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Universidade Licungo

UL

Celço Venâncio Chaves

Danizia Zeca Portugal

Sousa de Blaitone Maidine

Licenciatura em psicologia

3º Ano

Poder e comportamento político

Quelimane

2022
7º Grupo

Celço Venâncio Chaves

Danizia Zeca Portugal

Sousa de Blaitone Maidine

Licenciatura em psicologia

3º Ano

Poder e comportamento político

Trabalho de carácter avaliativo a


ser entregue no departamento de
psicologia na cadeira de
Medidas de Comportamento
Organizacional leccionada pela
doutora Piedade Alferes

Quelimane

2022
Índice
Introdução ................................................................................................................................... 2

Objectivos ............................................................................................................................... 2

Gerais .................................................................................................................................. 2

Específicos .......................................................................................................................... 2

Metodologia ............................................................................................................................ 2

Poder e comportamento político ................................................................................................. 3

Conceituação ....................................................................................................................... 3

Historial .................................................................................................................................. 3

Organização como estrutura política .......................................................................................... 4

As bases do poder ................................................................................................................... 4

Comportamento político ............................................................................................................. 5

Características do comportamento político............................................................................. 7

Efeito (positivo-negativo) do comportamento político ........................................................... 8

Componentes do comportamento político .............................................................................. 8

Conclusão ................................................................................................................................. 10

Referências bibliográficas ........................................................................................................ 11


Introdução
Diversas relações envolvendo poder já foram e estão sendo estudadas: nas relações sociais,
familiares, na política, nas organizações, etc. Definir um conceito pleno de “Poder e Política”
não é simples, e há correntes e disciplinas que os estudam junto às suas correlações, como os
estudos das organizações e a Teoria das Organizações (TO). Não se pretende tomar posição
contrária ou favorável a qualquer dos conceitos existentes, a importância do tema Poder e
Política para a Administração de Empresas.

A percepção de comportamentos políticos é mais significativa em indivíduos com menor


experiência profissional que em indivíduos mais experientes.

Objectivos
Gerais
 Abordar sobre o poder e o comportamento político.
Específicos
 Conceituar a política e o KTO político;
 Destacar as formas e características do comportamento político nas organizações;

 Descrever os Componentes do comportamento político.

Metodologia
No que concerne a metodologia para a realização do trabalho foi através de sondas
bibliográficas relacionadas a esta área de estudo que tornaram possível a realização do
trabalho. As obras consultadas encontram-se listadas no final do trabalho, depois da
conclusão, estando organizadas em ordem alfabética.

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Poder e comportamento político

Conceituação
Tradicionalmente, o poder é compreendido como algo que é exercido por um agente capaz de
impor sua vontade a outrem, independentemente da sua anuência. Essa noção tradicional está
necessariamente ligada à ideia de liberdade, ou melhor, de restrição da liberdade individual
pela dominação de um indivíduo por outro.
Há uma tendência para interpretar a empresa em termos racionais, mas muitos observadores já
perceberam que as personalidades e a política exercem nela um papel decisivo.

Também podemos substituir poder como a capacidade de obter obediência por capacidade de
submeter, por prerrogativa de impor, por probabilidade de influenciar o comportamento - esta
última uma definição mais sociológica, weberiana - é inútil: sempre se supõe um rei, uma
entidade que submete, que impõe, que influencia.

Historial
Os principais estudos sobre poder no âmbito organizacional evoluíram ao longo do tempo e
ganharam os seguintes contornos, conforme Morgan (2000); Paz et al. (2004); Silveira (2005)
O micro poder: trata-se da perspectiva de Foucault cuja epistemologia difere do que se
entende correntemente dos estudos organizacionais, tendo em vista que o poder é tratado
como dimensão comportamental e política abordando-se suas as tipologias; tratando-se ainda
sobre validações e avaliações de escalas sobre o poder e suas configurações nas organizações;
e, sobre os atores organizacionais que desfrutam de recursos para exercer o poder,
consideradas: a posse de meios de produção, de localização, de classe, de conhecimentos
técnicos, no compartilhamento do conhecimento, (Fahy, Easterby-Smith, & Lervik, 2013); na
governança. Os atores exerceriam o poder ainda como geradores de conflitos (Giglio et al.,
2012) em organizações familiares (Lopes, Carrieri, & Saraiva, 2013); na política das
organizações (Santos & Claro, 2014) e nas relações de gênero (Arno, 2017). Foucault
estudou o poder não para consolidar uma teoria, mas para identificar os sujeitos atuando uns
sobre os outros, suas produções de verdades, de subjetividades, de lutas e de consequências,
pois o poder é virtual, está presente nas atitudes e nas tecnologias disciplinares e biopolíticas
que extrapolam o âmbito estatal.

