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Resenha: FEYERABEND, P. Contra o Método. Trad. MORTARI, C.A. São Paulo.

Ed. UNESP. 2011 [p.17-57]. FEYERABEND, P. Adeus à Razão. Trad.


JOSCELYNE, V. São Paulo. Ed. UNESP. 2010 [p.155-171]

Paul Feyerabend dedica este livro a Imre Lakatos, cujo qual estava ajudando-o a
escrever, mas faleceu antes do termino. Paul foi influenciado por Popper, foi orientando
dele, porém em grande parte de sua obra ele o crítica, julgando-o como racionalista.
Nesta obra ele efetua poucos elogios a avaliação das metodologias normativas e
segundo a sua epistemologia não existe um método cientifico universal, para ele a
ciência é uma empresa anarquista que rejeita a existência de regras universais e defende
a violação dessas regras, afirmando que o progresso da ciência se dá justamente ao se
violar as regras impostas. Para ele a única regra era violação de todas as regras. A sua
epistemologia afirma que nenhuma teoria interessante pode ser consistente com todos os
fatos. Um dos termos mais usados na obra é o anarquismo epistemológico, onde ele
considera que um anarquista é aquele que se opõe a um princípio único, absoluto, de
ordem imutável, não aquele se que se opõe a toda e qualquer organização. Ele crítica a
visão de Popper, ao se tratar de “método”. O cientista recorre ao pensamento social e a
filosofia não analítica como fonte de inspiração para fundamentar uma visão
metodológica a mais informal possível do procedimento cientifico. Por conta disso ele
nega tanto o indutivismo quanto o falsificacionismo. Ele enuncia na obra o princípio da
proliferação: mostra que os avanços do conhecimento não foram apreendidos pelas
metodologias normativas, utilizando-se constantemente do recurso de contrastar os
princípios, doutrinas e regras de método aceitos explicitamente com os procedimentos
substantivos das ciências registradas por sua história. Os argumentos centrais de sua
teoria então são que os eventos, os procedimentos e os resultados que constituem as
ciências não tem uma estrutura comum; nem toda a descoberta pode ser explicada da
mesma maneira e a pesquisa bem-sucedida não obedece a padrões gerais, depende em
um certo momento de um certo truque e em outro momento, de outro. Outro conceito
citado em sua obra é o “Tudo Vale” ou pluralismo metodológico: a ideia de um método
estático ou de uma teoria estática de racionalidade funda-se em uma concepção
demasiado ingênua do homem e de sua circunstancia social. Outro conceito citado é a
Incomensurabilidade, onde ele diz que o realismo é desejável porque requer a
proliferação de novas e incomparáveis teorias. Quer dizer, os princípios constitutivos de
uma teoria, em sua interpretação realista, podem ser violados ou "suspensos" por outra
teoria. Consequentemente, teorias nem sempre podem ser comparadas em termos de seu
conteúdo, como quereriam os racionalistas. Para ele o progresso cientifico se dá através
do pluralismo teórico: uma competição entre teorias,i.e., teorias sendo testadas umas
contra outras, projetando a ideia de Kuhn, sobre o período pré-paradigmático, mas
usando a ideia da incomensurabilidade: depende de como são interpretadas as teorias.
No livro Adeus a razão, Feyerabend reúne ensaios publicados em épocas diferentes e
com estilos diferentes. Apesar de reformulados continuam a manifestar a
heterogeneidade da sua proveniência. No ensaio da Criatividade (153-169) Feyerabend
julga andar muito afastada da compreensão mais corrente da ciência e da própria arte.
Quando aparece, neste contexto, é de uma maneira que ele considera de todo
inadequada: como uma espécie de dom divino reservado a uma minoria de indivíduos.
Inadequada porque, entre outras coisas, mascara a dimensão social e comunitária do
saber podendo conduzir, se incontrolada, a graves problemas de consequências
imprevisíveis para grupos, comunidades e para a própria espécie.
Questões
1- Como o Anarquismo metodológico é utilizado?
2- Como fica, então, essa “anarquia” sob a forma de pluralismo metodológico,
quando aplicada à prática científica, na interpretação Feyerabendiana?

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