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2. FUNDAMENTOS DA PUBLICIDADE
"As regras são o que o artista quebra; o memorável nunca saiu de uma fórmula".
Bill Bernbach
Neste capítulo, vamos fazer um tour de todos os aspetos e conceitos que qualquer
publicitário deve saber. Quais são as ferramentas básicas da publicidade? O que
queremos dizer com identidade visual de uma marca? Quais serviços oferece uma
agência? Neste capítulo, vamos tentar responder a todas estas perguntas para que o
aluno obtenha os recursos necessários para desenvolver a capacidade de abrir os olhos
ao cliente, como ilustra Luis Bassat em uma das suas histórias:
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"Um dia José María Usandizaga veio me visitar, um ginecologista com quem tenho uma
grande amizade. Seu filho tinha acabado de passar pelo centro cirúrgico por causa de
uma cirurgia ocular. Tudo tinha corrido bem. Mas ele estava preocupado porque a
criança ainda não conseguia abrir os olhos, por esse medo a dor tão instintivo e
humano. E era vital que os abrisse o mais rapidamente possível, para incentivar a
cicatrização.
Eu aparentei não dar qualquer importância ao assunto, e pedi-lhes para ir até a
garagem para mostrar-lhes a mountain bike que tinha acabado de comprar. “Vocês já
viram a Montesa vermelha tão bonita que comprei? É o último modelo.” Não havia
necessidade de acrescentar muito mais. Os olhos do menino José Mari abriram-se
como se fosse magia. Seu desejo de ver a moto era superior a dor que por três dias o
forçou a viver na cegueira. (...)
E eu soube que, para que o menino abrisse os olhos, não havia necessidade de pedir
ou exigir. Só tínhamos que esquecer completamente seus olhos, e seduzi-lo, convencê-
lo que ele estava na frente de uma moto realmente fantástica. Os olhos abriram-se
sozinhos, quase inadvertidamente, automaticamente, como automática é a reação das
pessoas à boa publicidade”.
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2.2. EMISSOR
Dentro do esquema clássico de comunicação, a figura do emissor corresponde ao
anunciante da mensagem. Podem ser empresas privadas, organismos públicos ou
indivíduos, desde que tenham um produto ou serviço para oferecer e que decidam
realizar uma estratégia publicitária.
No entanto, ainda que sempre estejamos falando na ideia de “vender", também
podem entrar nesta seção todas as campanhas corporativas que visam estabelecer ou
melhorar uma imagem de marca. Na mesma linha, encontramos as campanhas de
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interesse público em que o que é "vendido" é uma ideia benéfica que pode ajudar a
melhorar a sociedade.
Cada anunciante tem uma maneira diferente de realizar a sua comunicação, entre as
quais encontramos as seguintes variantes:
2.3. RECEPTOR
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▪ Atuais. São os destinatários que já utilizam o produto que uma marca anuncia.
Podemos diferenciá-los dependendo da frequência entre os habituais ou os
esporádicos. Os primeiros consomem o produto regularmente, enquanto os
esporádicos o fazem de uma forma muito espaçada e inconstante.
Definir quais consumidores queremos abordar será fundamental para estabelecer uma
estratégia de publicidade. No entanto, devemos ter em mente que um anúncio nem
sempre aponta diretamente para o seu público-alvo, mas a grupos relacionados com
um terceiro que podem necessitar tal produto, aos que conhecemos como
“prescritores”. As crianças são um bom exemplo de prescritores porque, mesmo que
possam ser usuários finais de um produto, nunca serão os encarregados de realizar a
compra. Da mesma forma que acontece com os produtos susceptíveis de serem
oferecidos como presentes, em que a mensagem pode ser dirigida para a pessoa que
vai oferecer o presente.
Também encontramos campanhas destinadas a profissionais que podem ser uma
autoridade em um determinado assunto, como os médicos e cujas recomendações
sobre os produtos podem ser vinculantes para seus pacientes.
2.4. MENSAGEM
A mensagem é a informação transmitida ao receptor, e com a qual pretende-se
persuadir sobre uma ideia ou serviço. Deve integrar todos os elementos possíveis para
seduzir o seu público e influenciar na decisão de compra.
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É interessante que cada mensagem tenha certa capacidade informativa para aumentar
a visibilidade da marca, mas que também poder de persuasão, seja através da razão
ou da emoção, provocando que um cliente responda ao anúncio com uma atitude
favorável à marca.
