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PROCESSOS DE FABRICAÇÃO II

Brasagem

Prof. Dr. Ramsés Otto Cunha Lima


PROCESSOS DE FABRICAÇÃO II
Brasagem

INTRODUÇÃO

• Brasagem engloba um grupo de processos de união que utiliza um metal de


adição de ponto de fusão inferior ao do metal de base.

• Como consequência, o processo é realizado a uma temperatura na qual as


peças sendo unidas não sofrem nenhuma fusão.

• Nestes processos, em geral, a penetração e espalhamento do metal de


adição na junta são conseguidos por efeito de capilaridade.

• Frequentemente, a brasagem é considerada como um processo de união


relacionado mas diferente da soldagem, contudo, ela pode ser,
alternativamente, considerada como um processo especial de soldagem por
fusão no qual apenas o metal de adição é fundido.

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INTRODUÇÃO

• A técnica de união por brasagem é, provavelmente, a mais antiga forma de


unir os materiais, sem considerar os meios mecânicos.

• Apesar de ser uma técnica de união sabidamente antiga, a brasagem é até


hoje amplamente utilizada em inúmeras aplicações devido a capacidade de
unir materiais de natureza muito distinta e com pequenas seções
transversais:
 Autopeças;
 Refrigeradores;
 Trocadores de calor;
 Componentes aeronáuticos e aeroespaciais;
 Componentes eletrônicos.

• Tem ainda a grande vantagem de permitir a união de materiais diferentes,


tais como metais e cerâmicas, de difícil execução por outra técnica de
soldagem.
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INTRODUÇÃO

• Exempos:

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INTRODUÇÃO

• Exempos:

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MOLHABILIDADE E CAPILARIDADE

• Denomina-se molhabilidade a capacidade de uma fase líquida espalhar-se


sobre um substrato sólido.

• Na brasagem, a fase líquida é representada pelo metal de adição fundido e o


substrato sólido pelo material base.

• Três condições distintas de molhabilidade:

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MOLHABILIDADE E CAPILARIDADE

• No 1º caso, o metal de adição não apresenta qualquer tendência ao


espalhamento sobre o material base, mantendo-se na forma de uma gota, que
não molha a superfície. Neste caso, não há qualquer contato físico entre a
fase líquida e o substrato, logo não haverá qualquer possibilidade de
ocorrência de união.

• No 2º caso, ocorre espalhamento do metal de adição sobre material base,


sendo entretanto em nível limitado. Neste caso diz-se que a molhabilidade é
moderada, existindo contato físico entre a fase líquida e o substrato, o que
permite uni-los.

• No 3º caso, o metal de adição espalha-se completamente sobre o material


base, formando quase um revestimento. Diz-se então que a molhabilidade é
excelente, e o contato físico entre a fase líquida é o maior possível, sendo a
união entre estes facilmente obtida.

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MOLHABILIDADE E CAPILARIDADE

• Pode-se quantificar a molhabilidade de um metal de adição sobre um


material base através de duas maneiras bastante simples.

 Medindo-se o ângulo de contato α formado entre o substrato e a


tangente à fase líquida no ponto de contato.
 Quanto menor o ângulo α, maior será a molhabilidade.
 Medição pode ser feita na temperatura ambiente, através de
metalografia ou na temperatura de brasagem, através de técnicas
especiais a quente.

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MOLHABILIDADE E CAPILARIDADE

• Pode-se quantificar a molhabilidade de um metal de adição sobre um


material base através de duas maneiras bastante simples.

 Padronizar um teste fundindo-se sempre a mesma quantidade de metal


de adição sobre diferentes materiais base. Mede-se então a área
ocupada pelo metal de adição. Quando maior a área ocupada, maior o
espalhamento, e consequentemente maior a molhabilidade.

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MOLHABILIDADE E CAPILARIDADE

• Capilaridade é um fenômeno físico que ocorre quando uma fase líquida


molha um substrato.

• Existindo molhabilidade, a
fase líquida tende a subir
acima do nível normal através
de efeito capilar, sendo a
altura alcançada tanto maior
quanto menor a folga.

• Em contrapartida, quando
não existe molhabilidade, a
folga sequer é preenchida,
ficando a altura da fase líquida
abaixo de seu nível normal

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MOLHABILIDADE E CAPILARIDADE

• A brasagem, portanto, nada mais é que o enchimento de uma folga entre os


materiais base por um metal de adição fundido, que necessariamente
apresenta molhabilidade sobre os materiais base.

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MOLHABILIDADE E CAPILARIDADE

• Junta brasada cobre - aço carbono, tendo-se como metal de adição uma liga
de prata.

• O metal de adição apresenta uma boa molhabilidade sobre ambos os


materiais base, uma vez que o ângulo de contato é baixo, acarretando o
enchimento da folga.

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MOLHABILIDADE E CAPILARIDADE

• Junta cobre - aço carbono, tendo-se igualmente utilizado como metal de


adição uma liga de prata.

• A molhabilidade ocorre somente sobre o cobre e não sobre o aço carbono.


