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Faculdade de Letras e Ciências social

Departamento de línguas

Ensino de Português 2º Ano

Historia e filosofia da Educação

Resumo da obra o mestre ignorante

Discentes‫׃‬

Ana Nhamunze

Felismina Josina

Helena Matavel

Morais Nguenha

Docente

Dr. Transval

Maputo, Abril de 2022

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
RANCIERE, Jacques (1987) o mestre ignorante: cinco lincoes sobre a emancipacao intelectual.
Tr. Lilian do vale. Autentica, belo horizonte.

Biografia do autor

Jacques Rancière nasceu em (Argel, Argélia francesa, 10 de Junho de 1940) é um filósofo


francês, professor da EuropeanGraduateSchool de Saas-Fee e professor emérito da Universidade
Paris VIII (Vincennes-Saint-Denis). Seu trabalho se concentra sobretudo nas áreas de estética e
política. Foi aluno de Louis Althusser, participou em 1965 da elaboração de Lirele Capital. Em
1974, Rancière escreveu La Leçon d'Althusser, uma crítica à abordagem althusseriana do
marxismo e, ao mesmo tempo, um testemunho sobre as condições do Partido Comunista e da
Universidade, na França pós 1968. No final dos anos 1970, Rancière organizou com outros
jovens intelectuaisum questionamento sobre as representações tradicionais do social e publica a
revista LesRévoltes. Rancière volta sua atenção para a emancipação operária e os utopistas no
sécul XX, com uma reflexão filosófica sobre educação e política. Desse trabalho nascera sua tese
de doutorado publicado em 1981 sob o título La Nuitdesprolétaires. Archivesdurêveouvrier (a
noite dos proletários, arquivos do sonho operário), sobre os operários saint-simonianos. Em
meados dos anos 1980, Rancière se interessa por outro personagem pouco convencional: Joseph
Jacotot, que no começo do século XIX questionou radicalmente os fundamentos da pedagogia
tradicional. Esse estudo resultara em uma biografia filosófica, Le Maîtreignorant (O mestre
ignorante), na qual coloca o postulado da igualdade das inteligências e relaciona emancipação
operária e emancipação intelectual. Em seguida, Rancière se interessará pela ambiguidade do
estatuto do discurso histórico, em LesMots de l'histoire (as palavras da história). No fim desse
período, Rancière que é também cinéfilo e próximo aos Cahiersducinéma, iria explorar as
ligações entre estética e política. Courtsvoyagesaupaysdu peuple (viagens curtas ao país do
povo), sob a forma de três novelas filosóficas, é a sua primeira obra sobre as relações entre as
imagens e os saberes, a utopia e o real, a literatura e a política.

Resumo

O mestre ignorante: cinco lições sobre a emancipação intelectual, de autoria do francês Jacques
Rancièreé uma obra em que se narra a história de um professor francêsde nome joseph Jacotot no
ano 1818, que apresenta um método de estudo chamado o método do Ensino Universal que
afirma com base em sua experiência como educador que todo homem pode instruir a si mesmo e
seria possível ensinar se o que se ignora. Jacotot chega a essa conclusão com base em uma
situação que aconteceu quando este foi professor a meio período nos países baixos, onde sua
turma era composta por alunos que falavam apenas Holandes, mas ele ignorava o holandês e seus
alunos ignoravam o francês entretantonão existia uma língua que eles pudessem se comunicar,
portanto o mestre teria de encontrar uma soluçao para instruir os seus alunos,foi por meio de um
interprete que Jacotot solucionou esse problema, nisso o professor indicou uma obra em francês
aos seus estudantes sem qualquer tipo de explicação, surpreendentemente os alunos conseguiram
ler e interpretar o livro. Essa experiência provocou uma grande revolução no espirito de Joseph
Jacotot, ele havia acreditado que a explicação não é necessária para suprir uma incapacidade de
aprender, o acto de explicar a alguém é, antes de mais demonstrar-lhe que não pode compreender
por si mesmo, considerando a explicação um mito da pedagogia que divide o mundo entre sábios
e ignorantes. No entanto para ele o método da vontade era o certo pois qualquer um podia
aprender sem um explicador bastava apenas ter vontade e desejo, há sempre um embrutecimento
quando uma inteligência se subordina a outra, o autor vai muito mais longe ao afirmar que é
possível ensinar o que se ignora, basta apenas que um mestre emancipador emancipe o aluno,
isto é, levar o estudante a usar sua própria inteligência. Para esse ensino universal o aluno só
precisa aprender algo e de seguida relacionar com todo resto. Os professores tradicionais que
estavam surgindo com a institucionalização da pedagogia, não fariam mais do que repetir
conteúdos que poderiam ser dominados pelos aprendizes directamente sem a necessidade de tal
intermédio bastando acreditar nessa possibilidade de trabalhar seriamente em si mesmo para sair
de algumas crenças educacionais: Não sou capaz de aprender sozinho sem professor e sem
escola, não consigo compreender assuntos complexos sem explicações adicionais. Existem
pessoas que são sérias, pessoas normais e pessoas pouco dotadas intelectualmente, a
compreensão mais exacta do mundo requer métodos mais racionais que costumam ser acessíveis
somente as elites privilegiadas afinal se há sempre alguém explicando deve ser porque eu não
conseguiria compreender sozinho, e para que a emancipação aconteça pode ser válida a figura do
mestre ignorante, isto é, um mestre que ensina aquilo que ignora.

