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Keith Swanwick

Ensino da música nas escolas


Para o especialista inglês, é fundamental unir atividades de execução,
apreciação e criação para que os alunos se desenvolvam artisticamente.

Professor emérito do Instituto de Educação da Universidade de Londres e


formado pela Royal Academy of Music, o mais aclamado conservatório
musical da Grã-Bretanha, ele criou teorias sobre o desenvolvimento
musical de crianças e adolescentes e investigou diferentes maneiras de
ensinar o conteúdo. 
Criou teorias sobre o desenvolvimento musical das crianças e
adolescentes investigando maneiras diferentes de ensinar o conteúdo. "Os
interesses musicais dos alunos são muito variados: alguns gostam de ouvir, outros
querem compor ou ainda cantar e tocar. O professor precisa dominar um leque de
atividades para atender a essas demandas", ou seja , deve estar bem preparado.  

O essencial é respeitar o estágio em que cada aluno se encontra. Tendo


isso em mente, é preciso seguir três princípios. 
1. Preocupar-se com a capacidade da criança de entender o que é
proposto. 
2. Observar o que ela traz de sua realidade, as coisas com que também
pode contribuir. 
3. Tornar o ensino fluente, como se fosse uma conversa entre estudantes
e professor. Isso se faz muito mais demonstrando os sons do que com
o uso de notações musicais.
O desenvolvimento musical de cada indivíduo se dá numa sequência,
dependendo das oportunidades de interação com os elementos da
música, do ambiente musical que o cerca e de sua Educação. Com base
nessas variáveis, pode se dizer que o aprendizado musical guarda relação
com a faixa etária. Cada uma corresponderia a um estágio de
desenvolvimento. 

1.  Estágio > + ou – 4 anos > exploração de sons;


2.  Estágio >  5 aos  9 anos > manifestação de pensamento(primeiras
composições);
3.  Estágio > a partir dos 10 anos > especulativo ( à procura de um ritmo);
4.  Estágio > a partir dos 15 anos > engloba os outros três, a música representa
um valor importantíssimo na vida do adolescente.
O fundamental é trabalhar os conteúdos de uma forma integrada.Nos anos 70
resume esta ideia nas expressão inglesa "CLASP" um dos sentidos dessa palavra
em português é "agregar". Em seu conceito diz que há três atividades principais da
música:
"C" (composition) - compor
"A" (audition) - ouvir a música
"P" (performance) - tocar
Devem ser estremeadas pelo estudo da história da música estas duas:
"L" (literature studies) - estudos da literatura
"S" (skill aquisition) - aquisição de habilidades.
No Brasil esse processo é conhecido como "TECLA"
"T" - técnica
"E" - execução
"C" - composição
"L" - literatura
"A" - apreciação

Todas as atividades são importantes e devem ser desenvolvidas em equilíbrio. A


ideia do CLASP é útil para o professor perceber se está gastando muito tempo no
"L" por exemplo descrevendo fatos históricos, desenhando instrumentos, etc. Dar
muito enfoque na história da música é uma forma simplificadora de achar que está
se ensinando Música. Acontece que a história não é música, ela é sobre música. O
mesmo acontece com os docentes que atuam na classe o tempo todo como
intérpretes ou outros que apenas colocam CDs para a apreciação.

É apropriado trabalhar com musicas que as crianças já conheçam para considerar a


sua base, mas o professor não pode se limitar ao repertório já conhecido, é
necessário ampliá-lo e trazer sempre novas referências.
A variação de ritmos é importante para favorecer o desenvolvimento da
turma apresentando a ela alguns tipos de percussão. Um bom conselho é evitar
rotular os estilos musicais como falar aos alunos que eles irão ouvir uma música de
determinado tipo. É preciso contextualizar a criação de modo que o estilo seja
apenas um dos dados sobre a música.

Já os adolescentes são "outro mundo" pois eles gostam de música no geral mas
não são interessados na música apresentada na escola, portanto o docente precisa
chegar a um acordo sobre o que trabalhar, se o professor tiver um posição rígida
com pouca tolerância não irá funcionar.
O ensino de música nas escolas públicas é uma boa iniciativa porém é preciso ficar
atento ao conteúdo dessas aulas. Toda criança gosta de música. É natural do ser
humano. Mas uma aula de música mal dada pode estragar tudo. Se ela for distante
demais da realidade do aluno ou excessivamente teórica, por exemplo, o estudante
pode ficar resistente ao ensino de Música e piorar a situação.O professor deve ouvir
música de qualidade e ficar em contato com a área de uma forma prazerosa fora da
sala de aula. 

Cada professor evidentemente, não precisam ser pianistas de concerto.  Mas é


fundamental saber tocar um instrumento porque isso é muito útil na sala de aula.
Ajuda a exemplificar e a responder as dúvidas, entre outras coisas. Além disso, é
preciso entender muito bem do assunto, ter conhecimentos de História da Música,
saber relacionar diferentes momentos históricos e estilos e construir uma visão
crítica sobre o tema. 
É difícil determinar essa faixa etária, pois costuma haver uma grande variação
individual. Muitas crianças não escrevem nem leem com 3 anos, mas já têm alguns
conhecimentos de gramática - Num paralelo com a música, elas não são capazes de
escrever notas musicais, mas podem tocar para se expressar. Costumo dizer que a
idade boa para começar a aprender é quando a criança demonstra interesse.  As
aulas devem colaborar para que jovens e crianças compreendam a música como
algo significativo na vida de pessoas e grupos, uma forma de interpretação do
mundo e de expressão de valores, um espelho que reflete sistemas e redes culturais
e que, ao mesmo tempo, funciona como uma janela para novas possibilidades de
atuação na vida.

Fonte:http://revistaescola.abril.com.br

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