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Márcia Elias Ferreira

Direito Processual Civil Executivo e Recursos


Aula Teórica Dr. Maria João Monteiro
Dia 28.09.21

Importante ter acesso ao programa

Primeiro vamos falar sobre recursos.

Referências legais: Artigo 627º e seguintes

Vamos falar do seguinte:

Decisões judiciais- o que está determinado no artigo 152º CPC


Decisões judiciais- sentença judicial e o despacho saneador de
sentença- 595º CPC, 607º a 612º CPC
Tipos de espécies de recursos (dentro dos recursos ordinários, os
recursos de apelação- 644º a 670º e os recursos de revista- 671º a
687º), recursos extraordinários- 688º a 695º, 696º a 702º CPC.

Decisões judicias:
- Sentença
- Despacho (qualquer despacho que não seja irrecorrível)

Eu posso ter, durante todo o processo, imensos despachos (que


são proferidos). Estes podem ser sindicados- postos em causa.
Depois vamos verificar que nem todas as decisões são recorríveis-
não inconstitucional.

Recurso:
O recurso é o principal instrumento de impugnação das decisões
judiciais. Há outros- reclamação, ex. O recurso impõe a
reapreciação, a revogação, a modificação ou a confirmação de
uma decisão de um tribunal diferente daquele que proferiu a
decisão da qual eu não concordo- tribunal de categoria superior.
Na reclamação, nós temos um pedido com determinados
fundamentos e temos a possibilidade de ir ao mesmo juiz que deu
aquela decisão e pedir que este reveja a sua decisão, pedindo a sua
modificação.
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Nota: Temos que recuperar a matéria de organização judiciária


acerca dos tribunais e das comarcas.

Nota:

A linguagem que nós utilizamos vai ser quase sempre reportada à


sentença por facilidade de discurso e porque a legislação assim o
refere expressamente, mas temos um artigo no código que diz que
em tudo aquilo que é possível se equipara a sentença a despacho-
em tudo aquilo que é pertinente processualmente, onde se lê
sentença nós podemos estar a ler despacho, porque é decisão, ora,
tanto é uma decisão na sentença como no despacho.
Portanto, o regime dos artigos 614º, 615º e 616º CPC, tanto serve
para apreciarmos o que fazer relativamente a uma sentença, como
a um despacho, desde que ele seja a representação de um dos
exemplos que estão previstos na hipótese daquela norma como
sendo fundamento para utilizar o esquema que lá está- eu não
reclamo porque me dá na cabeça- eu tenho que reclamar dentro
daquilo que são as regras que estão lá. Agora, se é de uma
sentença ou se é de um despacho proferida algures no meio do
processo, essa questão tanto serve para uma das linguagens como
para a outra.

A reclamação e a reforma da sentença funcionam autonomamente


quando não é admissível recurso da decisão, porque se for
admissível recurso da decisão obrigatoriamente eu tenho que
direcionar todas as razões que eu tenha para as reformas ou para
as nulidades de sentença que queira invocar para o recurso que eu
vou interpor.
Ex: vamos imaginar que eu tenho uma decisão qualquer (seja um
despacho, seja uma sentença) - que abstratamente seja recorrível-
e tem queixas quanto à decisão sobre: o juiz conheceu além do
pedido, o juiz não condenou corretamente nas custas as partes em
função daquilo que foi o decaimento que a condenação obrigou,
eu também não concordo quanto aos factos que o juiz deu como
provado na sentença e finalmente aplicou o direito erradamente
porque não estaríamos perante uma situação contratual. Eu tenho
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aqui 4 argumentos e discordo deles. Tem que se ter a cabeça


muito organizada nos recursos.
Há nulidades? Se sim, quais?
Há pedidos de reforma? Se sim, quais?
Há impugnação à matéria de facto? Se sim, quais?
Concordo com o enquadramento que o juiz deu aos factos
provados e não provados ao nível da apresentação do direito? Vou
colocar em causa
Etc

Quais são os pressupostos para recorrer?

1º- eu tenho que decair de alguma forma da decisão. Não posso


apenas discordar.

