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Direito Constitucional – Aula 5

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
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SUMÁRIO

CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................................... 3


1. ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO ............................................................. 3
1.1. CONCEITO DE ESTADO .................................................................................. 3
1.2. ELEMENTOS DO ESTADO .............................................................................. 3
1.3.1. ESTADO SIMPLES/UNITÁRIO ................................................................ 4
1.3.2. ESTADO COMPOSTO ........................................................................... 4
1.3.3. CONFEDERAÇÃO ................................................................................... 5
1.3.4. FEDERAÇÃO .......................................................................................... 5
1.4. FEDERAÇÃO BRASILEIRA .............................................................................. 5
1.4.1. CARACTERÍSTICAS DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA ...................................... 7
1.5. FEDERALISMO DE COOPERAÇÃO .................................................................. 9
1.6. CRIAÇÃO, FUSÃO, INCORPORAÇÃO E DESMEMBRAMENTO MUNICIPAL ........ 9
1.7. FUSÃO, DESMEMBRAMENTO E INCORPORAÇÃO DE ESTADOS .................... 10
1.8. TERRITÓRIOS FEDERAIS .............................................................................. 11
1.9. DISTRITO FEDERAL ..................................................................................... 12
1.10. INTERVENÇÃO FEDERAL ........................................................................... 14
1.11. COMPETÊNCIAS DOS ENTES FEDERATIVOS ................................................ 19
1.11.1. COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA EXCLUSIVA E COMPETÊNCIA
LEGISLATIVA PRIVATIVA ........................................................................................... 19
1. 11.2. OUTROS TEMAS ............................................................................... 27
1.11.3. COMPETÊNCIA COMUM ..................................................................... 28
1.11.4. COMPETÊNCIA CONCORRENTE........................................................... 29

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O professor inicia explicando que nesta aula serão trabalhados os temas


“Organização do Estado Brasileiro (ou da Federação Brasileira)” e, em seguida, os Poderes
Legislativo, Executivo e Judiciário com foco nas questões com mais chance de serem
cobradas no concurso.

1. ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO

1.1. CONCEITO DE ESTADO

Explica-se que, nas questões mais teóricas, a abordagem será mais sucinta para que
se foque na organização da Federação Brasileira.

De forma bastante sintética, a palavra “Estado” pode ter vários sentidos. Em sentido
amplo, lato sensu, Estado é sinônimo de um país soberano; ou, segundo, Hans Kelsen, um
sinônimo de ordenamento jurídico.

Com letra minúscula, estado refere-se a um estado da federação. Portanto, na


expressão: “O Estado Brasileiro enfrenta uma crise econômica nos estados da federação”. A
primeira expressão terá letra maiúscula e a segunda minúscula. No entanto, se a expressão
for: “O Estado de São Paulo...”, esta também será apresenta com letra maiúscula (pois
refere-se ao nome próprio).

1.2. ELEMENTOS DO ESTADO

Na Teoria do Estado, é muito comum que se trate dos elementos do estado. Pelo
menos, em relação a 3 (três) elementos, há uma convergência doutrinária: povo, território e
soberania. Soberania compreendida como autodeterminação no plano interno e
reconhecimento no plano internacional.

Eventualmente, outros doutrinadores podem trazer mais elementos que os 3 (três)


primeiros. Kelsen, por exemplo, traz tempo e competência, enquanto Bobbio traz finalidade,
mas, em geral, povo, território e soberania são essenciais.

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O professor explica que irá “pular” as controvérsias sobre esses elementos para
entrar mais objetivamente nas questões com mais chance de cair.

1.3. FORMA DE ESTADO

Quando se trabalha com o texto constitucional algumas nomenclaturas acabam


sendo confundidas, como forma de estado, forma de governo, sistema de governo. Parece
que foram expressões pensadas para confundir, mas não é o caso.

Forma de Governo refere-se a República ou Monarquia. A nossa forma de governo é


republicana, em virtude do plebiscito de 1993, conforme os artigos iniciais do ADCT.

O Sistema de Governo é algo que descreve a relação entre o poder executivo e o


legislativo, e pode ser presidencialista, como é o nosso caso também em virtude do citado
plebiscito, ou parlamentarista, que não foi adotado.

O que se quer trabalhar aqui é a forma de Estado, que é a Federação. Este é um


conceito que descreve um maior ou menor grau de descentralização político-administrativa
de um Estado Soberano.

1.3.1. ESTADO SIMPLES/UNITÁRIO

Fala-se em Estado Simples/Unitário, aquele em que há apenas uma pessoa jurídica.


Até pode haver certa descentralização administrativa, mas não reconhece a existência de
pessoas jurídicas com autonomia. Em um Estado Unitário, normalmente, de menor extensão
territorial, geralmente, o que se tem é uma única pessoa jurídica.

1.3.2.ESTADO COMPOSTO

Em um Estado Composto, no mesmo território, reparte-se soberania entre dois


estados. Por exemplo, Canadá e Escócia, são países em que há uma monarquia, em que a
rainha da Inglaterra também é rainha do Canadá e da Escócia.

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1.3.3. CONFEDERAÇÃO

A Confederação remonta basicamente à Guerra de Independência das 13 Colônias


dos Estados Unidos. Ao declararem a independência com relação à Inglaterra, essas colônias
precisavam de algum vínculo jurídico entre si que lhes garantisse uma cooperação,
minimamente, eficiente para vencer o exército inglês, que, naquele momento, era o mais
poderoso do mundo.

Essas 13 Colônias Soberanas firmaram entre si um tratado por meio do qual


somariam esforços, que poderia ser a qualquer momento desfeito e deu origem a uma
confederação. Portanto, diversas pessoas soberanas fizeram, por meio de um tratado, uma
confederação que duraria o tempo necessário para satisfazer seus interesses, mas qualquer
das partes, denunciando o tratado, poderia sair da Confederação.

