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LUIS CLAUDIO PEREIRA DA SILVA

APOSTILA 8 – DISSÍDIOS INDIVIDUAIS DO TRABALHO 1

SEGUNDA PARTE

Temas abordados:

- Dissídios individuais do trabalho:

- Procedimento “sumário”;

- Procedimento sumaríssimo;

- Inquérito judicial para apuração de falta grave e

- Homologação de acordo extrajudicial.

Brasília

Apostila do professor

2018

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Texto baseado no capítulo 6 do livro Direito Processual do Trabalho para o Exame de Ordem de autoria
do Professor Luis Claudio Pereira da Silva, 2ª ed. Editora Kindle.
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8- DISSÍDIOS INDIVIDUAIS DO TRABALHO – CONTINUAÇÃO

Nesta apostila, estudaremos os procedimentos “sumário”,


sumaríssimo, de inquérito para apuração de falta grave e o de homologação de
acordo extrajudicial”. Iniciaremos, portanto, pelo procedimento “sumário”.

8.1- Dissídios Individuais – Procedimento de Alçada Exclusiva da Vara do


Trabalho – Procedimento “Sumário”

O chamado procedimento “sumário”, aplicável às ações cujo valor da


causa não seja superior a 2 salário mínimos, considerando-se o valor do salário
mínimo à época da propositura da ação, encontra sua normatização prevista
nos §§ 3º e 4º, do art. 2º, da Lei n. 5584/70.

As diferenças em relação ao procedimento “ordinário” são as


seguintes:

Não há necessidade de se incluir, na ata de audiência, o resumo dos


depoimentos das partes e das testemunhas, constando, apenas, a conclusão
do juiz do trabalho quanto à matéria de fato.

Além disso, não cabe recurso da decisão do juiz do trabalho no


procedimento “sumário”, salvo se o recurso versar sobre matéria constitucional,
cujo recurso cabível será o recurso extraordinário a ser proposto diretamente
no STF.

8.2- Dissídios Individuais – Procedimento Sumaríssimo

O procedimento sumaríssimo foi inserido na CLT em 2000 por meio


da Lei n. 9.957, que acrescentou à CLT os arts. 852-A a 852-I.

Nos termos do art. 852-A e seu parágrafo único da CLT, os dissídios


individuais cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo vigente na
data do ajuizamento da reclamação ficam submetidos ao procedimento
sumaríssimo, ficando excluídas do procedimento sumaríssimo as demandas
em que é parte a Administração Pública direta, autárquica e fundacional.

O art. 852-B impõe requisitos que deverão ser observados pelos


sujeitos do processo e são os seguintes:
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Na elaboração da reclamação trabalhista o reclamante deverá


indicar o valor de cada pedido condenatório (art. 852-B, I, da CLT) e o
endereço correto do reclamado (art. 852-B, II, da CLT), sob pena de
arquivamento da reclamação e condenação ao pagamento de custas sobre o
valor da causa (art. 852-B, § 1º, da CLT). Não se admite, nessas hipóteses, a
determinação judicial para emenda da inicial (art. 852-B, II, primeira parte, da
CLT) nem a citação por edital (art. 852-B, II, primeira parte, da CLT).

Deverão, ainda, as parte e os respectivos advogados comunicarem


ao juízo as mudanças de endereço ocorridas no curso do processo, reputando-
se eficazes as intimações enviadas ao local anteriormente indicado, na
ausência de comunicação (art. 852-B, § 2º, da CLT).

A CLT impõe que a apreciação da reclamação trabalhista deverá


ocorrer no prazo máximo de quinze dias do seu ajuizamento, podendo constar
de pauta especial, se necessário, de acordo com o movimento judiciário da
vara do trabalho (Art. 852-B, III, da CLT). Interrompida a audiência, o seu
prosseguimento e a solução do processo dar-se-ão no prazo máximo de trinta
dias, salvo motivo relevante justificado nos autos pelo juiz da causa (§ 7º do
art. 852-H da CLT).

