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TAREFA 1.

1 (UNIDADE 7)
ORGANIZAÇÃO E DEFESA DO ESTADO

João Nélio Câmara Coelho

No que concerne à Forma de Estado, diferencie Confederação, Estado Unitário e


Federação, e trace suas principais características. Após, explique em que consiste
Federalismo centrípeto, centrífugo e de equilíbrio, e identifique a forma de Federação
do Brasil, dando exemplo no texto constitucional.:

Primeiramente, é preciso esclarecer que o estudo envolvendo os institutos da


confederação, da federação ou Estado Unitário – e suas subdivisões – diz respeito à forma de
Estado que, conforme ensinou José Afonso da Silva – aqui citado por Pedro Lenza – fala do
“modo de exercício do poder político em função do território” (LENZA, 2018, p. 378). E aí,
nesse sentido, se o espaço territorial possui uma unidade de poder, tem-se o chamado Estado
Unitário; se o poder é repartido/dividido no espaço territorial, ter-se-ia o Estado Composto,
denominado de Estado Federal ou Federação de Estados (LENZA, 2018, p. 378).

Confederação
Na definição de Norberto Bobbio, a Confederação é uma forma de união de Estados,
semelhante à aliança, nos moldes dos atuais acordos internacionais, em que os Estados-
membros se unem voluntariamente para tratar de interesses comuns, por meio da instituição de
um órgão político de caráter diplomático. Nessa forma, todos os entes participantes mantêm sua
soberania e autonomia, podendo inclusive sair do acordo a seu bel prazer (BOBBIO;
MATTEUCCI; PASQUINO, 1998, p. 218). O exemplo clássico e Confederação é a
independência das 13 colônias norte-americanas com relação à Inglaterra, que se uniram num
sistema confederativo, o qual, no entanto, não durou muito naqueles moldes, haja vista a
fragilidade de tal forma de Estado, fazendo com que logo adotassem a forma federativa.

Estado Unitário
Conforme apostila da Faculdade Unyleya, “esse tipo de Estado não possui divisões
internas, e as circunscrições territoriais em que ele eventualmente possa se dividir não são
dotadas de autonomia política e todos os cidadãos submetem-se a um único governo e a uma
mesma lei” (ORGANIZAÇÃO..., 2020, p. 12). Costuma ser adotado em países pequenos
(Mônaco, República da Irlanda), mas a China e a Índia, apesar da grande extensão, costumam
ser relacionados como exemplos de Estados Unitários, haja vista a enorme centralização do
poder e a possibilidade de dissolução unilateral pelo Poder Central das unidades federativas
existentes (Pedro Lenza – LENZA, 2018, p. 378) – chama o primeiro caso de “Estado Unitário
Puro”, enquanto o modelo indiano e chinês de “Estado Unitário Descentralizado
Administrativamente”).

Federação
A melhor definição de Federação – no sentido de completude e concisão – é dada por
De Plácido e Silva em seu Vocabulário Jurídico:

[...] Estado Federal, é a denominação dada ao Estado composto ou à União de Estados,


onde há centralização de poderes e a manifestação de uma só soberania.
Desta forma a federação mantém em suas mãos toda soma de poderes, outorgando
simplesmente aos Estados federados certa autonomia administrativa e política, em
virtude da qual estes dirigem seus serviços e possuem seus governos, escolhidos entre
os cidadãos fixados ou residentes nos seus limites territoriais. (SILVA, 2010, p. 322-
323).

A origem dessa Forma de Estado é atribuída aos EUA, em 1787, quando o pacto
confederativo cedeu lugar ao pacto federativo, fornecendo as condições para a criação do que
viria a ser os Estados Unidos da América (LENZA, 2018, p. 379).

Federalismo Centrípeto
O Federalismo Centrípeto – também chamado de Federalismo por agregação ou
aglutinação – diz respeito ao movimento de criação da federação quando os estados soberanos
que a formarão abrem mão de parcela de sua soberania (LENZA, 2018, p. 379). Novamente, o
exemplo clássico é o citado anteriormente, isto é, a formação dos Estados Unidos da América,
após o fim do pacto confederativo.

Federalismo Centrífugo
O Federalismo Centrífugo (ou por segregação) é o oposto do anterior, isto é, o Estado
Unitário é quem cede parte de seu poder para os entes. Nas palavras de Pedro Lenza:

Por sua vez, no federalismo por desagregação (segregação), a Federação surge a partir
de determinado Estado unitário que resolve descentralizar-se, “em obediência a
imperativos políticos (salvaguarda das liberdades) e de eficiência”. O Brasil é
exemplo de federalismo por desagregação, que surgiu a partir da proclamação da
República, materializando-se, o novo modelo, na Constituição de 1891. (LENZA,
2018, p. 380)
Federalismo de Equilíbrio
Novamente citando Pedro Lenza:

O federalismo equilíbrio traduz a ideia de que os entes federativos devem manter-se


em harmonia, reforçando-se as instituições.
Segundo André Ramos Tavares, “isso pode ser alcançado pelo estabelecimento de
regiões de desenvolvimento (entre os Estados) e de regiões metropolitanas (entre os
municípios), concessão de benefícios, além da redistribuição de rendas”, destacando-
se, respectivamente, os arts. 43, 25, § 3.º, 151, I, e 157 a 159. (LENZA, 2018, p.
381).

Na prática, o Federalismo de Equilíbrio é um desdobramento do Federalismo em si,


uma espécie do gênero, mas, ao mesmo tempo, não afeta a estrutura como um todo.
O Brasil, mais uma vez, é exemplo clássico desse modelo de federalismo, haja vista o
incentivo para a criação das regiões metropolitanas, como as de Belo Horizonte, de São Paulo
etc.

REFERÊNCIAS
BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de política
I. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1998.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Diário


Oficial da União, 5 out. 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 2 mar. 2020.

LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 22ª. ed. São Paulo: Saraiva Educação,
2018.

ORGANIZAÇÃO E DEFESA DO ESTADO. Brasília-DF: Faculdade Unyleya. [documento


eletrônico] Disponível em:
<https://portalaluno.unyleya.edu.br/765545/curso/104996/modulo/2098299/sala/130250>.
Acesso em: out. 2020.

SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico conciso. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010.

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