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Vir gín ia Ka st r u p* *
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
RESUM O
O art igo propõe um a discussão t eórica sobre o est at ut o da experiência do
espect ador no cinem a, baseando- se no conceit o de em ancipação int elect ual
form ulado por Jacques Rancière ( 2008) . Part indo dos est udos sobre
recepção, realiza um a crít ica ao problem a relat ivo à passividade do público,
enfat izando a perspect iva do espect ador em ancipado. Ao dest acar que a
discussão sobre a experiência se lim it a, no âm bit o desses est udos, à análise
do com port am ent o do público, inferida a part ir de índices de audiência, o
t ext o at ent a para o fat o de não se considerar a dim ensão processual e
corporificada ( Varela, Thom pson, & Rosch, 1991) , sendo o com port am ent o
algo da ordem dos efeit os do que da experiência em si m esm a. Conclui
ainda que os est udos sobre recepção não dão cont a do problem a da
experiência do expect ador de m odo sat isfat ório. Nest e sent ido, a
em ancipação surge com o possibilidade de afirm ação de um a concepção
corporificada da experiência, que deverá ser obj et o de invest igação em
est udos em píricos fut uros.
Pa la vr a s ch a ve : espect ador, experiência, em ancipação, cinem a.
ABSTRACT
The art icle proposes a discussion on t he st at ut e of t he spect at or’s experience
in cinem a, based on t he concept of int ellect ual em ancipat ion form ulat ed by
Jacques Rancière ( 2008) . From of t he recept ion st udies, was m ade a crit ique
of problem of t he public passivit y, em phasizing t he perspect ive of t he
em ancipat ed spect at or. To em phasize t hat t he discussion about t he
experience is lim it ed, in t he cont ext of t hese st udies, t o an public behavior
analysis, inferred from audience rat ings, t he t ext draws at t ent ion t o t he fact
t hat t heir procedural and em bodied dim ension ( Varela, Thom pson , & Rosch,
1991) is not considered, being t he behavior, som et hing of t he order of
effect s, t han of t he experience it self. I t also concludes t hat t he st udies on
recept ion are not enough t o address t he problem of experience of viewer
sat isfact orily. Consequent ly, t he em ancipat ion arises as a possibilit y for
RESUM EN
El art ículo propone una discusión sobre el est at ut o de la experiencia del
espect ador del cine, basando en el concept o de la em ancipación int elect ual
form ulado por Jacques Rancière ( 2008) . A part ir de los est udios de
recepción, él hace una crít ica al problem a de la pasividad del público,
enfat izando la perspect iva del espect ador em ancipado. Dest acando que la
discusión acerca del experiencia es lim it ada, en est e t ipo de est udios, en el
análisis de com port am ient o del público inferidas a part ir de los índices de
audiencia, el t ext o llam a la at ención sobre la falt a de consideración de su
dim ensión procesal y corporal ( Varela, Thom pson, & Rosch, 1991) , t eniendo
en cuent a el com port am ient o com o algo del orden de los efect os en lugar de
la propia experiencia. Tam bién concluye que los est udios sobre la recepción
no son suficient es por abordar el problem a de la experiencia del espect ador
sat isfact oriam ent e. En consecuencia, la em ancipación aparece com o una
posibilidad para la invest igación de una experiencia encarnada, que será
obj et o de invest igación en fut uros est udios em píricos.
Pa la br a s cla ve : espect ador, experiencia, em ancipación, el cine.
Est ud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 15, n. 3, p. 965- 985, 2015. 966
Fabio Mont alvão Soares, Virgínia Kast rup
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Os aut ores cit ados dest acam t am bém o m ovim ent o inglês da Screen-
Theory 2 , caract erizado por um discurso crít ico, m as de cont inuidade
à t radição est rut uralist a vigent e, no qual o paradigm a cont inuaria a
ser o do espet áculo que cria o espect ador, e não o cont rário. Nele, o
obj et o fílm ico é criado e subm et ido ao m esm o t em po à narrat iva
com o det erm inant e do que é proj et ado na t ela, sendo est e, por sua
vez, m ascarado pelo realism o aparent e do cont eúdo com unicado.
