057 1,336
3 0,115 0,085 0,875
4 0,087 0,113 0,572
Utilizando agora as equações 3, 6 e 5, conseguimos calcular as velocidades teóricas,
as vazões reais e teóricas, as quais seguem na tabela 4. Já na tabela 5, foram
organizados os coeficientes de descarga (Cd), velocidade (Cv) e de contração (Cc)
foram calculados respectivamente pelas equações 8, 7 e 9
Tabela 4: Valores das velocidades teóricas, e das vazões reais e teóricas.

Velocidade Vazão Real Vazão Teórica


  Número do fio
Teórica (m/s) (m3/s) (m3/s)

1 3,25  - 0,000023
2 1,47 0,000013 0,000017
Orifício 1
3 0,99 0,000007 0,000009
4 0,70 0,000005 0,000006
1 2,34  - 0,000159
2 1,40 0,000079 0,000127
Orifício 2
3 0,83 0,000058 0,000076
4 0,44 0,000037 0,000043
1 2,84  - 0,000678
2 1,60 0,000329 0,000530
Orifício 3
3 1,04 0,000111 0,000315
4 0,54 0,000180 0,000189
0 4,13  - 0,000212
1 1,72 0,000150 0,000150
Bocal 2 0,99 0,000066 0,000069
3 0,70 0,000028 0,000043
4 0,37 0,000031 0,000033

Tabela 5: Coeficiente de descarga, velocidade e contração.

Coeficiente de Coeficiente de Coeficiente de


  Número do fio
Descarga (Cd) Velocidade (Cv) Contração(Cc)
1 -  0,69  -
2 0,80 0,91 0,88
Orifício 1
3 0,79 0,88 0,90
4 0,86 0,82 1,06
1  - 0,96 - 
2 0,62 0,95 0,65
Orifício 2
3 0,77 1,06 0,73
4 0,86 1,29 0,67
1  - 0,80 - 
2 0,62 0,84 0,74
Orifício 3
3 0,35 0,84 0,42
4 0,99 1,05 0,96
0  - 0,00  -
Bocal
1 1,00 1,32 0,76
2 0,95 1,35 0,70
3 0,64 1,25 0,51
4 0,96 1,54 0,73
Observando os dados obtidos e os resultados dos cálculos feitos, foi possível
visualizar que as velocidades teóricas e experimentais não seguiram um padrão. Houve
momentos que a velocidade experimental deu maior que a teórica e que a teórica deu
maior que a experimental, resultando então em um coeficiente de velocidade às vezes
maior do que 1.
Como esperado, as vazões teóricas deram sempre maiores que as vazões
experimentais, resultando em coeficientes de descarga menores ou igual a 1.
Podemos perceber que por vezes os resultados não saíram como esperados.
Como esse experimento depende muito da concentração de quem o executa, esses erros
podem ser conseqüência da inexperiência das pessoas envolvidas no processo, uma vez
que era necessário analisar a carga hidráulica assim que o jato d’água tocasse no fio e
verificar o tempo em que isso ocorreu.

6. Conclusão

Analisando os resultados obtidos, verificamos que os valores obtidos no


experimento divergem muito dos valores calculados teoricamente, sendo assim é
preciso considerar os erros experimentais, como, por exemplo, o tempo decorrido entre
a água deixar de tocar o fio da harpa e o responsável por cronometrar o tempo acionar o
cronômetro e olhar em que carga isso aconteceu. Como todas essas ações deveriam
ocorrer ao mesmo instante é provável que exista certa diferença de tempo entre elas.

7. Referência Bibliográfica

www.cca.ufsc.br/~aaap/hidraulica/hidrometria/orificios_e_bocais.ppt; Acessado em:


18 de março de 2009.

Notas de aulas práticas de Laboratório de Hidráulica I

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