1.3.4. FEDERAÇÃO

A Federação, que é a forma de estado adotada pelo Brasil, também tem seu modelo
clássico ilustrado a partir da primeira Constituição dos Estados Unidos, porque, com as 13
Colônias Soberanas vitoriosas na guerra, cogitou-se uma união mais duradoura entre as
mesmas, capaz de melhor atender aos seus interesses. A Confederação deu origem, então, a
uma Federação, que, no Brasil, foi adotada a partir da Constituição de 1891.

A Federação difere da Confederação em razão de algumas características: são criadas


por Constituições; o todo é soberano, as partes são somente autônomas; têm vínculo
permanente, estável e duradouro, há indissolubilidade1.

1.4. FEDERAÇÃO BRASILEIRA

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No material apresentado pelo professor, há um bloco comparativo entre Federação e Confederação
em que são destacadas as diferentes características de cada uma como descritas aqui.

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Esta é a forma do estado brasileiro, conforme artigos 1º, 18 e 60 par. 4º que não
deixam dúvida:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:

Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil


compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos,
nos termos desta Constituição.

§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

I - a forma federativa de Estado;

II - o voto direto, secreto, universal e periódico;

III - a separação dos Poderes;

IV - os direitos e garantias individuais.

No art. 1º se diz que o Brasil é uma Federação. No art. 18, que os entes federativos
são autônomos, não soberanos. Quem é soberana é a República Federativa do Brasil.

No plano internacional, quem tem reconhecimento, pratica atos e tem


autodeterminação plena é a República Federativa do Brasil. As partes têm autonomia.

➢ O que significa dizer que os entes federativos do Brasil – União, Estados e


Municípios e DF – são autônomos?

Autonomia significa 3 (três) coisas:

- Autogoverno – a formação da vontade política se dá em cada ente federativo. São


eleitos representantes municipais, estaduais, federais e no DF. Autogoverno significa, então,
garantir a formação da vontade política da população de cada ente federativo e ver se os
interesses estão devidamente representados.

- Auto-organização – significa que os entes federativos se organizam por meio de


normas centrais. Enquanto a Constituição Federal traz o modelo de organização básico dos

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poderes da União, os estados o fazem por meio de constituições estaduais e os municípios


por meio de leis orgânicas municipais.

Cuidado! O município, na sua lei orgânica, tem diante de si uma norma com
hierarquia legal, infraconstitucional, ainda que só possa ser alterada por maioria qualificada.
Conforme o art. 29, o fato é que se tem uma norma infraconstitucional, ao passo que os
estados editam Constituições Estaduais que têm hierarquia subordinada apenas à
Constituição Federal e podem subordinar leis e atos normativos estaduais e municipais.

O Distrito Federal é um ente híbrido. Tem sua auto-organização por meio de lei
orgânica, mas que o é só no nome, porque é tratada como Constituição Estadual.

- Autoadministração – significa que cada um dos entes possui patrimônio próprio,


personalidade jurídica própria, contrai direitos e obrigações em nome próprio, tem
servidores públicos próprios, é titular de seus próprios serviços públicos.

1.4.1. CARACTERÍSTICAS DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA

a) União de entidades políticas autônomas.

b) Bicameralismo – no âmbito federal.

➢ Por que Poder Legislativo no âmbito federal difere do âmbito estadual e


municipal? Por que há duas casas, Câmara e Senado?

No Brasil, o número de deputados federais é mínimo de 8 (oito) e máximo de 70 por


estado e proporcional ao número de habitantes por estado. Em outras palavras, os estados
mais populosos elegem mais deputados federais e os menos populosos elegem menos. O
Acre tem o mínimo de 8 e São Paulo o máximo de 70.

Os estados mais populosos são os mais ricos, com mais atividades econômicas. O
êxodo de pessoas é, normalmente, do Norte e Nordeste rumo ao Sudeste e não, o contrário.
Isso, de modo que se só existisse a Câmara dos Deputados, os estados mais ricos teriam
representação muito maior que os outros, o que geraria uma desigualdade muito grande na
Federação.

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Um dos objetivos da República Federativa do Brasil, conforme art. 3º é reduzir as


desigualdades regionais. Enquanto a Câmara dos Deputados é a casa do povo e os estados
mais populosos elegem mais deputados, cada estado elege 3 (três) senadores, também o DF
elege 3 (três). No Senado Federal, casa dos estados, havendo 3 (três) representantes por
estado, a consequência é que o Senado equilibre a situação de desequilíbrio existente na
Câmara.

Os estados mais populosos ganham no primeiro momento na Câmara, mas, no


âmbito do Senado, a lei ou ato normativo objeto de votação terá que ser bom para a maioria
dos entes federativos. O que é uma forma de equilibrar a federação através do
bicameralismo.

c) Repartição Constitucional de Competência – ponto importante de cobrança nas


provas.

d) Limitações ao Poder Constituinte Derivado Decorrente – é o poder de editar


constituições estaduais, limitado pela Constituição Federal. A esse limite dá-se o nome de
Princípio da Simetria, previsto no art. 25 da CF quando menciona que “os estados
organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios
desta Constituição”. O mesmo é repetido no art. 11 do ADCT.

