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Professora Onízia Pignataro

Direito Financeiro

Orçamento Público e Princípios Orçamentários

1. Introdução

O orçamento público é um instrumento de planejamento, isto é, uma lei que abarca as


receitas e as despesas, autorizando o governo a realizar os gastos durante um lapso
temporal, devendo prever os ingressos necessários para cobri-los. Portanto, pode-se concluir
que o orçamento público é um instrumento técnico, jurídico, econômico e político.

Todos esses aspectos, ou seja, todos esses dados extraídos do orçamento público têm um
aspecto político. Por que um aspecto político?

Porque conseguimos visualizar no orçamento qual é o plano de Governo, ou seja,


conseguimos saber onde estão colocando a maior parte dos recursos públicos que serão
arrecadados. Qual vai ser a prioridade dada por um determinado Governo em um
determinado exercício ou em um determinado período de tempo.

Além disso, o orçamento tem um aspecto econômico. Por quê?

Ele traz o quadro atual econômico do país. Quando se faz um planejamento, deve ser feita
uma análise de diversas áreas da economia, bem como as previsões de receita. Ou seja, uma
análise de riscos para um determinado período da atividade econômica. Enfim, a ideia é de
que tenhamos uma fotografia que nos permita extrair informações possíveis sobre o quadro
atual da economia e possíveis riscos futuros.

Além dos aspectos políticos e econômicos, também temos um aspecto técnico. Quando
falamos do orçamento, estamos falando de uma estimativa das receitas e autorização de
despesas. Esse detalhe técnico do orçamento exige de cada gestor público: uma expectativa,
uma previsão, uma análise de receitas e, por outro lado, uma autorização de despesas .

E, por fim, o orçamento tem também um aspecto jurídico. Porque ele, como instrumento
jurídico que é, existe para obedecer aos comandos da Constituição e da própria legislação. Ou
seja, um orçamento deve respeitar aquilo que está previsto, determinado, orientado pela
Constituição e pelas demais normas aplicáveis.

Portanto, um orçamento público possui diferentes aspectos: o aspecto político, o aspecto


econômico, o aspecto técnico e o aspecto jurídico.

Em regra, somente poderão ser realizadas despesas públicas que estiverem autorizadas no
orçamento.

2. Princípios orçamentários

2.1. Princípio da legalidade

É um princípio intrínseco à ideia de Estado Democrático, uma vez que traz disposições tanto
para o cidadão quanto para o Estado. No direito financeiro, no que tange ao orçamento
público, compreende-se que as finanças públicas não podem ser manejadas sem autorização
em lei, nos termos do art. 167, I e II, da Constituição Federal de 1988 (CF/1988).

Art. 163, CF. Lei complementar disporá sobre: I – finanças públicas.

Leis complementares: em matéria financeira, chama-se atenção para duas leis: a LC n.º
101/00, também conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), e a Lei n.º 4.320/64,
que trata de normas gerais em matéria de direito financeiro. Esta última, embora ordinária na
sua forma, tornou-se complementar por veicular matéria, hoje, adstrita à lei complementar.
Nesse sentido a ADI n.º 1.726-5/DF, que lhe reconheceu a materialidade de lei complementar.

A LRF alcança (i) o Poder Legislativo, incluindo o Tribunal de Contas, (ii) o Poder Judiciário, (iii)
o Ministério Público e, no (iv) Poder Executivo, a Administração Direta, as (v) Fundações,
Autarquias e Empresas Estatais Dependentes.

Cuidado: Não é toda a Administração Indireta que se submete às regras da LRF, mas tão
somente aquelas consideradas dependentes, como por exemplo, aquela “empresa controlada
que receba do ente controlador recursos financeiros para pagamento de despesas com pessoal
ou de custeio em geral”.
EXEMPLO DE QUESTÃO SOBRE O TEMA:
(XVII PGE/PA) Analise as proposições abaixo de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal
(LC n.º. 101/2000 – LRF) e assinale a alternativa correta:
A) Estão obrigados a observar a LRF todos os entes da federação, nele compreendidos o Poder
Legislativo, apenas a administração direta do Poder Executivo e o Poder Judiciário, inclusive o
MP.
B) Estão obrigados a observar a LRF todos os entes da federação, nele compreendidos o Poder
Legislativo, o Poder Judiciário e o Poder Executivo. A LRF não se aplica, contudo, ao MP e ao
Tribunal de Contas, já que estes exercem o controle externo.
C) Estão obrigados a observar a LRF todos os entes da federação, nele compreendidos o Poder
Legislativo, os Tribunais de Contas, o Poder Judiciário, o Ministério Público e, no Poder
Executivo, a Administração Direta, bem como as fundações, as autarquias e empresas estatais
dependentes.
D) Estão obrigados a observar a LRF todos os entes da federação, nele compreendidos o Poder
Legislativo, os Tribunais de Contas, o Ministério Público e, no Poder Executivo, a Administração
Direta, bem como as fundações, autarquias e empresas estatais.
Resposta: Alternativa C

Leis Ordinárias: As leis ordinárias são comumente utilizadas em direito financeiro, destacando-
se aqui as principais leis como dessa categoria: Lei do Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA).

Leis Delegadas: São aquelas delegadas pelo Poder Legislativo ao Presidente da República, sua
importância cresce na medida em que a CF proíbe a delegação de matéria orçamentária.
Assim, pela redação do art. 68, § 1º, inciso III, da CF, não serão objeto de delegação os
“planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos”. OBS: as leis delegadas não são
fontes relevantes do direito financeiro, pois, além de não poderem versar sobre tema alusivo a
lei complementar, campo fértil em matéria financeira, também não podem dispor sobre PPA,
LDO e LOA. Essas leis não são objeto de delegação.