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Organização como estrutura política
A empresa é uma estrutura política, ou seja, ela só funciona enquanto distribui autoridade
(poder de mandar e influenciar) e enquanto é um palco para o exercício do poder.

Isso explica por que pessoas altamente motivadas para buscar e usar o poder encontram nas
organizações um ambiente hospitaleiro e familiar. A atracção pelo poder começa na infância
quando a criança, ao experimentar fome e outros desconfortos corporais, tem o seu medo
primitivo de ser dominada por essas experiências mitigado pela presença materna.

O poder é conseguido ou pela tomada do mesmo ou pela entrega passiva. O conformismo


político debaixo do fascismo é um exemplo do uso do poder como droga. As organizações
são, pois, estruturas políticas que oferecem uma base de poder para as pessoas. A acumulação
pessoal do poder se dá através do desenvolvimento da carreira e dos cargos aonde em cada
nível vai sendo facilitada a afirmação dos interesses de uma pessoa sobre outras. O fato de o
poder ser escasso faz com que ele seja distribuído ás custas dos outros. As formas de poder na
empresa são a parcela de capital de giro que a área executiva absorve, a alocação dos
investimentos, os produtos nobres, o número ou importância de pessoas subordinadas, o
espaço territorial de cada domínio. Quanto mais se sobe na organização menos cargos existem
e mais pessoas são forçadas para fora, ou seja, o poder pressupõe escassez e competição.

Quando uma pessoa é denominada superior de outras, ela passa a ser objecto de poder. Apesar
de a nomeação vir de cima, a afirmação e o apoio vêm de baixo. Um superior representa um
grupo de subordinados e, portanto, um grupo de interesses. Os subordinados confirmam e
apoiam seu chefe ou podem retirar o apoio. O apoio representa um compromisso do superior,
como na política partidária: “O que você fez por mim ultimamente? ”. A única diferença entre
a política de partido e a política de partido e a política organizacional é a subtileza do
procedimento de votação.

As bases do poder
A capacidade de influenciar, persuadir e motivar os liderados está muito ligada ao poder que
se percebe no líder. Existem 5 diferentes tipos de poder que um líder pode possuir:

 Poder Coercitivo (É o poder baseado no temor e na coerção);

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 Poder de Recompensa (É apoiado na esperança de alguma recompensa, incentivo,
elogio ou reconhecimento que o liderado pretende obter do líder);
 Poder Legitimado (Decorre do cargo ocupado pelo líder no grupo ou na hierarquia
organizacional;
 Poder de Competência (Baseado na especialidade, nas aptidões ou no conhecimento
técnico da pessoa);
 Poder de Referência (Baseado na actuação e no apelo. Conhecido popularmente como
carisma.)

Comportamento político
Mintzberg (1985) define a organização como uma arena política e descreve a política
organizacional como um conjunto de sistemas de influência. Parte destes sistemas, como a
autoridade formal, a ideologia (princípios e valores da organização) e o expertise são por ele
definidos como legítimos por serem amplamente aceitos na organização. Ao contrário, a
política é vista como um sistema ilegítimo de influência quando não é formalmente
autorizado, amplamente aceito ou oficialmente certificado. Contudo, segundo esse autor, da
mesma forma que os sistemas legítimos podem ser usados para perseguir fins ilegítimos, a
política, embora meio ilegítimo de influência, é muitas vezes usada para a obtenção de fins
legítimos ou intuitos que contribuam para o bem da organização.

Esta definição de política na organização não se afasta daquela defendida por Mayes e Allen
(1977, p. 675), pela qual “a política na organização é a gestão da influência para obter fins
não sancionados pela organização ou para obter fins sancionados por meios de influência não
sancionados”. A

Friedberg (1977 apud Mintzberg, 1985) afirmam que a política na organização é um


mecanismo concreto graças ao qual os indivíduos estruturam seu poder e o regulam, sendo um
instrumento essencial para a acção organizada. Na mesma linha, Pfeffer (1994) critica a
perspectiva da teoria da agência, pela qual a política prejudica a eficiência da organização por
dissipar as energias dos executivos, restringir o fluxo informacional e distorcer a percepção
sobre a opinião dos outros. Sustenta, ao contrário, que em ambientes de mudança ou
ambientes inseridos em contextos de ambiguidade e incerteza, a falta de acção política pode
significar a incapacidade da organização em tomar decisões vitais para a sua sobrevivência.
Estes autores parecem sugerir que a política na organização se configura como elemento

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intrínseco e inerente à actividade organizacional, inerente ao processo de tomada de decisões
intra (e entre) departamentos.