Há possibilidade de os estados e municípios se auto-organizarem, mas não devem ser


contrários ao modelo de organização da Constituição Federal. Há normas de reprodução
obrigatória que não podem ser contrariadas no modelo estadual. Isso é importante!

e) Órgãos com competência para o controle de constitucionalidade – é também


importante que um país que adote o modelo de federação como o nosso exista o controle
de constitucionalidade, pois, do contrário, quem poderia declarar a invalidade de uma lei
federal que invada a competência estadual ou vice-versa.

f) Intervenção Federal – que é um instrumento drástico em que a União afasta,


temporariamente, a autonomia dos estados ou os estados afastam, temporariamente, a
autonomia dos municípios em situações de grave desequilíbrio da federação. Faz-se

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necessária a previsão dessa medida drástica para reequilibrar a federação em situações de


grave violação.

g) Indissolubilidade – importante pelo próprio conceito de federação. A República


Federativa do Brasil é indissolúvel (art. 1º, 18 e 60 par. 4º). A Federação é cláusula pétrea e o
vínculo indissolúvel.

h) Constituição Rígida – porque é necessário que ela reparta competências e tenha


certa estabilidade. Ao repartir competências, a Constituição Rígida permite que determinada
lei seja considerada inconstitucional. Em uma Constituição Flexível, uma lei posterior
incompatível com a Constituição iria prevalecer, porque elas teriam a mesma hierarquia.

1.5. FEDERALISMO DE COOPERAÇÃO

Algumas competências constitucionais não derivam de competição por espaço dos


entes federativos, mas de uma soma de esforços para alcançar objetivos de difícil execução
do ponto de vista político.

Em um Estado Social de Direitos, um estado que possui custos, que exige


investimento considerável do poder público para promover melhorias na qualidade de vida e
reduzir as desigualdades exige-se uma cooperação entre os entes. Na Constituição, há uma
série de previsões de competências comuns entre os entes, nas quais todos têm um papel a
cumprir. A saúde é um exemplo dessa lógica comum.

1.6. CRIAÇÃO, FUSÃO, INCORPORAÇÃO E DESMEMBRAMENTO MUNICIPAL

➢ No Brasil, é possível criação, fusão, incorporação e desmembramento de


municípios?

Dois municípios querem se fundir e formar um terceiro. Um município quer


incorporar o território de outro ou um município quer se separar em dois novos. Dentro do
território de um município se quer criar outro. Tudo isso é possível, mas é preciso observar o
que dispõe o art. 18, par. 4º:

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4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão


por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e
dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios
envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e
publicados na forma da lei.

Isto é, para que se crie, funde, desmembre ou incorpore municípios, os requisitos


são: uma lei complementar federal regulamentando como será feito; um plebiscito ouvindo
a população interessada e, por fim, uma lei estadual aprovando tal criação.

➢ Qual o grande problema no Brasil?

Não há uma lei federal que regule o tema. Há uma inconstitucionalidade por
omissão, reconhecida no âmbito do controle de constitucionalidade na ADI 3682, que deu
um prazo para que a omissão fosse sanada.

No entanto, o Congresso Nacional ignorou a decisão do Supremo e simplesmente


aprovou uma Emenda Constitucional convalidando a inconstitucionalidade dos municípios
criados sem a observação deste procedimento, o que, aos olhos do professor, parece um
absurdo. Contudo, tal solução até hoje não foi questionada.

Trata-se da EC 57/2008 que acrescentou o art. 96 ao ADCT:

Art. 96. Ficam convalidados os atos de criação, fusão, incorporação e


desmembramento de Municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31 de dezembro de
2006, atendidos os requisitos estabelecidos na legislação do respectivo Estado à época
de sua criação.

Por ora, é a solução que se tem, mas, na data de hoje, é impossível que se crie um
novo município no Brasil. Se ocorrer, será inconstitucional. Destaca-se que só se convalidou
o que veio até a data da Emenda.

1.7. FUSÃO, DESMEMBRAMENTO E INCORPORAÇÃO DE ESTADOS

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A diferença é sutil, porque, aqui, o problema não é a ausência de lei. Hoje, é


perfeitamente possível que se funde, incorpore ou desmembre estados, nos termos do art.
18, par. 3º:

3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se


anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante
aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do
Congresso Nacional, por lei complementar.

Existe a lei que regulamenta, trata-se da Lei 9.709/98, mas o problema é outro. A lei
define que “população diretamente interessada” é a população dos dois estados que vão se
fundir ou a população das duas áreas que serão resultados do estado que está se
desmembrando. Enfim, toda a população deve ser ouvida, é o que diz a lei.

No entanto, questionou-se o seguinte: em um determinado estado, salvo engano (do


professor), o Pará que iria se desmembrar em uma parte mais rica, menos populosa e uma
mais humilde, mais populosa. O que se queria, então, na ADI, era uma interpretação da lei
para que fosse ouvida só a parte da população que queria sair, se desmembrar.

Entendeu, porém, o Supremo que a previsão legal é legítima e toda a população


envolvida deve ser ouvida, porque as consequências jurídicas que irão advir serão para todos
no território do estado que pretende se desmembrar.

Portanto, hoje, não há nenhuma dúvida de que toda a população do estado deve ser
ouvida. No plebiscito, a divisão não foi aprovada. Salvo engano (do professor), se queria criar
Carajás e Tapajós, subdividindo o Pará.

1.8. TERRITÓRIOS FEDERAIS

Tratam-se de uma imensa fonte de “pegadinhas” em prova de Direito Constitucional.


O professor afirma que já viu “pegadinhas” em provas de juiz do trabalho, federal e de
direito.

O professor sugere que se repita até a exaustão: território não é ente federativo.

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Território é pertencente à União e equipara-se a uma autarquia. Não tem autonomia,


nem autogoverno, autoadministração e auto-organização. Não tem Constituição territorial;
não tem leis territoriais, pois não legisla.

Destaca-se que, não sendo ente federativo, não elege senador. O Senado é a casa de
representação dos estados. Se não é estado, não elege senador. Porém, no território,
obviamente, vivem pessoas, portanto, elegem-se 4 (quatro) deputados federais. Há mais de
cem mil habitantes; há Governador, mas não é eleito, é nomeado pelo Presidente e
aprovado pelo Senado.

Esta é uma entidade, de certa forma, sui generis e a tendência é que tenha sido
formada pelo desmembramento de um estado, ou se transformado em estado. Hoje, não
existem territórios no Brasil; os que existiam foram transformado pela Constituição de 1988
em estados.