No desenrolar do procedimento sumaríssimo, o juiz do trabalho tem


maior liberdade para tentar conciliar as partes, uma vez que as demandas
sujeitas a rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas em audiência única (art.
852-C, da CLT), devendo o juiz, aberta a sessão, esclarecer as partes
presentes sobre as vantagens da conciliação e usará os meios adequados de
persuasão para a solução conciliatória do litígio, em qualquer fase da audiência
(art. 852-E, da CLT).

De acordo com o art. 852-D, o juiz dirigirá o processo com liberdade

para determinar as provas a serem produzidas, considerado o ônus probatório


de cada litigante, podendo limitar ou excluir as que considerar excessivas,
impertinentes ou protelatórias, bem como para apreciá-las e dar especial valor
às regras de experiência comum ou técnica.

Na ata de audiência, serão registrados resumidamente os atos


essenciais, as afirmações fundamentais das partes e as informações úteis à
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solução da causa trazidas pela prova testemunhal (art. 852-F, da CLT),

devendo ser decididos, de plano, todos os incidentes e exceções que possam


interferir no prosseguimento da audiência e do processo. As demais questões
serão decididas na sentença (Art. 852-G, da CLT).

No que se refere à produção das provas no procedimento


sumaríssimo, deve-se atentar para o que preceitua o art. 852-H, da CLT, que
tem a seguinte redação:

Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e


julgamento, ainda que não requeridas previamente.

§ 1º. Sobre os documentos apresentados por uma das partes


manifestar-se-á imediatamente a parte contrária, sem interrupção da audiência,
salvo absoluta impossibilidade, a critério do juiz.

§ 2º. As testemunhas, até o máximo de duas para cada parte,


comparecerão à audiência de instrução e julgamento independentemente de
intimação.

§ 3º. Só será deferida intimação de testemunha que,


comprovadamente convidada, deixar de comparecer. Não comparecendo a
testemunha intimada, o juiz poderá determinar sua imediata condução
coercitiva.

§ 4º. Somente quando a prova do fato o exigir, ou for legalmente


imposta, será deferida prova técnica, incumbindo ao juiz, desde logo, fixar o
prazo, o objeto da perícia e nomear perito.

§ 5º. VETADO.

§ 6º. As partes serão intimadas a manifestar-se sobre o laudo, no


prazo comum de cinco dias.

[...]

Terminada a instrução, o Juiz proferirá sentença na qual deverá


mencionar os elementos que lhe formaram o convencimento, um resumo dos
fatos ocorridos em audiência, dispensando-se o relatório, devendo adotar em
cada caso a decisão que reputar mais justa e equânime, atendendo aos fins
sociais da lei e as exigências do bem comum. Por fim, deverá intimar as partes
da sentença na própria audiência em que foi prolatada (art. 852-I e parágrafos
da CLT).
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8.3- Dissídios Individuais – Inquérito para Apuração de Falta Grave

A regulamentação do inquérito judicial para apuração de falta grave


encontra-se prevista nos artigos 853 e 855, da CLT.

O inquérito para apuração de falta grave terá aplicabilidade nas


seguintes hipóteses de estabilidade:

1ª) Decenal (arts. 492 e 294, da CLT);

2ª) Do dirigente sindical, ainda que suplente (§ 3º, do art. 543,


da CLT e súmula 379, do TST);

3ª) Do empregado, inclusive o suplente, que compõe o


Conselho Nacional de Previdência Social (§ 7º, do art. 3º, da Lei n. 8.213/91);

4ª) Do empregado, inclusive suplente, que compõe o Conselho


Curador do FGTS (§ 9º, do art. 3º, da Lei n. 8.036/90) e

5ª) Do empregado eleito diretor de cooperativa de empregados


(art. 55 da Lei n. 5.764/71), não se estendendo aos suplentes (OJ 253, da SDI-
1 do TST).

