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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FUNDAMENTAIS E SOCIAIS
CURSO: MEDICINA VETERINÁRIA
DISCIPLINA: GESTÃO EMPRESARIAL E MARKETING
PROFESSORA: EMANUELLE ALÍCIA SANTOS DE VASCONCELOS

Alberto Luiz Freire de Andrade Junior

RESENHA CRÍTICA

A música “3ª do plural”, da banda Engenheiros do Hawaii, nos traz uma crítica ao
consumismo imposto pelo Capitalismo Neoliberal. Já no título da música o autor nos leva a
refletir, pois “3ª do plural” faz referência à 3ª pessoa do plural, que na conjugação verbal seria
“Eles”. Então, pensamos: quem são eles, a quem a banda se refere na canção?
Ao longo da música podemos notar que “eles” são as grandes empresas, os grandes
empresários, as grandes marcas que ditam os rumos econômicos que todo o mercado mundial
segue. Já na primeira estrofe: “Corrida pra vender cigarro / Cigarro pra vender remédio /
Remédio pra curar a tosse / Tossir, cuspir, jogar pra fora” mostra que muitas empresas
colocam no mercado produtos que são maléficos para a saúde humana, aqui representada pelo
cigarro, e que ao mesmo colocam também o remédio para a cura. Ora, o que seria da cura se
não fosse a doença? Aqui percebemos a potencialização do Marketing direto, no qual
empresas de cigarros, de bebidas alcoólicas, de fast food se utilizam da publicidade, do apelo
para vender produtos que muitas vezes não são necessários para as pessoas, mas as fazem
querer. E ao mesmo tempo essas empresas também financiam laboratórios farmacêuticos para
a formulação de medicamentos que curem os danos causados por aqueles produtos. “Eles”
estão na corrida para vender cigarros, para vender remédios, para vender a cura de algo que
não existia se não fosse a necessidade do consumismo desenfreado.
Continuando a música: “Corrida pra vender os carros / Pneu, cerveja e gasolina /
Cabeça pra usar boné / E professar a fé de quem patrocina”. Nesta estrofe percebe-se
claramente que está se tratando se grandes empresas, multinacionais, que costumam
patrocinar muitos eventos, inclusive as corridas de carro. Empresas que se utilizam planos de
marketing para entender seu público, divulgar seus produtos, conhecer a necessidade do
público-alvo e saber qual o momento ideal para lançar tais produtos no mercado. Os dois
últimos versos podem ser encarados inclusive como estratégia de propaganda dessas
empresas.
“Eles querem te vender / Eles querem te comprar / Querem te matar (de rir) / Querem
te fazer chorar / Quem são eles? / Quem eles pensam que são?”, nos mostra que “Eles”, a
oligarquia do comércio mundial, trata o consumidor como mero produto do mercado. As
empresas forçam as vendas, fazem promoções atrativas, induzem às compras, mesmo que
algo de não se necessita. Da mesma forma, ao fazer publicidade, acaba por comprar o
consumidor, que por muitas vezes se sente na obrigação de adquirir produtos de tal empresa,
mesmo havendo outros mais acessíveis.
Seguindo com a música, “Corrida contra o relógio / Silicone contra a gravidade / Dedo
no gatilho, velocidade / Quem mente antes diz a verdade”, aqui pode-se fazer uma relação
com a corrida contra o relógio da vida, o envelhecimento, e o estímulo à vaidade representada
pelo silicone, que mostra algo que não é real, é superficial. Aqui também podemos observar a
presença do plano de marketing das empresas de cosméticos, que, de acordo com o texto de
Shimoyama e Zela, o “marketing é simplesmente a intenção de entender e atender o
mercado”.
“Satisfação garantida / Obsolescência programada / Eles ganham a corrida / Antes
mesmo da largada” traz a fragilidade dos produtos que são comercializados atualmente. As
empresas garantem a satisfação de seus produtos, mas em contrapartida, esse produto tem um
prazo de validade programado. E assim temos vários exemplos, como o mais simples de
todos, telefones celulares, que são produzidos por empresas asiáticas e americanas, e quando
chegam no Brasil, já estão obsoletos.
Por fim, a última estrofe antes do refrão final, “Vender, comprar, vendar os olhos /
Jogar a rede… contra a parede / Querem te deixar com sede / Não querem te deixar pensar”
continua na mesma ideia do consumismo desenfreado, em que o consumidor é levado pelos
empresários a vender bens para comprar outros, e acaba deixando-os cegos, por não
enxergarem que essa ação pode ser totalmente desnecessária financeiramente, mas
psicologicamente é importante, o que entra no conceito de marketing proposto pelos autores
citados, que diz que ele está baseado em diversas ciências.
Assim, percebe-se que a música “3ª do plural” é uma crítica inteligente ao sistema
capitalista, sendo possível relacionar cada estrofe à Teoria do Marketing, e a partir dele,
enxergar seu conceito, tipos, as necessidades e o comportamentos dos consumidores.

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