O art. 18, par. 3º prevê que os estados podem formar novos estados ou territórios.
Da mesma forma, se tivéssemos territórios, eles poderiam ser transformados em estados
através do procedimento deste artigo.

O governo do Território presta contas ao TCU, que irá elaborar um parecer prévio e
as contas serão julgadas pelo Congresso Nacional.

O Território, se existente (hoje, não existem), pode ou não, se subdividir em


municípios. Cuidado para não confundir. Quem não pode se dividir em municípios é o DF.

Quem exerce jurisdição, é o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios –


TJDFT, nos termos do art. 110, par. único, CF/88:

Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição e as atribuições cometidas aos


juízes federais caberão aos juízes da justiça local, na forma da lei.

Se houvesse, então, um território, o TJDFT é que organizaria o Poder Judiciário local,


inclusive, com as funções de juiz federal.

1.9. DISTRITO FEDERAL

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Trata-se de um ente federativo, o qual não se pode dividir em municípios, tendo sido
criado de forma híbrida. Caso se queira pensar de forma mais simples, entende-se que o DF
é como se fosse um estado-município, atecnicamente falando. Ele reúne em si as
competências dos estados e dos municípios.

Toda vez que a Constituição faz referência ao estado e ao município sem mencionar o
DF, pode-se presumir, em geral, o DF como incluído na previsão. O art. 32 e o parágrafo 1º
do mesmo artigo citam as competências dos Estados e Municípios:

Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei
orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por
dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios
estabelecidos nesta Constituição.

§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos


Estados e Municípios.

Os bens dos Estados e Municípios também. Por exemplo, o art. 26 fala quais são os
bens dos Estados. Leia-se Estados e DF:

Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:

I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito,


ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;

II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas
aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros;

III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;

IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

O DF tem governador, mas, como não se divide em municípios, Brasília não tem
prefeito. O espaço da cidade de Brasília, fisicamente falando, existe. Sabe-se que se pode
estar em Brasília ou em uma cidade satélite, mas, constitucionalmente, Brasília não é um
entre federativo.

Este é um espaço geográfico-administrativo, mas ente federativo é o DF, que tem


competências estaduais e municipais não só de Brasília, mas de todas as cidades satélites.

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Quanto à eleição de deputados, aplica-se o modelo equivalente ao dos estados sem


dificuldade, como se verá no Poder legislativo.

1.10. INTERVENÇÃO FEDERAL

Outro tema muito importante, que costuma cair nas provas, mas não é bem
estudado. É difícil de entender, pois foi mal organizado e explicado pelo texto constitucional,
de modo que é preciso trazer uma visão mais clara para facilitar a compreensão.

Sintetizando em uma frase, Intervenção Federal é um instrumento drástico,


excepcional que, temporariamente, autoriza que se afaste a autonomia de um ente
federativo.

➢ Quando se afasta a autonomia de um ente federativo?

Quando configurarem-se as hipóteses do art. 34 e 35 da CF:

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:

I - manter a integridade nacional;

II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;

III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;

IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;

V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:

a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo
motivo de força maior;

b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição,


dentro dos prazos estabelecidos em lei;

VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;

VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:

a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;

b) direitos da pessoa humana;

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c) autonomia municipal;

d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.

e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,


compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios
localizados em Território Federal, exceto quando:

I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida
fundada;

II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;

III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;

IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância


de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de
ordem ou de decisão judicial.

O art. 34 trata das hipóteses em que a União pode intervir nos Estados e o 35 das
hipóteses em que os Estados podem intervir nos Municípios. A União pode intervir nos
Estados e no DF e os Estados nos municípios localizados em seu território, obviamente.

A União só pode intervir em município se for município de território federal, mas não
nos municípios dos estados. O art. 36 trata do procedimento:

Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:

I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo


coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for
exercida contra o Poder Judiciário;

II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do Supremo


Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;

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III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-


Geral da República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei
federal

§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições de


execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação do
Congresso Nacional ou da Assembléia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro
horas.

§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembléia Legislativa, far-


se-á convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas.

§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo
Congresso Nacional ou pela Assembléia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender
a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da
normalidade.

§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a


estes voltarão, salvo impedimento legal.

Toda intervenção federal ou estadual é instrumentalizada por meio de um Decreto


do Chefe do Executivo. Este é o decreto que materializa a intervenção.

O que complica a compreensão são os procedimentos para decretação da


intervenção. Existem 4 (quatro) caminhos possíveis, 4 (quatro) procedimentos possíveis para
que se alcance o resultado da intervenção federal afastando temporariamente a autonomia
do ente.

➢ Quais são?2

A - Espontânea (de ofício);

B – Provocada por solicitação;

C – Provocada por requisição;

2
No material disponibilizado pelo professor, há um quadro identificando quais as espécies, hipóteses
e, se há ou não, controle legislativo em cada espécie de intervenção.

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ministrada pelo professor. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.

D – Provocada por representação interventiva ou ação direta interventiva.

A - A intervenção espontânea ou de ofício, aplicável na maioria dos casos, é aquela


em que o Presidente da República, verificando alguma daquelas situações, de ofício,
independentemente, de provocação e por discricionariedade (conveniência e oportunidade)
decreta.

A grande maioria das situações de intervenção federal é espontânea ou de ofício.


Nada impede que alguém peça, mas, juridicamente, é considerado um ato de ofício e
discricionário. Nesses casos, há um controle da validade do Decreto de Intervenção
posterior.

B - A segunda possibilidade é quando a Constituição prevê a necessidade de


solicitação por algum órgão.

➢ Qual a diferença com relação à primeira?

Em algumas situações, a Constituição ainda manteve o poder do Presidente de


decretar a intervenção, mas, ainda que ele decrete se quiser, precisa de provocação, de
ofício, já que não pode. Depende, então, de alguém antes provocando e ele decide,
discricionariamente, se irá ou não.

