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AULA 1

Email: gicele2015@gmail.com
Aluno: Gicele Pereira de Sousa

GESTÃO DA COMUNICAÇÃO
EM PROJETOS

Prof. Sandro Fabiano da Luz


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Aluno: Gicele Pereira de Sousa

CONVERSA INICIAL

Compreender o sucesso de um projeto requer uma análise criteriosa e,


fundamentalmente, o cumprimento de determinadas metas dispostas em
diferentes áreas do gerenciamento. Assim, escopo, tempo, custo e qualidade, com
seus objetivos bastante tangíveis, demandam grande atenção da equipe
envolvida. Contudo, para que seja possível concluir de forma satisfatória um
projeto, ou até mesmo uma fase dele, é primordial cuidar da comunicação, uma
aliada poderosa, muito por conta de sua utilização associada a todas as áreas de
gerenciamento de um projeto.
Nesta aula sobre gestão da comunicação em projetos, analisaremos de
forma introdutória a comunicação, seus processos de criação e desenvolvimento,
e sua importância na organização e no gerenciamento de projetos.

TEMA 1 – INTRODUÇÃO À COMUNICAÇÃO

Projetos são empreendimentos realizados por indivíduos que se utilizam da


comunicação para compreender e estruturar as diversas tarefas relativas ao
cumprimento de objetivos estabelecidos. A comunicação utiliza-se de diversos
recursos de troca e divulgação de informações que promovem a compreensão
mútua entre os envolvidos (Chaves et al., 2010).
A palavra comunicação é derivada do latim comunicare, que significa
partilhar, dividir ou, ainda, tornar comum. Assim, a existência da comunicação
depende de três elementos importantes: emissor, mensagem e receptor.
Segundo Schermerhorn Jr. et al. (2007), a comunicação pode ser entendida
como o sistema que envolve o envio e o recebimento de informações que
possuem conteúdo significativo. Esse sistema é dinâmico e complexo, pois, ao
mesmo tempo que o emissor explicita sua mensagem, o receptor, após recebê-
la, também pode expor seu parecer. Dessa forma, comunicar significa disseminar
para uma ou mais pessoas um determinado conteúdo. O termo comunicação
refere-se ao processo sistemático relativo à troca de informações, mas também
se refere à própria vida do homem em relação ao aprendizado e ao pertencimento
social.

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1.1 Desenvolvimento da comunicação

O processo de comunicação se desenvolveu ao longo dos tempos


juntamente com a própria evolução humana. Nos primórdios da humanidade, ela
se resumia à comunicação verbal ou àquela por meio de sinais criados com o
próprio corpo. Posteriormente, com o desenvolvimento da escrita, foi introduzido
o registro como parte importante do processo de comunicação. Com o passar do
tempo, o registro das informações humanas foi evoluindo e o homem passou a
utilizar paredes em cavernas, tábuas de argila, papel e até mesmo madeira para
se expressar. Por fim, com a criação da prensa móvel por Gutenberg, no século
XV, o processo de registro e arquivamento de informações ganhou outros
contornos.
Nos dias de hoje, com a utilização de dispositivos digitais, a comunicação
vem se tornando mais dinâmica e importante para o desenvolvimento de
processos de gerenciamento. Segundo Bueno (2003), no campo da comunicação
empresarial é vital o entendimento de que deve haver profissionalismo, ética e
também transparência. A relevância e o cuidado que o processo de comunicação
recebe da organização estão correlacionados a uma capacitação direta de seus
profissionais, o que, por muitas vezes, ultrapassa aspectos e diretrizes meramente
técnicos.

Crédito: mayrum/Shutterstock.

O processo de comunicação é vital tanto para que um projeto consiga


atingir seus objetivos quanto para que o planejamento estratégico de uma
organização seja bem-sucedido. Dessa forma, é importante criar um ambiente
organizacional em que seja possível ordenar as informações e proporcionar
fluidez na comunicação. Nesse formato, a tecnologia disponibilizada nos dias de
hoje é bastante relevante como auxiliador desse processo.

