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8 dicas para superar os medos durante uma crise

Marzena Wilkanowicz-Devoud | Ago 24, 2020

Ensinamentos de Santo Inácio de Loyola para atingirmos a paz, o contentamento e um senso


de propósito durante tempos difíceis

Nós vivemos em tempos estranhos. Os casos de Covid-19 aumentam e diminuem, depois aumentam
novamente. Seguir ou não as precauções médicas padrão tornou-se uma questão política. Ainda não
sabemos se nossos filhos voltarão ou não para a escola este ano. Os empregos estão sendo
transformados, eliminados e criados … Em suma, o futuro é tudo, menos certo, e pessoas em lados
opostos do espectro político estão vivendo em espaços mentais e físicos cada vez mais diferentes.

Todos nós somos bombardeados com avisos sobre “inimigos” que ameaçam nosso modo de vida,
nossos valores e o mundo que deixaremos para nossos filhos. Na verdade, é difícil ignorar as
notícias alarmantes ou se concentrar em outra coisa e não ser pego na espiral do medo.

Como podemos lidar com este momento de incerteza? Redescobrindo Santo Inácio de Loyola, autor
dos “Exercícios Espirituais”.

Com base em sua própria experiência de buscar a vontade de Deus em sua vida, o fundador da
Companhia de Jesus dá vários conselhos que são surpreendentemente aplicáveis hoje. Podemos
aprender com ele como encontrar a serenidade com esta ideia essencial: “Cada um de nós tem a
liberdade de escolher como quer viver as nossas provações diárias e todos podemos sair vitoriosos”.

1 - Obedeça a realidade

Não é fácil encontrar a atitude certa a adotar em tempos de coronavírus. A primeira coisa é aceitar a
realidade de que estamos entrando em uma “nova normalidade”, embora ainda não esteja claro
exatamente como isso será a longo prazo. A frase de Inácio de Loyola “Encontre Deus em todas as
coisas” significa encontrar paz interior e, em seguida, aceitar um estado de coisas como um novo
estado “normal”, com todas as suas consequências. Isso começa com a atenção às recomendações
de médicos e cientistas e mudança de alguns de nossos comportamentos para proteger a nós
mesmos e aos outros.

2 - Aceite o medo

É normal sentirmos medo em alguns momentos, como o que o mundo está vivendo. Mas, para
Santo Inácio de Loyola, a estratégia chave é não nos deixarmos dominar por esse sentimento. O
medo não é um bom conselheiro; rapidamente se torna paralisante e nunca leva a uma boa tomada
de decisão. O que precisamos fazer é reconhecer o medo, depois superá-lo e agir da maneira mais
prudente. Nossos medos podem ser bem fundados, e o que tememos pode se tornar realidade, mas
nossa vida diária é feita de superação de obstáculos. A vida não pode consistir em evitar o perigo a
todo custo.

3 - Fazer o discernimento com Deus

A palavra “crise” vem do grego krisis (κρίσις). Significa a necessidade de fazer uma escolha. Claro,
a vida é uma série de situações que exigem discernimento, muitas vezes diante da incerteza. Para
Santo Inácio de Loyola, porém, a incerteza não é um problema. Pelo contrário, é uma oportunidade
de ouvir a vontade de Deus, mesmo quando não é o que normalmente escolheríamos. Santo Inácio
usava a expressão “agere contra”, isto é, “ir contra” ou fazer o contrário do que se faria
espontaneamente. Discernir é aconselhar-se, dar-se tempo, ter paciência e sobretudo manter-se
ligado a Deus para o ouvir.

4 - Focar no que está ao seu alcance

Santo Inácio de Loyola é muito claro: é essencial nos concentrarmos apenas no que podemos fazer
em um determinado momento. Em vez de nos isolarmos em preocupações, uma crise nos permite
aproveitar a oportunidade de fazer o que somos levados a realizar da melhor maneira. A crise é a
hora de despertar todos os talentos adormecidos dentro de nós e fazê-los dar frutos. Para isso, Santo
Inácio de Loyola nos aconselha a reservar um momento no fim do dia para relembrarmos todos os
acontecimentos das últimas 24 horas e identificarmos aqueles que foram positivos e criativos. Essa
é a melhor maneira de acumular um tesouro – o tesouro de nossas boas ações – e continuar nessa
direção.

5 - Colocar-se na presença de Deus

A oração é uma forma de se conectar com Deus. É uma conversa franca entre dois amigos, que
aborda o significado de nossas vidas. Para Santo Inácio de Loyola, o segredo é nos apresentarmos a
Ele tal como somos, com todas as nossas preocupações, todas as nossas fraquezas e todos os nossos
medos. Isso significa abrir mão de todo o controle. É difícil pedir ajuda quando uma existência
individualista e solitária é cada vez mais a norma entre os estilos de vida contemporâneos. Este
momento de incerteza, no entanto, é uma oportunidade de compreender que todos nós estamos em
busca de uma verdadeira comunidade onde a entrega e o acolhimento dos outros são essenciais.

6 - Avance passo a passo

Santo Inácio de Loyola recomenda que mantenhamos os olhos fixos no nosso caminho, um passo
de cada vez, avançando com determinação. Em tempos de crise, o risco é perder de vista o que é
importante, desviando nossos olhos de nossos objetivos e colocando-os em direção a medos,
distrações e obstáculos. Mas para avançar realmente, agora como sempre, devemos manter uma
vida equilibrada e estar atentos ao nosso bem-estar físico e mental. Em termos concretos, isso
significa garantir uma boa alimentação, fazer exercícios físicos, manter-se conectado com os outros,
não se isolar.

7 - Trabalhar os pontos fracos

A atual crise econômica e de saúde está causando o medo da perda de controle, o que pode levar a
um comportamento de pânico. Uma regra inaciana diante desse tipo de situação é trabalhar os
pontos fracos e combatê-los. Isso é o que fortalecerá a autoconfiança e, consequentemente, o
controle de suas fraquezas. As técnicas psicológicas podem ser úteis para lidar com eles e, claro,
uma oração centrada neste ponto ajuda imensamente por trazer a graça de Deus.

8 - Olhar para a luz

Como podemos nos deixar ser guiados pela luz quando estamos sob a pressão de pensamentos
negativos? Santo Inácio de Loyola nos aconselha a ter em mente a dinâmica da Cruz. É em
momentos de escuridão e abandono aparente que Deus está trabalhando da maneira mais poderosa.
A luz e a alegria da Ressurreição sempre seguem as trevas e a angústia da Cruz. Desta forma, uma
crise abre novas oportunidades para estar mais atento aos outros, para mostrar mais solidariedade e
para estar em contato com o próximo, especialmente os idosos ou vulneráveis.
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