Se eu não puder recorrer, é que eu posso autonomamente utilizar


os regimes do 615º, 616º CPC.
Se eu não puder recorrer abstratamente da decisão, mas tiver
fundamentos para pedir a anulação do julgamento para pedir uma
nulidade da sentença eu não tenho o mesmo prazo que teria para
recorrer para invocar estes vícios.

Não confundir a reclamação com a reclamação de despacho- 643º


CPC. A reclamação de despacho não admite a interposição de
recurso.

Os juízes falam através de despachos. As partes falam através de


requerimentos

A quem é que é normal ou natural que se dirija um requerimento


de interposição de recurso?

Vai entrar num tribunal. Eu dirijo ao tribunal de 1º instância que


proferiu a dita decisão a minha intenção de querer recorrer. É
também aquele que vai admitir ou rejeitar o meu requerimento de
interposição de recurso.
Tenho que anexar aí, junto, naquele momento, as alegações, os
fundamentos que eu tenha.
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Nota: 641º- ter em atenção que aqui chamam-se reclamações- são


para os tribunais superiores.

A possibilidade de interposição de recurso, constitui uma


faculdade processual que se integra no direito constitucional à
tutela jurisdicional efetiva, consagrado no artigo 20º, nº 5, da
CRP.

O que é que um recurso pressupõe?

- Tem de ser proferido por decisão judicial;


- Essa decisão judicial tem que ser desfavorável a alguma das
partes;
- Que a parte à qual foi proferida a decisão desfavorável tem
que não se conformar com ela;
- Que exista um tribunal hierarquicamente superior para alterar
a decisão.

Distinção entre as nulidades processuais e as nulidades de


julgamento: São figuras importantes
186º e seguintes do CPC

Têm que ser sindicadas no momento certo. Há doutrina que


diverge neste aspeto:
Vamos supor que tinha que ter sido marcada uma audiência
prévia. A seguir à primeira notificação após a omissão deste ato,
eu não deveria invocar a nulidade da falta da prática de um ato
obrigatório? Parece que sim- prazo geral, 10 dias- eu deveria ter
invocado.
Eu não reclamo desta nulidade- eu terei que invocar a nulidade
nessa altura ou posso esperar pelo fim da decisão?
Uma coisa são as nulidades previstas no artigo 600 e qualquer
coisa. Outra coisa são as nulidades processuais.

627º e seguintes do CPC


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Artigo 613º- muito importante

Vamos supor: nos vários momentos que há para a indicação da


prova, eu requeri uma peritagem a uma máquina, para demonstrar
que ela está avariada. Aquilo é demasiadamente técnico,
realmente não vou conseguir fazer prova, documentalmente não
tenho prova e só conseguirei fazer a prova se for feita uma
peritagem à máquina. Eu faco um requerimento na audiência
prévia a pedir prova pericial e o juiz indefere. E eu penso: que
mau. Mas quando chegar ao fim, logo vejo qual vai ser a decisão.
Se de facto eu não puder esperar pelo final, já nunca mais vou
poder pedir a peritagem.

Espécies de recursos:
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O critério diferenciador é simples:


Os recursos extraordinários são aqueles que são interpostos de
uma decisão transitada em julgado;
Os recursos ordinários pressupõem que a decisão recorrida ainda
não transitou em julgado.

A noção de trânsito em julgado encontra-se expressa no artigo


628º CPC: “A decisão considera-se transitada em julgado logo
que não seja suscetível de recurso ordinário ou de reclamação”.

Há 3 palavras-chave quando falamos em recursos:


- Anular;
-Revogar;
-Modificar.

Quando estamos a falar na distinção entre o recurso de apelação e


o recurso de revista temos como critério a distinção entre
patamares hierárquicos. Eu chamo recurso de apelação aos
recursos interpostos das decisões proferidas em 1º instância para a
2º.
Eu chamo recurso de revista aos recursos interpostos das decisões
proferidas em 2º instância para a 3º instância (Supremo Tribunal
de Justiça).
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O quê que o juiz pode conhecer da relação oficiosamente?


- Inconstitucionalidade de normas
- Nulidade de contrato
- Figura do abuso de direito
- Caducidade em matéria de direito

Todavia, independentemente de ser de conhecimento oficioso,


devemos colocar nos nossos recursos ou nas nossas reclamações.

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