Destaca-se a hipótese de intervenção federal prevista no art. 34, IV, quando, nos
estados, há uma ameaça à autonomia do Legislativo ou do Executivo.

C - A intervenção provocada por requisição, segundo a doutrina, diferencia-se das


outras, porque depende de provocação prévia e já não é discricionária. Entende-se que uma
vez requisitada, o Presidente não pode deixar de decretar a intervenção federal, pois seria
ato vinculado. Apesar de alguma controvérsia, é o que predomina.

Ocorre nos casos em que há uma ameaça à autonomia do Judiciário Federal ou


quando há negativa de cumprimento de uma ordem ou decisão judicial no estado.

Evidentemente, que não é uma negativa simples, que possa ser por um processo de
execução ou cumprimento de sentença. Trata-se de uma hipótese em que o próprio aparato
estatal inviabiliza o cumprimento da decisão judicial.

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ministrada pelo professor. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.

Exemplo: quando o Executivo, para não cumprir uma reintegração de posse em uma
fazenda de um amigo político manda a PM não cumprir a ordem judicial. Isso seria um caso
de intervenção por requisição. O Judiciário irá requerer ao Executivo, que não tem a
conveniência de dizer sim ou não. O ato passa a ser vinculado.

D – Por último, é o único caso em que fala de um processo judicial. Em todos os


outros casos, a questão é meramente administrativa. Nas hipóteses em que é cabível, é um
processo judicial chamado de “Representação Interventiva” por alguns, ou Ação Direita
Interventiva por outros.

Desenvolve-se, então, um processo no Supremo em que se autoriza ou não a


Intervenção Federal. Uma vez autorizada, entende-se que o ato do Presidente é vinculado.
Este é obrigado a decretar.

Essa é a hipótese utilizada no caso da violação dos chamados Princípios


Constitucionais Sensíveis, do art. 34, VII, que são muito importantes do ponto de vista do
equilíbrio da Federação. Dessa forma, advém o apelido de “sensíveis”, ou então, na hipótese
em que o estado recuse vigência a uma lei federal.

Suponha-se que uma lei federal autorize o casamento de pessoas do mesmo sexo (o
que já é autorizado pelo Supremo e pelo CNJ) e um estado mais conservador diga que, em
seu território, isso não irá acontecer. Seria um caso de decretação de intervenção federal
pela letra D que entraria na hipótese de recusa à execução de lei federal.

O professor explica que a tabela apresentada é apenas para facilitar o estudo,


tentando tornar mais fácil o que a Constituição tornou complicado, acreditando que assim,
um tema que se levaria um tempo estudando, se conseguirá estudar mais rapidamente até a
prova, com 3 ou 4 páginas de slides.

O que se irá perceber na jurisprudência é que, em geral, não se decreta intervenção


federal em razão de sua excepcionalidade. Analisa-se seu cabimento de acordo com o
princípio da proporcionalidade. Na maioria dos casos em que os informativos tratam de
intervenção federal, é para dizer que não é cabível.

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jurisprudência dos Tribunais.

Por exemplo, não pagamento de precatórios, não é cabível. Complexo esquema de


corrupção no Distrito Federal, não é cabível, porque, pela via da investigação policial,
consegue-se enfrentar o tema.

1.11. COMPETÊNCIAS DOS ENTES FEDERATIVOS

Trata-se de um tema de incidência elevadíssima nos concursos em geral e este não é


uma exceção.

Não será uma análise maçante, mas sistemática para tirar o que tem de mais
eficiente, ao invés da leitura de inciso por inciso.

1.11.1. COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA EXCLUSIVA E COMPETÊNCIA LEGISLATIVA


PRIVATIVA

O tema encontra-se nos artigos 21 e 22 da CFRB. Competência Administrativa


Exclusiva da União no art. 21 e Competência Legislativa Privativa no art. 22:

Art. 21. Compete à União:

I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais;

II - declarar a guerra e celebrar a paz;

III - assegurar a defesa nacional;

IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem
pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente;

V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal;

VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;

VII - emitir moeda;

VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza


financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros
e de previdência privada;

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IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de


desenvolvimento econômico e social;

X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;

XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços


de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a
criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais; XII -
explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:

a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; b) os serviços e


instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em
articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;

c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária;

d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras


nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território;

e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;

f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;

XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos
Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios

XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do
Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a
execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio;

XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e


cartografia de âmbito nacional;

XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas


de rádio e televisão;

XVII - conceder anistia;

XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas,


especialmente as secas e as inundações;

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XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios


de outorga de direitos de seu uso;

XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento


básico e transportes urbanos;

XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação;

XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;

XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer


monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a
industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os
seguintes princípios e condições:

a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins
pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional;

b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de


radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais;

c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de


radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas;

d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de


culpa;

XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;

XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem,


em forma associativa.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico,


espacial e do trabalho;

II - desapropriação;

III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra;

IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;

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V - serviço postal;

VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;

VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;

VIII - comércio exterior e interestadual;

IX - diretrizes da política nacional de transportes;

X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;

XI - trânsito e transporte;

XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;

XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;

XIV - populações indígenas;

XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;

XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de


profissões;

XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e


da Defensoria Pública dos Territórios, bem como organização administrativa destes;

XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;

XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular;

XX - sistemas de consórcios e sorteios;

XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e


mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares;

XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais;

XXIII - seguridade social;

XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;

XXV - registros públicos;

XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;

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XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as


administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III.

XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e


mobilização nacional;

XXIX - propaganda comercial.

Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões
específicas das matérias relacionadas neste artigo.

A competência do art. 21, como o próprio nome já diz, é uma Competência


Administrativa, para atos materiais, não para editar leis e é indelegável. As competências do
art. 21 não admitem delegação da União para outro entre federativo.

