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O estudo das técnicas de PNL (Programação Neurolinguística)

e hipnose possibilita identificar procedimentos conscientemente


praticados por líderes religiosos com objetivo de manipulação
dos fieis e aquisição de bens.
1. 1. RESUMO
2. 2. INTRODUÇÃO
3. 3. HIPNOSE, PNL E PSICANÁLISE BREVE DEFINIÇÃO E CONCEITOS.
1. 3.1 Hipnose
1. 3.1.1 Hipnose na história
2. 3.2 Programação Neurolinguística
1. 3.2.1 Breve História da PNL
3. 3.3 Psicanálise
1. 3.3.1 Início da psicanálise e sua relação intrínseca com a hipnose.
2. 3.3.2 A psicanálise e religião
4. 4. TEOLOGIA DA PROSPERIDADE
1. 4.1 As Raízes da Teologia da Prosperidade
2. 4.2 Confissão Positiva
3. 4.3 Igreja Empresarial, Pastor Profissional
4. 4.4 Narcisismo e Hedonismo
5. 4.5 Teologia da Prosperidade e o Neoliberalismo
6. 4.6 Princípios da PNL e Hipnose na Teologia da Prosperidade
1. 4.6.1 O discurso antropocêntrico
2. 4.6.2 Expectativa
3. 4.6.3 Confissão Positiva e pensamento positivo
4. 4.6.4 Materialização da fé
5. 4.6.5 Desvio de atenção
6. 4.6.6 Cura Interior
5. 5. O EMPREGO DE HIPNOSE DE PALCO EM CULTOS RELIGIOSOS
1. 5.1 A Hipnose na história das religiões
2. 5.2 A Utilização da Hipnose nas Religiões na Atualidade
3. 5.3 Ritos e Mitos para manutenção das crenças
4. 5.4 Como funciona a mudança
5. 5.5 Sugestão
6. 5.6 Sugestão pós-hipnótica
7. 5.7 Expectativa
8. 5.8 Curas
9. 5.9 Persistência
6. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
7. 7. REFERÊNCIAS
1. RESUMO
Esta pesquisa objetiva analisar as informações sobre práticas de alguns líderes
religiosos que utilizam PNL, hipnose, e expondo as comparações apontadas por
especialistas em psicologia, psicanálise, hipnose e PNL, bem como listar alguns
procedimentos destes líderes alusivas a hipnose de palco, sugestão, confissão
positiva, a importância da expectativa do público, fé depositada em uma pessoa
ou instituição, expor a explicação sobre curas “milagrosas” proposta por alguns
autores, culminando numa adesão massificada e duradoura de seguidores fiéis.
Para tanto o método de coleta de dados foi pesquisa bibliográfica, através do
conteúdo levantado no referencial teórico sobre o emprego da psicologia,
identificando e comparando o procedimento em cerimônia religiosa com
princípios da hipnose de palco e PNL. Este estudo é relevante para pastores,
líderes e também estudantes de teologia. Enfim, é possível confirmar a hipótese
de que princípios da PNL e da hipnose são realmente utilizados por certos
líderes religiosos, como um desvio de finalidade primária destas ciências e da
própria religião.
Palavras-Chave: PNL; Hipnose; Religião; Manipulação; Adeptos.
2. INTRODUÇÃO
A utilização de PNL (Programação Neurolinguística) e também hipnose de
grupo, numa reunião que deveria ser um culto a Deus, tem sido uma ferramenta
poderosa de alienação e manipulação, com a única finalidade de captação de
adeptos e também dinheiro. Vários métodos e maneiras das mais escancaradas
até a mais sutil possível. Tais práticas se disseminam entre as igrejas e seus
líderes, em que muitos destes de maneira até inconsciente, mas que, cedendo
muitas vezes às próprias paixões, crendo piamente que estão procedendo pela
vontade de Deus.
Outros líderes com plena consciência do que estão fazendo, cristãos no discurso
e ateus no mais profundo de seu íntimo, manipulam e exploram, sem nenhum
constrangimento ou temor, a fé e a sinceridade das pessoas, com um único
objetivo de ganhar dinheiro. É tão somente um negócio lucrativo e próspero, que
tem isenção de impostos e não tem responsabilidade pelos fiéis que não
conseguem o que almejam. É bom destacar que este “ateísmo na prática” é uma
expressão de linguagem e não quer dizer que todo ateu é mau caráter.
Das técnicas psicológicas, a hipnose, é utilizada há muito tempo por xamãs e
sacerdotes, ainda que de maneira inconsciente, do saber da hipnose dos dias
atuais, e ao conhecimento da psique humano como ciência. Nisso se soma os
fatores culturais, crenças e cosmovisão de um público-alvo de tais métodos.
Com o estudo das técnicas de PNL (Programação Neurolinguística) e hipnose, é
possível identificar muitos procedimentos praticados por diversos líderes
religiosos na atualidade, estes aplicam de maneira completamente consciente
do que estão fazendo e o objetivo bem definido que é a manipulação e a
obtenção de dinheiro. Por outro lado, líderes desavisados, que na verdade são
apenas aprendizes repetidores daqueles primeiros, sem saber que é um modo
puramente humano e não um “milagre”. Assim continuam por muitos anos
aplicando técnicas humanas e crendo que estão fazendo a vontade de Deus, ou
em muitos casos, seu entendimento se fecha em virtude das paixões materiais
satisfeitas, crendo piamente na teologia da prosperidade como sendo vontade
de Deus.
Práticas hipnóticas e PNL são geralmente aplicadas em igrejas neopentecostais
e com forte ênfase na teologia da prosperidade, logo antropocentristas, porém
algumas técnicas sutis são acampadas por denominações pentecostais e
também tradicionais ou históricas. Um exemplo simples, que acontece em
qualquer igreja, independente da linha, tradicional, pentecostal ou
neopentecostal é: ao se realizar uma oração ou uma conclusão, com tom
emotivo, ao falar do pastor uma música de fundo, suave, envolvente e emotiva,
associando-se as palavras do orador, podem ser fixadas mais facilmente na
mente do ouvinte. Devido à emoção que a musica alude, a crítica é rebaixada e
se enfraquece, abrindo assim uma porta direta no inconsciente das ovelhas.
Dessa maneira, a exemplo de um filme, que é indispensável à música de fundo
para reforçar o sentido da cena, dar um clima de ação, drama, romance entre
outros.
Neste sentido, em que é preciso estabelecer um “clima”, os louvores que
antecedem a pregação também são usados para preparar os ouvintes,
construindo um clima emotivo, preparando a plateia para receberem a
mensagem do preletor com uma carga emocional maior.
Esta técnica de música ao fundo foi adotada pela totalidade das denominações,
variando somente de igreja local para igreja local, em que em algumas houve
um desvio de finalidade, antes o louvor para Deus, agora instrumento de
manipulação e preparação de um ambiente de preparação psicológica dos
ouvintes, gerando emoção, comoção e expectativa.
Olhando superficialmente, corre-se o risco de uma conclusão antecipada de
caráter positivo que se tal técnica fosse utilizada para o bem do sujeito a fim de
fixar a verdade de Deus, a vontade de Deus e a graça de Deus, nas mentes das
pessoas, seria isso uma boa técnica, e que se justificaria o uso? Para uma visão
simplesmente humanista sim, na visão bíblica com certeza não. Na doutrina
bíblica quem convence o indivíduo é o Espírito Santo.
Estratégias de evangelização, facilitação da mensagem com um bom domínio
das escrituras, uma boa transmissão da mensagem, são maneiras humanas
com finalidade de levar a mensagem do evangelho. A pregação, oração e
louvores são procedimentos que fazem parte da celebração do culto, apenas
para o culto, este direcionado a Deus. Qualquer destes procedimentos que se
distancie do culto a Deus é considerado como um desvio de finalidade. Nestes
ambientes em que é pregado a teologia da prosperidade de forma
antropocêntrica, oração, pregação e louvores são utilizados somente como
entretenimento, captação e a manutenção de adeptos.
Seguindo essa linha, na obra de Jaime Moura, observa que são adicionados
outros procedimentos de entretenimento na cerimônia de culto, bem como, os
métodos usuais da celebração são operados através de técnicas psicológicas
para atrair e segurar a atenção do povo ávido por diversão e novidades, sem
nenhuma relação com uma sobrenaturalidade de origem divina ou uma intenção
de cultuar Deus.
Na atualidade, são inúmeras as críticas que boa parte das denominações
evangélicas recebe por tantas loucuras em seus eventos em nome de Deus,
danças, batuques, catarses, “milagres”, expulsão de demônios, é um
“entretenimento gospel” que tem a intenção de deixar a plateia maravilhada e
mais facilmente manipulada.
A maior crítica, sem dúvida, recai sobre os apelos por ofertas em dinheiro,
através de pregações com base em versículos bíblicos que tem seu sentido
completamente distorcido, campanhas, correntes, venda de objetos
“abençoados”, e a promessa em nome de Deus e na fé do indivíduo o mesmo
alcançará a graça almejada, remetendo a um sistema de barganhas nos moldes
do paganismo.
Frente a tantas heresias, absurdos, distorções bíblicas, maus testemunhos
vividos por vários líderes famosos, maus testemunhos vividos pelos próprios
seguidores, em forma de toda imperfeição humana como invejas, divisões,
soberba, pecados sexuais, avareza, insensibilidade ao sofrimento alheio. Mesmo
assim, com todos estes problemas e desvios expostos na atualidade, por que
estes tipos de igrejas lotam? Porque estes tipos de comunidades não cessam de
crescer? A que se deve tanto sucesso financeiro destas empresas da fé, já que
são hereges em seus fundamentos e assim não pode haver nenhuma vontade
de Deus nestes casos?
O problema a ser investigado é: porque comunidades com fundamentos
antibíblicos angariam tantos adeptos, crescem e enriquecem? Este estudo tem
por objetivo apontar alguns fatos que contribuem para o crescimento,
enriquecimento e adesão de uma instituição herética. Tais fatos listados em
termos específicos é o emprego incorreto da psicologia por líderes religiosos
com finalidade desonesta como meio de manipulação e aprisionamento mental,
que ferem tanto preceitos bíblicos como a própria psicologia.
Para se chegar ao objetivo geral será necessário elencar as características
principais da hipnose de palco, técnicas de PNL, expondo as comparações
apontadas pelos autores nas pesquisas bibliográficas, com o que é aplicado na
pregação e em todo tipo de evento religioso.
É necessário também expor as observações e apontamentos dos autores em
relação daqueles que se deixam manipular, a expectativa, as necessidades,
aflições, o contexto cultural e circunstancial, o nível social e de instrução de uma
comunidade que, é explorada e trabalhada mentalmente por estes falsos
profetas.
Ao que se refere à expectativa e necessidades e aflições estão relacionadas à
realização de curas “milagrosas” de doenças de origem psicossomáticas.
Também as falsas conversões, a adesão em massa devido às experiências
produzidas num show de palco, somada a expectativa e cosmovisão pessoal e
cultural que se mostre mística e supersticiosa, são arrebanhadas milhares de
mentes.
Este trabalho de pesquisa se justifica porque pode agregar conhecimento a
muitos pastores e principalmente estudantes de teologia que, naturalmente
copiando o sistema e ambiente que vivem pautam seu sucesso ministerial ao
número de membros, a quantidade de departamentos de sua igreja e ao
tamanho do prédio, que ora venha liderar. Veem-se tentados ao pragmatismo,
ao passar despercebido um grande problema em que pessoas escolherem
somente aquilo que querem como objeto de satisfação e não por aquilo que
realmente são necessidade e que, em muitos casos é antagônico ao prazer.
Este estudo também reforça a doutrina bíblica do poder do Espírito Santo no
convencimento do pecado, tão necessário para o líder religioso cristão. É assaz
que o estudante tenha consciência de que técnicas humanas somente
conquistarão adeptos e não componentes de igreja de Cristo. O estudo pode
aplacar a perplexidade com o sucesso daqueles que pregam mentiras. Esta
certeza é vital para quem se sente chamado para pastorear e liderar uma
comunidade.
O trabalho de pesquisa foi exclusivamente bibliográfico, como exigido pela
instituição, foram pesquisados vários livros de hipnólogos consagrados, que,
escreveram sobre a relação da religião com a prática hipnótica desde a
antiguidade até os dias atuais. Também outros autores da área de psicologia,
religião e psicanálise, foram utilizados como fonte de pesquisa, periódicos,
matérias e trabalhos publicados na internet de domínio público.
A estrutura dos capítulos foi montada conforme o modelo disponibilizado pela
instituição. O primeiro capítulo trada da hipnose, PNL e psicanálise,
demonstrando seus conceitos básicos, história e constituição.
O segundo capítulo trata da teologia da prosperidade, doutrina base de igrejas
neopentecostais, onde, afirmam alguns autores, que podem ocorrer técnicas
alusivas a hipnose em algum momento. Foram abordadas as raízes do
movimento, a história, as circunstâncias históricas e culturais que contribuíram
com seu sucesso e a relação desta teologia com a expectava da no contexto
pós-moderno.
E por fim o terceiro capítulo que trata relação entre a hipnose, PNL e a religião,
na visão de autores especialistas em hipnose e que denunciam essa prática
mascarada nos púlpitos por líderes, ora inescrupulosos, ora desavisados. Temos
autores ateus que querem explicar os fenômenos ocorridos no meio cristão, um
e outro com certo teor militante. Outros autores cristãos que, denunciam o joio,
alentando os irmãos sobre este evangelho anátema.
3. HIPNOSE, PNL E PSICANÁLISE BREVE
DEFINIÇÃO E CONCEITOS.