Uma boa mensagem é aquela que consegue captar a atenção do público, permanecer
na sua memória e que isso seja traduzido em vendas. Para conseguir isso é preciso ter
os olhos bem abertos e um monte de intuição. A publicidade não é um trabalho para
gênios incompreendidos, pelo contrário, é para os que entendem as necessidades do
público, que sejam atenciosas, criativas, empáticas e que estejam dispostas a trabalhar
com muito esforço.
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vendas. Por outro lado, se esta resposta for negativa, pode provocar uma rejeição dos
consumidores que afete à reputação do anunciante.
Como resumo, entendemos que o emissor (anunciante), transmite uma mensagem
(anúncio ou campanha) para o receptor (público-alvo), configurado a partir de um
código (imagem, som, gráficos) através de um canal (mídia) que provoca um feedback
(percepção da marca, vendas).
Como diz Ogilvy, o objetivo final da publicidade é estar a serviço do produto. Não se
trata de fazer anúncios para ganhar festivais, trata-se de obter vendas. Sendo claro
neste ponto, podemos entender que existem outros fins que também podem ser
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interessantes para uma empresa que realiza uma campanha publicitária, dependendo
das suas necessidades:
▪ Tornar conhecida uma marca. Esta tarefa é essencial quando uma empresa
inicia seus primeiros passos e deve emergir do anonimato, em concorrência
com outras marcas reconhecidas que já estão operando no mesmo setor.
Obviamente, o propósito também será vender este novo produto, mas neste
caso é fundamental ser capaz de posicionar-se no mercado até que as vendas
comecem. Na verdade, é habitual que a marca possa iniciar uma campanha
para ser conhecida até mesmo antes de começar a comercializar o produto.
Esta finalidade informativa não é aplicável exclusivamente aos produtos,
também pode ser útil para serviços, entidades ou até mesmo ideias.
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▪ Linux: vem de seu criador Linus Torvald, mudando o "X" final em homenagem
ao Unix, o sistema operacional do qual derivava.
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2.11. PACKAGING
O packaging (ou embalagem) tornou-se, ao longo dos anos, uma verdadeira forma de
arte, em que mais e mais designers e criativos se envolvem. A habilidade de criar um
recipiente atrativo pode ser decisiva para que o cliente decida comprar um produto ou
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▪ Agências internas do anunciante. Estas são as empresas que podem ter uma
agência de publicidade própria que funciona de forma independente ou pelo
menos um departamento de publicidade que é responsável pela gestão da
parte do trabalho associado à publicidade.
2.14. DEPARTAMENTOS
Vendo a variedade de tipos de agências de publicidade, não é difícil imaginar que há
uma infinidade de alternativas na estrutura ou no organograma que poderia constituir
uma agência. Nesta seção, veremos os departamentos mais importantes:
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2.15. APRESENTAÇÕES
Feitas para obter a aprovação do cliente e para vender a nossa agência ou campanha
como a mais apropriada para determinado produto. Estas apresentações, portanto,
devem conter uma boa preparação estratégica a fim de convencer o cliente.
O primeiro que o cliente deverá conhecer é a agência e a equipe envolvida no projeto.
Todas as informações pertinentes sobre a filosofia da agência, seus números, o
pessoal, os departamentos e os clientes com que trabalha, entre outros.
Em relação ao projeto de campanha, deve-se indicar o estudo que foi realizado e quais
são as conclusões. A partir disso, se propõe um ponto de partida e qual será o papel
de cada departamento para atingir os objetivos da empresa anunciante. Todos esses
dados podem estar em um dossiê que será fornecido aos participantes para que
possam acompanhar e ampliar as informações.
Naturalmente, toda esta informação deve ser "vendida" de uma forma atrativa e não
demasiado extensiva, com uma boa estrutura e recursos adicionais tais como gráficos
ou fotografias da boa qualidade. Os responsáveis pela realização da apresentação
devem ter certas habilidades a nível oratório e, se for necessário, é possível fazer um
ensaio ou demonstração prévia. Teremos que estar atentos às críticas e mostrar paixão
pelo projeto para que o cliente possa acreditar junto com a gente. Em suma, se não
podemos vender-lhes o projeto a eles, não vão acreditar que podemos vendê-lo ao seu
público.
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