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1 Introdução
Qual a origem do conhecimento? Como se dá a relação entre sujeito e
objeto? Qual a extensão do conhecimento?
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FEITOSA, Maria da Conceição Alves e BARBOSA, Maria José - Verdade e Multiplicidade de
Métodos em Bachelard, In: Imaginando Erros, Fortaleza, Programa Editorial Casa José de Alencar, 1997
Este capítulo tem por objetivo apresentar algumas reflexões sobre o
pensamento de Bachelard. Antes, porém, sintetizaremos o contexto histórico em
que Bachelard viveu e como, ao se opor ao positivismo, delineou as principais
vertentes do seu pensamento.
A diversidade marcou a vida de Gaston Bachelard. Trabalhou nos Correios
enquanto era estudante de matemática e pretendia formar-se engenheiro. Depois
de lutar na Segunda Guerra Mundial, iniciou carreira no magistério ensinando
química e física no curso secundário e, posteriormente, história e filosofia na
universidade.
No período histórico em que viveu, seu trabalho era quase solitário, visto
que desenvolvia uma filosofia histórica quando se destacavam concepções
antimetafísicas e o enfoque histórico (neopositivismo vienense e o
operacionalismo norte-americano).
b) todo e qualquer outro tipo de juízo deve ser abandonado como sendo
teológico ou filosófico;
c) a função das ciências experimentais não é a de explicar os fenômenos,
mas a de prevê-los para dominá-los; o que importa não é saber o porquê, mas o
como das ciências.
2 Racionalismo Aplicado
O método não pode ser um resumo dos hábitos ga-nhos ao longo da prática
de uma ciência, pois é uma estratégia usada na aquisição do saber. Se não
houver uma renovação no objeto, o método, por melhor que seja, termina por
perder sua fecundidade. Quando a ciência moderna propõe novo método,
compreende-se que um outro foi considerado desgastado. Sempre que um
método passa por uma crise, é reorganizado.
A multiplicação dos métodos, seja qual for o nível em que operem, não
poderá prejudicar a unidade da ciência. Uma modificação nas bases da ciência
não a leva à destruição; pelo contrário, serve para elevá-Ia.
a) Primado teórico do erro. Quanto mais profundo for o erro, mais clara será
a idéia. É preciso errar para se atingir um fim, pois a verdade só adquire seu
sentido ao término de uma polêmica. O reconhecimento e valorização do erro e do
ultrapassado é caminho indispensável para a história da verdade. A ciência
desenvolve- se a partir da descoberta de vários erros. Quanto mais complexo for o
erro, mais rica será a experiência.
Popper propõe uma conduta científica que traça uma linha de demarcação
nítida entre as verdadeiras ciências, constituídas de conjecturas ousadas
submetidas à refutação eventual dos fatos, e as falsas ciências, infalsificáveis, que
são doutrinas que, por pretenderem ter atingido a verdade, não aceitam ser um dia
falsificáveis, refutadas pela experiência (6:p.71).
Popper, por sua vez, afirma que a ciência nos fornece apenas
conhecimentos provisórios, pois está em constante modificação, e assim não há
verdade final toda teoria nova é valiosa, contudo, só será frutífera na medida em
que suscitar novos problemas. Além disso, uma teoria pode ser mais verdadeira
que a outra, sem que jamais se possa afirmar ter-se contemplado a verdade que
finalmente desvendou, pois a hipótese mais próxima da verdade é,
freqüentemente, a menos provável, a mais audaciosa, a menos verossímil para o
senso comum. Com Popper, a ciência volta a ser uma aventura intelectual que
coloca problemas metafísicos incessantemente novos, ao mesmo tempo que
permanece submetida ao controle da experiência.
Não se deve concluir que esta seja apenas mais uma teoria, e sim uma
contribuição ao desenvolvimento do pensamento filosófico. Marca o seu
rompimento com as posições filosóficas dos séculos passados. Oferece nova
visão sobre o fato científico, vez que apresenta o novo caráter do espírito científico
como dialético e aberto a novidades.
6 Referências Bibliográficas