A identificação do emprego de técnicas científicas em meios religiosos é o foco
principal desta pesquisa. Especialistas nestas ciências vêm identificando tais
práticas e publicando suas conclusões e estudos, ora fazendo críticas diretas a
religião, ora somente explanando as aplicações e técnicas. Assim motivando
uma atenção maior do leitor para que também faça essa mesma ligação,
percebendo as várias pedras de toque entre as duas áreas. Faz-se necessário
uma breve introdução sobre conceitos e definições tanto de hipnose como PNL
e também a psicanálise.
3.1. Hipnose
Do grego Hypnos que significa sono sendo na mitologia grega deus do sono que
era chamado Somnus pelos romanos. A palavra hipnose foi usada pela primeira
vez pelo médico escocês James Braid. (ALMEIDA e MADJAROF, 2014)
No dicionário de psicologia diz “Estado transitório de modificação da ->
consciência idêntica ao do —@ sono, provocado por sugestão e concentração
num objeto…” (MESQUITA e DUARTE, 1996, p. 110)
Para Jaime Moura
Hipnose é um estado diferenciado de consciência, alterado em comparação com
os estados ordinários de vigília e de sono, com elevada receptividade à
sugestão por parte da pessoa que nele ingressa, por si mesma ou com
intervenção de outra pessoa. (MOURA, 2013, p. 22)
Hipnose é um estado de inconsciência semelhante ao sono, que pode ser
provocado por indução utilizando palavras, toques e também a observação de
objetos em movimento repetitivos.
O indivíduo hipnotizado ficará suscetível a sugestões e comandos em quanto
estiver neste estado. Há também sugestões pós-hipnóticas, onde o indivíduo fica
ainda suscetível a sugestões mesmo quanto estiver em estado consciente.
Para Antônio Almeida Carreiro, 2012, as definições de hipnose estão longe de
estar esgotadas devido às inúmeras sustentações teóricas, por ser um tema que
vai além das próprias explicações. Ou seja, ninguém ainda tem uma resposta
completa, definitiva do tema.
…é imprescindível lembrar que as definições e tentativas para conceituar o
hipnotismo dependem de reflexões difíceis, passam longe de estarem
concluídas. Existem inúmeras sustentações teóricas para a compreensão da
psique, mas poucas abordam esta área temática e apresentam diferentes
conceitos e várias abordagens paradigmáticas para entender, definir, praticar a
hipnose e melhor e produzir seus efeitos. (CARREIRO, 2012, p. 13)
A hipnose foi fundamentada por várias perspectivas, conforme a época e a
aplicação. As perspectivas particulares sobre a hipnose influenciam em suas
várias aplicações de suas técnicas, como por exemplo, nos shows de hipnose
de palco, também como coadjuvante em terapias psicológicas nas questões
emocionais e também questões de saúde física.
O entendimento dos conceitos até então conhecidos sobre hipnose foram
construídos através de concepções teóricas fundamentadas nas mais diversas
perspectivas como a teológica, antropológica, antropogênica, etimológica,
sociológica, psicológica e neurofisiológica. (CARREIRO, 2012, p. 13)
O conceito de hipnose parece variar conforme a perspectiva de um autor ou
estudioso, que se confunde com a área de aplicação da hipnose e os resultados
obtidos. O mais básico dos conceitos sem dúvida é o ato de se alterar o estado
de consciência de outra pessoa.
Estudiosos no assunto afirma que a hipnose sempre existiu, porém num sentido
de “estado hipnótico”, e não uma indução hipnótica formal. Tribos e povos
primitivos utilizavam tambores e danças, ainda que inconscientemente, para
induzir um estado de transe. (PUENTES, 1999, p. 19). A origem da hipnose é
desconhecida, o que estudiosos defendem é que povos antigos como os
astecas, os maias, os persas, os egípcios e os gregos utilizavam a hipnose
como meio de cura.
3.1.1. Hipnose na história
No Egito, 300 a.C os sacerdotes induziam um transe no “Templos do Sono” a
fim de cura de doenças. “Essa prática foi exercida pelos antigos gregos e
babilônios. Era também frequentemente utilizada no antigo Egito, nos templos
de Isis e Serápis, com efeitos semelhantes aos do hipnotismo.” (NETTO, 1994,
p. 283)
No século XI Avicena (Abu Ali al-Husayn ibn Sina, 980 – 1037), sábio, filósofo e
médico iraniano, acreditava que a imaginação era responsável capaz de
adoecer e de curar pessoas. No campo da hipnose, Avicena afirmava ser
possível atuar fisiologicamente por meio da imaginação, da palavra, da vontade
e da persuasão. (CARREIRO, 2012, p. 74)
Do século XVIII em diante:
Franz Anton Mesmer (1734-1815), considerado o pai da fase científica da
hipnose, ele acreditava que as curas eram produzidas pela redistribuição de
algum tipo de fluido cósmico, em que nominou de magnetismo animal.
usou os princípios da energia vital de um modo extremamente dramático para
desenvolver o mesmerismo e chegar a “descoberta” da hipnose. […] Mesmer
acreditava que uma força vital, a que deu o nome de magnetismo animal, se
manifestava através da natureza. (SABETTI, 1986, p. 48)
A utilização de forma sistemática da hipnose iniciou-se com Mesmer, defendia
que o magnetismo tinha o poder de cura. Argumentava que se os mares sofriam
uma influência da Lua, também poderia influir nos fluídos do corpo, como
acontece com cabelos e unhas. (PUENTES, 1999, p. 31)
James Braid (1795-1860) médico escocês elaborou, pela primeira vez, um
trabalho científico, sobre o fenômeno do sono provocado por um magnetizador.
Braid conclui que nem o magnetismo dos ímãs poderia induzir a um estado
hipnótico e a consequência das curas. (CARREIRO, 2012, p.113). “Hypnos” que
em grego significa sono. Braid utilizou essa palavra para definir a natureza do
estado hipnótico, refutando os fluidos magnéticos vindos dos olhos e das mãos
magnetizador. (PUENTES, 1999, p. 33) Braid, oculista, acreditava que a fixação
do olhar num ponto luminoso produzia um estado hipnótico, pois cansava os
músculos ao redor dos olhos.
Liébaut (1823-1940) com sua teoria do sono hipnótico era idêntico ao sono
natural, ou seja, era somente psicológica. Algust Liébaut com Hippolyte
Bernheim (1837-1919) publicaram o primeiro livro que se conhece sobre
hipnose, também foram os primeiros a defender a hipnose como normal.
(PUENTES, 1999, p. 33). Fundadores da escola de Nancy. Trataram mais de 12
mil pacientes com hipnose e atraíram grandes nomes, como Freud. Muitos
historiadores conferem a Liebeault a paternidade do hipnotismo médico.
(CARREIRO, 2012, p. 123) Em Nancy atendiam num clínica, seus resultados
atraíram autoridades no assunto. Liébeaut defendia a interferência no físico pelo
psíquico, e deu início a hipnose como tratamento médico.
Charcot (1825-1893) um famoso neurologista francês, “lecionava aulas no
hospital La Salpetrière, em Paris, que explicou ser a hipnose um estado de
histeria e a categorizou como uma atividade neurológica anormal.” (PUENTES,
1999, p. 33). Seus ajudantes hipnotizavam aos doentes utilizando as técnicas
aprendidas do marquês de Puyfontaine. Os doentes, que viviam violentas crises,
em muitos casos, os sintomas desapareciam. Charcot utilizava toques em
determinados pontos do corpo. Com o polegar no centro da testa (Toque de
Charcot). No couro cabeludo, o toque, friccionando os dedos para relaxar o
paciente. (CARREIRO, 2012, p. 138). Charcot também utilizava a hipnose como
tratamento terapêutico. O toque em determinadas partes de corpo era sua
característica.
Sigmund Freud (1856-1939) aluno de Charcot. Tempos depois abandonou a
utilização da hipnose. Contudo, teve como base seu método de associação livre,
técnica que fundamenta a prática psicanalítica. Freud afirmava rejeitar o
hipnotismo e a hipno-análise como terapia, pelo fato de que um número muito
pequeno de pessoas entrava em hipnose profunda e que os sintomas
retornavam quando a relação entre o paciente e o terapeuta era abalada
(CARREIRO, 2012, p. 145).
Pierre Janet (1859-1974) era diretor do Hospital Salpétriére, Janet estudou a
influência das emoções nas disfunções orgânicas e um dos fundadores da
medicina psicossomática. No entanto, Janet defendia que a hipnose não poderia
curar a origem das doenças. “Pierre Janet (1859-1947) sucessor de Charcot,
deu uma importante contribuição para a teoria da dissociação como uma
explicação para o processo hipnótico.” (CARVALHO (ORG), LODUCA, et al.,
1999, p. 226)
Coué (1857-1926), farmacêutico e psicólogo, estudou os trabalhos de Liebeault.
Mais tarde a deixou hipnose e utilizou somente a sugestão. “a eficácia de um
medicamento é ligada muito menos à sua ação intrínseca do que a confiança
que o doente lhe dedica.” (LERÈDE, 1985, p. 76). Coué percebeu que os
medicamentos eram muito mais eficientes se os pacientes acreditassem
profundamente em eficácia. O médico ao prescrever um medicamento, deve, a
ponto de confirmar um efeito placebo. (CARREIRO, 2012, p. 181)
Johannes Heinrich Shultz (1884-1962) era alemão, psiquiatra freudiano,
pesquisou a relação entre a mente e o relaxamento. Elaborou um método de
auto hipnose reconhecido como o Treinamento Autógeno de Schultz. (LIPP,
1997, p. 41)
Iwan Petrowitch Pavlov (1849-1936) inicia uma nova fase nos estudos da
hipnose, dedicado à pesquisa científica, encara a hipnose com uma visão
puramente científica, um fenômeno neurofisiológico, assim definindo como
“Escola Russa”. (CARREIRO, 2012, p. 174)
Milton Erickson (1901-1980) fundador da Sociedade Americana de Hipnose
Clínica. Erickson criou várias técnicas modernas de indução, utilizava anedotas
e metáforas para facilitar a hipnose. Criativo, suas técnicas são a base de muitos
procedimentos, princípios e técnicas terapêuticas da atualidade, a conhecida
PNL, Programação Neurolinguística. (FONTES, 2013, p. 60)
3.2. Programação Neurolinguística
A Programação Neurolinguística, também chamada de PNL, como definição
mais básica é a reprogramação de nossa mente inconsciente, substituindo
hábitos, valores, fobias indesejáveis por conceitos úteis e positivos. A PNL é
fascinante para os que se utilizaram de seus benefícios, conscientemente, o fato
de um indivíduo se “livrar” de um trauma, ou um bloqueio pode fazer toda a
diferença em sua vida. Aplicada como terapia nas áreas pessoais e profissionais
vem fazendo muito sucesso na área empresarial. A intenção é superar os
bloqueios psicológicos alojados na mente inconsciente e que mascaram as
potencialidades e talentos.
Segundo Antônio Carreiro, a PNL é definida como “um conjunto de técnicas de
comunicação verbais e não verbais que levam o indivíduo a uma maior harmonia
com o meio e consigo mesmo.” (CARREIRO, 2012, p. 190) Uma definição mais
ampliada de CONNOR e SEYMOUR define a PNL, como ciência, mais também
como arte. Foca no método e na obtenção dos resultados, definindo o processo
como “modelagem”.
A Programação Neurolinguística é a arte e a ciência da excelência, ou seja, das
qualidades pessoais. É arte porque cada pessoa imprime sua personalidade e
seu estilo àquilo que faz, algo que jamais pode ser apreendido através de
palavras ou técnicas. E é ciência porque utiliza um método e um processo para
determinar os padrões que as pessoas usam para obter resultados excepcionais
naquilo que fazem. Este processo chama-se modelagem, e os padrões,
habilidades e técnicas descobertas através dele estão sendo cada vez mais
usados em terapia, no campo da educacional e profissional, para criar um nível
de comunicação mais eficaz, um melhor desenvolvimento pessoal e uma
aprendizagem mais rápida. (O’ CONNOR e SEYMOUR, 1995, p. 11)
A Programação Neurolinguística é uma ferramenta prática que cria os resultados
que queremos obter. É uma análise do que diferencia um resultado excepcional
de um resultado apenas médio. Por outro lado, apresenta uma série de técnicas
extremamente eficazes que podem ser usadas no campo da educação, da
terapia, e no mundo profissional. Seguindo um raciocínio semelhante, Andreas e
Faulkner, 1995 fazem uma lista definindo e que ao mesmo tempo faz apologia a
Programação Neurolinguística:
PNL é o estudo da excelência humana. PNL é a capacidade de dar o melhor de
si mesmo com mais frequência. PNL é o método prático e eficaz para realizar
uma mudança pessoal. PNL é a nova tecnologia de sucesso. PNL é a sigla para
Programação Neurolinguística.[…] Neuro refere-se ao nosso sistema nervoso,
aos caminhos mentais dos nossos cinco sentidos de visão audição, tato, paladar
e olfato. Linguística refere-se à nossa capacidade de usar uma linguagem e à
forma como determinadas palavras e frases refletem nossos mundos mentais.
Linguística refere-se também à nossa “linguagem silenciosa” de atitudes, gestos
e hábitos que revelam nossos estilos de pensamento, crenças e outras coisas
mais. Programação veio da informática, para sugerir que nossos pensamentos,
sentimentos e ações são simplesmente programas habituais que podem ser
mudados pelo upgrade do nosso “software mental”. (ANDREAS e FAULKNER,
1995)
A PNL é vista como uma ferramenta que auxilia moldar a excelência humana,
trazer a tona os reais e mais excelentes talentos no “fundo do baú” do
inconsciente, presos e escondidos pelos bloqueios e traumas. Não só descobrir
o uma habilidade natural em fazer algo muito bem, e o talento mais importante
de todos que distingue a raça humana das outras espécies que é a
aprendizagem e aperfeiçoamento em algo que julga não possuir um talento
natural.
