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Resenha Crítica:

O Poder do Hábito, de Charles Duhigg, Editora Objetiva – 2022

a) Credenciais do Autor:

Charles Duhigg nasceu no estado do Novo México, Estados Unidos. Estudou história na
Universidade Yale e fez MBA na Harvard Business School. Mora na cidade de Nova York com a
esposa e os dois filhos.
Charles Duhigg é repórter investigativo do New York Times. Foi autor e colaborador de Golden
Opportunities (2007), uma série de artigos que examinavam como empresas estão tentando se
aproveitar de americanos em idade avançada, The Reckoning (2008), que estudava as causas e
consequências da crise financeira, e Toxic Waters (2009), sobre o agravamento da poluição da água
nos EUA e a reação dos órgãos reguladores. Por seu trabalho, Duhigg recebeu os seguintes prêmios:
National Academies of Sciences, National Journalism, George Polk, Gerald Loeb, entre outros, e foi
parte de um grupo de finalistas do Prêmio Pulitzer de 2009.

b) Resumo da Obra:

O livro se inicia com um Prólogo, A cura do hábito, seguido do Corpo que é dividido em três
partes: A PARTE UM com três subdivisões, a PARTE DOIS com quatro e a PARTE TRÊS com
duas. Posteriormente, apresenta um Apêndice, subdividido em: Um guia para o leitor de como usar
estas ideias, Agradecimentos, Uma Nota Sobre as Fontes, Notas e Índice Remissivo.
A PARTE UM, Os hábitos dos indivíduos, começa com o “Loop do Hábito”, mostra como os
hábitos funcionam e explica que eles são compostos por três elementos: deixa, rotina e
recompensa. Esses itens nos fazem executar tarefas repetidas vezes de forma inconsciente. Em
seguida, fala sobre o “Cérebro Ansioso”, explica como criar novos hábitos e prova por meio de
experimentos e exemplos práticos que a melhor forma de criar um novo hábito é criando um anseio,
afinal, são eles que impulsionam os hábitos. Por último, apresenta a “Regra de Ouro da Mudança de
Hábito”, para explicar porque a transformação acontece. O Autor chega à conclusão que não existe
um uma série específica de passos que funcionem de forma infalível para qualquer pessoa. Os
hábitos não podem ser erradicados, apenas substituído. Devemos manter a mesma deixa e
recompensa, inserindo então uma nova rotina. Afirma ainda, que a fé tem papel fundamental no
processo, não a fé religiosa, mas sim a fé em si mesmo de que você é capaz de modificar o que
deseja e que quando feito em grupo, tem maiores chances de sucesso, devido a “pressão social” que
se forma.
A PARTE DOIS, Os hábitos de organizações bem-sucedidas, inicia falando sobre os “Hábitos
Angulares, ou a Balada de Paul O`Neill”, descreve as mudanças que ocorreram em uma empresa ao
focar na melhoraria da segurança de seus funcionários e explica porque os hábitos de um dos
maiores atletas olímpicos da história foram fundamentais para sua glória. Os Hábitos Angulares
proporcionam pequenas vitórias, que servem como combustível para as grandes vitórias. Na
sequência, em “Starbucks e o Hábito do Sucesso”, o Autor conta como o treinamento dos
funcionários dessa empresa foi responsável pelo sucesso da mesma. Descreve a Força de Vontade
como sendo um músculo que podemos exercitar e desenvolver cada vez mais. Em “O Poder de uma
Crise”, ao contar o caso de um Hospital com problemas internos e um incêndio que ocorreu em uma
estação de metrô, o Autor mostra como crises e tragédias tem papel importante no processo de
mudança de hábito. E como líderes podem se aproveitar desses momentos para inserir mudanças.
Por fim, em “Como a Target Sabe o que Você quer Antes que Você Saiba” é apresentado a empresa
pioneira na utilização de dados para prever produtos que interessam os clientes. A empresa enviava
cupons de produtos especificamente interessantes para o consumidor, aumentando assim o número
de vendas. A oferta de cupons da Target era tão certeira, que a empresa chegou a ser acusada de
invasão de privacidade, passando então a disfarçar os produtos que interessavam no meio a
produtos aleatórios na hora de enviar para as pessoas. O Autor também apresenta o “Modelo
Sanduiche”, usando como exemplo uma música que todos achavam que iria fazer sucesso e na
verdade foi um fracasso. Para resolver o problema começaram a colocar essa música entre sucessos
da época na hora de tocar na rádio. Aos poucos a música começou a agradar mais o público.
Concluindo que: “Se você veste alguma coisa nova em hábitos antigos, fica mais fácil para o
público aceitá-la”.