Já as competências do art. 22, são as Competências Legislativas Privativas da União,


ou seja, trata-se de competência para que o Legislativo da União discipline temas com
generalidade e abstração. Por meio de lei, pode-se delegar para que estados disciplinem,
conforme sua peculiaridade, tais temas.

Isto é, a competência do art. 22 é legislativa e delegável, enquanto a do 21 é


administrativa e indelegável.

O parágrafo único do art. 22 é um dispositivo chave e pode ser cobrado com


“pegadinhas” maldosas no concurso:

Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre


questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.

As pegadinhas mais prováveis referem-se à “lei complementar”, que pode ser


substituída por lei ordinária; ou “Estados”, que pode ser trocado por Estados e Municípios,
ou pior, Estados, Territórios e Municípios; ou, ainda, “questões específicas”.

Uma lei complementar federal que diga: “Ficam autorizados os Estados a legislar
sobre Direito Civil e Penal” é inconstitucional; é constitucional, porém, a que diga: “Ficam os
Estados autorizados a legislar sobre idade mínima para casamento”, ou “...sobre penas

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restritivas de direitos”. Isso é possível, porque a lei complementar pode autorizar a legislar
sobre questões específicas; não delegar um tema por completo. Tem-se que haver um
detalhamento preciso do que será delegado.

Obviamente essa delegação pode ser feita também para o Distrito Federal, porque,
segundo o art. 32, par. 1º, todas as competências dos estados são também do DF:

§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos


Estados e Municípios.

Evidente que as leis dos estados e do DF devem se restringir aos limites da delegação,
não se pode ultrapassar tais limites. Essa questão é relativamente, óbvia, mas há Informativo
do Supremo discutindo questões que dizem respeito a direitos fundamentais relativos ao
trabalho:

A competência legislativa do Estado do Rio de Janeiro para fixar piso salarial decorre da
LC federal 103, de 2000, mediante a qual a União, valendo-se do disposto no art. 22,
inciso I e parágrafo único, da Carta Maior, delegou aos Estados e ao Distrito Federal a
competência para instituir piso salarial para os empregados que não tenham esse
mínimo definido em lei federal, convenção ou acordo coletivo de trabalho. Trata-se de lei
estadual que consubstancia um exemplo típico de exercício, pelo legislador federado, da
figura da competência privativa delegada.

Isto é, essa lei complementar diz que os Estados e o DF podem legislar sobre piso
salarial para aquelas profissões que não tenham esse piso definido em lei, convenção ou
acordo coletivo de trabalho.

A lei estadual do Rio de Janeiro, porém, permitiu que o piso salarial seja fixado na
ausência de leis ou acordos coletivos, e também que fixe a maior parte do que o fixado na lei
ou nos acordos coletivos. Isso foi considerado inconstitucional:

A expressão ‘que o fixe a maior’ contida no caput do art. 1º da Lei Estadual 5.627/2009
tornou os valores fixados na lei estadual aplicáveis, inclusive, aos trabalhadores com
pisos salariais estabelecidos em lei federal, convenção ou acordo coletivo de trabalho
inferiores a esse. A inclusão da expressão extrapola os limites da delegação legislativa

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advinda da LC 103/2000, violando, assim, o art. 22, I e parágrafo único, da CF, por
invadir a competência da União para legislar sobre direito do trabalho.

A conclusão do julgado afirma ainda: “atuar fora dos limites da delegação é legislar
sem competência e a usurpação de competência legislativa qualifica-se como ato de
transgressão constitucional”.

O professor apresenta, então, uma questão objetiva de Concurso de Juiz do Trabalho:

(TRT 23/2015):

Suponha que, com base em lei complementar federal que autorizasse os Estados e o
Distrito Federal a instituírem piso salarial para os empregados que não tivessem piso
salarial definido em lei federal, convenção ou acordo coletivo de trabalho, determinado
Estado da federação instituísse por lei piso salarial para certas categorias de
empregados nessas condições. Suponha, ademais, que a lei estadual em questão
previsse a participação de representante do Governo do Estado nas negociações entre
entidades sindicais de trabalhadores e empregadores para atualização dos pisos salariais
nela fixados.

Nessa hipótese, haveria incompatibilidade com a Constituição Federal no que se refere

a) tanto ao estabelecimento de piso salarial por lei estadual, como à previsão de


participação de representante do Governo do Estado nas negociações para sua
atualização, por ofensa à disciplina constitucional dos direitos dos trabalhadores como
direitos fundamentais e da liberdade de associação sindical, a ser constituída e exercida
sem interferência estatal.

b) à previsão de participação de representante do Governo do Estado nas negociações


para atualização dos pisos salariais, seja por extrapolar os limites da autorização
concedida pela lei complementar federal para a matéria, de modo a invadir
competência privativa da União, seja por ofensa à garantia constitucional de liberdade
nas negociações coletivas, a serem conduzidas pelas entidades sindicais, sem
interferência estatal.

c) à autorização dada pela lei complementar federal para Estados e Distrito Federal
legislarem sobre matéria de competência privativa da União, o que, por consequência,
fulminaria de inconstitucionalidade a lei estadual.

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d) à autorização dada pela lei complementar federal para Estados e Distrito Federal
legislarem sobre matéria que é de competência legislativa concorrente, sendo
constitucional a lei estadual por versar sobre a matéria de maneira a atender a suas
peculiaridades, em exercício regular de sua competência suplementar.

e) à possibilidade, reconhecida pelas leis federal e estadual, de estabelecimento de piso


salarial por meio de acordo ou convenção coletiva de trabalho, em ofensa à garantia
constitucional de fixação por lei de piso salarial proporcional à extensão e complexidade
do trabalho.

Alternativa “a” incorreta.

Alternativa “b” sim, pois houve violação material e violação dos limites da delegação
legislativa. Essa sim, é uma alternativa toda inconstitucional

Alternativa “c” errada. Já se viu que é possível.

