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Obra Coletiva.
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-65-88563-30-4.
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Jonatan de Jesus Oliveira Alves
Diego Nunes
1. Introdução
O presente artigo discute a interpretação sistêmica a partir da análise da
legislação processual penal, com o objetivo de demonstrar a possibilidade
de sua transição para um Processo Penal mais democrático, nos moldes da
Constituição de 1988, assim como demonstrar, por meio de uma análise
perfunctória do Processo Penal Brasileiro, a possibilidade de utilização
desse método interpretativo na perspectiva da teoria de Claus Canaris
(2018) no campo da legislação processual penal.
Ao se refletir sobre a possibilidade de o ordenamento jurídico ser um
sistema, formado por princípios que lhe são basilares, pensa-se que a análi-
se desse ordenamento como um todo unitário, baseando-se nos conceitos
do pensador alemão Claus Canaris (1998), pode ser uma possibilidade
hermenêutica valiosa.
Nesse espeque, se é possível a existência de um sistema jurídico que in-
fluencie o modo de interpretação, a aplicação e até mesmo a elaboração
das normas, pode-se, então, atrever-se a falar em uma interpretação sistê-
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2. A HERMENÊUTICA COMO MÉTODO: contra a falácia de que
interpretar não exige um pensamento metodológico
A Hermenêutica consiste em um método de abstrair, por meio da in-
terpretação, as informações que estão no mundo, é um fio condutor, para
resposta a problemas que são postos, em nosso caso, na ciência jurídica.
A Hermenêutica pode ser compreendida como a maneira pela qual inter-
pretamos algo no movimento que interessa e constitui o ser humano, de
formar-se e educar-se. A interpretação decorre de um texto, um gesto,
uma atitude, uma palavra de abertura e relação com o outro, que é capaz
de se comunicar, de interagir (CONTE; SIDI, 2017, p. 1944).
A Hermenêutica, na concepção do presente trabalho, não é o caminho
para a busca de encontrar o “verdadeiro desejo” do legislador, mas, sim,
tentar pensar a realidade, para que haja uma reconstrução do texto, a partir
das bases que são oferecidas no momento em que se interpreta, pensando
que todas as produções humanas podem ser pensadas como textos, dota-
dos de significados (CONTE; SIDI, 2017, p.1945). Pensar o texto para além
de buscar significados, permite verificá-lo, questioná-lo, pensar incoerên-
cias, que podem afetar nos caminhos da pesquisa.
A atitude Hermenêutica traz a possibilidade de revisão de preconceitos
e outras questões que outrora foram pensadas e que agora, no olhar do
hermeneuta, possam ser ressignificadas, não por um pensar definitivo,
mas por um sentido que se faz a partir de quem interpreta, sobre o que
interpreta e que pode ganhar, no futuro, um novo horizonte.
Interessante é pensar que, metodologicamente, uma pesquisa contem-
ple, ao menos: tema, problema, objetivos, marco teórico, entre outros
componentes que formam um traçado, no sentido de responder ou não ao
problema proposto. Todavia, além de todos os tradicionais elementos,
temos a busca pela superação, por um novo olhar sobre o tema, e isso faz
com que todos os elementos perpassem a interpretação. Como pensar o
problema sem que ocorra sua compreensão, observa-se:
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sentada sumariamente no próximo tópico.
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os princípios gerais, eles são a espinha dorsal que estrutura o sistema
(CANARIS, 1998, p. 170-171).
O ordenamento jurídico como sistema, alicerçado em seus princípios
gerais, previne a contradição, de modo a incluí-la no todo pré-existente da
ordem jurídica, se ela não se enquadra, ela não se constitui (CANARIS,
1998, p.173). Se uma norma for totalmente contrária ao sistema jurídico
em que ela nasce, o que se resolverá é a interpretação sistemática e então
preenchimento da lacuna (CANARIS, 1998, p.285).
Para Edihermes Coelho (1995, p. 18), Claus Canaris parte da caracteri-
zação de Kant, na ideia de que “sistema seria unidade, sob uma ideia de
conhecimentos variados, um conjunto de conhecimentos ordenados se-
gundo princípios”. Na mesma esteira, afirma o autor que “[...] o sistema
jurídico com estrutura (não estanque) tende a realização da ideia de justi-
ça,” o sistema há de representar, juridicamente, um dimensionamento
axiológico e teleológico do Direito (COELHO, 1995, p. 36)
Dessa forma, Coelho (1995, p. 38), com base em Canaris, afirma que o
Direito é um subsistema social, sendo a Constituição a sede fundamental
das diretrizes do conteúdo do Direito. Tem-se que o subsistema constitu-
cional é o grande eixo de ligação dos subsistemas jurídicos, na formação
do ordenamento como um todo.