Assim é que, se o empregado cometer falta grave, poderá ser


suspenso por seu empregador por no máximo 30 dias, devendo o empregador,
nesse prazo, sob pena de decadência, propor a ação de inquérito para
apuração de falta grave na Justiça do Trabalho (art. 853, da CLT).

O número de testemunhas será de 6 para cada parte (art. 821, da


CLT).

O empregado suspenso poderá executar antecipadamente os


salários que não foram pagos desde a data do fato até a data da propositura do
inquérito perante a Justiça do Trabalho (art. 855, da CLT).

Por fim, aplica-se ao inquérito judicial para apuração de falta grave


subsidiariamente as normas do procedimento “ordinário” (art. 854, da CLT).

8.4- Dissídios Individuais – Do Processo de Jurisdição Voluntária para


Homologação de Acordo Extrajudicial
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A Lei n. 13.467/2017 inseriu o Capítulo III-A, no Título X, à CLT que


trata do processo de jurisdição voluntária para homologação de acordo
extrajudical.

Apesar de não ter sido inserido na CLT no capítulo dos dissídios


individuais e de ser um procedimento de jurisdição voluntária, por ser um
procedimento destinado a dar uma demanda, ainda que de caráter meramente
administrativa, entre empregados e empregadores, preferimos inseri-lo nesta
parte do livro.

O processo de homologação de acordo extrajudicial tem por


finalidade obrigar o juiz do trabalho a apreciar pedidos de homologação de
acordos extrajudiciais firmados entre empregado e empregador, homologação
essa que não era obrigatória, nos termos do entendimento consagrado pelo
TST, na Súmula 418, que tem a seguinte redação: a homologação de acordo
constitui faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do
mandado de segurança.

A partir da entrada em vigor da Lei n. 13.467/2017 a apreciação do


pedido será obrigatória. A homologação ou não dependerá da apreciação do
juiz quanto à livre manifestação de vontade das partes.

Assim é que, nos termos do art. 855-B e parágrafos, da CLT, o


processo de homologação de acordo extrajudicial terá início por petição
conjunta, sendo obrigatória a representação das partes por advogado, que não
poderá ser o mesmo para as duas partes. O empregado poderá ser assistido
pelo advogado do sindicato de sua categoria.

O processo de homologação de acordo extrajudicial não tem efeitos


sobre o prazo para pagamento das verbas rescisórias, previsto no § 6º, do art.
477, da CLT, e não afasta o pagamento da multa prevista no § 8º, do art. 477,
da CLT (art. 855-C, da CLT). Ou seja, se o processo de homologação de
acordo extrajudicial se estender por mais de 10 dias, o reclamante terá direito à
multa do art. 477, § 8º, da CLT, independemente da demora ser atribuída ao
judiciário trabalhista. Tanto é assim que, nos termos do art. 855-D, da CLT,
está previsto que no prazo de quinze dias a contar da distribuição da petição, o
juiz analisará o acordo, designará audiência se entender necessário e proferirá
sentença (art. 855-D, da CLT). Entendemos que é obrigação, inclusive, do juiz
do trabalho de fazer com que o empregador pague a multa do art. 477, § 8º, da
CLT, se o acordo envolver as verbas rescisórias e a homologação ocorrer em
prazo superior aos 10 dias previstos no art. 477, § 6º, da CLT.

Segundo o art. 855-E e parágrafo único, da CLT, a petição de


homologação de acordo extrajudicial suspende o prazo prescricional da ação
quanto aos direitos nela especificados. Ou seja, tendo sido feito o pedido de
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homologação de acordo extrajudicial, o prazo prescricional previsto nos arts.


7º, XXIX, da CF/88 e 11, da CLT, ficará suspenso, voltanto a fluir no dia útil
seguinte ao do trânsito em julgado da decisão que negar a homologação do
acordo.

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