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1. O conceito de Maneirismo em Portugal data desde os meados do séc. XVI até aos
meados do séc. XVII. Este movimento artístico é herdado da pintura que sofre
alterações na sociedade e mentalidade. As classes económicas das sociedades de
Corte deixaram de ser guerreiras e passaram a ser fontes de poder. A pintura em
madeira dos altares vai representar cenas de devoção. Há novidades técnicas que
se refletem numa maior eficácia da pintura, o uso da tempura é utilizado para fixar
a cor. Utilizam-se produtos de origem animal e clara de ovo para fixar a tinta, que
dá mais brilho às cores. A arte deve representar a natureza, dar efeito de
profundidade para que a pintura crie outras dimensões daquela perspetiva. Tenta-
se imitar a natureza, procura-se que as figuras humanas exprimam os afetos e as
emoções.
Pero de Andrade Caminha foi um fidalgo e poeta português que viveu durante a
época do Maneirismo. Era rival de Luís de Camões e dizia que a imitação é o princípio
gerados das obras culturais. Na sua obra Da Imitação de António Ferreira, vamos
buscar exemplos do antigo, pois ao imitar objetos da antiguidade garante-se autoridade,
como ele refere “a imagem tem sua autoridade/ em seguir só o antigo e escolhido”, a
consagração do autor faz-se a partir do antigo e do escolhido. Imitar grandes autores dá
autoridade, estatuto e prestígio a quem imita: “Ganha assi melhor nome e gravidade,/ E
com razão lh´ é mais louvor devido.”, “Mas s´alguém se igualar à/ Antiguidade/ Porque
imitado não será e seguido?”, mas se vier outro imitador que imite o imitador então
porque é que ele não poderá ser imitado e seguido?
Concluo que Pero de Andrade Caminha diz que Raffaello imita o real e outro irá
imitá-lo, tornar-se-á uma espécie de cadeia, onde uns se imitam aos outros, o que
resultará no conceito de Maneirismo que se baseia no princípio da imitação do real.
“Vi por mandado de Sua Alteza este livro de Autos & Comedias Portuguesas, & não
tem nada contra a fee e bõs costumes, nem cousa por onde se não deva de imprimir. Fr.
Bertolameu Ferreyra”
Assi que desejando nós avisar & acõselhar os fieis Christãos, & assi prover daqui em
diante não leam nem tenham livros ou escritos de qualquer qualidade que sejam
repreovados, ou de hereges, ou sospeitos disso, ou de qualquer outra malicia contraira a
nossa sancta fé, ou à honestidade & decência de nossos costumes: ou que ao menos hão
mister alguma emenda & censura: por esta presente com autoridade Apostolica
aprovamos o dito Rol, & juntamente umas Regras que no princío delle se contem.”
2. A censura em Portugal inicia-se em 1536, séc. XVI, com a vinda da Inquisição para
Portugal. Nesta época o processo de censura reúne três instâncias: Inquisição,
Desembargo do Paço e Ordinário (bispo de casa diocese) e para uma obra puder ser
publicada necessitava da aprovação destas identidades. No séc. XVIII, em 1719, a
seguir ao terramoto de Lisboa, Marquês de Pombal ganha puder e faz reformas no país.
Os jesuítas são expulsos de Portugal e o princípio inquisitório é reformado e reunido no
que se chamou a Real Mesa Censória, em 1768. Esta instituição tinha três objetivos
fundamentais, o de implementar, de facto, a soberania de Direito Divino, o de impedir a
entrada em Portugal de ideias contrárias à ideologia política do Absolutismo Iluminado
e o de eliminar influências dos seus inimigos, principalmente dos Jesuítas.
A censura pretendia controlar os textos, mas também controlar comportamentos,
controlar a heresia e impedir que fés diferentes do Cristianismo se propagassem no
território português. Constitui-se uma rede auxiliar da Real Mesa Censória, a Inquisição,
também conhecida como Tribunal do Santo Ofício.