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Porém, vale salientar que a tecnologia se postula como uma das formas de
otimização desse processo de ordenação e distribuição de informações
organizacionais relevantes. É importante entendê-la como um meio para o
sucesso de um projeto, e não o seu fim. A tecnologia por si só não consegue
resolver problemas e ruídos de comunicação, mas pode servir de auxiliadora
digital para um processo de comunicação, bem como para o desenvolvimento das
atividades organizacionais.
É necessário criar um processo estrutural bastante claro, que disponibilize
o acesso à informação correta, no momento ideal e para a pessoa certa. É
importante definir uma estratégia de comunicação para a organização, decidir
como a informação será utilizada para alcançar os objetivos estipulados. Não se
trata apenas de disponibilizar tecnologia para resolver problemas de
comunicação, mas, sim, de criar um processo claro de como proceder em caso
de dificuldades quanto ao acesso à informação ou quanto a ruídos na
comunicação.
Todos os processos de gerenciamento de projetos acontecem dentro das
organizações, por isso é importante citar que a cultura organizacional influencia a
comunicação de forma mais relevante que a tecnologia utilizada entre os
interessados nesses projetos. Questões relativas a hierarquia, pressão
organizacional e cultura de aceitação ao erro indicam como a comunicação pode
acontecer.

TEMA 2 – COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

A organização das informações e da comunicação empresarial faz parte de


um importante campo de estudo na atualidade. A inclusão da tecnologia nessa
perspectiva adicionou complexidade a essa temática, de tal forma que levou
Davenport (2001) a afirmar que essa inclusão é uma grande preocupação das
organizações, mas que ainda falta as empresas concluírem o processo de
disponibilização da informação certa, para a pessoa certa e no momento ideal.
Nesse sentido, não se trata apenas de processos relacionados à
comunicação em projetos, mas, sim, de uma estrutura empresarial que inclui a
cultura da empresa com relação a comunicação, processos claros e tecnologia
disponível. A falta de uma comunicação assertiva limita o poder de atuação,
fazendo com que processos e projetos desenvolvidos na organização fiquem
seriamente comprometidos.

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2.1 Melhorias na comunicação empresarial

Segundo Robbins (1999), é possível criar um modelo de comunicação


empresarial mais eficiente seguindo seis preceitos básicos. Esses preceitos são
um conjunto de orientações empresariais que otimizariam o processo de
comunicação não apenas para utilização em projetos, mas também para utilização
em toda a organização. São eles:

1. Promover a comunicação fluente entre todos na organização;


2. Ter cuidado com as linguagens não verbais, pois elas evidenciam muito
mais que a linguagem verbal;
3. As organizações devem criar canais de comunicação com colaboradores e
comunidade. Para que a comunicação flua em mão dupla, é necessário
ouvir todas as opiniões;
4. Sempre que possível, é importante utilizar a comunicação presencial.
Muitas informações importantes se dão de forma não verbal, por exemplo.
Por isso é importante ter conhecimento e compreensão da comunicação
como ferramenta para facilitar o entendimento;
5. Compartilhar a real posição da organização e aonde ela almeja chegar. O
compartilhamento dessas informações fortalece o sentimento de
pertencimento de todos e potencializa o sucesso estratégico empresarial;
6. Utilizar comunicação contínua com o intuito de reduzir o uso de canais
informais de comunicação na instituição.

