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https://novaescola.org.br/conteudo/20454/bncc-e-educacao-financeira-no-
fundamental-1
Prática pedagógica
O que a expressão Educação Financeira lembra a você? É possível que pense em dinheiro, cálculos de
juros, investimentos, porcentagens, lucros, capital e outros jargões econômicos. Se esse é o seu caso,
vou fazer outra pergunta: quando você soube que deveria ensiná-la em sala de aula fez essa mesma
relação?
A proposta trazida pela Base Nacional Comum Curricular é diferente. Ela sugere “um estudo
interdisciplinar envolvendo as dimensões culturais, sociais, políticas e psicológicas, além da
econômica, sobre as questões do consumo, trabalho e dinheiro”. Ela visa mostrar como os conceitos
da Matemática financeira se dão na prática e desenvolver competências que serão fundamentais
para os alunos no futuro.
A partir da perspectiva da BNCC, você deve estar se preguntando o que é essa Educação Financeira.
Podemos defini-la como um tema contemporâneo ligado à formação de comportamentos em relação
às finanças, ou seja, ajudar os estudantes a desenvolver a capacidade de planejar boas decisões
financeiras desde cedo. Ela está inserida dentro de um contexto mais amplo, que é a Educação
Econômica – a qual estuda os recursos econômicos que temos disponíveis como forma de refletir e
criar hábitos de consumo mais sustentáveis.
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Dentro dessa perspectiva, o dinheiro é apenas um dos aspectos a serem trabalhados. A Educação
Financeira também favorece o desenvolvimento de competências socioemocionais tais como o
autoconhecimento, protagonismo, colaboração, entre outras. Por isso, o professor deve pensar em
formas de criar espaços para que o aluno conheça suas emoções, seus desejos, suas necessidades
reais, seus sonhos e possa se planejar, consumir conscientemente e tomar boas decisões econômicas.
Por que isso é importante? Na sociedade consumista em que vivemos é preciso nos posicionar frente
ao dinheiro e repensar a forma como gastamos. Desde cedo os pequenos são bombardeados com
propagandas de brinquedos, jogos, roupas, materiais escolares, entre outros. Por isso, é importante
ajudá-los a refletir e desenvolver um pensamento crítico sobre o que elas precisam e aquilo que
desejam.
Enquanto educadores também precisamos refletir sobre nossa relação com o dinheiro e nossos
hábitos de consumo. Somos consumistas ou gastamos de forma consciente? Estamos preparados
para trabalhar Educação Financeira com nossos alunos a partir da ótica proposta pela BNCC?
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Para pensar sobre esses e outros questionamentos, é necessário que as equipes gestoras e
professores garantam momentos de estudo nos encontros formativos. Para começar, devem mapear
o que cada pessoa pensa sobre este tema, o que conhecem sobre ele e o que ainda precisam
conhecer para que seja dado o pontapé inicial com os alunos.
A temática não está conectada exclusivamente à Matemática. Pelo contrário, ela é um tema
transversal que pode ser trabalhado em todos os componentes. Isto é, o aluno vai aprender a fazer
cálculos de porcentagem e juros, e como ler e interpretar boletos e faturas, mas também vai estudar
a história do dinheiro, as relações econômicas entre os países, a evolução do consumo ao longo do
tempo, compreender o consumismo, seus desdobramentos na sociedade atual. Esses e outros
assuntos, ajudarão o aluno a refletir sobre suas escolhas, autorregular-se e planejar sua vida de forma
a adquirir conhecimentos que permitam melhorar a sua qualidade de vida e saúde financeira.
A aprendizagem baseada em projetos pode ser uma boa metodologia para ser levada em
consideração, pois ela permite um planejamento interdisciplinar sobre o assunto utilizando situações
do cotidiano das crianças e seus familiares. Por exemplo, é possível criar um projeto com a turma para
investigar, durante o ensino remoto, o que é mais vantajoso: um pacote de assinatura de dados ou
colocar semanalmente crédito no celular. Pode ser a oportunidade para que se reflita sobre a melhor
forma de consumir diante de uma necessidade real. No final, a partir das descobertas, eles podem
criar uma forma de compartilhar as repostas com as demais turmas.
Colocar a Educação Financeira em prática vai implicar rever estratégias e conceitos para que a sala de
aula se transforme num espaço de discussão, no qual todos possam se posicionar e que a
aprendizagem aconteça de fato.
Os resultados serão a longo prazo. Você já havia pensado sobre o tema? Já está colocando em prática?
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Selene
Selene Coletti é professora há 40 anos na rede pública. Atuou na Educação Infantil e foi alfabetizadora
por 10 anos, lecionando do 1º ao 5º ano. Em 2016, foi uma das ganhadoras do Prêmio Educador Nota
10, da Fundação Victor Civita, com o projeto “Mapas do Tesouro que são um tesouro”, na área de
Matemática. Foi diretora de escola e recebeu, em 2004, o Prêmio “Gestão para o Sucesso Escolar”, do
Instituto Protagonistes/Fundação Lemann. Atuou como coordenadora do Núcleo de Formação
Continuada e também como formadora da Educação Infantil na Prefeitura de Itatiba (SP). Atualmente
é vice-diretora da EMEB Philomena Zupardo, em Itatiba.