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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO


GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 107238/SE (0007871-56.2010.4.05.0000)


AGRTE : IFET/SE -INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E
TECNOLOGIA DE SERGIPE
REPTE : PROCURADORIA REGIONAL FEDERAL - 5ª REGIÃO
AGRDO : JOSÉ MARCOS VALENTIM DE CARVALHO
ADV/PROC : EVANIO JOSE DE MOURA SANTOS E OUTROS
ORIGEM: 3ª VARA FEDERAL DE SERGIPE (COMPETENTE P/ EXECUÇÕES
PENAIS)
RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS -
Segunda Turma

RELATÓRIO
O Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal FRANCISCO
BARROS DIAS (Relator):
Trata-se de Agravo de Instrumento interposto pelo INSTITUTO
FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SERGIPE, em face de
decisão singular do Juiz Federal da 3ª Vara-SE, Dr. Rafael Soares Souza, que, nos
autos da ação ordinária, deferiu tutela antecipada no sentido de determinar a
imediata contratação do Agravado no cargo de professor para o qual prestou
concurso e foi aprovado, cuja carga horária é de 40 horas semanais.
Nas suas razões recursais, o Recorrente aduz que o Agravado já
ocupa outro cargo de professor junto à Secretaria de Educação do Estado de
Sergipe. Aduz que o documento que indica a carga horária da IFET/CE não serve
de prova em favor do Autor, pois produzido unilateralmente e em data anterior à
posse no cargo de professor. Defende que o professor substituto deve estar à
disposição ou permanecer em dois turnos completos dentro das instalações do IFS
para cumprir a carga horária de 40 horas, não podendo o mesmo escolher as
atividades a desenvolver, muito menos horários a lecionar. Sustenta, assim, a
ilegalidade do acúmulo de cargos com elevada carga horária em ambos, que perfaz
um total de 80 horas semanais.
Às fls. 112/114, foi indeferida a liminar.
O Instituto Agravante apresentou pedido de reconsideração/ Agravo
Regimental às fls. 116/118, aduzindo incompatibilidade de horário no
desempenho dos dois vículos de 40 horas cada, sob pena de completa exaustão do
trabalhador. Relativamente ao momento de verificação da compatibilidade da carga
horária aduziu que não existe óbice a evitar a contração do professor quando se
verifica, de logo, a acumulação ilegal. Ao final, defendeu que a continuidade da
situação implica impor aos alunos e à Administração serviço aquém do esperado,
além de pôr em risco a saúde do trabalhador.
É o relatório.

(LMCDM) AGTR-107238 - SE 1
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 107238/SE (0007871-56.2010.4.05.0000)


AGRTE : IFET/SE -INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E
TECNOLOGIA DE SERGIPE
REPTE : PROCURADORIA REGIONAL FEDERAL - 5ª REGIÃO
AGRDO : JOSÉ MARCOS VALENTIM DE CARVALHO
ADV/PROC : EVANIO JOSE DE MOURA SANTOS E OUTROS
ORIGEM: 3ª VARA FEDERAL DE SERGIPE (COMPETENTE P/ EXECUÇÕES
PENAIS)
RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS -
Segunda Turma

VOTO

O Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal FRANCISCO


BARROS DIAS (Relator):
A hipótese é de Agravo de Instrumento interposto pelo INSTITUTO
FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SERGIPE, em face de
decisão singular do Juiz Federal da 3ª Vara-SE, Dr. Rafael Soares Souza, que, nos
autos da ação ordinária, deferiu tutela antecipada no sentido de determinar a
imediata contratação do Agravado no cargo de professor para o qual prestou
concurso e foi aprovado, cuja carga horária é de 40 horas semanais.
A matéria sobre a qual versam os autos, qual seja, , já foi por mim
examinada na decisão indeferitória do pedido de antecipação dos efeitos da tutela
recursal, às fls. 112/114. Inexistindo modificação fática e jurídica, adoto os seus
fundamentos esposados em sede de antecipação de tutela, in verbis:
“Da análise da questão posta, verifico inexistente qualquer perigo de lesão
grave ou de incerta reparação, antes que seja proferida sentença final, ao ponto de tornar
ineficaz essa decisão judicial.
No caso dos autos, nesta senda, invoco a premissa jurídica de que, em
havendo compatibilidade de horários, é lícita a acumulação remunerada de dois cargos
públicos de professor, conforme a exegese do art. 37, incisos XVI, alínea "a", e XVII, da
Constituição Federal, com novel redação dada pela EC nº 19/1998, cuja dicção é a seguinte,
"in verbis":
‘Art. 37. (...)
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto,
quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o
disposto no inciso XI:
a) a de dois cargos de professor;
(...)