Com a utilização de adequados comportamento e postura com relação à


comunicação aliada a um novo entendimento de que todos são responsáveis pelo
sucesso organizacional, é possível cumprir as diretrizes estipuladas pela
organização. É importante salientar que a comunicação organizacional interna
(com os seus colaboradores) não pode ser tratada de forma de autoritária. Essa
comunicação é importante para que os envolvidos se sintam parte do processo e
corresponsáveis por ele. Assim, o desestímulo ao diálogo somente agrava algum
insucesso momentâneo. A comunicação direta, constante, formal e aberta é fator
importante para um diálogo completo e sem ruídos.
O mesmo vale para a comunicação externa, realizada por meio de
comunicados oficiais, memorandos, mensagens em redes sociais ou mesmo
propagandas. Todo esse conteúdo ajuda a formar a opinião real do cliente e de
toda a comunidade; assim, a comunicação se torna uma poderosa aliada

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organizacional. Muitas vezes, o que vemos nas organizações é a criação de


campanhas de marketing muito engajadas, dando a entender que a empresa é
aberta ao diálogo e democrática. Porém, a realidade da comunicação interna é
bem diferente.

TEMA 3 – O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO

O entendimento atual sobre comunicação é bastante amplo. Seus


conceitos, instrumentos e atores são analisados por diversas áreas do
conhecimento, que vão desde psicologia até informática, passando por
gerenciamento de projetos. Assim, é importante apresentar o enfoque que a
comunicação terá nesta aula, para que seja possível delimitar um pouco o campo
de estudo, bem como todo o seu processo.
Aqui, será analisada a comunicação sob a perspectiva de uma pessoa que
possui determinada informação e necessita transmiti-la a outra. Para que isso seja
possível, ela deverá se utilizar de diversos instrumentos e meios, para que a
mensagem chegue ao destino com o impacto desejado. Porém, vale salientar que
existem ruídos e barreiras que podem interferir em todo esse processo e também
que a comunicação é um processo de mão dupla: ao mesmo tempo que o emissor
transmite uma mensagem ele recebe uma mensagem.

3.1 Modelo de comunicação

Desde Aristóteles se pretende criar um modelo que estabeleça como o


processo de comunicação acontece entre os indivíduos. O próprio Aristóteles
apresentou um modelo baseado na existência de um emissor, responsável pela
informação; um receptor, que é o destino da informação; e a mensagem, que é o
fator determinante para o processo de comunicação.
Assim, o modelo proposto por Aristóteles seguia um padrão como o que
vemos na Figura 1:

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Figura 1 – Modelo de Aristóteles

Com o passar do tempo e com o aprofundamento do estudo sobre


comunicação, esse modelo foi recebendo outros elementos importantes que não
haviam sido considerados anteriormente. Muitos desses elementos são relativos
ao contexto em que o processo de comunicação é analisado. Como esse tema é
analisado por diferentes áreas do conhecimento humano, o modelo foi recebendo
diversas informações ao longo do tempo.
Esse modelo ganhou complexidade por meio dos estudos de Shannon e
Weaver nos anos 1940. Esses estudos estavam centrados na utilização da
telecomunicação e introduziram elementos como a fonte de origem da informação;
o seu emissor original; o canal escolhido para a transmissão da mensagem; o
receptor da mensagem; e, por fim, o destino desse processo de comunicação.
Esse modelo introduziu, então, a atenção ao ruído existente em todo o
processo de comunicação. O ruído é um importante elemento de interferência na
transmissão de mensagens e reduz a possibilidade do entendimento total de seu
receptor. Assim sendo, no modelo de comunicação criado por Shannon e Weaver,
o processo de comunicação acontece por meio da escolha da mensagem pelo
emissor. Ele, então, utiliza-se de um veículo para encaminhar essa informação ao
receptor, que, após o recebimento da mensagem pelo canal escolhido, realiza o
processamento das informações, encaminhando a mensagem a seu destino.
Assim, o modelo de Shannon e Weaver se assemelha ao da figura a seguir:

Figura 2 – Modelo de Shannon e Weaver

Fonte: Elaborado com base em Chaves et al., 2010.