Medida Provisória: Pela redação do art. 62, § 1º, inciso III, da CF, é vedada a edição de medida
provisória sobre a matéria reservada à lei complementar. Assim, já se tem em mente que a
matéria de direito financeiro destinada à lei complementar, descrita nos arts. 163 e 165 da CF,
não pode ser veiculada por medida provisória.

O mesmo parágrafo, no inciso I, alínea “d”, veda a edição de medidas provisórias sobre
matéria relativa a “planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos
adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º”, que permite a sua
admissão para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra,
comoção interna ou calamidade pública.
IMPORTANTE SABER! Não cabe MP em matéria orçamentária, exceto para atender a despesas
imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade
pública, como por exemplo, o caso do corona vírus. Art. 167, § 3º, da CF.

A Emenda à Constituição nº 85/2015 permitiu o remanejamento ou a transferência de


recursos de uma categoria para outra sem prévia autorização do Poder Legislativo , no que
tange à ciência, tecnologia e inovação, nos termos da nova redação do § 5º do art. 167 da
CF/1988.

Ademais, o próprio Código Penal (CP) prevê, no art. 359-D, que ordenar despesas não
autorizadas em lei repercute numa pena de reclusão de um a quatro anos.

IMPORTANTE:

Cuidado: O art. 107 da Lei nº 4.320/1964 não foi recepcionado pela CF/1988, uma vez que
dispõe ser possível que os orçamentos das autarquias e empresas estatais possam ser
aprovados por meio de Decreto do Poder Executivo, ou seja, não se sujeitando ao crivo do
Poder Legislativo.

2.2. Princípio da universalidade

Todas as receitas e despesas governamentais precisam fazer parte do orçamento, devendo


estar previstas na LOA, nos termos do art. 165, § 5º, da CF/1988.

No mesmo sentido é o art. 3º da Lei nº 4.320/1964, o qual dispõe que a LOA compreenderá
todas as receitas e todas as despesas.

Exceção: operações de crédito por antecipação de receita. São empréstimos que o Governo
faz para ter dinheiro agora, já considerando que ele vai ter uma arrecadação futura de
impostos (por exemplo, de um determinado tributo), mas ele precisa fazer um gasto agora.
Então, ele pode fazer alguns empréstimos para antecipar aqui, sabendo que ele vai receber um
dinheiro lá na frente.

Exemplo: Imagine que um determinado ente público, um Estado, saiba que a arrecadação
maior dele de ICMS, por uma particularidade, ocorre nos meses de outubro, mas ele está
precisando fazer uma despesa um pouco maior agora e ele está com problema de caixa. Ele
pode fazer um empréstimo antecipando aquela receita, sem necessariamente constar no
orçamento.

Exceção: emitir papel moeda. A União não é obrigada a incluir emissão de papel moeda no
orçamento, ou seja, emissões de papel moeda são exceções ao princípio da Universalidade.

Exceção: A criação ou a majoração de um tributo, ou seja, não precisa constar do orçamento


um tributo que foi criado ou aumentado após a sua aprovação. Quando for feito o próximo
orçamento, ele terá de constar ali como receita.

Cuidado: Súmula 66 do STF: É legítima a cobrança do tributo que houver sido aumentado após
o orçamento, mas antes do início do respectivo exercício financeiro. IMPORTANTE: No Brasil
não vige o princípio da anualidade tributária, ou seja, o tributo não precisa estar contemplado
no orçamento para que possa ser exigido no exercício seguinte.

Cuidado! Não confunda anualidade orçamentária com anualidade tributária.

É imprescindível mencionar que o princípio da anualidade do Direito Tributário foi


substituído pelo princípio da anterioridade, segundo o qual é vedada a cobrança de tributos
no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou e
antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou (Art. 150, III, b e c, CF).

2.3. Princípio do orçamento bruto

As receitas e as despesas deverão constar na lei orçamentária pelos seus totais, sendo
vedadas deduções, conforme o art. 6º da Lei nº 4.320/1964. Isto é, embora a CF/1988 preveja
algumas transferências quanto à repartição de receitas, a receita deve ser lançada no
orçamento pelo seu valor total a ser arrecadado.

Obs: As receitas e despesas devem constar no orçamento pelos seus valores globais,
sem quaisquer deduções. A intenção é a de impedir a inclusão de valores líquidos ou de saldos
resultantes do confronto entre receitas e as despesas de determinado serviço público.

Fundamentação: Lei nº 4.320/64 (Art. 6º).

Exceção: não consta.


2.4. Princípio da unidade

Por este princípio compreende-se haver apenas um orçamento para cada ente da Federação,
em cada exercício financeiro, consoante disposto no art. 2º da Lei nº 4.320/1964.

Entretanto, por conta da redação do § 5º, art. 165 da CF/1988, que prevê três suborçamentos
(orçamento fiscal, orçamento de investimento e orçamento da seguridade social) na LOA, as
bancas de concurso público tentam induzir os candidatos ao erro, ao disporem nas assertivas
que estes desrespeitam o princípio da unidade, algo inverídico, até porque o princípio em
questão pressupõe uma orientação política, de cada ente.

Cuidado: O art. 107 da Lei nº 4.320/1964 não foi recepcionado pela CF/1988, pois os planos de
trabalho de autarquias, fundações e empresas estatais dependentes devem estar
consolidados em uma única lei orçamentária.

CF/1988, art. 165. (...)

§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá:

I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da
administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;

II – o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente,


detenha a maioria do capital social com direito a voto;

III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela


vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e
mantidos pelo Poder Público.

