Você está na página 1de 15

Crítica

Antenor Firmin
Antropologia 2 Prof. Bruna Triana
Leituras
Firmin, Anténor. “Prefácio” e “Capítulo 1”. In: Da Igualdade
das raças humanas: Antropologia positiva (tradução para
uso didático).

Troitinho, Bruna (2021). Raça, colonialidade e poder desde


Anténor Firmin. Tessituras, 9 (1): 282-300.
Joseph Antenor Firmin
(1850-1911)

Nasce em 1850 - Cabo Haitiano


Formado em direito
Trabalha como advogado e professor
Política - diplomata e ministro (idas e vindas)
1883 - viaja para Paris
1884 - entra para a Sociedade de Antropologia de Paris
1889 - Volta ao Haiti
1902 - Exílio em São Thomas
Haiti
Da igualdade das raças
humanas: antropologia positiva 1885 - Publicação do livro
Conferência de Berlim

Dedica ao Haiti e a Toussaint


L'Ouverture
1791-1804 - Revolução Haitiana

Resposta à Sociedade
Antropológica de Paris e ao livro
de Arthur de Gobineau (Ensaio
sobre a desigualdade das raças
humanas - 1855)
662 páginas - 20 capítulos
"Antropologia como Disciplina ";
"Monogenismo e poligenismo";
"Critérios para classificar as raças
humanas,"
"Ranking artificial das raças humanas";
"Comparação das Raças Humanas
Baseadas em suas Constituição Física”;
"Miscigenação e igualdade das raças";
“Egito e Civilização";
"O Papel da raça negra na História da
Civilização"...
Minha mente sempre ficou chocada ao ler
em várias obras que afirmam,
dogmaticamente, a desigualdade das
raças humanas e a inferioridade congênita
da raça negra. Quando me tornei membro
da Sociedade Antropológica de Paris, o
assunto não deveria ter parecido ainda
mais incompreensível e ilógico? É natural,
por acaso, ver pessoas consideradas
desiguais ocupando lugares dentro dessa
Sociedade com o mesmo estatuto dos
homens que representam essa mesma
ciência?
Antropologia Joseph
Francesa Antenor Firmin
Antropologia física Contra o racismo científico da época
Antropometria e Craniometria Denucia as bases morais
Racismo ciêntífico (preconceitos, superstições) dos
Discurso médico argumentos (ou seja, mostra como
Poligenia x Monogenia
são anti-científicos)
Paul Brocas e Paul Topinard Preocupação com o método e
(França) cientificidade (positivismo) para
Louis Agassiz (EUA)
rebater esses discursos
Robert Knox (Inglaterra)
Eu sou negro. Por outro lado, sempre considerei o culto à
ciência como o único verdadeiro, o único digno da atenção
constante e devoção infinita de todo homem que é guiado
apenas pela razão livre. Como eu poderia, então, conciliar
as conclusões que parecem ser tiradas desta mesma
ciência contra as capacidades do negro com aquela
veneração apaixonada e profunda que é para mim uma
necessidade imperativa do espírito? Poderia eu me abstrair
da condição de meus semelhantes e me considerar uma
exceção entre outras exceções? [...] Não há diferença
fundamental entre o negro africano e o negro haitiano. [...]
Ainda que me satisfizesse um pensamento tão falso e
inepto, a realidade, que nunca mente, me faria sentir, a
cada momento, que o desprezo sistemático professado
contra os africanos me envolve inteiramente.
Sim, os seres humanos podem e se diferem por suas
características físicas, ou a cor da sua pele. Ainda eles
são todos irmãos, isto é, eles são iguais em inteligência
e pensamento. Apenas um longo processo da
perversão do espírito e influências muito poderosas
sobre as mentes dos brancos poderiam tê-los deixado
de lado ver a verdade que é tão óbvia e natural que
não requer prova científica... Nós teremos a chance de
erradicar este preconceito das mentes daqueles que
ainda a abrigam somente se pudermos mostrar por
quais meios inventados, por quais falsas crenças,
impregnaram a inteligência de tantas pessoas.
Antropologia
“A toda essa falange arrogante que proclama que o homem
negro está destinado a servir de estribo ao poder do
homem branco, a essa antropologia mentirosa, eu terei o
direito de dizer: Não, não és uma ciência! [...] O egoísmo e a
imoralidade da raça branca será ainda para ela, em sua
posteridade, motivo de vergonha e arrependimento” (p. 59)
Antropologia
Todos os homens pertencem à
“Resolver o grande problema da mesma espécie, tem as mesmas
origem, da natureza do homem e capacidades (para o vício ou para o
do lugar que ele ocupa na criação” belo).
(p. 9). Concepções filosóficas e biológicas
Estudar o homem é estudar o (naturalistas).
conjunto de características que O homem se difere de todos os
constituem o ser humano. outros animais: possui espírito,
razão (singularidade, condição).
A antropologia estava muito
preocupada em estudar os aspectos
físicos (esqueletomania), ao invés de
investigar as dimensõs morais e "Qual é a verdadeira natureza do
intelectuais, as disposições do meio e
homem? Em que grau e sob que
das condições
condições ele desenvolve suas
Os métodos das ciências naturais aptidões? Podem todas as raças
não cabem no estudo do homem
humanas subir ao mesmo nível
O estudo empírico e metódico
intelectual e moral?"
refuta asteorias da filosofia
especulativa
Homem no centro do mundo
(medida de todas as coisas)
Construção social da raça
Haitianos ~ Africanos: todo racismo é
racismo (pensamento diaspórico e
negritude)
Crítica ao evolucionismo (pontos que
depois Franz Boas vai abordar)
Afirmação (e demonstração) de que o
Egito era negro (antecipando Cheik
Anta Diop)
Análise 'discursiva' de mitos, da bíblia,
de Shakespeare (ressoa os estudos
pós-coloniais)
Elogio às grandes civilizações, culturas
e conquistas de África (afrocentrismo e
pan-africanismo)
Culturalismo norte-
americano:
Franz Boas

Boas, Franz (2005). “As limitações do


método comparativo da antropologia” e
“Raça e Progresso”. In: Castro, Celso
(Org.) Antropologia Cultural. Rio de
Janeiro: Zahar, p. 25-39; p. 67-86.

Você também pode gostar