O bem-estar da organização depende de como seus executivos se comportam politicamente,


ao ampliarem os efeitos positivos ou reduzirem os efeitos negativos da política na
organização.

A política é uma realidade na vida das organizações. Ignorar esse fato é ignorar um
comportamento praticamente inextinguível nas relações de trabalho, entretanto, você deve se
perguntar: por que a política tem de existir? Será que a política pode ajudá-lo a desenvolver o
crescimento pessoal e profissional?

Em geral, as organizações são formadas por indivíduos e grupos com valores, objectivos e
interesses diversos. Essa realidade contribui para uma base de conflitos potenciais em relação
aos recursos disponíveis, acirra a competitividade no ambiente de trabalho e estimula o
comportamento denominado "político".

O comportamento político tem a ver com a percepção dos indivíduos sob diferentes ângulos
de visão. O que é visto por alguém como um esforço espontâneo em benefício da empresa
pode ser visto por outras pessoas como tentativa iminente de beneficiar a si mesmo. No jargão
popular, profissionais que agem dessa maneira são rotulados como puxas-sacos.

Como a maioria das decisões empresariais é tomada com base em factores subjectivos e em
clima de ambiguidade, são passíveis de interpretações diferentes da realidade imaginada por
quem não se beneficia delas. Por conta da natureza humana extremamente competitiva, as
pessoas tendem a utilizar toda e qualquer influência ao seu alcance para distorcer os fatos em
prol de suas metas e interesses particulares. Isso é que se pode chamar de "fazer política".

Assim, em resposta à primeira questão inicial, se uma organização pode existir sem política,
devemos concluir: sim, se todas as pessoas compartilharem dos mesmos objectivos e
interesses, se houver abundância de recursos e se o resultado do desempenho for totalmente
claro e objectivo, mas isso não se aplica ao mundo corporativo actual.

Em relação à segunda questão, se o fato de adoptar um comportamento mais político vai


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favorecer o seu crescimento pessoal e profissional, a resposta é simples: tudo depende da
forma como você pratica a política. A fim de ampliar o seu ponto de vista sobre a questão,
leve em consideração o seguinte:

Nem todos os grupos e organizações são igualmente políticos: se em algumas


organizações, o jogo da política é escancarado, em outras, a política tem um papel secundário
na influência dos resultados.

Cuide do seu networking, mas não se descuide do aperfeiçoamento: se você mantém bons
contactos, mas não produz bons resultados, é quase improvável que seus amigos consigam
ajudá-lo.
O jogo político é uma via de mão dupla: ao decidir adoptá-lo, lembre-se de que a
retribuição será uma constante na sua vida e nem sempre os favores solicitados serão aqueles
que agradam a consciência.

Em resumo, se deseja que as coisas aconteçam dentro de um grupo ou organização, você


precisa entender e aceitar a natureza política das empresas. Ao avaliar o comportamento
dentro de uma perspectiva política, você será capaz de prever as acções e utilizar essas
informações para formular suas próprias estratégias políticas a fim de obter mais benefícios
para você, para sua área ou departamento e, por consequência, para sua organização.

Características do comportamento político


Ainda que não haja consenso, Bradshaw-Camball e Murray (2001) afirmam que praticamente
todas as definições indicam que a ocorrência de política nas organizações está condicionada a
observância de certas condições, quais sejam, a existência de duas ou mais partes (indivíduos
ou grupos) e de alguma forma de interdependência entre elas, bem como a percepção de
divergência de interesses de modo a possibilitar o surgimento do conflito.

Uma vez que essas condições existam, as acções subsequentes das partes envolvidas seriam
consideradas políticas. Para Mayes e Allen (1977), as concepções até então propostas para
comportamento político poderiam ser caracterizadas como: reivindicações contra o sistema de
distribuição de recursos da organização, conflito a respeito das preferências políticas, relação
de controle e influência ou, ainda, comportamentos direccionados para ganhos pessoais.