A chave está em identificar a essência de sua habilidade,[…]. Em PNL, essa
essência chama-se modelo. Quando se aplica esse mesmo principio à PNL, ele
se estende a todos os aspectos das experiências de uma pessoa. Você pode
querer melhorar os seus relacionamentos, eliminar uma ansiedade, ou se tornar
mais competitivo no mercado. (ANDREAS e FAULKNER, 1995)
A excelência por si mesmo, descobrindo as próprias capacidades e anexando
mais e melhores denota o caráter antropocêntrico da PNL. O que tem dentro da
nossa mente pode ser “mexido” e regulado como um motor que não está em sua
capacidade plena, tudo já está pronto, é só fazer os ajustes, todo o “poder”
então, segundo os defensores da PNL, emana da nossa mente.
Luiz Carlos Aparício, pastor e professor, em sua matéria publicada no site
Instituto Cristão de Pesquisas o ICP, aborda o assunto com um tom crítico,
apontando o viés humanista da PNL.
Uma técnica utilizada por profissionais de autoajuda que visa levar o individuo a
confiar no poder de suas próprias palavras, como fonte motivadora de
transformação pessoal, adquirindo, assim, valores positivos que determinarão o
sucesso em todas as áreas da vida: emocional, profissional, financeira, etc. É
assim que a Programação Neurolinguística se define. No Brasil, no campo da
PNL, o dr. Lair Ribeiro é a figura mais destacada. A filosofia subjacente a essa
técnica é a de que o homem é aquilo que ele pensa. Nisto está imbuída a ideia
de autossuficiência. A PNL utiliza basicamente as técnicas de Visualização,
Meditação, Intuição, Hipnose ou regressão hipnótica e Confissão Positiva; todas
essas “técnicas” são utilizadas em conjunto. (APARÍCIO)
É atribuído ao homem uma autossuficiência, um poder, ou capacidade
extraordinária que estão em constante descoberta. Segundo o autor, a PNL não
serve somente como autoajuda, mais também para descartar Deus.
3.2.1. Breve História da PNL
A Programação Neurolinguística teve seu início na década de 1970, mais
especificamente em Santa Cruz, Califórnia, 1972. (ANDREAS e FAULKNER,
1995 ), Richard Bandler e John Grinder, juntos pesquisaram três grandes
terapeutas Fritz Perls, psicoterapeuta fundador da escola terapêutica Gestalt;
Virgínia Satir, terapeuta na área de família e Milton Erickson, um hipnoterapeuta
reconhecido mundialmente.
“Bandler e Grinder reelaboraram esses padrões e criaram um modelo de estilo
claro, capaz de proporcionar uma comunicação mais eficaz, uma mudança
pessoal, uma aprendizagem mais rápida e, evidentemente, uma melhor maneira
de usufruir a vida.” (O’ CONNOR e SEYMOUR, 1995, p. 20)
Blander e Grinder queriam fazer um modelo único de terapia e que pudessem
treinar outras pessoas com uma comunicação melhorada, promovendo uma
mudança pessoal. Neste modelo, é perceptível a identificação com a hipnose,
pelos conceitos, a manipulação do inconsciente.
3.3. Psicanálise
A psicanálise será brevemente abordada por conta da sua relação história e
constitutiva com a hipnose e também com o objeto principal de estudo, o
aparelho psíquico humano principalmente na parte inconsciente. Também se
justifica pelo fato de que atualmente muitos pastores lançam mão da psicanálise
em seu dia a dia.
3.3.1. Início da psicanálise e sua relação intrínseca com a hipnose.
A psicanálise foi desenvolvida por Sigmund Freud, com base, decisivamente,
nos trabalhos de Josef Breuer que utilizava a hipnose como meio terapêutico
nos casos de histeria. (FREUD, 2006, p. 217) O objetivo era tratar doenças
nervosas, que até então impossíveis de se tratar com a medicina. Os primórdios
da psicanálise são então os estudos sobre histeria de Breuer e Freud.
A psicanálise cresceu num campo muitíssimo restrito. No início tinha apenas um
único objetivo – o de compreender algo da natureza daquilo que era conhecido
como doenças nervosas ‘funcionais’, com vistas a superar a impotência que até
então caracterizara seu tratamento médico. (FREUD, 2006, p. 215)
A psicanálise definida como uma tentativa de estudo do inconsciente e a
hipnose, como ferramenta de acesso a esta parte da psique faz então a relação
direta da hipnose com a psicanálise, sendo a hipnose como ferramenta naquele
momento. A hipnose foi de suma importância nos estudos sobre a neurose e
histeria, assim contribuindo para a psicanálise. Assim define Freud: “Tanto de
um ponto de vista teórico quanto terapêutico a psicanálise teve às suas ordens
um legado que herdou do hipnotismo.” (FREUD, 2006, p. 216) A psicanálise
começa com a hipnose como método e ferramenta, até ser substituída pela
‘associação livre’.
As primeiras tentativas de tratamento por psicanálise foram executadas com a
ajuda o hipnotismo, abandonado este método e no lugar foi executado com a
‘associação livre’, sendo que o paciente permanecia em seu estado normal.
(FREUD, 1996, p. 226) Freud, utilizando o método catártico de Breuer, elabora
um tratamento terapêutico que propõe definir como “psicanálise”. Este fato
também indica como Freud propõe a psicanálise. “Baseando-me no método
catártico introduzido por Josef Breuer, elaborei quase completamente, nos
últimos anos, um processo terapêutico que proponho descrever como
psicanálise”. (FREUD, 2006)
Esta proposta, psicanálise, se firma definitivamente quando Freud abandona a
hipnose e adota a associação livre. Freud se empenha em aperfeiçoar as
contribuições deixadas por Breuer deixando a hipnose por não ter sucesso na
indução em número satisfatório de casos e insatisfeito com os resultados
daqueles que a indução era feita com sucesso.
Logo após a publicação de Estudos sobre a Histeria, a associação entre Breuer
e Freud terminou. Breuer, que na realidade era consultor em medicina interna,
abandonou o tratamento de pacientes nervosos e Freud dedicou-se ao
aperfeiçoamento ulterior do instrumento que lhe deixara seu colaborador mais
idoso. As novidades técnicas que introduziu e as descobertas que efetuou
transformaram o método catártico em psicanálise. O passo mais momentoso foi
sem dúvida sua determinação de passar sem a assistência da hipnose em seu
procedimento técnico. Procedeu assim por duas razões: em primeiro lugar
porque, apesar de um curso de instrução com Bernheim em Nancy, ele não
conseguia induzir a hipnose em um número suficiente de casos, e, em segundo,
porque estava insatisfeito com os resultados terapêuticos da catarse baseada na
hipnose. É verdade que esses resultados eram notáveis e apareciam após um
tratamento de curta duração, porém demonstravam não serem permanentes e
dependerem demais das relações pessoais do paciente com o médico. O
abandono da hipnose causou uma brecha no curso do desenvolvimento do
procedimento até então e significou um novo começo. A hipnose, contudo,
desempenhara o serviço de restituir à lembrança do paciente aquilo que ele
havia esquecido. Era necessário encontrar alguma outra técnica para substituí-la
e a Freud ocorreu a ideia de colocar em seu lugar o método da ‘associação
livre’. Isso equivale a dizer que ele fazia seus pacientes assumirem o
compromisso de se absterem de qualquer reflexão consciente e se
abandonarem em um estado de tranquila concentração, para seguir as ideias
que espontaneamente (involuntariamente) lhe ocorressem – ‘a escumarem a
superfície de suas consciências’. Deveriam comunicar essas ideias ao médico,
mesmo que sentissem objeções em fazê-lo; por exemplo, se os pensamentos
parecessem desagradáveis, insensatos, muito sem importância ou irrelevantes
demais. (FREUD, 2006, p. 219)
Com a insatisfação de Freud com a hipnose, decide então utilizar a associação
livre que inaugura definitivamente a psicanálise. Antes com a hipnose o paciente
era induzido a um transe, agora, motivado a falar de modo consciente.
3.3.2. A psicanálise e religião
Atualmente não são poucos os pastores e líderes que optam por formação em
psicologia e psicanálise com o intuito de agregar conhecimento e melhorar a
comunicação e a compreensão com seus liderados. Na obra de Freud,
especificamente no volume XII das obras completas de Freud, é citado o Dr
Oskar Pfister, pastor e educador que foi amigo íntimo de Freud, sendo este um
dos primeiros leigos a praticar a psicanálise na área de educação. (FREUD,
1996, p. 356) O assunto trata de uma introdução do método psicanalítico
descrito por Pfister na área da educação e aconselhamento.
Pfister defendia como uma religiosidade ligada ao medo e a angústia afetaria o
indivíduo no mais profundo do seu inconsciente, e este tipo de religiosidade é
doentia. A questão pastoral tratava somente do consciente enquanto o
verdadeiro inimigo pode estar alojado no mais íntimo inconsciente, sendo
necessária uma substituição deste medo e angústia doentios pelo poder do
amor de Deus. (MORANO, 2008, p. 74)
Apesar da boa intenção de Pfister, os elogios de Frued e Jung a este pastor,
contidos na obra de Morano, é necessário uma análise mais profunda, de sua
história, e cosmovisão. Era um teólogo liberal, teologia esta vista com reservas
por alguns teólogos de um conceito mais tradicional. Isto, porém, não impediu
que amasse as pessoas e este testemunho fosse registrado.
O pr Emílio De Souza Viana, em um artigo publicado no site SolaScriptura, faz
uma crítica direta a utilização da psicologia por pastores, principalmente no
aconselhamento. Advoga que as ovelhas não devem ser auxiliadas por teorias
humanistas e que a Bíblia é suficiente. (VIANA)
Outras questões e outras dúvidas pairam sobre o assunto que foge para longe
da delimitação deste trabalho. Porém são interligadas pela hipnose que ao
mesmo tempo é a hipótese do problema proposto e também prática nos
primórdios da psicanálise.
4. TEOLOGIA DA PROSPERIDADE
A teologia da prosperidade é um movimento que prega que só é abençoado por
Deus aquele que prospera na vida, essa prosperidade é focada exclusivamente
na área financeira, onde parte todas as outras “bênçãos”. Essa teologia
responde um anseio da sociedade hodierna e individualista que vê no setor
financeiro como espinha dorsal de prosperidade pessoal. É buscar em primeiro
lugar o dinheiro e todas as outras coisas serão realizadas.
Teologia da prosperidade é uma doutrina religiosa cristã que defende que a
bênção financeira é o desejo de Deus para os cristãos e que a fé, o discurso
positivo e as doações para os ministérios cristãos irão sempre aumentar a
riqueza material do fiel. Baseada em interpretações não tradicionais da Bíblia, a
doutrina interpreta a Bíblia com um contrato entre Deus e os humanos; se os
humanos tiverem fé em Deus, ele irá cumprir suas promessas de segurança e
prosperidade. Reconhecer tais promessas como verdadeiras é percebido como
um ato de fé, o que Deus irá honrar. (DUARTE e AUZIER, 2016, p. 8)
A interpretação de só é abençoado por Deus quem tem dinheiro, quem é bem
sucedido segundo o conceito puramente materialista. Para tanto, é necessário
que o fiel contribua com a instituição. Ferrari, 2012, afirma que o
neopentecostalismo tem sua base ideológica nessa teologia, e que os crentes
desta religião são incentivados a ser dizimistas e bons colaboradores, assim
serão merecedores das bênçãos almejadas. (FERRARI, 2012, p. 47).
O conceito verdadeiro de cristianismo, amor a Deus e ao próximo, não é sequer
ventilado, só a busca de uma forma mágica para resolver problemas humanos e
satisfazer desejos quase sempre materiais. Nossa sociedade de consumo,
enfatizando no ter e não no ser, e quando o “ser” está ligado à distorção da
vaidade, fomenta essa teologia.
Líderes, percebendo este anseio de dinheiro e fama, e também, muitos outros
sofrem pela impossibilidade de satisfazer as necessidades mais básicas, são
presas fáceis destes lobos. Como presas fáceis, as pessoas também tem sua
parcela de culpa. Pessoas egoístas aderem com facilidade à teologia da
prosperidade, sua religiosidade é fria, distante e baseada na barganha com a
divindade. (PINTO, 2015).
Não há espaço para caridade e amor ao próximo, um deus individualista, assim
como é a sociedade hodierna. Libanio aponta esta teologia da prosperidade de
igrejas moldadas ao sistema neoliberal, afirma:
É uma teologia feita sob medida para alimentar igrejas que sustentam o sistema
neoliberal. Evidentemente nessa religião não cabem práticas de solidariedade,
de opção pelos pobres. É uma religião tipicamente materialista. (LIBANIO,
2002).
Neste sentido a adesão à teologia da prosperidade deve-se principalmente a
expectativa, cultura, visão de mundo, religião de um povo, e a habilidade de
“pastores” em saber identificar estas expectativas. Assim tais líderes adaptam
seu discurso às expectativas, cultura, ignorância, necessidades do povo,
arrebanhando multidões de pessoas e arrecadando montanhas de dinheiro, sem
nenhuma preocupação com as almas que enganam.
