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Imagem revela células de cérebro humano morrendo por ação

do Sars-CoV-2
Usando tecido cerebral de ratos e humanos, pesquisadores da Universidade
Yale, nos Estados Unidos, concluíram que o Sars-CoV-2 pode infectar
diretamente o sistema nervoso central. Em artigo publicado nesta terça-feira
(12) no Journal of Experimental Medicine, os cientistas apontam que
começaram a desvendar alguns dos efeitos do vírus nas células cerebrais, o
que pode ajudar no desenvolvimento de tratamentos para os vários sintomas
neurológicos associados à Covid-19.

As manifestações do novo coronavírus no sistema nervoso central podem se


dar de várias formas: perda de olfato e paladar, dor de cabeça, delirium,
derrame e hemorragia cerebral são algumas delas. “Compreender a extensão
total da invasão viral é crucial para tratar os pacientes, à medida que
começamos a tentar descobrir as consequências de longo prazo da Covid-19,
muitas das quais podem envolver o sistema nervoso central”, disse Akiko
Iwasaki, coautor do estudo, em declaração.
Os estudiosos analisaram a capacidade do Sars-CoV-2 de invadir organoides
do cérebro humano, que são órgãos 3D em miniatura cultivados em
laboratórios de células-tronco humanas. As observações revelaram que o
vírus foi capaz de infectar neurônios e usar a "maquinaria" da célula neuronal
para se replicar nesses modelos. Segundo as análises, ele faz isso ao
aumentar o metabolismo das células infectadas, enquanto os neurônios
vizinhos não contaminados morrem à medida que seu suprimento de oxigênio
é reduzido.
“Nosso estudo demonstra claramente que os neurônios podem se tornar alvos
da infecção por Sars-CoV-2 com consequências devastadoras de isquemia
localizada no cérebro e morte celular”, pontuou a coautora Kaya Bilguvar.
“Nossos resultados sugerem que os sintomas neurológicos associados
à Covid-19 podem estar relacionados a essas consequências e podem ajudar
a orientar abordagens racionais para o tratamento de pacientes com Covid-19
com distúrbios neuronais."
O novo coronavírus entra nas células do pulmão ligando-se a uma proteína
chamada ACE2, presente em células de várias partes do corpo. Embora ainda
não se saiba se ela está presente também nas células cerebrais, os cientistas
de Yale consideraram que ela é produzida pelos neurônios e viram que seu
bloqueio impediu o vírus de infectar os organoides do cérebro humano.
Nos testes com animais, porém, o microrganismo foi capaz de infectar o
cérebro dos camundongos geneticamente modificados para produzir
a ACE2 humana, causando alterações dramáticas nos vasos sanguíneos
cerebrais, fenômeno que poderia interromper o suprimento de oxigênio do
órgão. Além disso, os cientistas notaram que a infecção do sistema nervoso
central foi muito mais letal nos camundongos do que as infecções limitadas
ao pulmão.
Os pesquisadores analisaram ainda os cérebros de três pacientes que
morreram por Covid-19. O Sars-CoV-2 foi detectado nos neurônios corticais de
um deles, e as regiões do cérebro infectadas apresentaram infartos
isquêmicos, nos quais a diminuição do suprimento de sangue causa danos ao
tecido e morte celular. Microinfartos foram detectados na autópsia cerebral de
todos os corpos.
“Estudos futuros serão necessários para investigar o que pode predispor
alguns pacientes a infecções do sistema nervoso central, determinar a rota de
invasão do Sars-CoV-2 no cérebro e a sequência de infecção em diferentes
tipos de células no sistema nervoso central, o que ajudará a validar a relação
temporal entre o novo coronavírus e infartos isquêmicos em pacientes”,
observou Iwasaki.’’

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