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Projeto de Trocadores de calor Prof.

Moro

Projeto de Trocadores de calor


Coeficiente de Convecção Natural
por
Diego Moro

Convecção Natural

Na transmissão de calor, convecção natural refere-se à transferência de energia térmica entre uma
superfície sólida e um fluido (gás ou líquido) circundante, em que o movimento deste resulta
unicamente de variações de volume causadas por variações de temperatura. Considera-se, por
exemplo, uma parede vertical aquecida, exposta ao ar atmosférico (sem vento).

Uma determinada porção de ar, que entre em contato direto com a parede, será inicialmente aquecida
por condução. A temperatura dessa porção de ar torna-se superior à temperatura média do ar longe
da parede e, por consequência, a sua densidade diminui em relação à do ar atmosférico (para um gás
perfeito, ρ = p / (RT) ). Dessa forma, o ar fica mais leve e esse pequeno volume de ar terá tendência a
subir (Devido ao empuxo) gerando-se assim um movimento do ar, ou seja uma corrente de convecção
natural ascendente. Por continuidade (conservação da massa) o ar longe da parede irá descer,
fechando o circuito.

Da mesma forma que no estudo da convecção forçada, para a correta determinação do coeficiente de
convecção natural, se faz necessário listar alguns números adimensionais:

Número de Grashoff

O número de Grashof, denotado por Gr, assim denominado em homenagem ao engenheiro alemão
Franz Grashof, fornece a relação entre a sustentação de um fluido em relação à viscosidade.

( )

Onde:

g é a gravidade (m/s2), β é o coeficiente de dilatação térmica (1/K) TS é a temperatura da superfície,


é a temperatura ambiente (ambas em K) e ν é a viscosidade cinemática (m2/s).

Desses parâmetros, o único cuja obtenção não é direta é o β. A definição do coeficiente de dilatação
térmica é:

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( )

Por definição, o coeficiente de dilatação β, pode ser positivo ou negativo. Para gases e sólidos β é
sempre positivo. Para líquidos, β é em geral positivo, podendo, entretanto, ser negativo em um
intervalo pequeno de temperatura para algumas substâncias, a exemplo da água entre 0 e 4°C.

Finalmente, um importante aspecto a ser observado sobre o coeficiente de dilatação β é que ele não é
constante e sim uma função da temperatura. Isso decorre do fato de que o volume é função da
temperatura, assim a derivada do volume em relação a temperatura também é uma função da
temperatura; desta forma o coeficiente de dilatação é uma função da temperatura e pode ser
denotado: β= β(T). Por exemplo, para gases em geral, o coeficiente de dilatação térmica é
aproximadamente dado por

Número de Prandtl

O número de Prandtl Pr é um número adimensional que aproxima a razão de difusividade de


momento (viscosidade cinemática) e difusividade térmica de um fluido, expressando a relação entre a
difusão de quantidade de movimento e a difusão de quantidade de calor dentro do próprio fluido,
sendo uma medida da eficiência destas transferências nas camadas limites hidrodinâmica e térmica. É
um número adimensional importante para o estudo dos processos de transferência de calor por
convecção. É nomeado em homenagem ao físico alemão Ludwig Prandtl. A equação do número de
Prandtl é:

Note-se que, enquanto o número de Reynolds e o número de Grashof são obtidos em uma escala de
comprimento variável, o número de Prandtl não contém qualquer escala de comprimento na sua
definição e depende apenas do fluido e do estado do fluido (Variações de temperatura alteram o
número de Prandtl). Assim, o número de Prandtl é frequentemente encontrado em tabelas de
propriedades ao lado de outras propriedades, como viscosidade e condutividade térmica.

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Valores característicos do número de Prandtl

Metais líquidos

Sódio 0.011

Mercúrio 0.0196

Bismuto 0.0142

Gases

Ar 0.70

Dióxido de carbono 0.75

Monóxido de carbono 0.73

Hélio 0.68

Hidrogênio 0.70

Outros líquidos

Água 4.6

Fluidos viscosos

Óleo lubrificante de motor 3400

Glicerina 3060

Número de Rayleigh

Nas ciências térmicas, o número de Rayleigh para um fluido é um número adimensional associado
com os escoamentos conduzidos por empuxo (também conhecidos como convecção livre ou
convecção natural). Quando o número de Rayleigh é mais baixo que o valor crítico para aquele fluido,
a transferência de calor é primariamente na forma de condução; quando excede o valor crítico, a
transferência de calor é primariamente na forma de convecção. Sua equação é:

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A convecção natural é importante em fenômenos da natureza (causa o movimento dos mares, as


correntes oceânicas, os movimentos da atmosfera, quando vistos em grande escala, etc.), da vida
(resfriamento de um corpo vivo – por exemplo, o corpo humano – mesmo na ausência de vento), e de
engenharia (efeito de chaminé – gases quentes que saem verticalmente para a atmosfera;
arrefecimento de componentes eletrônicos em computadores, televisões, rádios, etc; arrefecimento
em condensadores – por exemplo, atrás de refrigeradores).

Só existe convecção natural se houver gravidade (sem gravidade, não há empuxo).

As velocidades que ocorrem em escoamentos de convecção natural são pequenas, muito inferiores às
velocidades usuais em escoamentos de convecção forçada (quando existe um ventilador ou uma
bomba movimentando o fluido). De fato, não é possível atribuir a priori um valor típico para a escala
da velocidade num escoamento de convecção natural. Por isso usa-se uma escala difusiva, relacionada
com a viscosidade: se uma dimensão típica for L [m], um tempo difusivo (relacionado com difusão da
quantidade de movimento por efeitos viscosos) é tdif = L2/ν [s], logo uma escala de velocidade, de e=Vt
, será udif =ν/L [m/s].

Desta forma, o número de Grashof, essencial nos problemas de convecção natural (em lugar do
número de Reynolds da convecção forçada), pode ser interpretado fisicamente como:

Quanto maior for o número de Grashof, maior o efeito das forças de impulsão que geram a convecção
natural, em relação às forças de viscosidade que tendem a opor-se ao movimento.

Em termos práticos

Em termos práticos são usadas tabelas determinar o número de Nusselt e o procedimento para
determinar o coeficiente de convecção continua o mesmo.

Procedimento para determinação do coeficiente de convecção

1. Determinar as condições de escoamento e geometria

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a. Placa plana, cilindro, vertical, horizontal, etc.

2. Utilizar a correlação correta e determinar o número de Nusselt

3. Aplicar o número de Nusselt e determinar o coeficiente de convecção

Correlações para convecção natural

Placas planas verticais

Regime Nusselt Válida para

Estagnado

Laminar

Turbulento

Geral

{ ⁄ ⁄
}
[ ( ⁄ ) ]

Laminar
[ ( ⁄ ) ⁄ ] ⁄
mais
precisa

Obs.: Dimensão característica L = H altura da placa; propriedades a ( )

Placas planas horizontais

Configuração Regime Nusselt Válida para

Placa horizontal Estagna


aquecida virada para do

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cima (ou face


Lamina
resfriada para baixo) r

Turbule
nto

Placa horizontal
aquecida virada para Lamina
baixo (ou face r
resfriada para cima)

Obs.: Dimensão característica L = A / P , A -área, P -perímetro; propriedades a ( )

Há muitas outras correlações, que devem ser avaliadas para cada caso.

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