Alternativa “d” não se trata de competência concorrente, é, na verdade, competência


privativa legislativa. A concorrente é a do art. 24 que será estudada.

Alternativa “e” também não é o caso, porque houve a delegação.

Resposta correta: letra B

O art. 22, I é aquele que, nas questões de “decoreba” (que é necessária neste tema
de competência legislativa, embora algumas coisas sejam possíveis decidir por lógica), há o
macete “capacete de PM”, sobre as principais competências privativas da União:

CAPACETE DE PM: C (CIVIL) A (AGRÁRIO) P (PROCESSUAL) A (AERONÁTICO) C


(COMERCIAL) E (ELEITORAL) T (TRABALHO) E (ESPACIAL) P (PENAL) M (MARÍTIMO).

Outra questão que sempre aparece em informativo, e dá para “chutar” se não


souber, é o art. 22, XI sobre trânsito e transporte. Quando estes temas aparecem em
informativos, na grande maioria, a lei é considerada inconstitucional, por invadir
competência federal.

O STF tem uma interpretação bem extensiva sobre o que constitui trânsito e
transporte para fins deste artigo. O STF já afirmou ser inconstitucional: Lei estadual sobre

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cinto de segurança; sobre embriaguês ao volante; sobre obrigatoriedade do uso do farol;


sobre multa de trânsito; sobre radar.

As exceções mais recentes consideradas constitucionais são: lei estadual sobre


apreensão e desemplacamento de veículos de transporte coletivo irregular (constitucional
porque envolve poder de polícia); autorização de utilização policial de veículos apreendidos
e não identificados; sobre acessibilidade em transportes públicos (muito importante).

Na verdade, a Proteção de Pessoas com Deficiência faz parte da Competência


Concorrente e, por isso, não viola a competência para legislar sobre trânsito e transporte.

Outra “pegadinha” possível está no art. 22, XXVII, que fala que é competência
privativa da União legislar sobre normas gerais de licitações e contratos. Quando se fala de
normas gerais, normalmente, a competência é concorrente, mas a CF colocou que, neste
caso, trata-se de competência privativa da União.

1. 11.2. OUTROS TEMAS

Lei Estadual que trate de bloqueio de telefone celular é inconstitucional. Lei Estadual
que trate de comercialização de títulos de capitalização é inconstitucional.

Lei Estadual que exija algum requisito para participar de licitação e não esteja
previsto na lei geral. Por exemplo: certidão negativa de violação a direitos do consumidor.

Lei Estadual que verse sobre cobrança em estacionamento (campeã de incidência em


informativos e provas), para dizer, por exemplo, que consumidor em shopping center não é
obrigado a pagar estacionamento.

O Supremo diz que há uma dupla violação. Primeiro, ao art. 22, I, porque é
competência privativa da União legislar sobre direito civil (propriedade, neste caso).
Segundo, há uma violação ao direito fundamental à propriedade, porque o proprietário do
estacionamento pode fazer o uso econômico que bem entender do seu bem. Portanto, é
material e, formalmente, inconstitucional.

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Destaca-se que não viola o art. 22, XXIX, a competência para legislar sobre
propaganda comercial, quando o município proíbe que, em seus imóveis, se veicule
propaganda de cigarro, bebida, ou eventos patrocinados por essas empresas. É
constitucional, pois o município está tratando de propaganda em um bem que é seu; não se
pode proibir nos bens particulares.

1.11.3. COMPETÊNCIA COMUM

Esta é uma competência administrativa, material. O art. 23 envolve a prática de atos


materiais, em que o parágrafo único do mesmo artigo menciona:

Isto é, os temas do art. 23, como: saúde, educação, proteção das pessoas com
deficiência; é competência comum, mas isso não significa que, de forma desorganizada,
todos fazem a mesma coisa.

Imagine-se que um grupo de pessoas vai construir a mesma casa: um engenheiro, um


arquiteto, dois pedreiros, um eletricista e um pintor. Todos têm o mesmo objetivo em
comum, construir a casa. Cada um, porém, tem sua função e não deve fazer a do outro.

A Competência Comum, da mesma forma, não impede que uma lei complementar,
como disposto no parágrafo único, melhor discipline a atuação de cada um dos entes,
mesmo que solidários no objetivo comum. A Constituição torna válida uma repartição entre
eles sobre o que cada um irá fazer preponderantemente.

Como exemplo, a proteção ao meio ambiente, que é regulamentada pela LC


140/2011. Esta é muito ruim para o empresário, que tem um licenciamento ambiental e
venham o Estado, o Município e a União cobrarem taxas de fiscalização. Inviabiliza a
atividade. Foi então, melhor disciplinado sobre quem faz essa fiscalização etc.

O SUS (Sistema Único de Saúde), por exemplo, regulamentado pela Lei 8080/90. A
saúde é dever de todos os entes. A União não tem condição de ter posto de saúde em cada
um dos 5 mil municípios. Nem todos os municípios têm condição de ter um INCA, um
Instituto Nacional do Câncer, mas cada município pode ter seu posto de saúde, da mesma

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forma que a União pode ter um Hospital do Câncer. Percebe-se que a repartição de
competências é importante mesmo na competência comum.

No caso do SUS, a lei é ordinária, porque a Constituição prevê que é por meio de lei
(não necessariamente complementar) que será organizado o SUS. Quando a CF não prevê,
usa-se a lei complementar para melhor disciplinar tais competências.

1.11.4. COMPETÊNCIA CONCORRENTE

Trata-se de uma competência legislativa. Segundo o art. 24, compete,


concorrentemente, à União, aos Estados e ao DF legislar sobre uma série de temas:

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:

I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

II - orçamento;

III - juntas comerciais;

IV - custas dos serviços forenses;

V - produção e consumo;

VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos
naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;

VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;

VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de


valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

IX - educação, cultura, ensino e desporto;

IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e


inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)

X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;

XI - procedimentos em matéria processual;

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XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;

XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;

XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;

XV - proteção à infância e à juventude;

XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.