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Vale salientar a importância do papel do emissor nesse processo. É de


responsabilidade dele a seleção, o envio e o processamento da informação ao
receptor da mensagem. Ou seja, se o receptor entender a mensagem pretendida
pelo emissor e tomar as devidas providências, o processo de comunicação terá
sido considerado satisfatório.
Segundo Chaves et al. (2010), existem fatores que contribuem para um
melhor entendimento do processo de comunicação:

 A familiaridade do receptor com as diretrizes da mensagem;


 A receptividade do receptor ao processo;
 A relação de confiança entre emissor e receptor;
 A clareza e a precisão da comunicação realizada pelo emissor;
 O quanto o conteúdo da mensagem emitida é necessário para o receptor.

3.2 Tipos e estilos de comunicação

Muitos são os estudos sobre os diferentes tipos de comunicação e seus


estilos. Para que a comunicação aconteça de forma clara, é necessário escolher
um estilo que facilite o entendimento por parte do receptor. Diversos autores
discorrem sobre o tema, e todos eles concordam sobre o fato de que ainda não
existe uma formalização absoluta que apresente todos os tipos e estilos de
comunicação existentes no planeta. Muitos autores condensam os estudos sobre
tipos e estilos de comunicação, chamando-os de formas de comunicação. Porém,
dentre os tantos modos de se comunicar, os tipos de comunicação verbal, não
verbal e paralinguística apresentam grande relevância.
Assim, pode-se entender como comunicação verbal o uso da palavra,
escrita ou falada. Ela auxilia no processo de troca de informações. Já a
comunicação não verbal faz uso de sinais físicos que também podem ser
identificados como linguagem corporal. Segundo estudos do Project Management
Institute (PMI, 2017), existem mais de 700 mil sinais diferentes usados na
comunicação não verbal.
Segundo Chaves et al. (2010), na comunicação física, a utilização desses
sinais não verbais auxilia o emissor no processo de apresentação da informação.
Para o gerenciamento de projetos e de comunicação empresarial, a utilização
desses sinais facilita o entendimento do receptor da informação. Expressões
faciais e o uso de movimento com os braços podem complementar a comunicação

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de forma significativa; é possível transmitir mensagens que, somente com a


utilização da comunicação verbal, talvez não fossem tão bem compreendidas.
Já a comunicação paralinguística se utiliza de diferentes entonações de voz
para transmitir uma mensagem. O uso desse terceiro tipo também facilita o
entendimento do receptor quanto a situações de alegria, tristeza ou até mesmo
de urgência. Assim, o emissor da mensagem pode fazer uso das comunicações
verbal, não verbal e paralinguística para facilitar o processo de envio da
informação ao receptor.

Quadro 1 – Tipos de comunicação

Tipos Uso
Verbal Linguagem escrita ou falada
Não verbal Uso de sinais físicos
Paralinguística Entonações vocálicas

Os estilos de comunicação mais utilizados pelo emissor são o formal e o


informal. Entenda-se por comunicação formal o processo de comunicação em que
se faz uso de regras e procedimentos que são preestabelecidos, principalmente
em âmbito empresarial, em que se utiliza um determinado protocolo ou normas
de cada sociedade. Principalmente no âmbito de projetos, esse estilo de
comunicação é o mais utilizado, tanto no tipo verbal quanto no não verbal.
Já a comunicação informal é um estilo em que não se utiliza regras
determinadas. É uma comunicação um pouco mais livre que também pode ser útil
ao gerenciamento de projetos, principalmente em situações que necessitam de
maior rapidez. A utilização da comunicação informal requer um alto grau de
confiança entre os participantes da comunicação e também a completa certeza
de que esse estilo de comunicação alcançará êxito.
Existem estudos que ainda apresentam outros estilos de comunicação,
com nomenclaturas diferentes, porém, de uma forma geral, as comunicações
formal e informal são as mais comuns. Assim, a comunicação empresarial deve
se valer do entendimento do impacto de cada tipo de comunicação – verbal, não
verbal ou paralinguística –, assim como o da utilização dos estilos formal e
informal.
Para o processo de gerenciamento é importante utilizar os estilos de acordo
com a preferência do emissor e com o entendimento da equipe alocado nas
funções do projeto. O emissor pode fazer uso de todos os estilos no processo de
gerenciamento de projetos. O uso de cada um deve se valer da capacidade de

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entendimento do receptor, assim como do cenário em que o processo de


comunicação ocorre.

