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TESTE DE AVALIAÇÃO – FILOSOFIA 11.

Ano letivo Filosofia |


Escola Secundária Garcia de Orta
2020/21 11.º ano
Turma N. Data 26 -
Nome do aluno - Duarte são Payo Ayres Pereira
11ºB º8 02 - 2021
Professora Isabel Medeiros Classificação

Grupo I

1. Indique, para cada questão que se segue, a opção correta.

1.1. A filosofia da religião:

A. usa argumentos que visam apenas demonstrar a existência de Deus.


B. procura examinar criticamente crenças e conceitos religiosos.
C. é desenvolvida pelos crentes a partir do interior das religiões.
D. tem como objetivo garantir a estabilidade social das religiões.

1.2. A posição filosófica segundo a qual Deus e o mundo são a mesma realidade é
o:

A. ateísmo.
B. agnosticismo.
C. fideísmo.
D. panteísmo.

1.3. O teísta aceita:

A. a providência divina e nega a revelação.


B. a perfeição divina e nega a divina omnipotência.
C. a existência de Deus e nega o seu carácter impessoal.
D. a omnisciência de Deus e nega-lhe o poder criador.

1.4. Um agnóstico é:

A. um ateu envergonhado, segundo o qual Deus não existe.


B. alguém que defende não nos ser possível saber se Deus existe ou não.
C. um teísta desiludido, segundo o qual Deus é o mundo.

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D. alguém que considera que Deus está morto.

1.5. Os argumentos ontológico, teleológico e cosmológico são, respetivamente:

A. a priori, a posteriori e a posteriori.


B. a posteriori, a priori e a priori.
C. a posteriori, a posteriori e a priori.
D. a priori, a priori e a posteriori.

1.6. Somente a seguinte afirmação é correta:

A. Santo Anselmo foi um fideísta moderado.


B. Blaise Pascal foi um fideísta radical.
C. São Tomás considerava que a fé e a razão são compatíveis.
D. São Tomás, sendo santo, era fideísta.

Grupo II

1. Refira em que medida o argumento cosmológico se revela autocontraditório .


Nota: (Transcrevi este argumento para a pergunta do grupo III)
O argumento cosmológico de São Tomás de Aquino é um argumento a posteriori,
dado que parte da informação empírica de que tudo no mundo tem uma causa e que
nada pode ser a casa de si próprio. Deste modo, o mundo é regido por cadeias
causais. Ora, para esta cadeia causal existir é necessário que exista uma primeira
causa, pois considera absurdo que a cadeia causal regrida infinitamente,
justificando-o deste modo: se não existir uma primeira causa, não existem os seus
efeitos. Ora, se não existem efeitos é porque nada existe. É claro que existe algo e,
por isso, existe uma primeira causa e essa causa é Deus.
Este argumento revela-se autocontraditório na medida em que parte da premissa de
que tudo no mundo tem uma causa e nada pode ser a causa de si próprio, e
posteriormente conclui que Deus é a causa primeira e que não tem causa.

2. Apresente duas objeções ao argumento teleológico.

O argumento teleológico é um argumento a posteriori, partindo da suposta


informação empírica de que tudo no mundo apresenta uma finalidade e encaminha-
se para ela. Deste modo, poder-se-ia estabelecer uma analogia entre o mundo e os
artefactos: visto que, tal como os artefactos, o mundo é composto por diferentes
partes, cada um com a sua finalidade, então o mundo, tal como os artefactos terá de
ser criado por um ser inteligente, que, no caso do mundo, é Deus.

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Este argumento é criticado em vários aspetos: a analogia entre o mundo e os
artefactos é muito fraca, dado que as suas semelhanças são ínfimas (o que derruba
a legitimidade do argumento por analogia). Para além disso, não demonstra porque
é que o mundo, tal como os artefactos, não foi criado por um ser com olhos, nariz,
boca, etc. ou, tal como os artefactos complexos, criado por um grupo de entidades
(politeísmo). Outra crítica consistiria na Teoria da Evolução de Darwin, que
introduziu a ideia da evolução gradual das espécies para se adaptarem a meios
ambientes. De facto, porque é que Deus não criou as espécies já prontas a
realizarem a sua finalidade? Porque é que elas tiveram de evoluir? Porque é que
Deus criou espécies com imperfeições?

3. «Existe, portanto, sem dúvida, algo maior do que o qual nada é possível pensar-
se não apenas no intelecto mas também na realidade.»
Santo Anselmo (1996), Proslogion, Porto, Porto Editora, p. 23

Mostre como chegou Santo Anselmo à conclusão acima exposta.