Para Ferrari, 2012 “as novas religiões ou movimentos místicos tem levado em
conta os desejos aguçados pelo mercado consumista e a variedade de ofertas
de bem estar individual”. (FERRARI, 2012, p. 9) Pessoas oportunistas, que se
dizem pastores, enxergam não um campo missionário e sim como nicho de
mercado, onde são ofertadas soluções miraculosas para problemas terrenos que
satisfaçam as necessidades mais básicas progredindo até o mais absurdo
supérfluo encapado como bênçãos de Jesus.
Deus é colocando-o como um deus que faz acepção de pessoas, privilegiando
somente aqueles que contribuem na igreja. “A teologia da prosperidade distorce
o caráter de Deus […] As escrituras revelam a Deus como alguém imparcial em
seu trato com os seres humanos, que é misericordioso e justo inclusive para
com aqueles que não o amam.” (GROGER e FOLLIS, 2013, p. 58)
Neste sentido, a distorção do caráter de Deus é blasfêmia. Romeiro, 1995,
afirma que não há problema com a prosperidade, a busca por riquezas não é
errado enquanto a vida é mais importante a ponto da riqueza ser deixada de
lado em prol do próximo, o problema reside na teologia que é empregada, “que
contém doutrinas heréticas no seu bojo, chegando às raias da blasfêmia.”
(ROMEIRO, 1995, p. 33).
Blasfemando e distorcendo o caráter de Deus, na teologia da prosperidade,
distorce também bíblia, Aquino, 2015, afirma:
Com uma cosmovisão diferente da perspectiva do evangelho, a teologia da
prosperidade distorce textos bíblicos para fundamentar suas doutrinas,
abandona os princípios apostólicos e elementos importantes da Reforma
Protestante. (AQUINO, 2015)
Buscando justificar e fundamentar uma ideologia, se modifica o sentido e o
entendimento das escrituras, fazendo então uma releitura a qual possa se
encaixar naquilo que se almeja pregar. Logo a distorção das escrituras também
é distorção do caráter de Deus, conforme as heresias contidas na teologia da
prosperidade é blasfêmia contra Deus.
4.1. As Raízes da Teologia da Prosperidade
As raízes da teologia da prosperidade remontam o século XIX, com o pregador
Essek William Kenyon, pregador com conhecimento teológico precário, foi pastor
de várias igrejas pentecostais. (XAVIER, 2009, p. 123)
Jaime Moura (2013) também expõe o início da teologia da prosperidade:
O principal idealizador da teologia da prosperidade no meio protestante foi
Essek W. Kenyon, que se destacou nas décadas de 30 e 40. Ele foi influenciado
pela Ciência da Mente, Ciência Cristã e pela Metafísica do Novo Pensamento.
Aproveitando-se dos conceitos de Mary B. Eddy, ele empenhou-se em pregar a
salvação e a cura em Jesus Cristo. Dava ênfase aos textos bíblicos que falam
de saúde e prosperidade, além de aplicar a técnica do poder do pensamento
positivo. Se Essek Willian foi o principal idealizador da “teologia da
prosperidade”, coube a Kenneth Hagin a sua divulgação maciça por todo o
mundo. […] Com Hagin temos a configuração do falso ensino da “palavra da fé”,
conceito tão importante que é o próprio título da principal revista do ministério
criado por Hagin, num desenvolvimento das teses apresentadas por Kenyon.
Reside aqui a ideia da “confissão positiva”, ou seja, com dizia Kenyon, “o que eu
confesso, eu possuo”. (MOURA, 2013, p. 129).
O autor deixa bem claro na citação acima que a teologia de prosperidade é
falsa, anátema, blasfêmia, o autor expõe suas origens ideológicas e heréticas
oriundas do gnosticismo em contrariedades de pontos fundamentais dos
evangelhos, seus desdobramentos, e a propagação dessa doutrina trouxe
consequências danosas para contexto evangélico até os dias atuais.
Kenyon foi influenciado por seitas gnósticas como Ciência Cristã, Novo
Pensamento e Ciência da Mente. Tais ensinamentos defendem que pelo poder
da mente e que tudo que dissermos se realizará. (HANEGRAAFF, 1996, p. 27-
36)
A teologia da prosperidade teve influência do gnosticismo, com também a
confissão positiva. “A ideologia segue a confissão positiva que tem suas origens
numa antiga heresia conhecida como gnosticismo.” (MOURA, 2013, p. 128)
No Brasil a teologia da prosperidade tem seu início nos anos 70, na chamada
terceira onda do pentecostalismo. As principais instituições que operam e
defendem este tipo de teologia são as mais famosas e ricas algumas delas:
Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Internacional da Graça, Sara Nossa
Terra, Adhonep, Igreja Mundial do Poder de Deus, Comunidade Evangélica,
Renascer. (MARIANO, 2005, p. 157) Rodrigo Bibo de Aquino, também dá sua
contribuição no estudo e publicação das origens da teologia da prosperidade:
O que hoje nós chamamos de Teologia da Prosperidade (TP a partir daqui) é, na
verdade, um mosaico de movimentos de cura, prosperidade e poder da fé,
oriundo dos EUA na década de 1940. Mas é importante ressaltar que antes
mesmo da década supracitada, já havia pregadores que tinham como ênfase
ministerial a cura divina e a libertação, como Essek William Kenyon, A. B.
Simpson, Aimee Semple McPherson, Oral Roberts, só para citar alguns. Porém,
foi somente a partir dos anos 1970 que a TP ganhou visibilidade e atingiu vários
movimentos cristãos, (AQUINO, 2015)
Os fundamentos que deram início a teologia da prosperidade não tem origem
bíblica, quanto de origem em seitas heréticas que tem foco num suposto poder
humano. São procedimentos exclusivamente psicológicos que em nada tem
haver com o modo de Deus, ainda que sob Sua permissão.
4.2. Confissão Positiva
É importante a observação que a confissão positiva é uma das principais
ferramentas da teologia da prosperidade, em que sempre foram
interdependentes, desde seu início com Kenyon, o qual exerceu grande
influência nessa prática. Com origem nos Estados Unidos entre os anos 1920 e
1940, nasce em seitas esotéricas, com ênfase em curas, prosperidade. Somente
nos anos 70 foi constituído como movimento doutrinário. Porém os ensinos de
Oral Roberts são considerados o pontapé inicial da teologia da prosperidade.
(MARIANO, 2005)
Kenneth Hagin, pastor e professor, foi o grande difusor da confissão positiva
iniciada por Kenyon, a sua pregação tinha origem nos relatos de suas visões de
Jesus e não existia uma exegese bíblica e com proximidade de práticas
espiritualistas. (AQUINO, 2015)
No Brasil, a confissão positiva, chega aos anos 80, difundido inicialmente por
Rex Humbard, depois por Benny Hinn, entre outros, através de conferências
promovidas pela ADHONEP, Associação de Homens de Negócios do Evangelho
Pleno. Muitos pastores e pregadores brasileiros abraçaram essa teologia.
(CAVALCANTE, 2015, p. 46)
Em relação ao Brasil, sobre a confissão positiva ROMEIRO, afirma:
O movimento da fé tem encontrado uma formidável guarida entre os brasileiros.
Algumas igrejas já foram estabelecidas em diferentes lugares, como a Igreja do
Verbo da Vida, em Guarulhos, São Paulo, a Comunidade Rema no Morro
Grande, também em São Paulo (não há ligação entre esta igreja e a de
Guarulhos) e a Igreja Verbo Vivo, em Belo Horizonte. Diversos outros líderes,
igrejas e organizações estão aderindo aos ensinos da confissão positiva sem
fazer uma avaliação bíblica adequada de sua proposta. Em muitos lugares, até
mesmo pastores de igrejas evangélicas tradicionais aconselham seus membros
a ler os livros do movimento, que são vendidos aos montes nas livrarias
evangélicas. (ROMEIRO, 1993, p. 18)
Essa prática se disseminou no Brasil e ainda sobrevivem em novos nomes,
formatos, por mais que tenha sido criticado e rejeitado, há ainda muitas pessoas
desinformadas que engolem a ideologia deste movimento, por desconhecer sua
origem e os fundamentos de suas práticas.
A confissão positiva prega que o cristão atual obediente não deve ter doenças e
nem ser pobre, caso contrário, denota-se uma falta de fé ou não faz
reivindicações a Deus. José Hilário da Silva Filho, embasado em sua pesquisa,
faz uma lista interessante sobre atitudes que o crente deve tomar para alcançar
as bênçãos de “direito”.
a) “Diga a coisa” positiva ou negativamente, tudo depende do indivíduo. “De
acordo com o indivíduo quiser ele receberá”. Essa é a essência da confissão
positiva. b) “Faça a coisa”. “Seus atos derrotam-no ou lhe dão vitória. De acordo
com sua ação, você será impedido ou receberá”. c) “Receba a Coisa”. “Compete
a nós a conexão com o dínamo do céu”. A fé é o pino da tomada. Basta conectá-
lo. d) “Conte a coisa a fim de que outros também possam crer”. Para fazer a
“confissão positiva”, o cristão deve usar as expressões: exijo, decreto, declaro,
determino, reivindico, em lugar de dizer: peço, rogo, suplico; jamais dizer: “se for
da tua vontade”, pois isto destrói fé. (FILHO, 2013, p. 86)
Há uma sequencia de pensamento: diga, faça, receba e conte. Jamais com
humildade e reverência e sim como por imposição, como se fosse direito
celestial e não favor imerecido. Porém é preciso reconhecer que é muito positivo
pensar positivo, no entanto o pano de fundo é, na medida das paixões humanas,
colocar o homem como figura central, e colocando Jesus e seu sacrifício a
serviço crente. A confissão positiva tira a centralidade de Cristo, substitui o
teocentrismo, cristocentrismo pelo antropocentrismo.
4.3. Igreja Empresarial, Pastor Profissional
A cultura e cosmovisão de um povo influenciará diretamente sua relação com o
outro e com todas as áreas da própria vida. No campo religioso, a tendência é
formar uma comunidade que se identifique com a cultura, a religião então se
adapta a cultura e se transforma quando há transformações nas expectativas
pessoais.
Teixeira e Menezes, com uma visão mais sociológica do que individual
destacam como as igrejas utilizaram a teologia da prosperidade para se
atualizarem, pois a inclusão social, agora, é de consumo e não somente de
trabalho.
A teologia da prosperidade atualizou o pentecostalismo, recriando nos novos
tempos da economia. A religião justificando a inclusão. As igrejas mais
atualizadas puseram fim inclusive a antigas restrições a muitas formas de lazer,
de se divertir, de se vestir e se comportar em público. É preciso gastar sem
culpa. Ficando muito mais palpáveis para conversos potenciais, sobretudo os
mais pobres e apartados do mercado consumidor, que podem agora ver na
religião um arrimo ideológico para melhorar de vida, ao menos uma promessa
divina para se acreditar. (TEIXEIRA e MENEZES, 2013)
Para acompanhar as novas tendências sociais, e flexibilizando as próprias
doutrinas ao “gosto do freguês” pós-moderno, a igreja se molda aos novos
tempos. No afã de não “ficar para trás” e reunir a maior quantidade de pessoas e
manter as instituições ocorrem às adaptações através dos tempos e
circunstâncias, interpretando a Palavra segundo o mundo e não o mundo
segundo a Palavra. Esta tendência de relativismo sobre uma crença tem sua
influencia no contexto social secularizado.
Ricardo Mariano, em sua matéria publicada no periódico Civitas, explana os
efeitos da secularização do estado sobre as igrejas pentecostais. A separação
do estado e igreja promove liberdade religiosa e uma pluralidade maior de
religiões, já que, o Estado garante legalmente que os indivíduos escolham sua
fé. Mariano Afirma:
Com a secularização do Estado, o fim do monopólio e a garantia estatal da
liberdade e tolerância religiosas, ocorrem o aumento do número de agentes e
grupos religiosos e a diversificação da oferta de produtos e serviços religiosos.
( MARIANO, 2013, p. 114).
No Brasil em específico, o resultado é a crescente aparecimento de mais e mais
instituições religiosas, aproveitando a cultura mística do povo brasileiro em
conjunto com as dificuldades enfrentadas. As instituições religiosas cada vez
mais tomam corpo empresarial. Mariano continua:
no afã de superar a concorrência religiosa e de atingir metas evangelísticas as
mais ambiciosas, vêm perseguindo essa lógica. Algo que pode ser observado já
na adoção que, nas últimas décadas, elas vêm fazendo de um modelo de
organização e gestão denominacional de molde empresarial, cujo efeito é
acentuar ainda mais a concentração e verticalização do poder eclesiástico e a
centralização administrativa e financeira. Organização e gestão pouco
compatíveis com governos eclesiásticos congregacionais, que, além de
descentralizados e, em teoria, democráticos, costumam facultar grande
autonomia religiosa e administrativa às lideranças e comunidades locais.
(MARIANO, 2003)
Tal postura irá influenciar diretamente as funções dos líderes, pastores são
obrigados a cumprir metas de arrecadação, nas suas pregações, modificam o
texto bíblico retirando-o do contexto, para conseguir tão somente, justificar os
pedidos de maiores ofertas. “Há pastores que transforma o púlpito numa praça
de negócios, e os crentes em consumidores”. (MOURA, 2013, p. 131)
É notório como se procede a um negócio lucrativo em formato de uma entidade
que, por lei, seria uma azienda filantrópica, a fé, em seu sentido mais amplo de
religiosidade, é utilizada como mais um negócio.
Indiscutivelmente o segmento Neopentecostal, incorporando métodos de
publicidade e de marketing, acabou assimilando a lógica da operação e da
expansão encontrada no mundo empresarial, estando perfeitamente conectada
com os valores do mercado. (CAVALCANTE, 2000)
Os cristãos deixam de lado a fé bíblica, e se moldam uma ideologia a imagem e
semelhança do próprio coração. Chamam isso de fé e cristianismo, coisas estas
que nunca existiram no discurso de Atos.