Ent ret ant o, em bora de cunho m ais flexível em relação ao lugar
ocupado pelo espect ador ( considerado agora em sua dim ensão
percept iva e m esm o hist órica) as discussões propost as pelo
m ovim ent o da Screen- Theory ainda m ant êm um a visão est rit am ent e
passiva dest e. Segundo Mascarello:
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Orozco ( 2001) dest aca a im port ância da audiência nos est udos sobre
recepção. O t erm o se refere não a um índice relat ivo a um a m era
at ividade recept iva por part e do público, m as a um a série de ações
m ediadas por um a diversidade de vet ores sociais, cult urais e
hist óricos. Nest e m om ent o é int eressant e observar que os est udos
sobre as audiências ( t al com o dest acam os acim a nos t rabalhos de
Mascarello e Orozco) evidenciam um dado im port ant e em relação às
leit uras sobre a espect at orialidade. Esses est udos m ost ravam de
m odo paradoxal um a post ura inversa por part e do público às
expect at ivas dos int elect uais e produt ores das obras, ist o é, sobre o
que os segundos t eorizavam em relação aos prim eiros. Se não havia,
por exem plo, um a rej eição explícit a das obras ( indicada em t erm os
de com port am ent o do público inferido por índices de audiência) , no
m ínim o exist ia um hiat o ent re aquilo que o corpus t eórico pensava, a
part ir do discurso t ext ual e dos seus produt os, e a experiência
concret a dos espect adores. As t ecnologias em pregadas na produção
poderiam não ser, assim , plenam ent e eficazes na coopt ação do
público; fat o est e que pot encialm ent e poderia ser indicado pelas
audiências com o inst rum ent o de cont at o com essa realidade. Sobre
est e pont o, descreve Escot esguy ( 2006) :
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espect ador com o agent e passivo, t ais com o o det erm inism o t ext ual.
Out ras ent endem que o público com parece de form a m ais efet iva no
processo, com o no caso da Screen- Theory e na perspect iva
cult uralist a. Consideram os ainda, que não sej a clara na abordagem
desses aut ores, um a divisão nít ida ent re o que seria da ordem da
recepção e o que seria concernent e ao espect ador de cinem a
propriam ent e dit o, o que t erm ina por m ant er a crença num a
equivalência ent re essas duas inst âncias.
Jacks ( 2008; 2014) afirm a, em seu m apeam ent o sobre as pesquisas
que t rat am do t em a da recepção no Brasil, que poucos t rabalhos
analisam o recept or e o gênero m idiát ico t elevisivo no int uit o de
perceber a relação ent re eles, desconsiderando os aspect os t ext uais e
os da produção m idiát ica: “ a presença da pesquisa de recepção ainda
se dá de form a m uit o t ím ida” ( Jacks, 2014, p.11) . Em relação à
discussão sobre a recepção no âm bit o do cinem a, as referências são
ainda m ais escassas; Jacks ( 2008) dedica um único subcapít ulo à
recepção no cinem a, m ant endo- se um cenário sem elhant e na
pesquisa de 2014. Em relação à obra de Mascarello ( 2001; 2004)
( único pesquisador m encionado a t rat ar especificam ent e do t em a) ,
cit a a aut ora:
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cinem a, nesse sent ido, é não apenas a hist ória dos film es e dos
cineast as, m as t am bém a hist ória dos sucessivos sent idos que o
público t em at ribuído ao cinem a” ( St am 2000, p. 257) . O público,
além de sim plesm ent e seguir os cam inhos pré- est abelecidos pelos
produt ores/ art ist as, pode ult rapassá- los e produzir suas próprias
leit uras e significações em relação ao que assist e. Talvez sej a est e o
int eresse inicial de um a at enção especial à audiência, pois ela
indicaria, de cert o m odo, esse m ovim ent o peculiar. Ela de fat o pode
apont ar os m ovim ent os divergent es dos espect adores em relação às
expect at ivas dos diret ores e produt ores, que pret ensam ent e se
colocam na posição de ent ender os m odos de funcionam ent o do
público.