§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a


estabelecer normas gerais.

§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.

§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência


legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.

§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei


estadual, no que lhe for contrário.

Resumindo em uma frase, a Competência Concorrente: A União edita normas gerais,


genéricas, e os Estados e o DF editam normas específicas voltadas para a sua realidade, nos
termos dos parágrafos 1º e 2º.

Por exemplo, tem-se o Estatuto da Pessoa com Deficiência como norma geral. Esta é
uma lei federal. Os Estados podem criar, por exemplo, uma multa específica para quem ficar
parado na vaga do deficiente. Pode-se dizer o valor da multa e como ela será cobrada. Há,
então, uma lei geral e os Estados e o DF podem criar um detalhamento maior relativo à sua
realidade diante dessa lei geral federal.

Algumas questões mais polêmicas precisam ser analisadas. Primeiro, o dispositivo


fala em União, Estados e DF. Faltando apenas o município.

➢ Ele pode legislar sobre temas de competência concorrente?

Sim. É preciso fazer uma interpretação sistemática com o art. 30, II:

Art. 30. Compete aos Municípios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local;

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II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;

Na prática, o município também pode criar uma lei específica sobre temas de
competência concorrente detalhando leis federais e estaduais pré-existentes. O Informativo
870 do STF traz um exemplo:

Assim, a matéria é de competência concorrente (CF, art. 24, VI), sobre a qual a União
expede normas gerais. Os Estados e o Distrito Federal editam normas suplementares e,
na ausência de lei federal sobre normas gerais, editam normas para atender a suas
peculiaridades. Por sua vez, os Municípios, com base naquilo que for de interesse local,
suplementando a legislação federal e a estadual no que couber.

Atenção aos parágrafos 3º e 4º do art. 24. Trata-se de um artigo que apresenta temas
de grande importância para os Estados e os Municípios.

Por exemplo, com relação ao art. 24, I. A União deveria editar uma lei complementar
federal disciplinando os aspectos gerais do IPVA, sua base de cálculo, hipóteses de
incidência, o que se entende por veículo etc. Não existe, porém, esta lei federal.

➢ Será que os Estados poderiam abrir mão dessa receita?

Pensando nisso, o constituinte elaborou o parágrafo 3º, para que os Estados e o DF


não sejam prejudicados por uma omissão da União.

Suponha-se que, depois de muito tempo, surja a lei federal, o que acontece com as
leis estaduais que eram gerais diante da inexistência da lei federal prévia. Neste caso, as leis
estaduais têm sua eficácia suspensa na parte que contrariar a lei federal superveniente.

Cuidado com a “pegadinha”, porque o parágrafo 4º fala de “eficácia suspensa”, que


pode ser substituída pela expressão “revoga”.

➢ Quais são, então, as competências legislativas dos estados?

Por eliminação, é do Estado o que não é da União nem do Município, nos termos do
art. 25, parágrafo 1º:

§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta
Constituição.

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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.

Deve-se ter atenção para não achar que isso diz respeito aos municípios. É residual
dos Estados, não dos Municípios.

O que é relevante destacar sobre o art. 30, a respeito da competência dos municípios
é o inciso II, já mencionado e também o inciso I:

Art. 30. Compete aos Municípios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local;

II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;

O grande problema é que “interesse local” é um conceito jurídico altamente


indeterminado. É preciso conhecer a jurisprudência do STF, porque não se trata de um
conceito pronto e acabado. Alguns exemplos:

- Horário de funcionamento de estabelecimento comercial. Há, inclusive, a Súmula


Vinculante n. 38 dizendo que é municipal. É preciso ter cuidado, porque é inconstitucional o
município dizer que há limites para estabelecimentos do mesmo ramo em um bairro, pois
viola a livre iniciativa. O município é competente para estabelecer os horários que podem
abrir e fechar.

- Tempo de atendimento em cartórios e bancos. O Supremo entende de competência


municipal.

- Poluição visual, excesso de propaganda etc. O Supremo entende como interesse


local.

- Meio ambiente e controle da poluição quando se tratar de interesse local - já visto


no Informativo 870.

O professor analisa, então, uma questão do TRT 24/2015 que trata da questão da
pessoa com deficiência. Trata-se de uma competência privativa da União legislar sobre
trânsito e transporte. No caso das pessoas com deficiência, trata-se de competência
concorrente:

TRT 24/2015

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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.

A legislação estadual que impõe às empresas concessionárias de transporte coletivo


intermunicipal o dever de realizar determinadas adaptações em seus veículos
destinadas a facilitar o acesso de portadores de deficiência e pessoas com mobilidade
reduzida:

A. Implica o exercício pelo Estado-membro da competência legislativa plena, caso


inexista lei federal sobre a matéria que defina normas gerais.

B. É inconstitucional, pois invade a competência privativa da União para legislar sobre


proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência.

C. Incorre em inconstitucionalidade superveniente caso venha a contrariar lei federal


sobre a mesma matéria editada em momento posterior à vigência da norma estadual.

D. É inconstitucional, pois invade a competência privativa da União para legislar sobre


trânsito e transporte.

E. Encontra fundamento constitucional na competência reservada dos Estados-


membros, que lhes autoriza a legislar sobre transporte coletivo intermunicipal.

Alternativa “a” é a correta, porque trata-se de concorrência sobre pessoas com


deficiência e não a privativa sobre trânsito.

Alternativa “b” errada porque é competência concorrente.

Alternativa “c” errada, pois não é inconstitucionalidade e sim, eficácia suspensa.

Alternativa “d” errada, já comentada.

Alternativa “e” errada, pois se trata, aqui, de competência concorrente.

Resposta: letra A

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