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Revisão de Semicondutores
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Capı́tulo II 4
Íons Dopantes
(Fósforo)
n>p
Si N
Recozimento
Íons Dopantes
(Boro)
p>n
Si P
Recozimento
Figura II.2: Dopagem de um cristal de silı́cio através da implantação de impurezas de boro, produzindo
um material semicondutor do tipo P.
uma concentração de buracos maior que a concentração de elétrons livres (p > n), esse material é
conhecido como semicondutor do tipo P. Além disso, como as impurezas trivalentes contribuem
com buracos que podem, eventualmente, receber elétrons livres para a recombinação, essas impurezas
são conhecidas como impurezas aceitadoras.
Um semicondutor dopado é denominado extrı́nseco, em oposição ao semicondutor intrı́nseco.
Apesar de a concentração de elétrons livres ser diferente da concentração de buracos em um semi-
condutor extrı́nseco, a seguinte relação é válida:
n · p = n2i , (II.1)
Exemplo ii.1
Considere que um sólido de silı́cio puro na temperatura ambiente apresenta ni = 1010 cm−3 . Ao dopar esse
material com NA = 1015 cm−3 , quais serão, aproximadamente, as concentrações de elétrons livres e buracos
no semicondutor tipo P resultante?
Solução:
p∼ 15 −3
= NA = 10 cm .
Consequentemente, a partir de (II.1), teremos que a concentração de elétrons será dada por:
n2i
n∼
= = 105 cm−3 .
NA
II.2 - A Junção PN
Uma junção PN é formada quando temos dois materiais tipo P e tipo N em contato, conforme
mostrado na Figura II.3. Na junção PN, há uma grande concentração de elétrons livres na região
tipo N e uma pequena concentração dessas mesmas partı́culas na região tipo P. Por outro lado, há
uma grande concentração de buracos na região tipo P e uma pequena concentração dessas partı́culas
na região N. Na Figura II.3, por simplicidade, estão representados apenas os portadores majoritários
em cada uma das duas regiões da junção.
Na região tipo N, um elétron, ao deixar um átomo de impureza doadora e passar para a banda
de condução, deixa para trás um ı́on positivo na rede cristalina do material semicondutor. Tais
ı́ons representam cargas elétricas fixas na rede cristalina, pois os átomos de impureza não podem se
movimentar do mesmo modo que os elétrons livres. A carga elétrica desses ı́ons fixos é compensada
pela carga dos elétrons livres correspondentes, fazendo com que o material tipo N se mantenha
eletricamente neutro. Analogamente, na região tipo P, um elétron, ao se recombinar com o buraco
produzido por uma impureza aceitadora, produzirá um ı́on negativo fixo na rede cristalina do mate-
rial. Entretanto, as cargas elétricas desses ı́ons são compensadas pelas cargas positivas dos buracos
formados em átomos de silı́cio que perderam seus elétrons para os átomos de impurezas aceitado-
ras. Assim, o material tipo P se mantém eletricamente neutro. Os elétrons livres, os buracos e os
correspondentes ı́ons em cada material da junção PN estão representados na Figura II.3.
Devido à diferença de concentração de elétrons e buracos em ambos os lados da junção, uma
parcela dos elétrons da região N se difunde, por simples agitação térmica, através da junção até a
região P, onde estes apresentam uma concentração menor. Esse movimento de elétrons dá origem
a uma corrente elétrica denominada corrente de difusão. Analogamente, os buracos da região
P também se difundem através da junção até a região tipo N, onde estes estão em menor número.
Como os buracos são portadores de carga positiva, o movimento destes produz uma corrente corrente
de difusão da região tipo P para a região tipo N. Além disso, como os elétrons se difundem da região
tipo N para a região tipo P, o sentido da corrente de difusão produzida por eles também vai da
região tipo P para a região tipo N — sentido convencional da corrente elétrica. Dessa forma, as
correntes de difusão de elétrons e buracos se somam.