TEMA 4 – BARREIRAS DA COMUNICAÇÃO

No processo de desenvolvimento da comunicação em projetos, um tópico


se torna muito importante por sua ação decisiva no processamento da informação
por parte do receptor: as barreiras da comunicação, que agem de maneira
decisiva nos encaminhamentos do projeto. Existem grandes quantias de verba
destinadas a projetos, alocadas na preservação de riscos, que seriam reduzidos
de forma drástica se o processo de comunicação não recebesse significativa
influência das barreiras da comunicação (Carvalho et al., 2016).
Segundo Chaves et al. (2010, p. 23), “as barreiras da comunicação são
elementos que interferem e distorcem o processo de comunicação, dificultando ou
impedindo o correto entendimento entre emissor e receptor”. Assim, as barreiras
da comunicação causam danos a escopo, tempo, custo e qualidade, entre outros
âmbitos do gerenciamento de projetos.
Existem divergências sobre os grupos de organização das barreiras de
comunicação, porém, pode-se citar as barreiras associadas a grupos de
conhecimento, comportamental e técnicas como barreiras mais significativas.

4.1 Barreiras de conhecimento

As barreiras de comunicação ligadas ao conhecimento influenciam o


desenvolvimento do projeto, muito por conta da perspectiva do emissor. Contam
como barreiras de conhecimento, segundo Chaves et al. (2010), o despreparo na
utilização da comunicação, tanto no processo oral quanto na escrita, ou ainda a
utilização de linguagem técnica não familiarizada pelo receptor. Isso pode
evidenciar a falta de conhecimento sobre diretrizes discutidas, causando
complicações ao andamento regular do projeto.
Outro elemento também conhecido como barreira de conhecimento pode
ser evidenciado pelo excesso de informações relativas ao projeto ou à
organização empresarial, além de pelo uso de equipamentos tecnológicos não
plenamente dominados pelos atores do processo de comunicação. Segundo
Chaves et al. (2010), o gerente de projetos deve ter conhecimento de que a
comunicação realizada dentro do projeto é construída, muitas vezes, por pessoas

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de formações distintas. O corpo técnico pode utilizar-se de jargões e definições


muitas vezes desconhecidos dos administradores, por exemplo.

Crédito: ESB Professional/Shutterstock.

Assim, é de responsabilidade do gerente de projetos, ou do responsável


pelo projeto, reconhecer a importância desse cenário e tomar as precauções
apropriadas para evitar o impacto negativo das barreiras na realização do projeto.
Uma ideia que tenta dirimir essa realidade é a preocupação com o uso de uma
linguagem específica para facilitar o entendimento de cada receptor. Além dela,
há também a preocupação em evitar o uso de alguns termos muito técnicos de
cada área, com a intenção de amplificar o entendimento do que está sendo
emitido.

4.2 Barreiras comportamentais

Na perspectiva do desenvolvimento do projeto, as barreiras


comportamentais estão ligadas à desconfiança entre as partes envolvidas no
projeto. A presença de atitudes hostis ou preconceituosas, ou até mesmo da
ansiedade, da falta de interesse e da omissão intencional de informações ou fatos
importantes, está ligada a barreiras comportamentais. Também estão ligados ao
assunto o prejulgamento do emissor e a falta de atenção destinada ao assunto
(Chaves et al. 2010).
Uma das formas de mitigar a potencialização das barreiras de comunicação
ligadas ao comportamento é utilizar a linguagem face a face sempre que possível.
A escolha de uma comunicação presencial facilita o processamento da informação
muito por conta da utilização de gestual e expressões faciais. Outra possibilidade
importante, e permitida na comunicação presencial, é o uso da repetição da fala
com a utilização de outros termos.