Out ro fat or im port ant e na discussão da relação espect ador/
audiência, é o de que ela expressa m uit o m enos a posição real ou a
experiência do público e m uit o m ais um índice geral e subm et ido aos
dit am es do m ercado. O fat o de se assist ir ou não a um film e ( ou a
um program a t elevisivo) é efeit o de um a m ult iplicidade de fat ores,
m uit o além de quest ões especificam ent e ligadas ao m ercado e a
est es índices, consequent em ent e, ult rapassando seus lim it es. Em se
t rat ando do assunt o, Escot esguy e Jacks ( 2005) dest acam que
m aioria das pesquisas sobre essa t em át ica eram im plem ent adas
at ravés de m ét odos quant it at ivos, configurando- se com o
exclusivam ent e volt adas para o m ercado publicit ário. O espect ador
era t rat ado com o consum idor, prevalecendo fat ores com o poder
aquisit ivo, prát icas e hábit os de consum o. Sob esse ângulo,
ponderam :
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2 D e qu e e x pe r iê n cia fa la m os?
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aut or com o t rabalho poét ico de t radução, ent endido com o capacidade
de associar e dissociar a m ult iplicidade das im agens e dos discursos:
“ É nesse poder de associar e dissociar que reside a em ancipação do
espect ador, ou sej a, a em ancipação de cada um de nós com o
espect ador. Ser espect ador não é condição passiva que deveríam os
convert er em at ividade. É nossa condição norm al” ( Rancière, 2008, p.
21) . A t radução se dist ingue de um a sim ples int erpret ação baseada
em valores ext ernos à experiência, t rat ando- se m ais da colocação de
um problem a singular no âm bit o de um a exist ência enquant o
pot ência igualm ent e singular. Já não se t rat aria, por exem plo, de um
problem a propost o pelo disposit ivo, visando à solução corret a por
part e do espect ador ( capt ar e ent ender sua propost a) , ou de um
problem a est abelecido por alguém , com o um enigm a a ser decifrado.
Trat a- se de um problem a, encarnado na experiência de cada um e
que surge no m odo único da sua relação com o disposit ivo,
independent em ent e ( o que não significa que não possa ser solidário)
de qualquer problem a propost o por est e últ im o. Afirm a- se assim , a
part ir das cont ribuições de Rancière ( 2008) , o cam po da experiência
do espect ador, onde a em ancipação surge com o expoent e m áxim o de
sua pot encialidade.
A part ir do que expom os sobre a em ancipação, ret om am os a
discussão sobre a passividade do espect ador. De cert o m odo,
const at am os nos est udos sobre recepção e audiência ant eriorm ent e
discut idos, a afirm ação de um a visão m ais abert a à experiência do
público a part ir da negação de um est ado de passividade e a ele
at ribuído apriorist icam ent e. Porém , a passividade parece exist ir,
nest es casos, com o condição a ser ult rapassada ou com o result ant e
de um a visão equivocada do pont o de vist a t eórico. Os discursos pró-
at ividade do espect ador não encarnado no plano da experiência
consideram que a at ividade seria um est ado a ser conquist ado.
Dest acam os esses posicionam ent os no int uit o de pensar que a lógica
do em brut ecim ent o, t al com o dem onst rada por Rancière ( 2008) , é
geralm ent e m ant ida nest es casos, evidenciando- se, na verdade, um a
relação segregat ória ent re os int elect uais e seus discursos e os
espect adores supost am ent e ignorant es, nos quais o germ e da
at ividade deve ser despert ada. A at ividade é t ida nest e caso, com o
signo de um a supost a valorização do espect ador, t ornando- se um a
espécie de alegoria exibida com o prom essa de redenção e de
m udança de paradigm a por part e dos discursos t eóricos. Porém , o
que se verifica na prát ica é a m anut enção do disposit ivo com o um
inst rum ent o const ruído a serviço de um supost o esclarecim ent o com o
chave de com preensão de um a realidade ocult a ao espect ador.
