Você está na página 1de 12

Romance urbano

Introdução
O Romance Urbano surge num período que compreendeu o fim do
Condoreirismo e o início do Romance Indianista. O Romance Urbano ou
de Costumes faz menção às obras que retratam o Brasil no período do
Segundo Reinado (1831-1840).
Principalmente com habitação no Rio de Janeiro, as obras buscavam apontar
os aspectos mais negativos da vida urbana e uma crítica ao cotidiano burguês.
De modo irônico, as obras faziam menções sarcásticas a vida carioca de
meados do século XIX.
O Romance Urbano tem por característica abordar um enredo de disputas
amorosas, intrigas entre casais e as desigualdades socioeconômicas da época.
Além disso, o desfecho da história comumente é feliz e com o amor como a
salvação.
Contexto histórico

O romance brasileiro, cuja tradição teve início na segunda década do


século XIX, assumiu o papel de principal instrumento de construção da
cultura brasileira em uma tentativa de redescobrir o país através do
reconhecimento dos espaços nacionais. Dessa tentativa bem-sucedida,
surgiram o romance indianista e histórico, o romance regional e,
posteriormente, o romance urbano.
O romance urbano, mais do que qualquer outro tipo de romance, foi o que
alcançou maior êxito. A burguesia, vendo-se pela primeira vez retratada nos
livros, tornou-se público cativo, conferindo ao romance urbano o prestígio de
que ele precisava para ser, ainda hoje, um dos gêneros mais populares entre
os leitores.
Com uma temática até então inédita,
preocupada em reproduzir e criticar os hábitos
da sociedade, foi essencial para a consolidação
do gênero romance no Brasil, abrindo
caminhos para a produção literária posterior,
sobretudo para os romances urbanos de
Machado de Assis surgidos anos depois.

Joaquim Manuel de Macedo


Características do romance urbano
O romance urbano é uma narrativa longa cujo principal espaço de
ação dos personagens é a cidade, em oposição ao campo. Nesse
sentido, a cultura e os problemas da cidade são evidenciados nesse tipo
de narrativa. Assim, os personagens são construídos de acordo com as
características inerentes a moradores dos centros urbanos.
O romance urbano do romantismo brasileiro, também chamado de
romance de costumes, apresenta as seguintes características:

•aspecto melodramático;
•prevalência de um final feliz;
•amor idealizado;
•costumes da elite burguesa;
•eventual crítica política e social;
•Rio de Janeiro como espaço da ação;
•mulher idealizada;
•heroísmo;
•dificuldade amorosa;
•divulgação de valores morais;
•linguagem simples.
• Esses romances abordam as intrigas amorosas e as
desigualdades econômicas. O fim é, invariavelmente, feliz e
com a vitória do amor.
• As figuras principais agora não são mais os nobres, e sim o
cidadão comum, geralmente procedente da burguesia ou da
plebe; ele vivencia experiências do cotidiano. Seus feitos não
lhe trazem mais glória e autoridade; eles gravitam em volta
de eventos praticamente sem nenhuma importância, tais
como conflitos amorosos e problemas socioeconômicos.
Criação do romance urbano

No Brasil, o romance urbano surgiu com a chegada


do romantismo. Assim, o primeiro romance urbano de
nossa literatura foi A Moreninha, de Joaquim Manuel de
Macedo, publicado em 1844. No entanto, alguns
estudiosos defendem que o primeiro romance foi O
filho do pescador, de Teixeira e Sousa (1812-1861),
publicado em 1843.
Trecho de “a moreninha”.
(...)
Como de costume, a tarde teve de ser empregada em passeios à borda do mar e pelo
jardim. O maior inimigo do amor é a civilidade. Augusto o sentiu, tendo de oferecer o
braço à Srª D. Ana: mas esta lhe fez cair a sopa no mel, rogando-lhe que o reservasse para
sua neta.
(...)
Em uma das ruas do jardim duas rolinhas mariscavam: mas, ao sentirem passos, voaram e
pousando não muito longe, em um arbusto, começaram a beijar-se com ternura: e esta
cena se passava aos olhos de Augusto e Carolina!...
Igual pensamento, talvez, brilhou em ambas aquelas almas, porque os olhares da menina e
do moço se encontraram ao mesmo tempo e os olhos da virgem modestamente se
abaixaram e em suas faces se acendeu um fogo, que era pejo. E o mancebo, apontando
para ambos, disse:
Eles se amam!
E a menina murmurou apenas:
- São felizes.
-Pois acredita que em amor possa haver felicidade?
-Às vezes.
-Acaso, já tem a senhora amado!...
-Eu?!...e o senhor?
- Comecei a amar há poucos dias.
A virgem guardou silêncio e o mancebo, depois de alguns
instantes, perguntou tremendo:
- E a senhora já ama também?
Novo silêncio; ela pareceu não ouvir, mais suspirou. Ele falou
menos baixo:
- Já ama também?...
Ela abaixou ainda mais os olhos e com voz quase extinta
disse:
Não...Não sei...talvez...
- E a quem?...
-Eu não perguntei a quem o senhor amava.
-Quer que lho diga?...
-Eu não pergunto.
-Posso eu fazê-lo?
-Não lho impeço.
-É a senhora.
D. Carolina fez-se cor-de-rosa e só depois de alguns instantes
pôde perguntar, forcejando um sorriso:
-Por quantos dias?
-Oh! Para sempre!... - respondeu Augusto, apertando-lhe
vivamente o braço.
Resumo do romance urbano
• No romance urbano, o espaço da ação da narrativa é a cidade,
em oposição ao meio rural.
• O romance urbano romântico retrata os costumes da elite
burguesa carioca do século XIX.
• O primeiro romance urbano do Brasil, segundo alguns
estudiosos, foi A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo.
• Já outros críticos consideram O filho do pescador, de Teixeira e
Sousa, como o primeiro romance urbano nacional.
• Os romances urbanos do romantismo brasileiro foram produzidos
no contexto histórico do Segundo Reinado.

Você também pode gostar