Portanto, esses três suborçamentos devem ser incluídos na LOA e pressupõem a harmonia
entre a LOA, o Plano Plurianual (PPA) e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

2.5. Princípio da anualidade ou da periodicidade

Este princípio deduz a necessidade de um novo orçamento a cada 12 meses, coincidindo com o
ano civil, nos termos do art. 34 da Lei nº 4.320/1964. Logo, é aplicável à LOA, não sendo
aplicável ao plano plurianual, até porque a operacionalidade dos gastos ocorre por meio da lei
anual.
Este princípio não deve ser confundido com o princípio da anualidade tributária, o qual não
mais subsiste em nosso sistema tributário pátrio. Isso porque, após a entrada do princípio da
anterioridade, presente no art. 150, III, “b”, CF/1988, tal princípio não é mais aplicado,
corroborando para a edição da Súmula nº 66 do STF.

2.6. Princípio da exclusividade

O princípio da exclusividade está previsto no art. 165, § 8º, da CF/1988:

CF/1988, art. 165. A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da
receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de
créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de
receita, nos termos da lei.

Por ele, devemos entender que não se pode vislumbrar, na lei orçamentária qualquer matéria
estranha ao orçamento, evitando-se as famosas caudas orçamentárias ou orçamentos
rabilongos, expressões de Aliomar Baleeiro (2004, p. 440) que se referiam aos “assuntos
estranhos às finanças”. Entretanto, há exceções permitidas, como no caso da autorização para
abertura de créditos suplementares (reforço da dotação orçamentária porque a receita
prevista no orçamento foi insuficiente) e contratação de operações de créditos, ainda que por
Antecipação de Receitas Orçamentárias (ARO). Art. 165, § 8º, CF.

Obs: “ainda que por atencipação de receita” tem o sentido de determinar a inclusão no
orçamento de créditos resultantes de operações de curto prazo a serem satisfeitas no mesmo
exercício”.

2.9. Princípio da não afetação (ou da não vinculação) da receita – art. 167, IV, CF.

Em regra, é vedada a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa. Nada


impede que as receitas oriundas da arrecadação de taxa, contribuição de melhoria,
empréstimos compulsórios e contribuições sociais sejam vinculadas.

Exceção: REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS OBRIGATÓRIAS


A Constituição Federal prevê algumas hipóteses de transferência obrigatória da arrecadação
dos impostos, conforme os artigos 153, § 5º, 157, 158 e 159.
No art. 153,§ 5º da CF – A União é obrigada a repassar 30% da arrecadação do IOF incidente
sobre o ouro ativo financeiro para o Estado, conforme a origem e 70% para o Município,
conforme a origem.
§ 5º - O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se
exclusivamente à incidência do imposto de que trata o inciso V do "caput" deste artigo, devido
na operação de origem; a alíquota mínima será de um por cento, assegurada a transferência
do montante da arrecadação nos seguintes termos:
I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme a origem;
II - setenta por cento para o Município de origem.
De acordo com o art. 157 da CF competem aos Estados e Distrito Federal:
a) 100% da arrecadação do IR incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título,
pelos Estados, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem;
b) 20% do produto da arrecadação do imposto residual.
Nos termos do art. 158 da CF competem aos Municípios:
a) 100% da arrecadação do IR incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título,
pelos Municípios, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem;
b) 50% do ITR, como via de regra, e 100% do ITR quando o Município detiver a capacidade
ativa tributária, ou seja, a função de arrecadar, fiscalizar esse imposto.
c) 50% do IPVA
d) 25% do ICMS
O art. 159 da CF, prevê que a União entregará 49% da arrecadação do Imposto sobre Renda e
proventos de qualquer natureza (IR) e sobre produtos industrializados (IPI) da seguinte forma:
a) 21,5% ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal;
b) 22,5% ao Fundo de Participação dos Municípios;
c) 3% para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições financeiras de caráter regional, de
acordo com os planos regionais de desenvolvimento, ficando assegurada ao semiárido do
Nordeste a metade dos recursos destinados à Região, na forma que a lei estabelecer;
d) 1% ao Fundo de Participação dos Municípios, que será entregue no primeiro decêndio do
mês de dezembro de cada ano
e) 1% (um por cento) ao Fundo de Participação dos Municípios, que será entregue no primeiro
decêndio do mês de julho de cada ano;
Os incisos II e III do art. 159 da CF determinam que:
a) 10% da arrecadação do Imposto sobre produtos industrializados será repassado aos Estados
e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos
industrializados.
b) 29% do produto da arrecadação da contribuição de intervenção no domínio econômico
prevista no art. 177, § 4º aos Estados e o Distrito Federal, distribuídos na
forma da lei, observada a destinação a que se refere o inciso II, c, do referido parágrafo.
a) 100% da arrecadação do IR incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título,
pelos Municípios, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem;
b) 50% do ITR, como via de regra, e 100% do ITR quando o Município detiver a capacidade
ativa tributária, ou seja, a função de arrecadar, fiscalizar esse imposto.
c) 50% do IPVA
d) 25% do ICMS
O art. 159 da CF, prevê que a União entregará 49% da arrecadação do Imposto sobre Renda e
proventos de qualquer natureza (IR) e sobre produtos industrializados (IPI) da seguinte forma:
a) 21,5% ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal;
b) 22,5% ao Fundo de Participação dos Municípios;
c) 3% para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições financeiras de caráter regional, de
acordo com os planos regionais de desenvolvimento, ficando assegurada ao semiárido do
Nordeste a metade dos recursos destinados à Região, na forma que a lei estabelecer;
d) 1% ao Fundo de Participação dos Municípios, que será entregue no primeiro decêndio do
mês de dezembro de cada ano
e) 1% (um por cento) ao Fundo de Participação dos Municípios, que será entregue no primeiro
decêndio do mês de julho de cada ano;
Os incisos II e III do art. 159 da CF determinam que:
a) 10% da arrecadação do Imposto sobre produtos industrializados será repassado aos Estados
e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos
industrializados.
b) 29% do produto da arrecadação da contribuição de intervenção no domínio econômico
prevista no art. 177, § 4º aos Estados e o Distrito Federal, distribuídos na forma da lei,
observada a destinação a que se refere o inciso II, c, do referido parágrafo.