A PARTE TRÊS, Os hábitos de sociedades, inicia com “A Saddleback Church e o Boicote aos
Ônibus de Montgomery” que descreve o caso de racismo que levou ao boicote, ficando marcado
como estopim para uma onda de protestos de vital importância para a luta contra a discriminação
racial. O conceito de “poder dos laços fracos” é apresentado ao leitor, justificando a obrigação
social que as pessoas sentiam a se juntar ao movimento. Conclui seu pensamento dizendo os
movimentos não se iniciam porque todos começaram a pensar igual e ter os mesmos anseios. Eles
dependem de padrões sociais baseados em hábitos de amizade, hábitos comunitários e a
implantação de novos hábitos que alteram a identidade dos membros. Para terminar a última parte,
o Autor apresenta “A Neurologia do Livre-Arbítrio” onde é feito o seguinte questionamento:
“Somos responsáveis pelos nossos hábitos?”. São apresentadas duas histórias, uma sobre uma
mulher viciada em apostas que perdeu tudo que sua família possuía, acumulando uma gigantesca
dívida, e outra de um homem que mata sua esposa durante um chamado “Terror Noturno”, onde o
mesmo sequer se lembra de ter cometido tal ato. Ambos foram a julgamento por seus crimes, porém
o veredito dos jurados foi de culpado para o primeiro caso e inocente para o segundo. Conclui então
analisando a diferenciação, no ponto de vista da sociedade, ao atribuir responsabilidade nos dois
casos, e diz que mesmo ambos tendo agido por causa de um hábito, a viciada sabia do seu hábito e
portanto, tinha responsabilidade de corrigi-lo, enquanto no segundo, o homem nunca soube da
existência, muito menos do poder que tinha. “E uma vez que você entende que os hábitos podem
mudar, você tem a liberdade – e a responsabilidade – de transformá-los. Quando você entende que
os hábitos podem ser reconstruídos, o poder do hábito tornar-se mais fácil de controlar, e a única
opção que resta é pôr as mãos à obra”.
c) Conclusão do Resenhista

O livro possui uma leitura simples e clara. A abordagem do Autor é bem explicada, baseada
em experimentos e exemplos práticos, trazendo dessa forma uma ligação entre o livro e o leitor.
É possível se identificar em diversos trechos do livro, independente da pessoa que esteja lendo.
O dinamismo e a objetividade, explorados pelo Autor, proporciona uma leitura prazerosa e
rápida. O título, O Poder do Hábito, não traduz a dimensão do conteúdo. Esta deveria ser uma
leitura obrigatória para todos.
Ao explicar o “Loop do Hábito”, o leitor passa a ter uma forma de como identificar as
origens de seus hábitos. Em seguida descobre o que deve fazer para ter maiores chances de
mudar um hábito, pois como o próprio Autor diz no livro, hábitos não desaparecem por
completo. Autoconfiança combinada com boas amizades, ajudam no processo de mudança de
hábito. Apesar de não haver uma fórmula mágica para todos os casos, as orientações do Autor
são um excelente ponto de partida para se lograr êxito.
O livro explora também a influência dos hábitos em empresas bem-sucedidas. Mostra o
quanto é possível melhorar a produtividade investindo no aprimoramento dos funcionários, em
áreas como força de vontade, relações interpessoais e pró-atividade. Uma das partes mais
interessantes do livro é quando nos é revelado como somos manipulados por algumas empresas.
Ao mostrar o tão fácil é ter acesso a nossas informações pessoais e os métodos usados para
conseguir chamar nossa atenção para os produtos que querem nos vender. É surpreendente como
nosso cérebro funciona, até nosso gosto musical pode ser manipulado se souber a forma certa de
fazer. Com essa leitura somos levados a uma reflexão e um posterior estado de alerta, devido a
exposição que sofremos nos dias de hoje.
Por fim, o Autor nos leva em uma viagem no tempo para explicar os efeitos dos hábitos na
sociedade. E ao apresentar o conceito de “laços fracos”, podemos entender muitos
acontecimentos de nossas vidas, como nos deixamos influenciar por amizades, chegando ao
ponto de criarmos hábitos oriundos dessas relações. O debate final do livro, sobre se somos
responsáveis por nossos hábitos, mostra dois casos infelizes de pessoas que por causa de
hábitos, tiveram que responder na justiça por seus crimes, conseguimos nos colocar no lugar
delas e refletir sobre essa questão. E por mais que os dois casos sejam decorrentes da
incapacidade do individuo se controlar, podemos perceber que um poderia ser evitado e o outro
não.
A carga de conhecimentos é gigantesca. Passamos a ver o mundo e a nós mesmo de outra
forma após a leitura. Mas principalmente, ganhamos esperança que podemos mudar hábitos
indesejados e melhorar nossa qualidade de vida, e assim sermos mais felizes.

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