4.4. Narcisismo e Hedonismo
Narcisismo deriva de Narciso, personagem da mitologia grega que amava a
própria imagem. A palavra significa vaidade e insensibilidade, o amor a si próprio
em exagero. Na psicanálise o conceito é o mesmo, amor exagerado em si
mesmo, porém com conotação sexual. O Minidicionário Soares Amora, define:
“1 Estado em que a libido é dirigida ao próprio ego; 2 amor excessivo a si
mesmo.” (AMORA, 2003, p. 480)
Hedonismo, segundo o mesmo dicionário, é “Sistema que estabelece o prazer
como objeto principal da vida.” (AMORA, 2003, p. 358)
A essa afirmação de AMORA, podemos inferir que se o prazer é o objetivo
principal da vida, isso pode influenciar nossas decisões em prol do prazer,
prazer a qualquer custo, promovendo então, egoísmo e indiferença nos
relacionamentos de qualquer nível.
Moura, 2013, afirma que a teologia da prosperidade tem gerado muitos narcisos,
pessoas egoístas, indiferentes:
A teologia da prosperidade tem gerado inúmeros cristãos narcisistas, isto é,
pessoas que só pensam em si e nunca nos outros; são pessoas egoístas. Paulo
nos instrui a nos resguardar contra qualquer forma de egoísmo, preconceito ou
ciúme que podem levar à dissensão. […] Outra consequência maligna que a
teologia da prosperidade tem gerado nos corações daqueles que cristão dizem
ser é o hedonismo, isto é, a busca exacerbada e incessante pelo prazer.
(MOURA, 2013, p. 132)
Ainda que possa ser verdade, a teologia da prosperidade não gera egoístas, ela
só os concentra, conforma e apoia, devido ao discurso antropocêntrico. O
discurso da teologia da prosperidade expõe o egoísmo e alivia suas
consciências.
Seguindo esta linha, Branco 2013 faz uma dura crítica ao evangelho da
prosperidade por conta da valorização do prazer, que chama de “hedonismo
desenfreado”. Afirma que o antropocentrismo é uma consequência do
relativismo.
o homem passou a ser o padrão pelo qual todas as coisas são medidas. Sendo
assim, todas as coisas devem convergir para o homem e a partir dele. O efeito
disso pode ser claramente sentido na igreja, as músicas que deveriam falar de
Deus e da sua obra, falam do homem e suas ambições por uma vida
confortável, segura, sem dor, sem traumas e cada vez mais feliz, um verdadeiro
hedonismo desenfreado. O mesmo se repete nos púlpitos, de onde desapareceu
a pregação com o modelo reformado. (BRANCO, 2013, p. 133)
Uma leitura rápida e isolada pode levar a entender que o autor desaprova a
felicidade e conforto, porém o contexto é de que alguém que passa aos limites
na importância que dá as coisas que ama. A palavra hedonismo já traz uma
carga de culto ao prazer ou prazer em exagero, o autor acrescenta ainda a
palavra “desenfreada”, ou seja, busca do prazer em exagero sem parar. Assim
esse relativismo pós-moderno pode trazer tal distorção de busca por prazer.
Sem consciência do que significam estas palavras, e sem consciência das
próprias imperfeições muitos, ditos cristãos, procuram adequar seu egoísmo e
busca de prazer com aquilo que se diz religião, uma tábua de salvação para
seus problemas e necessidades e anseios. Pessoas egoístas e que buscam
prazer com riquezas e status, se maravilham com as propostas deste falso
evangelho.
4.5. Teologia da Prosperidade e o Neoliberalismo
Na visão de Libanio, a teologia da prosperidade se rende a ideologia do
neoliberalismo que usa a religião para acalmar a consciência, frente às injustiças
do mundo, e fechar os olhos para os que precisam. Materialista e pagã tenta dar
uma justificativa para a injustiça social, assim afirma:
A teologia da prosperidade é materialista, pagã. Submete-se as propostas
neoliberais de consumismo, hedonismo, triunfo pessoal à custa do social.
Termina justificando e camuflando a injustiça social, tranquilizando a consciência
com tintura religiosa. (LIBANIO, 2002, p. 156)
Ainda na mesma obra, na página 155, Libanio afirma que o triunfo do
neoliberalismo está diretamente ligado a comunidades pentecostais,
neopentecostais e em porções da renovação carismática católica. O
neoliberalismo promove a competição onde os mais fortes são vitoriosos, e a
teologia da prosperidade seria a religião de seu contexto ideológico.
Nesta mesma linha, (CAVALCANTE, 2000, p. 120) concorda que a teologia da
prosperidade é uma versão religiosa do neoliberalismo tendo o capitalismo como
pano de fundo, o individualismo sobrepondo o coletivo, um neodarwinismo social
onde sobrevivem os mais aptos.
Os autores tem uma visão semelhante com relação à cosmovisão neoliberal que
reflete para dentro da comunidade religiosa, LIBANIO aponta que a teologia da
prosperidade é a religião dos neoliberais. É perceptível a conotação política e
ideológica, ainda que discreta.
4.6. Princípios da PNL e Hipnose na Teologia da
Prosperidade
Podemos elencar alguns pontos de contatos entre a doutrina da prosperidade,
com a hipnose, estes pontos são observáveis principalmente na execução dos
cultos. Nestes são utilizados várias técnicas psicológicas para maravilhar e
convencer o povo. Semelhante, em algumas vezes, a uma palestra motivacional,
diferenciando-se das conotações “sobrenaturais” e fantásticas, para aludir a uma
prática religiosa.
4.6.1. O discurso antropocêntrico
O culto agora muda de lado, antes oferecido a Deus, agora é oferecido como
entretenimento, entrevista com demônio, campanhas de bênçãos urgentes,
onde, Deus é tem a obrigação de abençoar o fiel mediante pagamento.
O movimento de confissão positiva é antropocêntrico, é carregado de clichês
como “eu profetizo”, “eu determino”, “eu reivindico”, “eu tomo posse”, “eu exijo
meus direitos”, “eu resgato”, “eu ordeno minha benção”. (WERONKA) Tais
afirmações têm uma carga psicológica positiva, determinista, entusiástica,
objetivando promover um bem estar momentâneo, sucesso, prosperidade e
mudança de vida. É o método psicológico com uma capa religiosa.
4.6.2. Expectativa
Na hipnose, a suscetibilidade hipnótica tem a sua base fundamental na
expectativa do sujeito. O engajamento do indivíduo nessa doutrina também
passa por uma expectativa, um anseio, que pode ser realizado mediante uma
proposta miraculosa. É comum carros de som anunciando cruzadas de milagres
e prosperidade, buscando aqueles que se encaixem na situação e que tenham
fé no anúncio, preparando a mente para se deparar com um ambiente místico
elevando a expectativa, de forma psicológica, e uma predisposição ao milagre é
criada. (PUENTES, 1999, p. 147-148) As expectativas englobam todas as áreas
humanas. O setor financeiro também.
4.6.3. Confissão Positiva e pensamento positivo
Em ambos os casos, na hipnose e na fé, como confissão positiva, a expectativa
tem seu papel fundamental. O pensamento positivo é um dos pilares da PNL
(Programação Neurolinguística), segundo Ready e Burton (READY e BURTON,
2011, p. 13) é primordial pensar no resultado que quer alcançar e se libertar dos
pensamentos que podem trazer empecilhos ao seu alvo, ou seja, deve-se
esquecer dos itens negativos que podem ser enfrentados no curso de seu
trabalho. Na confissão positiva, há o ato de falar que pode servir como afirmação
robusta ao pensamento, um fortalecimento da fé e da mente em direção ao que
se deseja. Mais uma vez, técnicas psicológicas são revestidas de religião.
4.6.4. Materialização da fé
Faz parte de qualquer ordem religiosa ou filosófica em que se queira exercer
certa influência em seus liderados, eleger um líder carismático, “um santo
homem de Deus”, inquestionável, onde a sua palavra é lei e também lhe é
atribuído poderes concedido pelos deuses.
A cura através do toque teve seu início na Inglaterra por Eduardo I, segundo
dados históricos ele teria tocado mais de mil enfermos por ano. (CARREIRO,
2012, p. 58-59) A influência ou imagem que uma personagem tem um
procedimento simples que reforça ainda mais a certeza e a fé de alguém, pode-
se ai denotar que a expectativa, além de se definir como grande desejo a se
realizar, foca agora numa pessoa, um ídolo, que pode ser humano, de gesso,
talismã, um copo com água, óleo ou objeto. Algo palpável em que a fé é
depositada.
4.6.5. Desvio de atenção
Histórias absurdas, alguns tipos de músicas, possessões, catarses, são desvios
de atenção, onde é quebrada a crítica, a fim de ser facilitada a implantação de
uma ideia no inconsciente.
O público é impactado mais fortemente com uma pessoa possessa ou falando
em “línguas” do que uma pessoa orando calmamente. (PUENTES, 1999, p. 85-
86) A PNL, de certa forma é utilizada na teologia da prosperidade, só perceptível
aos que conhecem a técnica e tem pensamento crítico. Como na PNL,
pensamentos limitantes e inconscientes são reprogramados. O fiel então atribui
sua prosperidade posterior a um poder de Deus ou pior, poder da igreja e do
líder.
4.6.6. Cura Interior
A psicossomática é vista como problemas de saúde de origem psicológica, os
sintomas apresentados são resultado de fatores emocionais afetivos mal
resolvidos na mente. (CARREIRO, 2014, p. 22)
É fato que para uma pessoa ser bem sucedida, não basta muito trabalho e
planejamento, ela deve estar bem com sigo mesmo acima de tudo. O estímulo
ao fiel a afirmar sua cura, atribuindo à culpa de sua doença a outro, no caso o
diabo, e juntamente com uma emoção forte onde o indivíduo extravasa suas
angústias em orações e musicas, com o se colocasse suas angústias “para fora”
desencadeia efeitos positivos.
Renê Terra Nova em seu livro deixa bem claro, a partir do título, que a cura
interior ocorre na mente, “a cura da alma que envolve sentimentos (amor, ódio,
mágoa, inveja, dor etc.), emoções (ansiedade, paz etc.), lembranças
desagradáveis (situações que estão guardadas na memória)”. (NOVA, 2008)
Tais declarações nos remetem a hipnose terapêutica, PNL ou EFT (Técnica de
Libertação Emocional). Apesar de utilizar textos bíblicos e atribuir a cruz a cura
interior, os conceitos apresentados são explicitamente psicológicos.
Segundo Libanio, a cura interior é um dos eixos do neopentecostalismo, que por
sua vez, tem, segundo Ferrari, citado no início deste capítulo, sua base
ideológica na teologia da prosperidade.
Com isso, cada Igreja investe no que mais lhe interessa. Algumas desenvolvem
ministério de cura e libertação; outras, de batalha espiritual, cura interior,
espíritos territoriais, mapeamento espiritual e prosperidade financeira. (LIBANIO
e CUNHA, 2013, p. 42)
Fica bem claro como este movimento, teologia da prosperidade, se utiliza de
técnicas psicológicas para impressionar os fiéis e induzindo-os a crerem que tem
algum poder mediante Deus. Apesar de ser muito positivo alguém que participe
desta comunidade ser curado ou ter sua vida mudada para melhor, há um
engodo, uma apresentação de um falso deus, há uma mudança apenas de vida
e não uma transformação pessoal.
5. O EMPREGO DE HIPNOSE DE PALCO EM
CULTOS RELIGIOSOS
Neste capítulo será abordado como a hipnose é empregada em alguns cultos
religiosos. O estudo apresenta, de uma maneira geral, como alguns
especialistas em hipnose tentam dar alguma explicação para as manifestações
de catarse, curas, o aprofundamento das crenças, fazendo um paralelo entre os
procedimentos hipnóticos, psicológicos e os procedimentos executados por
líderes religiosos. Neste sentido, Fabio Puentes, famoso hipnotizador de palco,
afirma:
Entre as manifestações que estão de moda nas “igrejas evangélicas”, acha-se
uma em especial que desperta muito interesse, curiosidade e está rodeada de
conotações inexplicáveis que vão do divino ao bizarro, deixando o povo confuso
e perplexo, na beira da escuridão hermética e de “poderes” miraculosos,
fenômeno este que é conhecido como Fanerose. (PUENTES, 1999, p. 153)
Destaca-se então o modo mais comum de distração praticado em certas igrejas
identificada por Fanerose, palavra de origem grega, “phanerós”, que significa
fazer o que é invisível se tornar visível. A este procedimento então, são
atribuídos os fenômenos ocorridos nestas reuniões, remetendo-as a hipnose.
A estes fenômenos, somam-se as curas e milagres, pois, há proximidade e
integração entre hipnose e religião nos ritos, que geralmente se deseja cura.
(CARREIRO, 2014, p. 26). A hipnose tem seus efeitos benéficos nos casos de
problemas de origem psicossomática. Assim, doenças orgânicas que tem origem
psicológica a hipnose, seja como for aplicada, a cura poder ter sucesso.
Outra temática importante abordada na pesquisa é a convicção profunda e
inquebrável dos fiéis nas crenças pregadas por seus líderes. “Quando uma
superstição ou crença se arraiga profundamente no povo, e se cria uma
dependência total da mesma, […] a evidência do engano não é suficiente para
desarraigá-la.”. (PUENTES, 1999, p. 19)
A crença construída no inconsciente é como uma programação, um software
instalado, que resiste às tentativas de reconfiguração por via consciente,
construindo argumentos e defesas para o combate consciente.