(LMCDM) AGTR-107238 - SE 2
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GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS

XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e


abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou
indiretamente pelo Poder Público;’
Com fulcro nestas normas, o art. 118 da Lei nº 8.112/1990, acrescido pela
Lei nº 9.527/1997, evidencia a redação doravante transcrita:
‘Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é vedada a
acumulação remunerada de cargos públicos.
§ 1º A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos e funções em
autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de
economia mista da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios
e dos Municípios.
§ 2º A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada à
comprovação da compatibilidade de horários.
§ 3º Considera-se acumulação proibida a percepção de vencimento de
cargo ou emprego público efetivo com proventos da inatividade, salvo
quando os cargos de que decorram essas remunerações forem
acumuláveis na atividade.’
Conforme bem destacou do Douto Juízo a quo, a Administração não pode
criar restrições ao exercício do direito do Agravado de ser contratado, já que foi aprovado
em concurso público. A questão da compatibilidade da carga horária e a possibilidade do
exercício de ambos os cargos, deverá ser verificada pelos entes públicos quando do
exercício do cargo pelo servidor, pois cada um exige sua carga horária e o servidor é que
vai saber se suporta e se é compatível os horários. Acaso a cumulação não seja possível,
há de se dar, ao Recorrido, a opção de escolha do cargo. Não sendo justo negar, agora, seu
direito à contratação.
Observe-se que a necessidade de compatibilidade na cumulação de
cargos é questão abstrata da norma constitucional. Enquanto isso, a questão relativa a
carga horária e a compatibilidade de horários deve ser analisada no caso concreto, diante
do desempenho da atividade do servidor.”
No caso dos autos, a questão da compatibilidade de horário no
desempenho de dois vínculos de 40 horas cada deverá melhor analisada no
decorrer da instrução, onde se terá oportunidade de verificar o quadro de aulas e
horários à disposição das instituições de ensino para exercício de ambos os cargos.
De qualquer forma, impossibilitar a contratação do servidor agora seria limitar o seu
direito de aprovação, já que passou em concurso público, bem como de posterior
opção pelo vínculo que deseja permanecer, na hipótese de ser constatada a
impossibilidade de exercício dos dois cargos em virtude da compatibilidade de carga
horária.
Sendo assim, indefiro o Agravo de Instrumento e julgo prejudicado o
Agravo Regimental interposto com os mesmos fundamentos.
É como voto

(LMCDM) AGTR-107238 - SE 3
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GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 107238/SE (0007871-56.2010.4.05.0000)


AGRTE : IFET/SE -INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E
TECNOLOGIA DE SERGIPE
REPTE : PROCURADORIA REGIONAL FEDERAL - 5ª REGIÃO
AGRDO : JOSÉ MARCOS VALENTIM DE CARVALHO
ADV/PROC : EVANIO JOSE DE MOURA SANTOS E OUTROS
ORIGEM: 3ª VARA FEDERAL DE SERGIPE (COMPETENTE P/ EXECUÇÕES
PENAIS)
RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS -
Segunda Turma

EMENTA
CONSTITUCIONAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. ACUMULAÇÃO DE CARGOS.
PROFESSOR DO ESTADO. APROVAÇÃO EM CONCURSO PARA CARGO DE
PROFESSOR DA REDE FEDERAL DE ENSINO. CONTRATAÇÃO. VERIFICAÇÃO
DA INCOMPATIBILIDADE DE CARGOS APÓS INSTRUÇÃO E DELIMITAÇÃO DA
QUADRO DE HORAS DE AMBAS AS INSTITUIÇÕES. DIREITO DO
CONCURSADO DE POSSE NO CARGO APROVADO PARA POSTERIOR
ESCOLHA, SE FOR O CASO.
1. Agravo de Instrumento interposto pelo INSTITUTO FEDERAL DE
EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SERGIPE, em face de decisão
singular que, nos autos da ação ordinária, deferiu tutela antecipada no sentido
de determinar a imediata contratação do Agravado no cargo de professor
para o qual prestou concurso e foi aprovado, cuja carga horária é de 40 horas
semanais.
2. Havendo compatibilidade de horários, é lícita a acumulação remunerada de
dois cargos públicos de professor, conforme a exegese do art. 37, incisos
XVI, alínea "a", e XVII, da Constituição Federal, com novel redação dada pela
EC nº 19/1998, bem como pelo teor do disposto no art. 118 da Lei 8.112/90,
acrescido pela Lei 9.527/1997.
3. A questão da compatibilidade de horário no desempenho de dois vínculos de
40 horas cada deverá melhor analisada no decorrer da instrução, onde se
terá oportunidade de verificar o quadro de aulas e horários à disposição das
instituições de ensino para exercício de ambos os cargos. De qualquer forma,
impossibilitar a contratação do servidor agora seria limitar o seu direito de
aprovação, já que passou em concurso público, bem como de posterior opção
pelo vínculo que deseja permanecer, na hipótese de ser constatada a
impossibilidade de exercício dos dois cargos em virtude da compatibilidade de
carga horária.
4. Agravo de Instrumento não provido. Agravo Regimental prejudicado.

(LMCDM) AGTR-107238 - SE 4
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS

ACÓRDÃO

Vistos e relatados os autos em que são partes as acima indicadas,


decide a Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5a. Região, por
unanimidade, negar provimento ao agravo de instrumento e julgar prejudicado
o agravo regimental, na forma do relatório e voto constantes dos autos, que ficam
fazendo parte integrante do presente julgado.
Recife/PE, 21 de setembro de 2010. (data do julgamento)

Desembargador Federal FRANCISCO BARROS DIAS


Relator

(LMCDM) AGTR-107238 - SE 5

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