Nesse sentido, por estar a Constituição no eixo de todo o ordenamento,
não existe outro caminho senão aceitar que dela emana uma série de valo-
res, que formam o entendimento do intérprete.
1 XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fun-
damentais;
2 LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal;
3 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantin-
do-se aos Brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
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do Estado Democrático de Direito intercruzando-se com a própria liber-
dade, principalmente quando se fala em igualdade de todos perante a lei.
Da mesma forma, não se deve negligenciar a dignidade humana, que é
elementar à Constituição de 1988, pois não basta ter vida, se não há uma
vida digna, com alimentação, educação, vestuário e todo o mínimo neces-
sário ao cidadão. Nesse sentido, questiona-se: de que adiantam liberdade,
igualdade, se não há dignidade para seu desenvolvimento?
Podemos pensar esses quatro princípios (vida, liberdade, igualdade e
dignidade) como basilares da Constituição, assim sendo, todo o ordena-
mento jurídico deve-lhes respeito, de forma que, embora, o texto Consti-
tucional tenha sido elaborado em um contexto de disputas sociais, políti-
cas e jurídicas, tais princípios, por serem direitos fundamentais do cida-
dão, não podem ser negados ou contrariados por atos de autoridade públi-
ca ou mesmo por outros cidadãos em sua esfera privada4.
Todavia, o respeito aos princípios da Constituição não é tema levado a
sério por muitos na interpretação da norma, melhor dizendo, o modo de
interpretação finda por gerar uma série de debates. Lênio Streck (2014) faz
uma crítica interessante à questão, apontando que o “modus interpretati-
vo” atualmente utilizado praticamente não se alterou nas últimas décadas.
Assim leciona:
Como o saber “operacional”, domina no âmbito do campo jurídico o mo-
delo assentado na ideia de que o processo interpretativo possibilita que o
sujeito (a partir da certeza-de-si-do-pensamento-pensante, enfim, da sub-
jetividade instauradora do mundo) alcance a “interpretação correta”, o
“exato sentido da lei”, “o verdadeiro significado do vocábulo”, “o real sen-
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No Brasil, como já dito anteriormente, o sistema processual inquisitori-
al é incompatível como Estado Democrático de Direito, pois este tem co-
mo elemento a possibilidade de o cidadão defender-se de algo que é acusa-
do, pois pode estar sendo submetido à algum tipo de injustiça. Essa afir-
mativa pode ser dada sem que ocorra um grande esforço, se partirmos do
princípio de que o contraditório e a ampla defesa estão previstos expres-
samente no texto constitucional.
Porém, mesmo diante da ideia de constituição, informa-se que o mode-
lo de Código Processual Penal Brasileiro nasceu no Estado Novo, perma-
neceu de pé com sua derrocada e continuou firme na ditadura civil-militar
Brasileira, e também em relação à Constituição que se apresentava total-
mente incompatível com seu viés autoritário.
A redação do Código Penal de 1941, foi capitaneada por Francisco
Campos, um dos grandes teóricos do autoritarismo do Brasil, Ministro da
Justiça do Governo Vargas, conhecido como “Chico Ciência” (LOPES
JUNIOR; OLIVEIRA, 2018, p. 344), e já sabendo das críticas que a ele po-
deriam ser tecidas em seu preâmbulo informou:
XVIII – Do que vem de ser ressaltado, e de vários outros critérios adotados
pelo projeto, se evidencia que este se norteou no sentido de obter equilí-
brio entre o interesse social e o da defesa individual, entre o direito do Es-
tado à punição dos criminosos e o direito do indivíduo às garantias e segu-
ranças de sua liberdade. Se ele não transige com as sistemáticas restrições
ao poder público, não o inspira, entretanto, o espírito de um incondicional
autoritarismo do Estado ou de uma sistemática prevenção contra os direi-
tos e garantias individuais (BRASIL, 1941).
Da leitura acima, resta evidente o nascimento de um processo penal
com ranço inquisitivo, que, no entanto, ainda persiste na mentalidade
jurídica dos diversos atores do sistema jurídico-penal, e em grande parte
na própria legislação, visto que, seu principal instrumento normativo, o
Código de Processo Penal, está em vigor até os dias atuais, apesar de recor-
rentes alterações pontuais.
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5 Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao
juiz de ofício:
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas
consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporci-
onalidade da medida;
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de
diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. (BRASIL, 1941)
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do modelo de Estado desejado (LOPES JUNIOR; OLIVEIRA, 2018, p.
344).