Jacototparte do princípio de que todas as inteligências são iguais, todos os homens são iguais em
inteligência,é a tomada de consciência dessa igualdade de natureza que se chama emancipação.
O velho método que prega uma desigualdade (ensino tradicional) embrutece, mas o de princípio
Jacotot emancipa qualquer que seja o procedimento. O trabalho de mestre seria o de provocar,
questionar o aluno de forma a despertar a sua própriainteligênciade uma maneira que o mestre
guie o aluno sem arruinar o método, mas não abandonando o seu discípulo. Ensinar o que não se
sabe é exactamente perguntar tudo que não se sabe. Nessa situação questiona-se como o mestre
poderáverificar se o aluno aprendeu a lição se estetambém a ignora,Jacotot responde dizendo que
o mestre não verificará se aluno acerta ou não, mas sim se o aluno está atento e se realmente
busca as respostas e mostra que realmente estudou com atenção. O que distingue o desempenho
intelectual de uns com os outros éa vontade, porque as inteligências são iguais, mas a vontade na
aprendizagem é desigual, a forma mais eficaz de exercitar a inteligência seria a repetição de
todos processos de aprendizagem sempre, o que se traduz em aprender, repetir, imitar, traduzir,
decompor, recompor. Esse é o verdadeiro segredo dos génios e do Ensino universal. Igualdade e
inteligência são termos sinónimos, assim como razão e vontade, igualdade das inteligências é o
laço comum do género humano, a condição necessária e suficiente para que uma sociedade de
homens exista. Adistracçãoé de início preguiça desejo de subtrair-se ao esforço. A própria
preguiça não é, todavia o torpor da carne, ela é acto de um espírito que subestima sua própria
potência.

Partindo da experiência de Jacotot, Rancière diz que o segredo do mestre é saber reconhecer a
distância entre a matéria ensinada e o sujeito a instruir, a distância também entre aprender e
compreender. Defende ainda que as palavras que uma pessoa aprende facilmente são as que
aprende sozinha sem nenhum mestre explicador e que a explicação não é necessária para suprir
uma incapacidade de aprender, o acto de explicar a alguém é antes de mais demonstrar-lhe que
não pode compreender por si mesmo, considerando a explicação um mito da pedagogia que
divide o mundo entre sábios e ignorantes. No entanto para ele o método da vontade era o certo
pois qualquer um podia aprender sem um explicador bastava apenas ter vontade e desejo, há
sempre um embrutecimento quando uma inteligência se subordina a outra, por isso o aluno deve
aprender sozinho a usar a sua própria inteligência, olhar para si mesmo, reflectir sempre do que
pensa. O Mestre age sobre a sua vontade e o professor é quem mostra o caminho a percorrer e
não aquele que tem o domínio da verdade, e o mestre ignorante se contrapõe ao sistema da
explicação. O mestre ignorante não sabe mais do que o seu aluno , não se antecipa ao seu
aprendiz e pode portanto perguntar mais e verdadeiramente sobre as coisas, pode também
exercer automaticamente a sua inteligência
O texto reafirma as principais teses do livro: a ignorância do mestre é a da desigualdade. O
princípio, a igualdade, é um axioma a ser verificado. A emancipação supõe um funcionamento
igual e universal das inteligências. A lógica da emancipação nunca trata em definitivo, senão
com relações individuais e ela não é – não pode ser – um sistema escolar ou uma empreitada
cultural. Finalmente, o texto aborda as semelhanças e diferenças entre as concepções de J.
Jacotot e Paulo Freire e a actualidade de O mestre ignorante a emancipação dos indivíduos deve
ser pensada em um esquema inverso, no qual a vontade nãodeve ser deixada de lado, para que se
estabeleça a “pura” relação entre inteligências.

Entendimento

Após uma leitura exaustiva da obra de Racière sobre o método do ensino universal de jacotot,
podemos perceber que o estudante ou aprendiz tem o principal papel no processo de
aprendizagem diferente do que se pensa e acontece na realidade onde há uma dependência
directa do aluno com o seu professor, isto é, o educando precisa sempre da explicação de um
professor ou explicador para o auxiliar na compreensão. Isto vai contra ao que jacotot acredita,
no seu método a explicação significa uma desigualdade das inteligências num mundo onde todas
as inteligências são iguais. Este método é muito importante para os indivíduos que desejam
aprender, mas que de alguma forma não tem um mestre explicador, pois podem mesmo sozinhos
basta apenas terem vontade e desejo de aprender, esse seria o verdadeiro caminho para a
sabedoria e emancipação intelectual. Mas além de estudar por conta própria seria possível
ensinar o que se ignora, com isto um pai poderia ajudar ao seu filho nos deveres de casa mesmo
que seja analfabeto. Para Jacotot um mestre ignorante ajuda muito mais o aprendiz a desenvolver
a sua própria inteligência, pois não vai atrapalhar o método com suas explicações.

