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Cidadão SP /governosp
“Uma série de trabalhos tem mostrado que essas moléculas que promovem doenças
autoimunes sistêmicas, conhecidas como autoanticorpos, também aparecem na COVID-19.
Nós encontramos aqueles associados com pessoas saudáveis e outros cujos níveis
aumentam com a gravidade do quadro clínico da COVID-19. Foi possível detectar, por
exemplo, autoanticorpos contra duas moléculas com níveis aumentados dias antes do
paciente precisar de oxigênio. Com isso, esperamos poder prevenir o agravamento dos
casos”, explica Otávio Cabral Marques, pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas da
Universidade de São Paulo (ICB-USP) e primeiro autor do artigo.
Potencial terapêutico
Dentre esses autoanticorpos com maior relação com a gravidade dos casos, os
pesquisadores chamam a atenção para a presença do anticorpo contra o receptor conhecido
como STAB1. Com função de “lixeiro”, o STAB1 elimina restos de células e outras sobras de
danos a tecidos. “Não sabemos ainda a função desse receptor no contexto da COVID-19. No
entanto, uma vez que ele tem diversas funções relacionadas à homeostase [equilíbrio]
tecidual e resolução de inflamação, acreditamos que possa ser relevante para indicar a
gravidade da doença”, diz Marques.
Além de trazer mais evidências sobre como a COVID-19 pode evoluir para uma doença
autoimune sistêmica, os pesquisadores apontam caminhos para terapias capazes de
bloquear a ação desses autoanticorpos. Medicamentos inibidores da ACE2 e da AT1R, por
exemplo, têm sido testados em casos graves de COVID-19. No entanto, ainda sem sucesso.
O trabalho tem ainda entre os autores brasileiros Paula Paccielli Freire, que realiza pós-
doutorado no ICB-USP com bolsa da Fundação; além de Desirée Rodrigues
Plaça (20/11710-2), Gabriela Crispim Baiocchi (20/07972-1) e Dennyson Leandro Mathias
da Fonseca (20/16246-2), todos com bolsa FAPESP de doutorado direto.