Apesar da diversidade de conceitos sugeridos na literatura, é possível distinguir traços comuns


e identificar as ideias-chave do constructo. Cada um desses elementos será analisado a seguir

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e integra outras definições na área de comportamento organizacional. Portanto, é somente a
combinação desses que pode caracterizar de maneira distintiva o comportamento político nas
organizações (CUNHA et al., 2006; MAYES e ALLEN, 1977).

Efeito (positivo-negativo) do comportamento político


As diversas linhas teóricas e de pesquisa têm se dividido sobre em que medida a actividade
política e os objectivos organizacionais são, necessariamente, excludentes. Uma excessiva
ênfase no interesse próprio da actividade política tem levado autores a considerá-la como
antiética e exercida às custas dos objectivos organizacionais.

Como já vimos, Cyert e March (1992) entendem que as organizações são compostas por
atores que agem por interesses próprios, mas que o fazem construindo coalizões para
promover seus interesses e, por conta deste processo, os interesses da organização podem
surgir a partir dos interesses individuais. Pratt (1998) adere a este entendimento e afirma que
o interesse próprio pode se alinhar aos interesses da organização, especialmente quando os
indivíduos percebem sua organização como espaço de auto-realização.

Silvester (2008) argumenta que o comportamento político funciona como uma inestimável
acção de sensemaking (dar significado a coisas para que se possa compreender com maior
facilidade) ao promover o compartilhamento de crenças e a construção de consenso em
ambientes de elevada ambiguidade, como é o caso, por exemplo, dos ambientes
caracterizados por elevado nível de incerteza. Considerando que o compartilhamento de
sentidos é gerido por meio de processos políticos, a política se torna um importante
instrumento para se atingir objectivos pessoais e organizacionais. A política é o mecanismo a
disposição da organização para encontrar o equilíbrio entre os interesses pessoais e coaduná-
los em direcção ao objectivo organizacional (Russo, 2010). Ainda de acordo com Pettigrew
(1977), política diz respeito à legitimação de certas ideias, valores e demandas – não apenas
uma acção resultante de uma legitimidade previamente adquirida.

Componentes do comportamento político


Usando a síntese que Lepisto e Pratt (2012) fazem de diversos autores, o comportamento
político possui cinco componentes:

1) Acção de um indivíduo ou de um grupo;


2) Orientação a um objectivo de interesse próprio;
3) Utilização de acções de poder e influência social;
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4) Em relação a dois ou mais atores socialmente interdependentes e;
5) Por meios que não são sancionados oficialmente.

Também é possível agrupar as diversas visões da literatura centrando na questão de o


comportamento político ser um meio de uso do poder e da influência para favorecer interesses
individuais de forma convergente aos interesses organizacionais ou, ao contrário,
deliberadamente contra esses interesses.

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Conclusão
De acordo com a literatura mais recente sobre política nas organizações enfatiza a importância
de entender as formas que a política pode tomar e como ela pode interferir a favor do bem-
estar da organização. Os executivos devem estar equipados com um mapa confiável do
cenário político e conscientes dos recursos de capital político com os quais podem intervir a
favor do bem-estar da organização e de seus membros. Os dirigentes eficazes são hábeis na
actuação política ao reconhecerem os conflitos de interesses em jogo e instrumentaliza-los
como força positiva a favor da organização.

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Referências bibliográficas
Cyert, R., & March, J. (1963) (2nd edition 1992). A behavioral theory of the firm. New
Jersey: Prentice-Hall.

Farrell D. & Petersen J.C. (1982). Patterns of political behavior in organizations. Academy of
Management Review, 7(3), 401-412.

Jarret M. (2017). The 4 Types of Organizational Politics. Harvard Business Review.

Lepisto, D.A., & Pratt, M.G. (2012). Politics in perspectives: on the theoretical challenges
and opportunities in studying organizational politics. In Ferris, G.

Mintzberg, H. (1983). Power in and Around Organizations. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-
Hall.

Morgan, G. (2002). Imagens da organização: edição executiva. (G. G. Goldschmidt, Trans.)


(2a. edição). São Paulo: Atlas.

Pratt, M. G. (1998). Central questions in organizational identification. In Whetten, D.A. &


Godfrey (Eds) Identity in organizations: building theory through conversations. Thousands
Oaks: Sage, 171-207.

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