Dir- se- á que o art ist a, ao cont rário, não quer inst ruir o
espect ador. Hoj e ele se defende de usar a cena para im por um a
lição ou t ransm it ir um a m ensagem . Quer apenas produzir um a
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O que perm it e declarar inat ivo o espect ador que est á sent ado
em seu lugar, senão a oposição radical, previam ent e supost a,
ent re at ivo e passivo? Por que ident ificar olhar e passividade,
senão pelo pressupost o de que o olhar quer dizer com prazer- se
com a im agem e com a aparência, ignorando a verdade que
est á por t rás da im agem e a realidade fora do t eat ro?
( Rancière, 2008, p. 16) .
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4 Con clu sã o
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t eat ral, m erece ser am pliada, em bora sej a convenient e invest igar se
exist em especificidades inerent es a cada disposit ivo e avaliar em que
m edida a pesquisa sobre a experiência espect at orial se realiza em
cada um deles. É im port ant e salient ar que a em ancipação é
considerada um princípio e um a at it ude fundam ent al do espect ador.
Ela nos apont a que exist e um m odo específico de experiência e de
relação dos suj eit os com o plano das im agens cinem at ográficas.
Ressalt am os que a em ancipação não se reduz a um regim e de
t raduções de cunho individual, m as possui um a dim ensão colet iva.
Ela possibilit a um int ercâm bio de m últ iplas forças que perpassam os
disposit ivos, os espect adores, os discursos e as polít icas de produção
e circulação das obras. A dim ensão de colet ividade não diz respeit o a
corpos passivos e assuj eit ados, que devem ser m obilizados para ação
at ravés do disposit ivo, sej a ele t eat ral ou audiovisual, t al com o no
paradigm a do em brut ecim ent o. Rancière ( 2008) se refere a um poder
com um , num sent ido de int ercâm bio ent re int eligências, afirm ando
que suas caract eríst icas se revelariam , a princípio, com o part e de
um a at ividade int elect ual por excelência. O poder com um da
igualdade das int eligências liga indivíduos, faz que eles int ercam biem
suas avent uras int elect uais e, ao m esm o t em po, se posicionem uns
em relação aos out ros de m odo dist int o. O espect ador é capaz de
ut ilizar esse poder com um a t odos para t raçar seu cam inho próprio e
singular. Em função dest e fat o, nossa discussão busca revisit ar o
conceit o de espect at orialidade a part ir da perspect iva da
em ancipação. No cam po do audiovisual, sugerim os a inflexão da
noção de em ancipação int elect ual em prol de um a em ancipação
espect at orial. E o princípio fundam ent al dest a em ancipação é
j ust am ent e essa especificidade inerent e ao espect ador, que se
apropriaria de m odo singular dos m at eriais audiovisuais, produzindo
suas t raduções a part ir de suas próprias referências, const ruídas
colet ivam ent e.
A experiência espect at orial se oferece com o um cam po propício a
fut uras invest igações. A nosso ver, o foco dessa experiência deve ser
j ust am ent e a sua especificidade em ancipat ória, caract erizada
t am bém pela at ividade int elect iva. O espect ador ut iliza seus recursos
num am plo e cont ínuo t rabalho de t radução, analisando, selecionando
e com parando à sua m aneira, signos de t oda ordem e nat ureza.
Com o afirm a Rancière ( 2008) , reconhecer esses signos é em penhar-
se em cert a leit ura de nosso m undo. Nest e m om ent o, buscam os
preparar o t erreno t eórico que rest a abert o, para o desenvolvim ent o
fut uro de pesquisas em píricas. Consideram os que a part icipação de
fat ores percept ivos e cognit ivos nos processos espect at oriais oferece
oport unidade de am pliação da dim ensão da experiência do
espect ador, incluindo- se nela out ros fat ores. No present e est udo, o
esforço de delim it ação do problem a da experiência espect at orial lança
o desafio de invest igar com o se desenrolam concret am ent e esses
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fat ores t écnicos das obras deixam de ser o foco principal, priorizando-
se agora a experiência do espect ador, em seu m ovim ent o
em ancipat ório e em seu t rabalho de t radução, dest acando- se a
função cognit iva na const rução das relações com a m ult iplicidade de
im agens.
