Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
.
Palavras-chave: Bioética, Global, Ciência, Vida, Epistemologia.
ABSTRACT
The first aim of this article is to analyze Fritz Jahr 's paper "Bioethics: a
panorama of the human being’s ethical relations with animals and plants" in order
to highlight the eminently global meaning that is the basis of the emergence of
the term Bioethics. We will see that the addition of the prefix "bio", life, to the term
"ethics" extends its semantic horizon, referring both to the field of moral
responsibility of man, in this case the responsibility for the preservation of global
life, and to the epistemological field, is understood as a type of knowledge of
multidisciplinary nature. In the end, we will approach bioethical knowledge
together with the reflection on the mobility of the notion of life, in order to present
an attempt to answer the question: Why Global Bioethics?.
_________________
Thiago Abrahão de Souza Soares – Pós graduado em Filosofia pela UFMG e Mestre em Direito pela PUC-MG
___________________
2
Este é o caráter eminentemente religioso por trás da origem do termo bioética. Em um artigo
publicado em 1928, intitulado “A morte e os animais” diz Jahr “ Em um plano espiritual, surgiram
também paralelos interessantes entre o homem e o animal para que ambos compartilhassem a
‘proximidade’ psicológica e fisiológica [nahestehen]. Não devemos achar esse aspecto
preocupante; pelo contrário, devemos nos orgulhar de que as descobertas dos seres humanos
aventureiros nos tempos modernos já constam na parte mais importante das Sagradas Escritu -
ras. Gênesis, o primeiro livro de Moisés, fala sobre a ‘alma’ dos animais (Gen 9:16). O pregador
Salomão também pressupõe que eles têm alma, de forma semelhante aos seres humanos, e
pergunta de modo duvidoso: ‘Como é que alguém pode ter a certeza de que o so pro de vida do
ser humano vai para cima e que o sopro de vida do animal desce para a terra?’ (Jahr, p.245,
2011)
Segundo Jahr:
Nós estamos a caminho do progresso. A proteção dos animais ganha
cada vez mais espaço e mais adeptos (....) Nossa educação já fez
grandes progressos nesse aspecto, mas temos de chegar a ponto de
ter como prumo pra nossas ações ao imperativo bioético que diz:
Respeita todo ser vivo essencialmente como um fim em si mesmo e
trata-o, se possível, como tal. (JAHR, p.4, 2005)
6
Jahr utilizou o termo bioética com o intuito de justificar a ideia de que todos
os seres vivos possuem uma ‘proximidade psicológica e fisiológica’, e que o
respeito pela a vida em sua totalidade é a abertura para se pensar uma nova
consciência moral constítuida tanto pelas relações entre o seres humanos entre
si quanto pela sua relação com a diversidade biológica. Contudo, o neologismo
criado por Jahr não exerceu grande influência em seu tempo.
A década de 20 foi um período de verdadeira tensão em termos políticos,
econômicos e culturais não somente na Alemanha, como em todo continente
europeu. A grande depressão de 1929 e suas conseguências no plano
internacional juntamente com a ascensão do partido nazista rumo ao controle do
poder e da opinião pública, certamente foram fatores que obscureceram
qualquer forma de humanismo fundado sob uma perspectiva global. Com efeito,
o termo bioética desde sua origem é marcado pela intuição de que uma ética da
vida tem por finalidade estabelecer uma relação sem restrições com qualquer
ciência, politíca, ordenamento jurídico, religião ou sistema econômico. É a partir
deste pressuposto que, por exemplo, Jahr relata sua insatisfação com o pouco
progresso das regulamentações legais na prevenção dos crimes contra os
animais3. O fato é que o acréscimo do prefixo “bio” ao termo “ética” enseja além
da responsabilidade moral do homem na preservação da vida global, a
possibilidade para se pensar a bioética como um espécie de saber ou disciplina
de caratér multidisciplinar4.
___________________
3
Foi preciso esperar até 1978 para que as intuições de Jahr adquirisem força o suficiente para
se materializarem na Declaração Universal dos Direitos dos Animais proclamada em assembléia
pela Unesco em Bruxelas, no dia 27 de janeiro de 1978 . Eis o fundamento central da
convenção, considerar que “o reconhecimento pela espécie humana do direito à existência das
outras espécies animais constitui o fundamento da coexistência das outras espécies no mundo
(...)”
4
A declaração universal sobre bioética e direitos humanos de 2005 reconhece no art.2, o quão
necessário é “fomentar um diálogo multidisciplinar e pluralista sobre as questões da bioética
entre todas as partes interessadas e no seio da sociedade em geral”.
________________
6
Dirá Morin: “Devemos considerar o meio não mais apenas como ordem e limitação
(determinismo, condicionamentos do “meio”), não somente como desordem (destruição,
devoração, risco), mas também como organização, a qual, como toda organização complexa,
sofre/ comporta produz desordem e ordem. (....) o meio concebido como a união de um biótopo e
de uma biocenose é plenamente um sistema, ou seja, um todo se organizando a partir de
interações entre componentes (biológicos e geofísicos); é plenamente uma unidade complexa ou
Unitas multiplex, que comporta uma extraordinária diversidade de espécies, unicelulares
vegetais, insetos, peixes, pássaros, mamíferos (dois milhões de espécies de insetos, um milhão
de espécies de plantas, 20 mil espécies de peixes, 8700 espécies de pássaros na biosfera).
(Morin, p.36, 2001
A relação entre o biótopo e a biocenose é, pois, uma organização que se
auto regula, ela é independente de qualquer aparelho de controle e regulação, o
sistema vivo torna-se, aqui, um espaço com menos finalidades e mais
espontaneidade. Ora, a organização viva é, para falar com Bachelard, um
obstáculo epistemológico para a ciência definida segundo os modos tradicionais,
e o que marca sua espontaneidade 7, é o fato de as interações no âmbito da
12
2 – CONCLUSÃO
3 – REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
DALY, HERMAN. Ecological Tax Reform. In Capra e Pauli (1995), pp. 108-24.
CALLAHAN, Daniel. Bioethics: its past and future. Published by the United
Nations Educational, Scientific and Cultural Organization, France: Paris, 2015,
pages 19-22.
POTTER, V.R. Bioética: Ponte para o futuro. São paulo: Edições Loyola, 2016.
POWELL, T. (1995). Religion, race, and reason: The case of LJ. The Journal of
Clinical Ethics, 6(1), 73–77.
KAUFFMAN, S., (1993). The origins of order. Oxford University Press, New York.
YACH, D., & Bettcher, D. (1998). The globalization of public health, I: Threats
and opportunities. American Journal of Public Health, 88(5), 735–738.