CUIDADO: Conforme entendimento do STF, a destinação de determinado percentual da receita


de ICMS ao financiamento de programa habitacional ofende a vedação constitucional de
vincular receita de impostos a órgãos, fundo ou despesa.
Entretanto, não é um princípio absoluto, na medida em que admite exceções, como a
destinação de recursos para as ações e serviços de saúde. Além dessas duas exceções, há
outras exceções ao princípio:

 repartição constitucional de impostos;


 manutenção e desenvolvimento do ensino;
 ações e nos serviços públicos de saúde;
 vinculação de impostos estaduais e municipais para o pagamento de débitos para com
a União;
 vinculação de impostos a fundos especiais criados por meio de emenda à CF/1988.;
O princípio da não afetação ou não vinculação é correlacionado ao elemento finalístico dos
impostos, uma vez que essa espécie tributária não está vinculada quanto ao fato gerador, o
qual não se origina de qualquer atividade estatal específica do contribuinte, assim como
quanto ao que é arrecadado. As receitas oriundas dos impostos devem ser destinadas a
despesas genéricas do estado, principalmente quanto às despesas relativas aos serviços
públicos uti universe. Por causa disso, o STF compreendeu que o estado não pode vincular
receita do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço) arrecadado ao
financiamento de determinado programa social. Entretanto, por ocasião do julgamento da ADI
nº 4.102/RJ, rel. Min. Carmen Lúcia, julgado em 30.10.2014, o STF julgou parcialmente
inconstitucional o dispositivo da Constituição do estado do Rio de Janeiro que previa que um
percentual mínimo de receita prevista no orçamento anual deveria ser destinado à educação
especial, à UERJ e à FAPERJ, isso porque o dispositivo restringe a competência constitucional
do Poder Executivo de elaborar a proposta de lei orçamentária, violando o art. 167, IV, da
CF/1988. Apesar disso, compreendeu que é constitucional a determinação da Constituição
Estadual de que 2% da receita tributária do exercício devem ser destinados à FAPERJ, já que
está em consonância com o art. 218, § 5º, da CF/1988, que faculta aos estados e ao DF vincular
parte da receita orçamentária a entidades públicas de fomento ao ensino e à pesquisa
científica e tecnológica.

Um assunto muito em pauta, é que tange à Desvinculação de Receitas da União (DRU), criada
por meio da EC nº 27/2000. A EC nº 93/2016, a qual alterou o art. 76, do Ato das Disposição
Constitucionais Transitórias (ADCT), previu a possibilidade de desvinculação de 30% da
arrecadação de impostos, contribuições sociais e Contribuições de Intervenção no Domínio
Econômico (CIDE) a órgãos, fundos ou despesas até o ano de 2023. O percentual anterior era
de 20% até 2015.
Com o objetivo de afastar determinadas vinculações constitucionais obrigatórias e dar maior
mobilidade ao governo para gastar os valores arrecadados com tributos, a DRU foi criada,
prorrogada e modificada por meio de diversas ECs. A EC nº 93, ora mencionada, também
estendeu tal desvinculação às receitas dos estados e dos municípios, ficando, com isso,
desvinculados de órgão, fundo ou despesa, até 31.12.2023, 30% das suas receitas relativas a
impostos, taxas e multas, já instituídos ou que vierem a ser criados até a referida data, seus
adicionais e respectivos acréscimos legais, e outras receitas correntes.

IMPORTANTE: Tais desvinculações têm por objetivo permitir que parcelas das receitas
vinculadas possam ser geridas e destinadas de maneira livre e flexível pelos governos,
propiciando uma alocação mais adequada de recursos orçamentários.

No caso da taxa, desvincular parcela desses recursos poderá resultar na afetação considerável
do atendimento e na qualidade da respectiva atividade estatal por ela financiada – 145, II, CF
C/C art. 77 do CTN.

A competência tributária é Facultativa? Os Entes Federativos não estão obrigados a instituir


os tributos, cuja competência tributária lhe foi atribuída pela Constituição Federal.
O art. 145 da CF determina que a União, Estados, Distrito Federal e Municípios “poderão”, e
não “deverão” instituir tributos. A partir dessa regra a doutrina diz que a competência
tributária no Brasil é facultativa.
Exemplo: o Imposto sobre Grandes Fortunas – IGF, que compete à União a sua instituição, até
hoje não foi criado e não há problema algum, porque a competência tributária é facultativa!

Muitos indagam sobre a Lei de responsabilidade Fiscal, LC nº 101/2000 que estabelece em


seu art. 11 que somente exerce uma boa gestão fiscal o Ente Federativo que instituir e
cobrar todos os tributos.

Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição,


previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da
Federação.
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não
observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos.
IMPORTANTE: Quanto a arrecadação não restam dúvidas dessa obrigatoriedade, mas a
obrigatoriedade quanto à Instituição fere a Constituição Federal que não obriga aos Entes
Federativos instituírem os tributos.
Observa-se, ainda, que o parágrafo único do art. 11 da LC nº 101/2000 prevê uma sanção para
o Ente Federativo que não instituir todos os impostos de sua competência. O dispositivo legal
proíbe a realização de transferências voluntárias àquele que não instituir todos os impostos.
LC nº 101/200 - Art. 11 (...)
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não
observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos.
O STF em Medida Cautelar ADI nº 2238 entendeu que o parágrafo único do art. 11 da LC nº
101/2000 não viola a Constituição Federal porque a Lei trata de transferências voluntárias.
As transferências obrigatórias de impostos que estão nos artigos 153, § 5º, 157, 158 e 159 da
Constituição Federal essas sim só poderão deixar de serem repassadas no caso do art. 160 da
CF, quando o Ente Federativo não estiver aplicando o percentual exigido na área da saúde, e
também, no caso de débitos de um Ente, e suas Autarquias com outro Ente que irá fazer o
repasse. O parágrafo único do art. 11 da LC nº 101/2000 proibiu apenas o repasse das
transferências voluntárias e não das obrigatórias, por isso não seria inconstitucional.

2.10. Princípio da proibição do estorno de verbas ou princípio do não estorno

A Constituição Federal prevê que são vedadas a transposição, o remanejamento ou a


transferência de recursos de uma categoria de programação para outra, ou de um órgão para
outro sem prévia autorização Legislativa.

OBS: No decorrer da execução orçamentária se houver necessidade de dotações


orçamentárias, deve ser providenciar abertura de créditos adicionais, suplementares ou
especiais, mediante autorização legislativa.

Fundamentação: Constituição Federal (Art. 167, VI).

Imporante: são vedados o remanejamento, a transposição ou a transferência de recursos de


uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem que haja prévia
autorização legislativa, bem como a utilização dos recursos do orçamento fiscal e da
seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações ou fundos,
sem prévia autorização legislativa.

CUIDADO: Há uma exceção em virtude da EC nº 85/2015, que prevê a possibilidade de


transposição, remanejamento ou transferência de recursos de uma categoria de programação,
no âmbito das atividades da ciência, tecnologia e inovação, mediante ato do Poder Executivo,
sem necessidade da prévia autorização legislativa.
Vide um entendimento recente do STF sobre o assunto, no julgamento da ADPF nº 405 MC/RJ,
rel. Min. Rosa Weber, julgado em 14.06.2017:

MEDIDA CAUTELAR EM ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL.


DECISÕES JUDICIAIS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO E DO TRIBUNAL
REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO. BLOQUEIO, ARRESTO, PENHORA, SEQUESTRO E
LIBERAÇÃO DE VALORES EM CONTAS DO PODER EXECUTIVO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.
PAGAMENTO DE SALÁRIOS E BENEFÍCIOS DE SERVIDORES ATIVOS E INATIVOS. SATISFAÇÃO DE
CRÉDITOS DE PRESTADORES DE SERVIÇOS. DEFINIÇÃO DE PRIORIDADES POLÍTICAS NA
APLICAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS. ATO DO PODER PÚBLICO. ARGUIÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL CABÍVEL. ARTS. 1º, CAPUT, E 4º, § 1º, DA LEI
Nº 9.882/1999. ALTERAÇÃO DA DESTINAÇÃO ORÇAMENTÁRIA DE RECURSOS PÚBLICOS.
TRANSPOSIÇÃO DE RECURSOS ENTRE DIFERENTES ÓRGÃOS OU CATEGORIAS DE
PROGRAMAÇÃO SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA. VEDAÇÃO. ARTS. 2º, 84, II, e 167, VI
e X, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. FUMUS BONI JURIS E PERICULUM IN MORA
DEMONSTRADOS. MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA EM PARTE. SUSPENSÃO DOS EFEITOS DAS
DECISÕES IMPUGNADAS EXCLUSIVAMENTE NOS CASOS EM QUE AS MEDIDAS CONSTRITIVAS
TENHAM RECAÍDO SOBRE RECURSOS DE TERCEIROS, ESCRITURADOS CONTABILMENTE,
INDIVIDUALIZADOS OU COM VINCULAÇÃO ORÇAMENTÁRIA ESPECÍFICA. 1. As reiteradas
decisões do Tribunal de Justiça do estado do Rio de Janeiro e do Tribunal Regional do
Trabalho da 1ª Região que resultaram em bloqueio, arresto, penhora, sequestro e liberação
de valores administrados pelo Poder Executivo do estado do Rio de Janeiro para atender
demandas relativas a pagamento de salário de servidores ativos e inativos, satisfação imediata
de créditos de prestadores de serviços e tutelas provisórias definidoras de prioridades na
aplicação de recursos públicos traduzem, em seu conjunto, ato do Poder público passível de
controle pela via da arguição de descumprimento de preceito fundamental, cabível nos moldes
dos arts. 1º, caput, e 4º, § 1º, da Lei 9.882/1999. 2. A efetividade do modelo de organização da
Administração Pública preconizado pela Constituição Federal supõe a observância dos
princípios e regras do sistema orçamentário (arts. 167, VI e X, da CF), do regime de repartição
de receitas tributárias (arts. 34, V, 158, III e IV, e 159, §§ 3º e 4º, e 160, da CF) e da garantia de
paramentos devidos pela Fazenda Pública em ordem cronológica de apresentação de
precatórios (art. 100, da CF). Expropriações de numerário existente nas contas do estado do
Rio de Janeiro, para saldar os valores fixados nas decisões judiciais, que alcancem recursos de
terceiros, escriturados contabilmente, individualizados ou com vinculação orçamentária
específica implicam alteração da destinação orçamentária de recursos públicos e
remanejamento de recursos entre categorias de programação sem prévia autorização
legislativa, o que não se concilia com o art. 167, VI e X, da Constituição da República . A
aparente usurpação de competências constitucionais reservadas ao Poder Executivo – exercer
a direção da Administração – e ao Poder Legislativo – autorizar a transposição, remanejamento
ou transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão
para outro – sugere lesão aos arts. 2º, 84, II, e 167, VI e X, da Carta Política. Precedente: ADPF
387/PI, Relator Ministro Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgamento em 23.3.2017. Fumus
boni juris evidenciado. 3. Satisfeito o requisito do periculum in mora ante o elevado risco de
comprometimento do patrimônio e das receitas correntes do estado do Rio de Janeiro. 4.
Deferimento apenas parcial para suspender os efeitos das decisões judiciais impugnadas
exclusivamente nos casos em que as medidas constritivas nelas determinadas tenham recaído
sobre recursos escriturados, com vinculação orçamentária específica ou vinculados a
convênios e operações de crédito, valores de terceiros sob a administração do Poder Executivo
e valores constitucionalmente destinados aos municípios, em afronta aos arts. 2º, 84, II, e 167,
VI e X, da Constituição da República. 5. Medida cautelar deferida em parte.