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É claro que em alguns projetos a utilização da comunicação presencial se


torna praticamente inviável. Porém, já é possível constatar a presença de salas
de projetos em algumas organizações. Esses espaços são importantes dentro das
empresas porque reúnem toda a equipe dentro de um mesmo espaço físico com
o intuito de facilitar exclusivamente esse tipo de processo.
A utilização de uma comunicação escrita objetiva e clara também facilita o
entendimento do receptor, e é bastante utilizada no desenvolvimento de projetos.
Nessa forma escrita, é necessário haver objetividade, clareza e um bom nível de
detalhamento pertinente ao entendimento do receptor.
Uma forma de aumentar o entendimento do receptor é utilizar feedback no
processo de comunicação, pois pedir feedback para o receptor é procurar a
garantia do entendimento da informação e seu total processamento. Segundo
Chaves et al. (2010), a utilização da repetição eleva os índices de compreensão
do que está sendo discutido e garante o completo ciclo do processo de
comunicação.

4.3 Barreiras organizacionais e técnicas

As barreiras organizacionais e técnicas estão ligadas ao funcionamento da


organização ou estrutura em que o projeto está sendo desenvolvido. Segundo
Chaves et al. (2010), a estruturação organizacional excessivamente burocrática,
ou muito flexível, propicia o aumento desse tipo de barreira, assim como o excesso
de regras desnecessárias, procedimentos ou padrões que dificultam o andamento
correto do desenvolvimento do projeto.
A utilização de equipamentos de comunicação inacessíveis, inadequados
ou até mesmo já ultrapassados somam como grandes causas de barreiras e
dificultam o processo de comunicação dentro do projeto. Ainda como barreira
nesse grupo existe a cultura organizacional, que, por muitas vezes, desestimula
ou desfavorece o processo de comunicação.
A obrigatoriedade de utilização de equipamentos obsoletos, de pouca
qualidade de transmissão, com distorção de sinal, e o uso incorreto de padrões
técnicos ou o total ou parcial desconhecimento de técnica empregada são
exemplos típicos de barreiras técnicas de comunicação (Chaves et al., 2010).

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TEMA 5 – GERÊNCIA DE PROJETOS QUE SUPERAM AS BARREIRAS DA


COMUNICAÇÃO

Carvalho et al. (2016) destaca que as organizações estão buscando


tecnologias, conceitos e métodos novos em projetos para atender a uma demanda
cada vez mais exigente por melhores custo, prazo e qualidade. Assim, mais do
que entender quais são as barreiras de comunicação, é necessário estar
preparado para que sua ocorrência não reduza significativamente o
desenvolvimento do projeto.

5.1 Recomendações para superar as barreiras de comunicação

Conforme o Project Management Institute (PMI, 2017), o total êxito no


processo de gerenciamento de um projeto está altamente ligado à capacidade de
comunicação do gestor e de toda a equipe do projeto. Assim, algumas
recomendações como forma de superar essas barreiras de comunicação são
importantes. Vale salientar que não existe um manual rígido e totalmente confiável
que tenha soluções para todos os problemas com relação à comunicação em uma
organização. Isso se deve ao fato de existirem particularidades em cada empresa.
Ainda assim, nesta aula, estão elencadas ações importantes que poderão
ser de grande valia na atuação organizacional em busca da redução das barreiras
de comunicação. Segundo Chaves et al. (2010), alguns cuidados na comunicação
escrita e oral potencializam as chances de um melhor entendimento por parte do
receptor. Assim, aumentam as possibilidades de serem executadas ações de
forma otimizada para o projeto.
A ação de planejamento que visa organizar o envio de informações para
cada tipo de interessado no projeto também facilita o processo de comunicação.
Aliado a essa organização, a utilização de um estilo de redação claro e objetivo
na comunicação escrita eleva o entendimento do receptor.

Crédito: pathdoc/Shutterstock.