Aspectos positivos e negativos

O ensino universal de jacotot tem muitos pontos positivos que podem e muito bem serem
aproveitados por estudantes com desejo de aprender, mas também tem alguns aspectos negativos.
Começando por destacar os positivos que é o facto de o texto incentivar as pessoas a ir atrás do
conhecimento e desenvolver sua inteligência e não esperar por um mestre explicador. Despertao
mundo para a sabedoria e é um método para todos os estratos sociais por não ser dispendioso e
qualquer um pode usar. Mas para além do aspectos positivos também tem seus pontos negativos
que seriam o facto de o método desvalorizar completamente o papel do mestre explicador no
processo de aprendizagem, pois é necessário saber equilibrar entre o estudo a solo e a explicação.
É importante também ter alguém que lhe explique nas dificuldades não dar respostas prontas,
mas mostrar como se faz para auxiliar o estudo. Mas também a questão de um mestre ignorante
suscita muitas questões e dúvidas por se mostrar em termos práticos pouco provável que alguém
ensine o que não sabe e além disso garantir que o aluno aprenda e consiga acompanhar o
processo de aprendizagem.

Relaçao com a realidade educativa mocambicana

A educação em Moçambique é uma educação tradicional, desde a sua organização administrativa


atéao método de ensino que é o que nos interessa para esse presente estudo, a metodologia de
educação em Moçambique é centrada no professor principalmente no ensino primário,
secundário oupré-universitário. O professor no nosso sistema de educação temo papel primordial
na aprendizagem do aluno, pois este tem o trabalho de transmitir, explicar e avaliar os
conhecimentos dos seus alunos sendo estes sujeitos passivos na actividade que tem apenas a
simples tarefa de absorver os ensinamentos transmitidos pelo professor. O educador é tido como
o detentor do sabere o senhor do conhecimento, ele ensina com base na sua metodologia sem
qualquer questionamento por parte do aluno, com exercícios de fixação, leituras repetidas e
cópias, interrogatórios orais, exercícios de casa, decorando a matéria, com horário e currículo
rígido, sem se preocupar com diferenças individuais e sem maiores elaborações pessoais. Com o
conteúdo pronto o aluno limita se a escutá-lo. O ponto fundamental desse processo será o
produto da aprendizagem. A reprodução dos conteúdos feita pelo aluno, de forma automática e
sem variações, na maioria das vezes, é considerada como um poderoso e suficiente indicador de
que houve aprendizagem e de que o conteúdo está assegurado. O que passa muito longe do
método do ensino universal de Jacotot, que considera esse tipo de ensino embrutecedor para o
processo de educação. Primeiro porque no método de Jacotot a explicação é o que seria o mito da
pedagogia, onde existem uma separação entre as inteligências superiores e inferiores, sendo que
as inferiores necessitam da explicação das superiores para o processo de aprendizagem. No
entanto para Jacotot todas as inteligências são iguais o aluno não depende do professor ou
explicador para aprender qualquer coisa e sim o acto de explicar é que lhes demonstra que não
pode compreender por ele mesmo. Segundo, que o processo de aprendizagemesta centrado no
aluno, este não tem apenas o papel de consumidor passivo de tudo que lhe é transmitido pelo seu
professor, o estudante não deve depender apenas do seu mestre, mas ir a busca do conhecimento
e desenvolver a sua própria inteligência, isso seria muito complicado para nossa realidade visto
que somente o método do professor é tido como certo tudo que não vai de encontro com ele é
considerado errado.

Esse modelo de educação usado em (Moçambique) não permite o desenvolvimento das


capacidades cognitivas como : raciocinar, formar ideias claras, expressar-se, desenvolve apenas a
habilidade de memorização. Os conteúdos ensinados nas escolas (que são repassados de geração
em geração) são descobertas realizadas por alguns que não tiveram instruções. Essas descobertas
deveriam servir como base (e sem limitar o estudante de ter ideias diferentes ou questionar as
teorias ja existentes) para a continuidade de descobertas a serem feitas por sociedades actuais
mas, os estudantes são estimulados a memorizar apenas o que já foi descoberto, só se estimula o
desenvolvimento das faculdades mentais dos estudantes no ensino superior, o que dificulta o
progresso de alguns estudantes, acabando por ter dificuldades em sair dela ou mesmo de
ingressar nela.

A educação em Moçambique poderia incluir o modelo de emancipação intelectual não se


limitando no embrutecimento, Essa emancipação intelectual tornaria o desenvolvimento
intelectual do estudante mais amplo com uma capacidade de solucionar problemas com mais
facilidade. Não haveria pessoas querendo seguir uma perspectiva de vida igual a dos outros mas
sim, pessoas com ideias que proporcionariam um desenvolvimento efectivo e melhorando ao
país.

Para finalizar o grupo recomendaria a leitura deste texto a toda comunidade académica e a
sociedade no geral.

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