 Princípio do equilíbrio

A lei orçamentária anual deve assegurar que o valor da despesa fixada não seja superior ao
valor da receita prevista. Fundamentação: Lei de responsabilidade fiscal (Art. 4, I , alínea “a” e
art. 9º)

Este princípio deve ser analisado tanto pelo aspecto contábil quanto pelo aspecto econômico.
Pelo contábil, o orçamento deve ser aprovado com igualdade entre receitas e despesas,
independentemente da origem das receitas. Já pelo aspecto econômico, as despesas são
financiadas exclusivamente com receitas próprias, excluindo-se as chamadas receitas
creditícias.

Ainda que não contemplado expressamente na CF/1988, esse princípio se apresenta como
uma exigência relativa às contas públicas, que deverão apresentar o mesmo montante quando
se trata de estimar receitas e despesas.

No Brasil, a LOA é aprovada em conformidade com o equilíbrio formal, pois o equilíbrio a ser
buscado pela Lei de Responsabilidade Fiscal é o equilíbrio autossustentável, o qual não é
baseado em operações de crédito e no aumento da dívida pública. Assim, de acordo com a LC
nº 101/2000, em seu art. 4º, temos:
Art. 4º A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no § 2º do art. 165 da
Constituição e:

I – disporá também sobre:

a) equilíbrio entre receitas e despesas.(...)

 Princípio da transparência

As leis orçamentárias devem ser publicadas e divulgadas de forma clara e precisa, visando-se
ao controle social. Assim, o Poder Público publicará, até 30 dias após o fim de cada bimestre, o
relatório resumido da execução orçamentária.

A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios divulgarão, até o último dia do mês
seguinte ao da arrecadação, os montantes de cada um dos tributos arrecadados, além dos
recursos recebidos, os valores de origem tributária entregues e que serão entregues. Nos
termos do art. 162 da CF/1988, os dados serão discriminados: da União, por estado e por
município; dos estados, por município.

Na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), destacam-se alguns artigos sobre transparência, muito
cobrado em provas:

Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla
divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de
diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório
Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas
desses documentos.

A Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011) pressupõe que o cidadão poderá solicitar
ao Poder Público os dados de interesse coletivo, exceto os confidenciais, sem apresentar
justificativa para tanto. A resposta ao cidadão deverá ser dada imediatamente ou em 20 dias
prorrogáveis por mais 10 dias. Se o acesso for negado, essa negativa deverá ser apresentada
por escrito e fundamentada, para que o cidadão possa recorrer da decisão.

 PRINCÍPIO DA PROGRAMAÇÃO

O princípio da programação pressupõe o orçamento deve expressar as suas ações de forma


planejada. O orçamento deve ser estruturado em programas de forma a guiar as ações do
governo para o alcance dos seus objetivos.
Fundamentação: Doutrina.

Exceção: Não há.

 PRINCÍPIO DA CLAREZA OU DA INTELIGIBILIDADE

De acordo com princípio da clareza, o orçamento público deve ser apresentado em linguagem
clara de forma que seja compreensível por todas as pessoas que tenham interesse em utilizá -
lo.

Fundamentação: Doutrina.

Exceção: Não há.

 PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

As disposições contidas nas peças orçamentárias só têm validade após a sua publicação oficial.
Isso garante que as informações orçamentárias estarão disponíveis a todos os interessados.

Fundamentação: Constituição Federal (Art. 37).

Exceção: Não há.

 PRINCÍPIO DA QUALIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS

Princípio da qualificação dos créditos orçamentários pressupõe que as dotações orçamentárias


sejam limitadas. Desta forma, a Constituição Federal proíbe a concessão ou utilização de
créditos ilimitados.

Fundamentação: Constituição Federal (Art. 167, VII).

Exceção: Não há.

 PRINCÍPIO DA GESTÃO ORÇAMENTÁRIA PARTICIPATIVA

Este princípio encontra amparo na Lei de Responsabilidade Fiscal. Segundo esta lei, deve ser
incentivada a participação popular, bem como a realização de audiências, durante a
elaboração e discussão dos planos, da LDO e dos orçamentos.

Fundamentação: Lei de Responsabilidade Fiscal (Art.48, § 1º, I)

Exceção: Não há.