O passado também é levado em consideração, não isolando a fatos atuais, a
hipnose é empregada nas religiões desde tempos remotos, registrado no Papiro
de Tebas com práticas da medicina egípcia, descrevendo a imposição de mãos.
(CARREIRO, 2012, p. 55)
Especialistas remetem ao passado, ao uso da hipnose na antiguidade, quando
ainda não existia nem conceitos nem consciência esclarecida sobre hipnose e
manipulação, atribuindo os fenômenos experienciais aos “deuses”.
5.1. A Hipnose na história das religiões
A manipulação pela hipnose sempre foi praticada por xamãs sacerdotes,
curandeiros, a maioria esmagadora dos estudiosos no assunto levam suas
pesquisas para este tema, a religião no passado, a fim de embasar suas
conclusões nos fenômenos da atualidade, lançando mão antropologia e
psicologia.
O mais antigo relato do que pode ter sido uma sessão de hipnotismo aliada a um
ritual religioso foi registrado no Papiro de Tebas, descoberto por Ebers em 1552
a.C, e apontava fatos a respeito da teoria e da prática da medicina egípcia.
(CARREIRO 2012 p. 55, apud Ashley-Farrand, 2006).
O intuito é dar uma explicação sobre a perpetuação dos rituais e dos
significados, ora buscando uma explicação científica para os fenômenos e tentar
“desmascarar” o sobrenatural.
Várias técnicas de manipulação e rebaixamento crítico de pensamentos podem
ser identificadas em rituais e práticas religiosas do passado; e atualmente
resgatado, com plena consciência, por certos líderes inescrupulosos.
A Religião sempre foi utilizada como ferramenta de dominação dos povos e
continuam nos dias atuais, ao invés de promover a paz e o cuidado pelo
próximo, a religião, é desvirtuada de seu sentido original. Almeida e Madjarof
fazem essa observação:
Do “sono mágico” induzido por Chiron às “curas milagrosas” realizadas pelos
sacerdotes nos templos egípcios, a relação da hipnose com o poder seduziu
homens ávidos pelo domínio e controle de outros homens e grupos, em especial
pela intenção e desejo de sujeitá-los aos seus caprichos. (ALMEIDA e
MADJAROF, 2014)
Desde os tempos antigos religiões foram utilizadas, em modo corrupto, para
dominar as pessoas usando-as para seus interesses, materiais e pessoais. As
práticas hipnóticas identificadas nestes ritos, conscientes ou não por quem
praticava, eram ferramentas de manutenção de poder, mudam-se as práticas
através dos tempos e o pano de fundo continua o mesmo.
Os procedimentos e acontecimentos antigos analisados dão certa aparência de
práticas hipnóticas pelos povos mais variados. Procedimentos identificados
como hipnóticos faziam parte do misticismo prático nos rituais religiosos e de
cura, na Índia, Caldeia, Egito e Grécia, exercida por sacerdotes. (CARREIRO,
2012, p. 54)
É fato que a hipnose existe, sempre existiu e continuará existindo (PUENTES,
1999, p. 19), ainda mesmo sem a devida consciência de quem praticava e muito
menos conhecida com este nome, hipnose. Fabio Puentes, (1999) também
apresenta a hipnose como parte integrante de religiões do passado:
A hipnose tem sido praticada por todas as religiões, sob numerosas
denominações, e em diferentes lugares, desde o começo da humanidade. A
evidência mais antiga de sua existência foi achada entre os xamãs, aos quais se
tinha como “feiticeiros”, “curadores” ou “sanadores”. (PUENTES, 1999, p. 23)
A prática hipnótica teria sido praticada por todas as religiões, principalmente as
de mistério, pagãs e com algo grau do misticismo. Todos os estudiosos
concordam que existe uma identificação nos procedimentos das mais antigas
religiões e princípios da hipnose.
O professor Antônio Almeida Carreiro, hipnólogo e estudioso de religiões,
também destaca a existência da hipnose na religião e na cultura, antes mesmo
das práticas hipnóticas fossem estudadas e sistematizadas:
Há milênios, antes das técnicas de hipnose serem sistematizadas, já eram
utilizadas de forma intuitiva como meio de cura, principalmente em meio a rituais
religiosos e, é fácil observar que assim ainda prosseguem na atualidade,
entrelaçando procedimentos de cura com a cultura e a religião. (CARREIRO,
2014, p. 24)
A hipnose era utilizada inconscientemente nos ritos religiosos, por intuição,
buscando principalmente obtenção de curas. Na atualidade é possível identificar
com facilidade que tais procedimentos se misturam com religião e a cultura.
Nesta mesma linha Sargat em sua obra, “A Luta pela Mente”, dá bons detalhes
dos procedimentos dos antigos sacerdotes:
Os gregos antigos também usavam a dança religiosa como tratamento de
doenças nervosas. Seus ritos coribânticos consistiam em dançar de maneira
desenfreada ao som de flautas e tambores até os participantes ficarem
esgotados. Os coribantes não apenas provocavam transes e sentimentos de
possessão divina, mas também se diziam capazes de curá-los. (SARGAT, 2002,
p. 283)
SARGAT cita em sua obra os coribantes, sacerdotes eunucos da deusa Cibele
executavam danças em êxtase e conduziam seus cultos em ritos de orgia,
acompanhados por gritos selvagens e a música frenética. (KURY, 2009, p. 92)
Nas religiões que resistem há milênios, reproduzem ainda hoje, técnicas
psicológicas, que promovem sua difusão e persistência. “Religiões milenares
chegam aos dias de hoje, produzindo bem, como no passado, a associação
entre crença, transe, êxtase e cura.” (CARREIRO, 2012, p. 33)
As técnicas empregadas hoje em algumas comunidades, cristãs ou não, são
muito parecidas, em alguns procedimentos e rituais da antiguidade, sendo
impossível não encontrar uma semelhança nos procedimentos antigos
comparando com nas técnicas atuais e nos resultados em todos os tempos.
5.2. A Utilização da Hipnose nas Religiões na Atualidade
A permanência do que se crê e se defende, independente de provas e opiniões
tem alguns aspectos importantes, nos quais estes vão se desdobrar em muitos
outros dependendo de outras variantes em que o sujeito está inserido, que
cimentam e perpetuam uma crença no inconsciente.
Parece que quando mais uma civilização evolui e a ciência oficial se desenvolve,
mais a figura do curandeiro se faz presente. Mais numerosos e populares são os
adivinhos, os videntes as cartomantes e todas as metamorfoses ou alterações
semânticas, evolvendo antigos e novos mitos e suas associações com o
hipnotismo. Isso parece demonstrar a herança mítica ancestral que a
humanidade conserva. (CARREIRO, 2012, p. 94)
A espiritualidade humana é algo natural, mesmo toda a modernidade, avanço da
ciência, tecnologia, não é capaz de substitui a subjetividade humana. Os anseios
e a busca por um sagrado ou algo que vá além de si mesmo é algo natural, uma
herança mítica humana.
O fato de se ensinar e perpetuar uma ideia, seja qual for a estratégia, não é má
em si mesma, o problema reside no que é se ensinando e na finalidade. Neste
sentido, no livro de provérbios, instrui a ensinar uma criança “no caminho que
deve andar” (BÍBLIA, Provérbios, 22,6) que, assim ensinado jamais sairá de sua
mente. Um princípio básico da vida é a transmissão de conhecimentos e regras
de convívio aos filhos e descendentes, e a omissão deste princípio bíblico de
Provérbios 22:6 pode ser desastrosa para a criança e para aqueles que vão
conviver com este indivíduo na fase adulta. O que este trecho de provérbios
também diz que o que for ensinado para uma criança jamais sairá de sua mente.
A mente humana pode ser programada, com fundamentos e valores gravados
em nosso inconsciente e que nos acompanharão em nosso caminho por toda a
vida, ai se soma o componente emocional. “Quando algo provoca uma reação
emocional, o cérebro se mobiliza para lidar com ela, destinando poucos recursos
a reflexões, […] É exatamente nessa hora que a emoção pode ser ligada a uma
ideia”. (REDAÇÃOSUPER, 2011)
O misticismo impregnado culturalmente, somada a uma ausência de
conhecimento bíblico, na visão de Paulo Romeiro, autor cristão, pode levar o
indivíduo ao engano e ao cativeiro psicológico, como afirma, uma escravidão
espiritual:
O Brasil é um país místico, obcecado pelo sobrenatural. Certamente esta é uma
das razões por que seitas como Testemunham de Jeová, mormonismo,
espiritismo e Nova Era crescem tanto por aqui. Muitas pessoas, por não terem
alicerce bíblico ou filtro teológico, têm sido enganadas, passando a viver em
escravidão espiritual. (ROMEIRO, 1995)
Os ensinamentos em fase infantil pode ser um dos motivos da permanência
ideológica por tradição, herança cultural. O misticismo enraizado na cultura pode
contribuir sobremaneira para a permanência no engano e o aprisionamento
psicológico.
O uso da hipnose na religião na atualidade, não vem apenas das tradições
rituais, cultura, ou aquelas utilizadas sem consciência. Há também as utilizadas
conscientemente por líderes inescrupulosos, falsos profetas, que tem o único
objetivo de ganhar dinheiro. “Os falsos profetas de nossos dias estão usando
técnicas bem conhecidas dentro da psicologia […] para enganar milhões e
acumular fortunas.” (PUENTES, 1999, p. 143)
5.3. Ritos e Mitos para manutenção das crenças
Ritos, cerimônias, fenômenos, acontecimentos e milagres contribuem
sobremaneira para a manutenção de uma religião, ideologia, cosmovisão. A sua
eficácia está pautada principalmente expectativas e necessidades do grupo.
Eventos religiosos mantém a tradição viva na memória, perpetuando
ensinamentos as novas gerações através das festas, cerimônias,
comemorações. Nestes eventos, as emoções são afloradas trazendo mais
facilidade de fixação inconsciente. Jesus deu ordem para realizar uma ceia em
sua memória, “Isto é o meu corpo que por vós é dado; fazei isto em memória de
mim” (Lucas, 22, 19). O ritual tão somete serve de fixação e perpetuação de um
conceito, ideia, valor, ensinamento ou lei. Essa percepção é completamente
válida, os rituais têm por função levar o praticante a ter as experiências que
possibilitam a manifestação de suas crenças religiosas, a sua prática relembra e
mantém viva a religião, ideologia ou cosmovisão. (CARREIRO, 2012)
O fato de a habilidade humana criar ferramentas para manutenção de valores e
ideais não é negativo em si, o problema surge quanto tais valores podem ser
erros e inverdades fabricados por desejos e pulsões na tentativa de explicar o
impossível e o incompreensível, e ainda podem ser carregadas de
desonestidade. A superstição fixa-se no inconsciente do indivíduo, de tal
maneira que é muito difícil uma desconstrução, para tal é necessário construir
outra no lugar.
Quando uma superstição ou crença se arraiga profundamente nos indivíduos, se
cria uma dependência total da mesma, com mas rasgos de temor que de amor,
a evidência do engano não é suficiente para desarraigá-la. É necessário, dar
alguma coisa que substitua tal crença tão arraigada. (PUENTES, 1999, p. 19)
Mitos e histórias são propagados e mantidas por muitos anos na mente e no
consciente coletivo, por tradição, passando de geração em geração, passando
por transformações e adaptações segundo as necessidades humanas tanto de
sobrevivência como de poder. “Mitos estão impregnados na sociedade, as
pessoas nascem e os assimilam, fazem parte da cultura e da crença
compartilhada socialmente.” (CARREIRO, 2012) As festas, comemorações,
cerimônias, rituais são mecanismos que alimentam as crenças e tradições ao
longo dos anos e eras, mudando, e adaptando-se as circunstâncias ao passar
dos anos. Mantém viva a crença no consciente coletivo de um povo.
5.4. Como funciona a mudança
Não há um caminho único, uma receita definitiva, há inúmeras técnicas,
inúmeros níveis, que também dependem do contexto, cultura, vida, expectativa
de um público-alvo. Porém o procedimento não muda em si.
Jaime Moura em seu livro, Cultos Protestantes – Lavagem Cerebral faz uma
analogia interessante entre nossa mente e uma lata com liquido e com coisas no
fundo, demonstra com simplicidade o mecanismo de inclusão de ideais no
inconsciente.
O clima religioso e emocional, a voz alta do pastor, a gritaria dos fiéis, o barulho
constante que ocorre nos cultos, a música e seu ritmo provocam então algo
como se desse um chute na lata e então os três níveis se misturam. Sobe o que
está no fundo da lata […] O momento de águas revoltas é o mais oportuno para
se incutirem ideias e pensamentos que depois descerão para o fundo da lata. O
que, nesse momento, foi incutido na mente das pessoas vai para os níveis mais
profundos da consciência e por isso fica extremamente difícil de modificar, pois
se torna verdade irrefutável […] Daí o fanatismo irracional, as ideias arraigadas
que resistem a qualquer raciocínio e também a limitação que não admite outra
hipótese. (MOURA, 2013, p. 55)
Quando a lata é “mexida”, por meio de uma catarse, por exemplo, tudo se
mistura e algo é adicionado enquanto tudo está suspenso, na calmaria, este algo
a mais é “decantado” indo para fundo da lata e lá permanecendo.
Fabio Puentes lista quatro táticas para conversão em massa, o (EMA) estado
alterado da consciência, concordância por pressão, aproveitamento da
expectativa e o sutil poder da sugestão. Todas estas táticas são utilizadas não
só nas religiões, por exemplo, o aproveitamento da expectativa é básico em
vendas, ou seja, acima de tudo é preciso saber o que o cliente quer.