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En de r e ço e le t r ôn ico
Fa bio M ont a lvã o Soa r e s
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Program a de Pós- Graduação em Psicologia, I nst it ut o de Psicologia da UFRJ
Av. Past eur, 250 fundos, Praia Verm elha, CEP 22290- 902, Rio de Janeiro–RJ, Brasil
Endereço elet rônico: fabio.m ont alvao@ufrj .br
Vir gín ia Ka st r up
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Program a de Pós- Graduação em Psicologia, I nst it ut o de Psicologia da UFRJ
Av. Past eur, 250 fundos, Praia Verm elha, CEP 22290- 902, Rio de Janeiro–RJ, Brasil
Endereço elet rônico: virginia.kast rup@gm ail.com
N ot a s
* Dout orando em psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ;
Rio de Janeiro, Brasil.
* * Dout ora em psicologia clínica pela Pont ifícia Universidade Cat ólica de São Paulo;
pós dout ora em ciências da cognição no Cent re Nat ional de la Recherche
Scient ifique ( Paris) , e em psicologia cognit iva da deficiência visual no Conservat oire
Nat ional des Art s et Met iers ( Paris) ; professora associada na Universidade Federal
do Rio de Janeiro.
1
Segundo o aut or, o m odernism o polít ico se caract eriza pelo am algam ent o
est rut uralist a/ pós- est rut uralist a ent re a sem iologia “ m et ziana” , a psicanálise
lacaniana e o m arxism o alt husseriano, incluindo as t eorias francesas da
desconst rução e do disposit ivo ( pós- m aio de 1968, nas revist as Cinét hique e
Cahiers du Ciném a) e a t eorização anglo- am ericana liderada pelo periódico inglês
“ Screen” . Cf.: Fernando Mascarello ( 2004) . Os Est udos Cult urais e a
Espect at orialidade Cinem at ográfica: Um Mapeam ent o Crít ico. Revist a ECO- PÓS,
07( 2) , p. 92.
2
A Screen- Theory é um m ovim ent o const it uído a part ir da reunião de um conj unt o
de int elect uais em t orno da revist a inglesa “ Screen” , que post eriorm ent e ganhou
dest aque no cenário am ericano. A revist a se caract erizava com o um corpus
alt ernat ivo às publicações corrent es de origem francesa, t ais com o a Cinét hique e o
Cahiers du Ciném a. Cf.: Conferir: Fernando Mascarello ( 2001) . A Screen- Theory e o
Espect ador Cinem at ográfico: Um Panoram a Crít ico. Revist a Novos Olhares, 08( 2) ,
p. 24.
3
Joseph Jacot ot é um pedagogo francês que viveu no século XI X, reconhecido por
sua posição crít ica em relação aos proj et os educacionais inspirados no cient ificism o
e no ideal de progresso com uns em sua época. Rancière se apropria de sua obra a
fim de salient ar o conceit o de em ancipação int elect ual em oposição ao que o
pedagogo denom inava com o em brut ecim ent o. Sobre o assunt o cit a: “ Era bem ist o
que Jacot ot t inha em m ent e: a m aneira pela qual a Escola e a sociedade
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infinit am ent e se sim bolizavam um a à out ra, reproduzindo assim , indefinidam ent e o
pressupost o desigualit ário em sua própria denegação” ( Rancière, 1987, p. 15) .
Post eriorm ent e, Rancière definirá, em sua obra de 2008, a em ancipação int elect ual
com o um princípio fundam ent al no desenvolvim ent o de suas t eorias sobre o
espect ador.
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