Questão 1
Banca: CESPE- Ano: 2017 Orgão: TRF - 5ª Região. Cargo: Juiz Federal:
A respeito dos princípios orçamentários, assinale a opção correta.
A) O princípio do equilíbrio orçamentário foi alterado para considerar a possibilidade da
previsão de déficit nas contas públicas, desde que mantido em níveis controláveis e nos
parâmetros impostos pela legislação.
B) O princípio da transparência orçamentária diz respeito à necessidade de divulgação anual
do orçamento para conhecimento, pelos cidadãos, da estimação de receita e despesa.

C) O princípio da não afetação refere-se à impossibilidade de vinculação de impostos a


determinadas despesas, salvo se a vinculação se referir exclusivamente ao pagamento de
dívida pública.
D) O princípio da especialidade ou especificação do orçamento define que somente o
orçamento pode tratar de matéria orçamentária, podendo conter autorização para a abertura
de créditos suplementares e operações de crédito.
E) O princípio participativo orçamentário refere-se à possibilidade de o cidadão fazer
representações perante os órgãos de controle interno e externo e de fiscalização para a
apuração de fatos relacionados ao cumprimento do orçamento.
GABARITO:
A resposta correta é a Alternativa A.
Justificativa: Alternativa certa. Desde a Constituição Federal de 1988, adotou-se uma postura
mais realista e se passou a prever a possibilidade de déficit orçamentário. Propôs-se o
equilíbrio entre operações de crédito e despesas de capital. O Art. 167, inciso III, da
Constituição Federal, veda: "a realização de operações de créditos que excedam o montante
das despesas de capital ....". Claramente, permite-se o endividamento, desde que seja para a
realização de investimento ou abatimento da dívida. Ou seja, deve-se evitar tomar dinheiro
emprestado para gastar com despesa corrente, mas pode pegar emprestado para cobrir
despesa de capital.

B) O princípio da transparência orçamentária diz respeito à necessidade de divulgação anual


do orçamento para conhecimento, pelos cidadãos, da estimação de receita e despesa.

Justificativa: Alternativa errada. De acordo com o princípio da transparência, a regra é que


todos os atos da administração pública sejam transparentes, especialmente aqueles
relacionados à elaboração e execução do orçamento público. É o princípio da universalidade
que determina que o orçamento público deve conter todas as receitas e despesas previstas
para o exercício.
C) O princípio da não afetação refere-se à impossibilidade de vinculação de impostos a
determinadas despesas, salvo se a vinculação se referir exclusivamente ao pagamento de
dívida pública.
Justificativa: Alternativa errada. O princípio da não afetação preceitua que nenhuma parcela
da receita geral poderá ser reservada ou comprometida para atender a certos casos ou a
determinado gasto. Ou seja, a receita não pode ter vinculações.
D) O princípio da especialidade ou especificação do orçamento define que somente o
orçamento pode tratar de matéria orçamentária, podendo conter autorização para a abertura
de créditos suplementares e operações de crédito.
Justificativa: Alternativa errada. O princípio da especialização estabelece que as receitas e as
despesas devem aparecer de forma discriminada, de tal forma que se possa saber,
pormenorizadamente, as origens dos recursos e sua aplicação. Como regra clássica, tinha o
objetivo de facilitar a função de acompanhamento e controle do gasto público, pois inibe a
concessão de autorizações genéricas que propiciam demasiada flexibilidade e arbítrio ao Poder
Executivo, dando mais segurança ao contribuinte e ao Legislativo.

E) O princípio participativo orçamentário refere-se à possibilidade de o cidadão fazer


representações perante os órgãos de controle interno e externo e de fiscalização para a
apuração de fatos relacionados ao cumprimento do orçamento.
Justificativa: Alternativa errada. Este princípio encontra amparo na Lei de Responsabilidade
Fiscal, devendo ser incentivada a participação popular, notadamente por meio da realização de
audiências públicas, durante a elaboração e discussão dos planos e orçamentos. Trata -se de
um princípio que configura longa manus do princípio democrático.

Questão 2 - Banca: CESPE- Ano: 2017-Orgão: TRF5-Cargo: JUIZ FEDERAL.


O orçamento moderno, diferentemente do orçamento tradicional, é instrumento de
planejamento governamental e necessário para a consecução das políticas públicas. A respeito
desse assunto, que envolve o conceito de orçamento e princípios orçamentários, a ssinale a
opção correta.
A) O orçamento moderno trabalha com a ideia central de que os recursos a serem arrecadados
devem servir à aquisição de meios para fazer face exclusivamente às despesas contingenciais.
Justificativa: Assertiva errada, consoante exposto na alternativa "c".
Atualmente, o princípio do equilíbrio busca alcançar o chamado Equilíbrio Fiscal, ou seja, as
receitas arrecadadas internamente devem superar as despesas executadas, de modo que o
saldo possa ser utilizado para pagamento da dívida pública.

B) O orçamento público é um instrumento que confere ao Poder Executivo poder discricionário


para a reformulação de políticas públicas, sem a necessidade de autorização legislativa para
tanto.
Justificativa: Alternativa errada. O orçamento público é instrumento de planejamento da ação
de governo, com estabelecimento de objetivos e metas e dos custos relacionados, não
havendo que se falar em absoluta discricionariedade, havendo necessidade, ainda, de
autorização legislativa.
C) O orçamento público moderno deve garantir o equilíbrio fiscal, por meio do cumprimento
das metas de resultados fiscais estipuladas.
Alternativa C, essa resposta está correta.