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A escolha de frases bem estruturadas e a adequada seleção de palavras


melhora o processo de comunicação, assim como a diminuição do uso de termos
extremamente técnicos, siglas ou até mesmo jargões fora do contexto. Observe
que na comunicação oral a utilização de alguns princípios definidos para
comunicação escrita também são importantes, como a construção de frases
adequada e ordenada, a objetividade e a clareza (Chaves et al., 2010).
Por outro lado, Alonso et al. (2013) indica que a falta de informações
técnicas detalhadas prejudica a comunicação em um projeto, assim como o
excesso ou a irrelevância das informações. O cuidado na preparação de ações
deve levar em consideração essa realidade.
É importante realizar um planejamento que contemple o envio de
informações de forma regular, mesmo em momentos de mudanças no projeto. A
falta de informação é uma barreira decisiva para o desenvolvimento das atividades
da equipe do projeto (Carvalho et al., 2016). Porém, recomenda-se cautela e
reflexão quanto ao processo e ao permanente contato com o receptor da
informação.
Em reuniões, que devem ser preparadas previamente, deve-se fazer uso
de técnicas de apresentação adequadas. Atenção com a utilização de recursos
audiovisuais apropriados e a construção do roteiro. Também considere a
importância da utilização de linguagens corporal e facial adequadas, assim como
a interação com a equipe presente durante a reunião em momentos oportunos.
Responda as perguntas e certifique-se de que está sendo compreendido; esses
pontos são importantes (Chaves et al., 2010).
Deve haver cuidado no processo de exposição de um problema ou de
atraso pertinente ao projeto. Nesses momentos, é preciso agir de forma eficiente
e assertiva a fim de que a total comunicação aconteça entre todos os
interessados. Isso reduz a possibilidade de a equipe tomar conhecimento de fatos
e ações por meios de comunicação com distorções, ou de comunicações errôneas
ou interpretações equivocadas de fatos.
Deve-se ter atenção com aspectos políticos e com a estrutura de poder
organizacional, que podem influenciar na condução de projetos. O descuido desse
aspecto pode levar ao surgimento de desentendimentos e conflitos. Para resolver
esse tipo de problema, é importante que o emissor deixe claro a existência e a
disponibilidade de um canal aberto para esclarecimento de dúvidas (Chaves et al.,
2010).

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Por fim, deve-se levar em consideração a distância física existente entre os


participantes do projeto. Por vezes pode ser difícil, ou até mesmo impossível,
realizar reuniões presenciais. Nesse cenário, a realização de um bom treinamento
com instrumentos de internet que facilitem a comunicação é extremamente
importante. Quando a comunicação se vale de tecnologias como facilitadoras do
processo, é importante que haja instrumentalização e conscientização entre os
interessados de que esse desafio pode dificultar a comunicação.

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REFERÊNCIAS

BUENO, W. C. Comunicação empresarial: teoria e pesquisa. Barueri: Manole,


2003.

CHAVES, L. E. et al. Gerenciamento da comunicação em projetos. Rio de


Janeiro: Ed. FGV, 2010.

DAVENPORT, T. H. Ecologia da informação. São Paulo: Futura, 2001.

FUKUYAM, K. D. et al. Barreiras à comunicação e suas influências no


desempenho de projeto. Revista Mundo PM, Curitiba, ano 12, n. 67, p. 10-19,
2016.

HEDLER, H. C. et al. Comunicação e compartilhamento do conhecimento entre


equipes em automação de processos. Revista Comunicologia, Brasília, v. 6, n.
2, p. 165-183, jul./dez. 2013. Disponível em:
<https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RCEUCB/article/view/5286>. Acesso em:
29 mar. 2019.

PMI – PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. A guide to the Project


Management Body of Knowledge (PMBOK® Guide). 6. ed. Newtown Square:
PMI, 2017.

ROBBINS, S. P. Comportamento organizacional. São Paulo: Prentice Hall,


1999.

SCHERMERHORN JUNIOR, J. R.; HUNT, J.G.; OSBORN, R. N. Fundamentos


de comportamento organizacional. São Paulo: Bookman, 2007.

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