O (EMA) sem dúvida é a tática que mais causa impacto, abrindo caminho, no
coração e na mente do fiel. Neste estado o indivíduo perde o senso crítico por
um tempo, com a mente preparada para as sugestões, para tanto basta
apresentar algo sem muito sentido. Puentes afirma:
Esta condição é atingida por métodos que entorpecem o processo mental
normal. O bom juízo, a análise crítica e a desconfiança são trocados pelo relaxe
mental e a suspensão do raciocínio. […] Existem vários métodos para a pessoa
entrar num estado mental alterado ( EMA). A repetição de uma frase durante um
tempo extenso (uma hora ou até menos), ficar sem dormir durante 20 ou 30
horas, fazer jejum, praticar a meditação com canto monótono, exercício da
imaginação, falar sem sentido. (PUENTES, 1999, p. 144)
A promoção deste estado, como ferramenta de manipulação, não é eficaz por si,
depende de muitos outros fatores, como a expectativa, o contexto cultural e
religioso. As mudanças de religião ou a captura de mentes só é possível porque
as pessoas se identificam com o sobrenatural.
5.5. Sugestão
A sugestão, restrito ao contexto desta pesquisa, é ferramenta fundamental na
hipnose empregada em religiões. A sugestão tem sua aplicação muito ampla no
mundo religioso, pode ser utilizada em variadas circunstâncias, dependendo de
qual estado tal plateia se encontra e a sensibilidade do preletor. Se a plateia
aceitará a sugestão depende de algumas variantes como: a autoridade do
preletor, a expectativa do público e a saturação do ambiente e que na maioria
das vezes terá um desvio de atenção. (PUENTES, 1999, p. 71) Afirma que a
sugestão pode ser aceita sem uma análise crítica. (LERÈDE, 1985, p. 91)
Concorda que a sugestão pode penetrar no inconsciente do indivíduo pelo
caminho aberto da distração da atenção.
Esta sugestão hipnótica pode ser percebida quando há uma distração
intencional, um desvio de atenção, onde o senso crítico do ouvinte é rebaixado,
desatento pode então acatar tal sugestão.
Puentes nomina de operador aquele que fala e sujeito o alvo da sugestão.
(PUENTES, 1999, p. 73) O operador procede para facilitar a sugestionabilidade
do sujeito utilizando os canais sensoriais do sujeito comunicando verbalmente,
não verbal que são os gestos, as intra-verbais como ênfases, timbre, modulação
de voz e volume, e as extra-verbais que podem ser à disposição das cadeiras, a
altura do palco, a cor de fundo ou desenho atrás do operador. “Assim, vemos
que a percepção a resposta e a sugestibilidade, são facilitadas se usarmos o
sistema dos movimentos, a inflexão da voz e significado implícito dos termos
empregados.” (PUENTES, 1999, p. 72)
A aceitação da sugestão é facilitada devido a um conjunto que abrange a
habilidade do operador, as condições do ambiente, o rapport que é a relação do
operador com o sujeito, e que o sujeito espera dessa relação.
Outra afirmação de LARÈDE sustenta que as pessoas são sugestionadas
conforme o comportamento de outra pessoa ou grupo.
“O homem na multidão” assimila seu comportamento ao dos outros, o mais das
vezes abandona todo pensamento e todo querer pessoais, abdica o racional em
benefício do emotivo. Aceita passivamente a autoridade do sugestionador, do
líder, religioso ou político. A sensação de pertencer à massa lhe dá a ilusão de
força, de segurança, e também a ilusão da comunhão. (LERÈDE, 1985, p. 125)
Desta maneira, o indivíduo copia o procedimento da maioria, sem questionar, ou
fazer uma reflexão, se tal coisa é boa para ele individualmente ou não, ao ponto
de fazer coisas que não gosta, para que não se sinta excluído. São inúmeras
frases populares que ilustram esta questão como: “Maria vai com as outras, tá
na moda, tá todo mundo fazendo, tá todo mundo usando, tá todo mundo
comprando”. Observando este principio o indivíduo consciente ou não, se sente
constrangido em ficar indiferente ao procedimento da maioria, que vai de bater
palmas, dançar, chorar e até desmaiar.
A hipnose é resultado da sugestão, em que o sujeito pode ser colocado em
transe através da sugestão. Usando as palavras o hipnólogo pode mudar o
estado emocional do sujeito. “Por intermédio das palavras é possível interferir no
seu estado emocional, torná-lo alegre ou triste, melancólico ou bravo.”
(CARREIRO, 2012, p. 195)
O prestígio operador, hipnólogo ou pastor é fato primordial no sucesso de
indução hipnótica. “Sugestão é prestígio” (CARREIRO, 2012, p. 197) O prestigio
ou autoridade do hipnotista é um dos principais facilitadores da
sugestionabilidade, em conjunto com a expectativa do indivíduo o hipnotista terá
sucesso.
Enquanto Carreiro destaca a sugestão como ferramenta primordial da hipnose e
transe, Puentes igualmente assim defende. A diferença é que Puentes foca a
sugestão como prática hipnótica empregada na religião. Lerède aborda o tema
amplamente, desde a etimologia, definições de vários autores, aplicações de
bom e mau uso que se referem à hipnose, sugestão na coletividade.
A sugestão é via condutora ao inconsciente, desde que este inconsciente esteja
preparado para receber as informações. A termos religiosos o mau uso da
sugestão está impregnado nas igrejas, com o único objetivo de ganhar dinheiro.
5.6. Sugestão pós-hipnótica
As sugestões pós-hipnóticas também fortalecem a dependência do indivíduo ao
grupo. O líder religioso reitera que o fiel só terá “libertação” na permanência em
sua comunidade, incutindo medo e insegurança. Carreiro afirma:
Durante as sessões religiosas, quando o transe está estabelecido, sugestões
pós-hipnóticas que levam o induzido à dependência de continuar participando e
colaborando com o processo “religioso” são claramente aplicadas. O dirigente
afirma efusivamente que, para ficar livre definitivamente do problema que o
atormenta, o fiel deve voltar com frequência à prática que acabara de
experimentar. (CARREIRO, 2012, p. 66)
Após uma experiência impactante, o indivíduo atônito e maravilhado, fica aberto
às sugestões daquele líder, depositando toda sua confiança em sua autoridade.
O que o fiel não percebe é que está realmente cativo e não liberto, a proposta de
libertação é condicional a outra prisão.
O hipnotizador implanta, durante o período em que o indivíduo está hipnotizado,
uma espécie de gatilho, uma palavra-chave. Ao receber uma sugestão uma
pessoa poderá responder a um sinal, já quando não estiver em transe, ou
quando já estiver consciente (STONE, 2006, p. 141), quando proferida em voz
indivíduo procederá da maneira programada.
O fiel, mesmo após consciente, poderá ficar preso psicologicamente, em seu
grupo, em seus procedimentos, na maneira como encara a vida, preso a um
padrão de pensamento, escravo dos dogmas, sem espaço pensar em outras
possibilidades. “… sugestões pós-hipnóticas geralmente se transformam em
ações compulsivas e, portanto inconscientemente cumpridas.” (CARREIRO,
2012, p. 66) Vivendo conscientemente, porém inconsciente de sua escravidão.
5.7. Expectativa
O sucesso da sugestão, da hipnose ou da manipulação, depende da expectativa
que o indivíduo tem. A vontade de ser curado, à vontade aquisição de um bem,
a vontade de ter uma vida diferente. A vontade neste contexto é entendido como
algo muito mais profundo, um querer muito mais elevado. Uma frase popular que
diz: “quem tem vontade já tem a metade!”.
Outros fenômenos psicológicos usados nestes cultos são as expectavas
elevadas. Geralmente antes de uma “cruzada” ou um acontecimento
maravilhoso, as pessoas estão condicionadas a esperar “coisas novas e
estranhas”. O campo é cuidadosamente cultivado para logo semear e colher
experiências extraordinárias. É comum ver muita propaganda escrita ou feita
com alto-falantes ou transmitida pela rádio e até pela televisão. As pessoas que
convidam a tais reuniões já são convencidas e vão preparando o convidado para
ver e sentir coisas místicas e diferentes. De qualquer forma, a expectativa é
elevada a altos níveis. Uma predisposição ao miraculoso é criada
psicologicamente. (MOURA, 2013, p. 36)
As expectativas são construídas a partir das necessidades gerais do indivíduo, a
esperança é elevada oferecendo algo que seria poderoso e sobrenatural, que
extrapolaria a limitação num milagre. A expectativa, apesar de ser “meio
caminho andado”, não é eficiente em si, precisa ser alimentado com
propagandas e promessas, levando o indivíduo crer que o que almeja será
realizado e que é uma confirmação divina.
O preletor ou pastor utiliza também a espera do público para que a expectativa
se acumule, a fim de que muitas pessoas estejam preparadas para receber as
sugestões. É como um show, uma banda famosa que faz um “suspense” antes
de entrar no palco. “O operador é experimentado na manipulação psicológica e
quando chega à hora de produzir os efeitos, dezenas e até centenas de pessoas
estão preparadas…” (PUENTES, 1999, p. 148)
A expectativa é impregnada e se acumula no ambiente. Os fiéis estão prontos
para receber o querem ouvir, já que, lhe já foi prometido de antemão. A este,
como condição de resposta positiva de um público-alvo, deve-se somar a
confiança no hipnólogo, pastor ou preletor.
5.8. Curas
A operação de curas e milagres também prendem os fiéis fragilizados,
desesperados em virtude de seu sofrimento com doenças e tristezas, sem
condições familiares e financeiras, para superar as dificuldades buscam ajuda e
caem na mão de pessoas inescrupulosas.
O sofrimento, a decepção, perdas também contribuem para boa parte das
doenças psicossomáticas, a fé, a esperança, auxilia sobremaneira na
recuperação, pois quando empregada corretamente, traz alívio às angústias,
melhorando o quadro físico. Doenças de origem psicossomática, a fé, como
promotora de esperança, é eficaz para curar. (PUENTES, 1999, p. 37) Destaca
também que a fé pode melhorar a condição fisiológica de qualquer natureza, cita
a Psico-Neuro-Imunologia como atenuante destes males. Em qualquer quadro
de doença, onde a tristeza e a depressão pode piorar uma doença física, por
outro lado a alegria, esperança e bom humor podem ajudar o sistema
imunológico.
Hoje se sabe que uma alta porcentagem dessas “curas” se realiza. As mesmas
são feitas graças à força da fé, que os doentes depositam nessa comunicação
com o além. Esta fé, por um mecanismo sugestivo-neuro-fisiológico, libera na
corrente sanguínea, hormônios que aumentam o sistema imunológico do
paciente. Este fenômeno é conhecido na medicina moderna como Psico-Neuro-
Imunologia. (PUENTES, 1999, p. 17)
Segundo CARREIRO (2014) também destaca que as emoções podem
influenciar o organismo, os problemas de saúde física podem ter origem em
problemas emocionais:
a Organização Mundial da Saúde afirma que a grande maioria das doenças tem
origem psicossomática, isso é, começam a partir de desequilíbrios emocionais
que vão afetar o corpo físico. A imaginação e as emoções podem causar
grandes reações no organismo como desarranjos nas funções intestinais
(CARREIRO, 2014, p. 58)
Uma ideologia que permanece viva depende também da necessidade e
expectativa do indivíduo, o sofrimento num ambiente onde o contexto é de luta
pela sobrevivência, saúde precária, pestes, guerras, economia instável é campo
fértil para o emprego de métodos desonestos, “o quanto pior melhor”. É
desejável que o grupo sempre fique em estado de fragilidade para que alguém
“iluminado” venda uma “solução”, um “milagre”.
Pessoas frágeis são alvos fáceis destes lobos, ROMEIRO, autor cristão, crê em
curas de origem milagrosa, porém reconhece que podem existir curas
promovidas por charlatanismo, para tanto, cita BOWMAN, para explicar que uma
cura por um falso profeta pode existir, dando força a crença e a fidelidade.
Os milagres falsos podem ser truques realizados por charlatães, ou podem ser
de fato curas de problemas psicossomáticos. Além disso, existe a possibilidade
de que Deus possa curar alguém que ouviu uma doutrina falsa, mas não
entendeu o seu significado e cuja fé estava no Deus verdadeiro e no seu poder.
(ROMEIRO, 1995 p. 89 apud BOWMAN, 1992, p. 39)
Tal experiência também servirá para que indivíduo, alvo da cura, e o grupo,
testemunhas do fenômeno, se firmem ainda mais naquela religião.
É preciso compreender essa fragilidade humana antes de desqualificar alguém
que faça uma opção por um charlatão, às vezes é o único que ofereceu uma
“ajuda” e os que dizem verdadeiros são omissos.
Nesta mesma linha, Fabio Puentes, destaca que a fé é eficiente para curar
pessoas que tenham seus problemas de saúde de origem psicossomática. O
alívio de ser curado com certeza cimenta as certezas do indivíduo em relação à
religião e seu líder, e estes tais líderes tem todo este conhecimento. Assim
afirma Puetes:
A fé é um parâmetro muito difícil de medir no que afeta a saúde humana; porém,
é o poder curativo mais potente da terra. Desde o momento que quase todas as
doenças orgânicas têm um componente psicológico, a cura pela fé pode ter
sucesso nos processos psicossomáticos. (PUENTES, 1999, p. 37)
Devidos às dificuldades e grande sofrimento humano, pode-se compreender
certo pragmatismo, se deu certo, porque mudar? Assim, devido a uma tão
grande “graça alcançada”, é certo que estes acontecimentos perpetuam
convicções e as escolhas das pessoas, até por um sentimento de gratidão que é
gerado, e assim permanecer numa ideologia, religião ou cosmovisão.