Por este motivo o metal de adição não penetrou na folga, impossibilitando
assim a brasagem.

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VARIAÇÕES DO PROCESSO

• Existem três variações básicas dos processos de brasagem:

 Brasagem propriamente dita ou “brasagem forte” (Brazing, B)


 utiliza metais de adição de temperatura de fusão superior a 450 ºC;

 Brasagem fraca (Soldering, S)


 utiliza metais de adição de baixa temperatura de fusão (inferior a
450 ºC);

 Solda-brasagem
 utiliza metais de adição similares ao da brasagem, mas cujo
projeto da junta é similar ao usado na soldagem por fusão
convencional.

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VARIAÇÕES DO PROCESSO

• Em todos os processos de brasagem, para a obtenção de uma união de boa


qualidade, é fundamental que o metal de adição molhe e se espalhe de forma
adequada na superfície da junta.

• Para isto, é importante a remoção de todas as suas contaminações, o que é


usualmente feito pela limpeza e/ou decapagem adequada das peças e pelo
uso, durante a brasagem, de um fluxo ou uma atmosfera adequada.

• Os fluxos são misturas de diversas substâncias (sais, ácidos, material


orgânico, etc) que se fundem a uma temperatura inferior ao metal de adição e
atuam sobre as superfícies da junta dissolvendo camadas de óxido e de
outras contaminações e permitindo uma boa molhabilidade da junta pelo
metal de adição.

• As atmosferas de proteção podem ser inertes ou ativas (em geral,


redutoras) ou, alternativamente, a brasagem pode ser realizada em vácuo.
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VARIAÇÕES DO PROCESSO

• Os processos de brasagem envolvem, em geral:

 Preparação da junta (envolvendo a colocação das peças em posição e,


em alguns casos, a colocação do metal de adição e fluxo);

 Aquecimento da região da junta até a temperatura de brasagem;

 A alimentação de fluxo e metal de adição (caso estes não tenham sido


pré-posicionados na preparação da junta);

 Espalhamento do metal de adição pela junta (nesta etapa, em geral, o


efeito de capilaridade é extremamente importante);

 Resfriamento do conjunto brasado.

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VARIAÇÕES DO PROCESSO

• A brasagem forte é comumente subdividida em processos de acordo com o


método de aquecimento usado:
 Brasagem com tocha (Torch Brasing, TB);
 Brasagem em forno (Furnace Brasing, FB);
 Brasagem por indução (Induction Brasing, IB);
 Brasagem por imersão (Dip Brasing, DB), na qual as peças são
imersas em banhos de sais ou do metal de adição fundidos para a sua
brasagem;
 Brasagem por infravermelho (Infrared, Brasing, IB).

• Uma divisão similar pode ser feita para os processos de brasagem fraca, a
qual, contudo, é mais comumente realizada com o auxílio de uma ponta
metálica aquecida por uma resistência elétrica (“ferro de solda”).

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VARIAÇÕES DO PROCESSO

• Processo de brasagem em forno.

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VARIAÇÕES DO PROCESSO

• Diferentes metais de adição podem ser usados na brasagem forte,


dependendo do tipo de metal de base, da aplicação da peça e do processo de
brasagem usado.

• Para juntas de aço, metais de adição comuns são, por exemplo, ligas de
cobre, ligas de prata e ligas de níquel.

• Na brasagem fraca, são usadas, em geral, ligas de chumbo/estanho,


estanho/antimônio e de estanho/zinco.

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VARIAÇÕES DO PROCESSO

• Algumas das principais vantagens da brasagem para a indústria são:

 Baixo custo para montagens complexas;


 Simples para a união de grandes áreas;
 Menores problemas de tensões residuais que em processos de
soldagem por fusão;
 Capacidade de preservar revestimentos no metal de base;
 Capacidade de unir metais dissimilares;
 Capacidade de unir metais com materiais não metálicos;
 Capacidade de unir peças com grandes diferenças de espessura;
 Grande precisão dimensional das peças produzidas;
 Peças produzidas requerem pouco ou nenhum acabamento final
(quando uma atmosfera protetora adequada é usada);
 Várias peças podem ser produzidas de uma vez (processamento em
batelada).

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VARIAÇÕES DO PROCESSO

• Dependendo dos tipos de materiais e do processo usados, a brasagem


pode ser um processo complicado com muitas variáveis que necessitam ser
controladas para um resultado satisfatório.

• A preparação da junta para brasagem pode ser complicada, exigindo grande


precisão dimensional para um espalhamento adequado do metal de adição.

• A seleção de metal de adição e fluxo/atmosfera pode ser difícil, podendo


ocorrer problemas de molhamento inadequado do metal de base, formação
de compostos intermetálicos (com degradação das propriedades mecânicas
da junta) e até a erosão do metal de base.

• O processo de brasagem manual com tocha exige, operador treinado.

• A brasagem fraca é extremamente utilizada na indústria eletrônica, na união


de conexões elétricas e eletrônicas.
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