Por vezes, essa visão midiática, explica a visão atual que se tem do Pro-
cesso Penal, como um instrumento punitivo:
Ao se valer do processo como ferramenta punitiva ou pretender as solu-
ções para os problemas da segurança pública através dele, este resta desvir-
tualizado de sua função precípua (...) Nesta lógica, comumente se realiza a,
muitas vezes falsa, associação de justiça com condenação, o que faz com
que um desfecho absolutório em uma decisão seja sempre creditado de fa-
tores espúrios que não permitam a realização do justo, criando expectati-
vas de que a justiça só advém com uma condenação, o que influencia a
postura do magistrado (LOPES JUNIOR; OLIVEIRA, 2018, p. 348).
Basta uma análise da quantidade de prisões preventivas no Brasil, a di-
ficuldade que se tem de conseguir a liberdade em uma série de crimes,
mesmo como todos os requisitos presentes no Código de Processo Penal
sendo favoráveis para tal, por vezes se esquece de que a liberdade é regra
conforme a Constituição de 1988, e a prisão é exceção a tal regra.
Como dito em oportunidade outra, neste texto, existem princípios que
são o cerne da Constituição de 1988, e ela é o cerne do ordenamento jurí-
dico, como se pode atrever a pensar, então, uma interpretação do Código
de Processo Penal sem uma filtragem constitucional.
A filtragem constitucional ocorre por meio da chamada interpretação
sistêmica, que, nos moldes de Claus Wilhelm Canaris, é a interpretação
com base nos princípios do Direito, o que permite que se tenha mais or-
dem e unidade no sistema jurídico e se evite a insegurança jurídica.
Em havendo uma interpretação sistêmica e em se pensando a Consti-
tuição como o vértice de nosso ordenamento jurídico, mesmo sendo o
Processo Penal anterior à Constituição, não existe possibilidade de exis-
tência de um processo que não privilegie os princípios que permeiam o
Estado Democrático, sobretudo o da dignidade da pessoa humana.
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6. Conclusão
Em primeiro momento, conclui-se que a interpretação sistêmica é um
método, de como se interpretar o Direito, pensando o ordenamento de
uma forma integrada e unitária, de modo que através de tal método, pode-
se buscar uma maior segurança jurídica para os jurisdicionados, bem co-
mo uma coerência nas decisões judiciais, bem como nas elaborações do
legislativo.
O hermeneuta, com base em sua interpretação, pode desconstruir ou
reconstruir o texto, de modo a buscar o caminho para resposta de sua pes-
quisa, seja tal resposta negativa ou positiva, para chegar em seu objetivo, é
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necessária a interpretação.
Nesse sentido, ficou claro que, para Claus Wilhelm Canaris, a Herme-
nêutica jurídica pode se valer do método da interpretação sistemática, no
qual se pensa o ordenamento jurídico como um todo, com a ideia de or-
dem e unidade, capaz de evitar a insegurança jurídica, pois tudo de alguma
forma estaria interligado por princípios basilares.
Neste espeque, pensando que as constituições modernas são o ápice dos
ordenamentos jurídicos, a Constituição de 1988, que dirige todos os seus
esforços em direção ao Estado Democrático de Direito, é dotada de princí-
pios, tais como a liberdade, a igualdade, a vida e a dignidade da pessoa
humana, que são a essência dos valores que um sistema jurídico deve irra-
diar pelo restante do ordenamento.
Quanto ao Processo Penal, embora em sua exposição de motivos Fran-
cisco Campos tente evidenciar que se trata de algo alheio ao período em
que foi criado – Estado Novo Varguista – o Código de Processo Penal (De-
creto-Lei nº 3.689, de 03 de outubro de 1941) trouxe consigo um forte
ranço inquisitivo, que vem sendo combatido pela luta constante dos juris-
tas em lhes apresentar uma filtragem constitucional, somado às mudanças
introduzidas pelas mãos do legislador, e dessa forma, buscando garantir
alterações importantes rumo ao que se entende como sistema acusatório.
Dessa forma, ainda que as alterações legislativas sejam importantes, o
método de interpretação sistêmico é condição de possibilidade para um
Processo Penal muito mais democrático, aproximando-se muito mais dos
princípios estruturantes de Constituição de 1988, de onde se extrai clara-
mente um modelo acusatório e garantista de Processo Penal. Porém, de
nada adianta nova legislação, se os velhos vícios de um processo penal
autoritário continuarem a existir no pensamento e atitudes dos atores jurí-
dicos do sistema processual penal.
É inaceitável que cada juiz ou tribunal produza de maneira arbitrária e
discricionária seu próprio Processo Penal, sendo imprescindível o reco-
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