5.9. Persistência
Porque muitas pessoas permanecem numa ideologia, mesmo tendo fatos
comprovados de que seu caminho possa estar errado?
Para estudiosos a persistência de pessoas em acreditar em Deus ou algo que
não se possa provar materialmente é um sinal de fraqueza, uma maneira de
fuga da realidade ou depositar em outro suas angústias ou depositar no diabo o
motivo de derrotas e não em si mesmo. O mito tem sido a forma de dar
significado ao mundo com base no desejo de segurança ou de uma vida melhor.
(CARREIRO, 2012)
Nasce com qualquer ser vivente a pulsão de viver e lutar pela vida, os seres
humanos parecem que transferem princípio de perpetuação de vida a qualquer
preço para o campo das ideias, constituindo para si verdades que respondam as
próprias expectativas.
Essa característica humana de luta por um ideal pode ser a razão da relutância
do indivíduo em persistir numa comunidade que, em termos bíblicos, seja
antibíblica, fazendo as mais incríveis “piruetas” interpretativas para balizar e
defender suas convicções. Com relação aos ateus e os cristãos, segue a mesma
conclusão em relação à Bíblia não provar cientificamente a existência de Deus.
Leon Festinger citado por Fabio Puentes que defende a “Teoria da Dissonância
Cognitiva” observa as consequências psicológicas de expectativas frustradas.
Uma frustração numa profecia que não se concretiza, uma queda de um líder
religioso ou uma descoberta que pode fazer desmoronar uma crença religiosa
ou ideológica parece não abalar a fé ou a crença e ainda surtir um efeito
contrário e fortalecer ainda mais tal crença. Puentes explica:
Festinger e seus colegas viram nesse fato algo que levaria o tal grupo a
sentimentos dissonantes/divergentes quando a profecia falhasse. Os
pesquisadores se infiltraram, então, no grupo para observar o seu
comportamento. Quando a profecia revelou-se falsa, o grupo não abandonou
suas crenças e, em vez disso, buscou explicações para a sua não realização,
apegando-se mais ainda às suas ideias. (PUENTES, 1999, p. 111)
Os líderes religiosos sabem disso como ninguém, ainda que sua denominação
se envolva em escândalos, tem certeza que não perderão membros e que seu
negócio não será prejudicado.
Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, numa entrevista ao
SBT no programa Conexão Repórter de Roberto Cabrini faz piada e ignora os
críticos. “A igreja Universal é que nem omelete: quanto mais se bate, mais ela
cresce.” (GCN.NET.BR, 2015)
A Igreja Universal já passou e passa por inúmeros escândalos, como a prisão de
seu líder em 1992 e denúncias em vídeos publicados pela própria Globo no
Jornal Nacional em horário nobre, e mesmo assim, como Edir “profetizou”, a sua
Igreja só cresceu e para a infelicidade da Globo ainda se tornou sua concorrente
comprando uma emissora de TV.
Um caso mais antigo foi o chamado Dia do Grande Desapontamento, em 22 de
outubro de 1844, foi o dia em que religiosos americanos aguardavam a volta de
Cristo através das interpretações de William Miller em que Jesus voltaria entre a
primavera de 1843 e a primavera de 1844. Então um pequeno grupo se recusou
a desistir depois do “grande desapontamento”, assim surgiram vários líderes que
construíram a base do que viria a ser a Igreja Cristã do Advento, a Igreja
Adventista do Sétimo Dia e o movimento dos Estudantes da Bíblia entre outros.
(SUÁREZ, 2012, p. 33)
A Igreja Adventista do Sétimo dia foi fundada em 1863, e desde então se
espalhou pelo mundo, ainda que confesse ser cristã, e que há pessoas
realmente sinceras, tem algumas características onde pode ser considerada
uma seita.
O grande desapontamento não aniquilou aquela comunidade, ao contrário,
gerou mais força dando origem a novas comunidades. Há inúmeros outros
casos de líderes religiosos que apostataram e se envolveram em escândalos,
foram presos, porém suas igrejas continuam cheias.
Numa perspectiva exclusivamente humana e psicológica, toda essa insistência
num ideal, ainda que lhe seja provado e apresentado o caminho correto, gerará
uma luta, “a suspeita de que nos enganamos e não temos justificativa possível
produz uma grande tensão” (PUENTES, 1999, p. 115), assim como senso de
sobrevivência o orgulho deve ser defendido a todo custo, nisso a única solução
possível é seguir em frente, tentar convencer mais pessoas de sua crença.
Ao sinal de perigo, dificuldade ou opressão, perda de status ou perda de
credibilidade, o indivíduo irá lutar com todas as suas forças para que sobreviva
seu pensamento. Esta luta pela sobrevivência, como conceito, parece que é
transferido para o campo das ideias, onde a luta agora é pelas próprias
convicções, desejos e ideais tão enraizados mentalmente, culturalmente por
muitas gerações.
Ao ponto de vista bíblico simples em Mateus 6:21 é no coração que reside o que
se tem de mais precioso, aquilo que mais se ama, não só o dinheiro que se faz
referência o texto, mas em tudo em que o homem escolhe como tesouro, que
pode ser também uma ideologia ou uma religião, um deus, um santo, ou o amor
em si mesmo, vaidosamente, rejeitando toda e qualquer possibilidade de
reflexão ou mudança.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A contribuição deste tema para a comunidade acadêmica, em específico de
teologia e formação pastoral, e também para qualquer líder a frente de uma
comunidade religiosa é essa: ao ponto de vista cristão, conhecer o que se não
deve fazer, ou seja, identificar práticas condenáveis que estão camufladas e
travestidas de espirituais. O estudo mostra a forma de condução de um líder
religioso, cabe ao estudante, pastor ou líder avaliar a sua legitimidade, se é bom
ou se é ruim. O público-alvo do estudo tem a oportunidade de reconhecer se
existe um mau uso de métodos psicológicos que se caracterizam como uma
ferramenta de manipulação.
Na vida acadêmica de qualquer estudante, em sua visão primária existe uma
lista interminável de disciplinas a estudar e inúmeras coisas a aprender. A
expectativa é adquirir conhecimento de como fazer e o que fazer. Neste
montante de disciplinas há aquelas que o estudante entende que o
conhecimento sobre o que não se deve fazer.
Existem outras disciplinas que se apresentam, de forma neutra, temas que
segundo a visão de um acadêmico cristão, o que lhe é apresentado seja um
procedimento que não se deve executar na sua vida futura numa possível
atuação como pastor, ou seja, pode ser encarado como uma defesa de sua
própria fé quando se expõe uma ideologia que soe como herética com base no
seu conhecimento e convicção religiosa, principalmente quanto esta matéria
aborda outra denominação, religião ou filosofia.
Neste sentido, ao expor o tema sobre a hipnose e PNL e como estas são
utilizadas em certas denominações, e que, a condução do trabalho seja na mais
neutralidade possível, supondo que se chegue ao ponto de se omitir a palavra
“manipulação”, e se conceitue tais práticas como apenas mais uma forma de
atuação e que ignore a intenção de denúncia da maioria dos autores
pesquisados, qualquer estudante de teologia que tenha um mínimo de
conhecimento bíblico avaliará e conceituará as práticas descritas como
manipulação, ainda que, a partir daí, aprenda pouco sobre a fragilidade da
mente humana que, sendo enganada, faça acreditar numa falsa
sobrenaturalidade, e perceba, com espanto, como é fácil ludibriar uma
coletividade.
Assim o presente trabalho trará uma grande contribuição, não só para formação
teológica como também para formação pastoral. Frente aos desafios, as aflições
e principalmente as tentações durante a vida no ministério, no afã de sucesso
em seu trabalho como pastor e líder, seja qual for seu conceito de sucesso, este,
pensará duas vezes antes de lançar mão de alguma “boa ideia” que está “dando
certo” em algum outro lugar. Antes fará uma boa análise, incluindo dados
levantados e expostos neste trabalho, avaliando inclusive, se há alguma
benefício em algum ponto que não vá contra os princípios que defenda, ou seja,
ainda sim cabe um olhar mais cuidadoso tendo em mente que alguma coisa seja
então positiva e possa ser aproveitado em prol de sua comunidade.
O estudante poderá aprofundar seu estudo, e mediante este conhecimento,
poderá logo identificar se um pregador, ou líder, que lance mão de qualquer
artificio psicológico com a intenção, consciente ou não, de manipulação do
público e assim optando pelo cuidado de não copiar esse procedimento no
púlpito, por mais que lhe pareça maravilhoso e eficiente.
O estudante, pastor ou líder terá consciência de como a expectativa do público,
o contexto social, cultural e religiosa, as necessidades, as angústias, a
cosmovisão, a tradição podem influenciar nesse processo. Tais pontos, em
relação a um público-alvo, utilizada como base de atuação no sentido de que,
qual método específico será mais eficiente para o contexto de uma comunidade
a fim de ganhar mais adeptos e mais dinheiro, obviamente são negativos. Por
outro lado, pode ser utilizado para melhor relacionamento e comunicação,
exercendo a verdadeira função do pastor que é a de se aproximar do público,
amando as pessoas e divulgar o evangelho com mais clareza, partindo do
princípio bíblico de que o líder entenda que benefício deve ser para a
comunidade e não de si próprio.
Quanto às experiências e relatos de curas e milagres, o estudante, pastor, líder
ficará ciente de que em muitos casos são somente resolução de problemas
psicossomáticos e saberá discernir quando alguns se aproveitam desse
conhecimento para benefício e promoção própria. Ao avaliar com mais cuidado é
perceptível algo positivo, o líder, pastor, estudante munido deste conhecimento,
de que muitas doenças tem origem nas aflições humanas, será capaz de ajudar
seus liderados divulgando assim a atuação de Deus neste particular, ajudando a
comunidade, minimizando o impacto de suas angústias no corpo físico, com
aconselhamento, proximidade, acolhimento e amor, sendo verdadeiro com os
seus liderados, exercendo assim a sua verdadeira função.
Com relação à adesão em massa ou a preferência popular por algumas
instituições que pregam destoantes biblicamente, listada no presente estudo
como objetivo específico, o estudante, pastor ou líder poderá compreender com
mais clareza esse fenômeno que é uma falsa conversão. É interessante
salientar que essa captação em massa de adeptos, listado como objetivos
específicos é um fator resultante esperado dos itens de objetivos específicos
mostrados neste estudo. E não pode ser confundido como objetivo geral que é
listar as semelhanças entre práticas hipnóticas e o que é praticado em certas
igrejas. Este entendimento dá uma explicação a esta conversão em massa,
ainda que pareça bom, ajuda o estudante a avaliar o crescimento destas
comunidades, se estão crescendo como igreja ou crescendo como agremiação.
Desta maneira deve gerar um sentimento de compaixão pelas pessoas
envolvidas, desde o fiel, até seu líder máximo e não um impulso competitivo.
A pesquisa focou na utilização da hipnose e PNL em cultos religiosos,
procurando relacionar e identificar práticas no púlpito que aludem a estas
ciências, contudo é importante observar que a pesquisa perpassa por outras
questões e outras percepções que não podem ser abordadas devido a
delimitação do tema. Neste caso, é possível fazer expansões da pesquisa, com
relação com o tema, em trabalhos futuros, como por exemplo, o conhecimento
psicanalítico e de psicologia, ainda que muito básico, pode ajudar
significativamente o pastor num aconselhamento pastoral, e também benéfico
para o aconselhado, adicionando-se a validade ou não do emprego da
psicanálise na condução pastoral. Também uma pesquisa sobre as doenças de
origem psicossomática, o benefício desse conhecimento pode deixar o pastor
atento e ser de grande ajuda no trabalho com as pessoas da comunidade, em
relação à angústia e problemas de saúde, assim o pastor poderá avaliar e
propor, se achar necessário, que o indivíduo aconselhado procure ajuda
psicológica profissional. Continuando esta reflexão, em que novos temas podem
ser estudados, o objetivo específico listado que se refere a conversões em
massa pode ser mais bem explorado, gerando um novo tema e um novo
problema.
O objetivo geral foi alcançado, pois foram reunidas informações de vários
autores especialistas em hipnose, que fazem uma ligação entre a hipnose e ritos
religioso através de comparações de procedimentos, os efeitos no público
exposto a tais procedimentos e as intensões camufladas. Assim realmente é
possível concluir sem sombra de dúvida, que nos dias atuais alguns líderes
lançam mão destes artifícios para ganhar dinheiro, poder e reconhecimento
humano. Ao prisma bíblico são estes falsos mestres que se utilizam de técnicas
e métodos que promovem não só um desvio de função da religião como também
da hipnose, como tratamento terapêutico e da PNL que ajuda o indivíduo a
aflorar suas capacidades, assim devem ser usadas em favor do próximo e de si
mesmo, salientando que o benefício de si mesmo, só é legítimo quando outras
pessoas não são lesadas, ou seja, tanto a religião como a psicologia,
psicanálise, PNL, hipnose devem ser afastadas de todo e qualquer mau uso que
pode ser prejudicial às outras pessoas.
É possível relacionar algumas técnicas utilizadas por estes líderes, nem sempre
são iguais a um show de hipnose de palco, porém carregam o mesmo princípio.
A música de fundo envolvente, iluminação, cor acinzentada das paredes,
confissão positiva e o determinismo proclamado, a utilização de discursos para
estimular o medo a culpa e a ganância, promovendo danças, exorcismos,
entrevistas com “demônios” entre outras coisas com para distração de atenção
com a finalidade de baixar a mente crítica dos espectadores, assim abrindo
caminho para plantação de suas doutrinas no mais profundo do inconsciente.
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Publicado por: Eloy Campana
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