Justificativa: Alternativa certa. Atualmente, o princípio do equilíbrio busca alcançar o chamado


Equilíbrio Fiscal, ou seja, as receitas arrecadadas internamente devem superar as despesas
executadas, de modo que o saldo possa ser utilizado para pagamento da dívida pública.
D) O orçamento moderno, assim como o tradicional, exige que as receitas sejam
matematicamente iguais às despesas.
Justificativa: Assertiva errada, consoante exposto na alternativa "c".
Atualmente, o princípio do equilíbrio busca alcançar o chamado Equilíbrio Fiscal, ou seja, as
receitas arrecadadas internamente devem superar as despesas executadas, de modo que o
saldo possa ser utilizado para pagamento da dívida pública.

E) A concepção moderna de orçamento público enfatiza seu aspecto contábil e gerencial,


distanciando-se da avaliação de eficiência e efetividade.
Justificativa:Assertiva errada, consoante exposto na alternativa "c".
Atualmente, o princípio do equilíbrio busca alcançar o chamado Equilíbrio Fiscal, ou seja, as
receitas arrecadadas internamente devem superar as despesas executadas, de modo que o
saldo possa ser utilizado para pagamento da dívida pública.

Questão nº 01 (FCC-SEFAZ/PI-2015) Ao estudar o orçamento anual do Estado do Piauí, um


Analista do Tesouro Estadual verificou que foram selecionados os objetivos a serem
alcançados, bem como determinadas as ações para o alcance de tais fins. Tais aspectos
evidenciam o atendimento ao princípio orçamentário da
a) clareza.

b) exclusividade.

c) universalidade.

d) legalidade.

e)programação.

Questão nº 02 (FCC-CNMP-2015) A Lei Orçamentária Anual − LOA do exercício de 2015 de um


determinado ente federativo contém dotações orçamentárias suficientes para suportar 24
meses de despesas com pessoal e encargos. Este procedimento

a) contraria o princípio orçamentário da unidade.

b) não atende o princípio orçamentário da universalidade.

c) não atende o princípio orçamentário da competência.

d) contraria o princípio orçamentário da anualidade.

e) está em consonância com o princípio orçamentário da oportunidade.

Questão nº 03 (FCC-CNMP-2015) É permitido incluir na Lei Orçamentária Anual − LOA


autorização para o Poder Executivo abrir créditos

a) especiais e extraordinários.

b) adicionais.

c) suplementares e especiais.

d) extraordinários.

e) suplementares.

Questão nº 04 (CESPE-FUB-2015) Julgue o item a seguir, referente a orçamento.

A lei orçamentária não pode conter qualquer dispositivo estranho à previsão da receita e
fixação da despesa: deve conter apenas matéria financeira.

Certo

Errado

Questão nº 05 (FGV-TJ/SC-2015) A prática de subestimar a previsão de receitas ou ainda de


não incluir receitas que se espera arrecadar na proposta orçamentária, com vistas a obter
maior flexibilidade na alocação de recursos durante a execução orçamentária, está em
desacordo com o princípio do(a):
a) anualidade;

b) legalidade;

c) orçamento bruto;

d) unidade;

e) universalidade.

Questão nº 06 (CESPE-DEPEN-2015) Acerca das noções básicas de orçamento público e de


administração financeira e orçamentária, julgue o item a seguir.

De acordo com o princípio da universalidade, o orçamento deve englobar todas as receitas e


despesas do Estado para que seja realizada a programação financeira de arrecadação de
tributos necessários para custear as despesas projetadas pelo governo.

Certo

Errado

Questão nº 07 (CESPE-DEPEN-2015) Acerca das noções básicas de orçamento público e de


administração financeira e orçamentária, julgue o item a seguir.

O princípio orçamentário da unidade, que prescreve a formulação de um orçamento único,


não é observado pela Constituição Federal brasileira, que determina a existência dos
orçamentos fiscal, da seguridade social e de investimentos das estatais.

Certo

Errado

Questão nº 08 (FCC-TCE/CE-2015) Considere que, hipoteticamente, o projeto da Lei


Orçamentária Anual do Estado do Ceará teve de ser alterado porque não previa as operações
de crédito autorizadas em lei. Da forma como foi originalmente apresentado havia afronta ao
princípio orçamentário

a) da universalidade.

b) da anualidade.

c) da não vinculação.

d) do orçamento bruto.

e) da discriminação.

Questão nº 09 (FCC-TCM/RJ-2015) Quando a Constituição Federal veda, com ressalvas, a


vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa e dispõe que a Lei Orçamentária
Anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, com
exceções, está consagrando, respectivamente, os princípios da
a) exclusividade e da anterioridade.

b) não afetação e da exclusividade.

c) anualidade e da universalidade.

d) especialização e da anualidade.

e) unidade e da não afetação.

Questão nº 10 (CESPE–2015) No que se refere aos princípios orçamentários estabelecidos na


CF, assinale a opção correta.

a) Na elaboração de lei orçamentária, é proibida a concessão de créditos sem limite de valor


estabelecido.

b) Na definição de fontes de financiamento das despesas públicas, é proibida a vinculação a


órgão, fundo ou despesa de receita derivada de taxa, empréstimo compulsório e contribuição
de melhoria.

c) Para a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do RGPS, é proibida a


utilização de recursos arrecadados a título de contribuição social sobre o lucro líquido das
empresas.

d) A autorização para a abertura de créditos especiais pelo Poder Executivo pode estar contida
na própria lei orçamentária.

e) É admissível a abertura de crédito suplementar sem a indicação dos recursos


correspondentes, desde que o crédito seja destinado a custear despesas decorrentes de
calamidades públicas.

Questão 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Gabarito E D E Errado E Certo Errado A B A

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