O argumento ontológico de Santo Anselmo é a priori (não se sustenta em
informação empírica) parte do conceito de Deus como o “ser maior do que o qual
nada pode ser pensado”. Deste modo, conclui-se que Deus existe dado que, se
apenas existisse no pensamento, não seria o “ser maior do que o qual nada pode
ser pensado”, pois existiria um ser maior, nomeadamente um que tivesse a
qualidade de existir na realidade. Daqui conclui-se que Deus existe.

4. Refira duas objeções ao argumento do apostador de Pascal.

Há quem discorde do fideísmo de Pascal, apontando como críticas o facto de adotar


uma atitude interesseira quanto à crença em Deus (só amamos Deus e acreditamos
n’Ele, pois poderemos ser recompensados), e apontando também o facto de
algumas pessoas não conseguirem acreditar verdadeiramente em Deus de um
momento para o outro, sendo, por isso, esta aposta bastante falaciosa. Para além
disso, filósofos que apoiam o evidencialismo consideram que o fideísmo é errado
pois consiste numa crença sem evidencias fortes, sendo, por isso, é uma crença
errada.

Grupo III

1. Leia o seguinte texto:

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No mundo das coisas sensíveis constatamos que existe uma ordem de causas
eficientes. Não há qualquer caso conhecido (nem é, de facto, possível) no qual
uma coisa seja a causa eficiente de si mesma; pois se assim fosse, seria anterior
a si própria, o que é impossível. Ora, relativamente às causas eficientes não é
possível regredir até ao infinito, porque todas as causas eficientes seguem uma
certa ordem; a primeira é a causa da causa intermédia, e a causa intermédia é a
causa da causa última, quer a causa intermédia seja várias ou apenas uma. Ora,
retirar a causa é retirar o efeito. Logo, se não houver uma causa primeira entre as
causas eficientes, não existirá uma causa última, nem uma causa intermédia. […]
Isto é obviamente falso. Logo, é necessário pressupor uma causa eficiente
primeira, a quem todos damos o nome de Deus.

S. Tomás de Aquino, Suma Teológica, 1267-73, trad. de Célia Teixeira

Considera que o argumento que S. Tomás apresenta no texto justifica que Deus
tenha de ser a causa primeira?
Responda a esta questão analisando a perspectiva de S. Tomás e assumindo um
ponto de vista pessoal sobre este seu argumento.

Apesar de acreditar veementemente na existência de Deus, penso que o


argumento cosmológico de São Tomás de Aquino apresenta algumas fraquezas,
retratadas pelas objeções que lhe são colocadas. O argumento cosmológico de
São Tomás de Aquino é um argumento a posteriori, dado que parte da
informação empírica de que tudo no mundo tem uma causa e que nada pode ser
a casa de si próprio. Deste modo, o mundo é regido por cadeias causais. Ora,
para esta cadeia causal existir é necessário que exista uma primeira causa, pois
considera absurdo que a cadeia causal regrida infinitamente, justificando-o deste
modo: se não existir uma primeira causa, não existem os seus efeitos. Ora, se
não existem efeitos é porque nada existe. É claro que existe algo e, por isso,
existe uma primeira causa e essa causa é Deus.

Este argumento falha em diversos pontos: não mostra que o mundo não pode
ser uma cadeia causal em que se pode regredir infinitamente (reduz essa
hipótese ao absurdo), pois esta, por conceito, não tem uma primeira causa, pelo
que se lhe retirarmos a primeira causa (que não existe) nada acontece. Em
segundo lugar, S. Tomás de Aquino não demonstra porque é que a primeira
causa tem de ser o Deus teísta (criador, pessoa, sumamente bom, omnipotente e
omnisciente) e não outro ser qualquer ou o Big Bang, por exemplo. Por último, S.
Tomás entra em contradição quando parte da premissa de que tudo no mundo
tem uma causa, e logo de seguida assume que Deus não tem causa.
Deste modo, eu considero o argumento cosmológico um argumento fraco que,
evidentemente, não estabelece, assim como as teologias naturais que

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estudámos, a existência de Deus por via racional. Por isso, apenas nos resta
procurar outras teologias naturais ou optar pelo fideísmo.

COTAÇÕES

Grupo I
1.1. ................................................................................................................................
............. 5 pontos
1.2. ................................................................................................................................
............. 5 pontos
1.3. ................................................................................................................................
............. 5 pontos
1.4. ................................................................................................................................
............. 5 pontos
1.5. ................................................................................................................................
............. 5 pontos
1.6. ................................................................................................................................
............. 5 pontos

Grupo II
1.
…....................................................................................................................................
...... 30 pontos
2.
…....................................................................................................................................
...... 30 pontos
3. ...................................................................................................................................
........... 30 pontos
4. ...................................................................................................................................
........... 30 pontos

Grupo III
1.
……………………………................................................................................................
...... 50 pontos

5
TOTAL ...........................................................................................................................
........ 200 pontos

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