Após atravessarem a junção, os elétrons livres irão se recombinar com os buracos da região tipo
P, deixando para trás os ı́ons positivos das impurezas doadoras na região tipo N. Os buracos, por
sua vez, ao cruzarem a junção irão se recombinar com elétrons da região tipo N, deixando para
trás os ı́ons negativos das impurezas aceitadoras na região tipo P. Dessa forma, ocorre um acúmulo
de cargas positivas na região tipo N nas proximidades da junção. Assim como cargas negativas se
acumulam na região tipo P nas proximidades da junção. Esse acúmulo de cargas dá origem a um
~ conforme mostrado na Figura II.4.
campo elétrico E,
E
Semicondutor Tipo P Semicondutor Tipo N
Região de Depleção
região N. Isso faz com que a largura da região de depleção aumente. Além disso, essa largura será
tão maior quanto maior for a tensão reversa VD aplicada.
VD
E
Semicondutor Tipo P Semicondutor Tipo N
Região de Depleção
Figura II.5: Uma junção PN polarizada reversamente, mostrando o aumento da intensidade do campo
~ e o afastamento dos elétrons e buracos da junção, aumentando a largura da região de depleção.
elétrico E
Como a região de depleção praticamente não apresenta portadores livres — ou seja, funciona
como um material isolante —, uma junção PN reversamente polarizada não experimenta uma sig-
nificativa circulação de corrente. A corrente reversa que aparece em uma junção PN reversamente
polarizada é formada por portadores minoritários — elétrons livres na região P e buracos na região
N — que são impulsionados pelo campo elétrico E. ~ Como a concentração de portadores minori-
tários é muito pequena, a corrente em uma junção PN reversamente polarizada IS é da ordem de
10−14 a 10−12 A. Como tais portadores minoritários são gerados termicamente, a corrente reversa
IS aumentará com a temperatura.
onde IS é a corrente na junção com polarização reversa e φT é a tensão térmica, dada por:
kT
φT = , (II.3)
q
VD
ID
E
Semicondutor Tipo P Semicondutor Tipo N
Figura II.6: Uma junção PN polarizada diretamente, mostrando a redução da intensidade do campo
~ e a difusão de elétrons e buracos através da junção, dando origem à corrente ID .
elétrico E
avançamos além da junção, conforme mostrado na Figura II.7. As curvas representando as concen-
trações de portadores minoritários em função da distância em relação à junção são aproximadamente
simétricas — conforme mostrado na Figura II.7 — quando ambos os materiais P e N foram dopados
com a mesma concentração de átomos de impurezas.
Caso a região P, por exemplo, tenha sido dopada com uma concentração bem maior de dopantes
que a região N, a quantidade de buracos injetados na região N na condição de polarização direta será
bem maior que a quantidade de elétrons injetados na região P. Assim, o gráfico das concentrações de
portadores injetados assumirá o aspecto mostrado na Figura II.8. Nessa figura, adota-se a convenção
de que a maior concentração de dopantes é representada pelo sı́mbolo “+” ao lado da letra que indica
o tipo do material semicondutor — nesse caso exemplo, como o material tipo P é mais dopado que
o tipo N, temos P +.
De acordo com o gráfico da Figura II.8, percebemos que os buracos injetados na região N con-
seguem penetrar muito mais além da junção do que os elétrons injetados na região P. Isso ocorre
VD
ID
P Buracos N
Elétrons
Concentração de Concentração de
Elétrons na Região P Buracos na Região N
Figura II.7: Variação da concentração de portadores injetados em função da distância em cada uma das
regiões de uma junção PN diretamente polarizada. Nessa figura, assume-se que ambos os materiais da
junção foram dopados com a mesma concentração de impurezas.
VD
ID
P+ Buracos N
Elétrons
Concentração de
Buracos na Região N
Concentração de
Elétrons na Região P
Figura II.8: Variação da concentração de portadores injetados em função da distância em cada uma das
regiões de uma junção PN diretamente polarizada. Nessa figura, assume-se que o material tipo P foi
dopado com concentração de impurezas maior que o material tipo N.