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Abortar missão LUNA


Uma análise sobre Stablecoins

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ÍNDICE
Introdução 3

Análise Fundamentalista e de Sentimento 4


Implosão 9
Espiral da Morte 9

O risco para as stablecoins 11


Stablecoin USDC 12

Conclusão da Análise Fundamentalista 13

Análise On-chain 15
Stablecoins em Exchanges 16
Liquidações nos Futuros 17
“Open Interest” ou interesse aberto em Futuros 18
Opções 19
Conclusão da Análise On-chain 21

Análise Técnica 22
Atualização de Métricas 26
Conclusão da Análise Técnica 32

Análise DeFi 33
As principais formas de proteção 36

Conclusão da Análise DeFi 37

Conclusão 38

Autores/ Disclaimer 39

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Abortar missão LUNA: Uma análise sobre Stablecoins 3

INTRODUÇÃO
Houston, we have a problem.

Essa é uma frase célebre dita por Jack Swigert, astronauta a bordo da Apollo 13, nave que
tinha como destino a Lua, em 1970, com outros dois tripulantes. Foi após ouvir um descomu-
nal ruído que os astronautas descobriram que um dos tanques de oxigênio da Apollo havia
explodido. A frase de Swigert serviu para alertar a base, que ficava em Houston, sobre a si-
tuação ocorrida.

Em maio, o foco do mercado de criptomoedas esteve no ecossistema em que o token LUNA


está inserido e sim, nós tivemos um grande problema. A stablecoin algorítimica UST, assim
como LUNA, colapsou rapidamente. A queda de preço, que deixou a LUNA com valor próximo
a zero, fez a blockchain responsável por todo sistema, a Terra, interromper suas transações.
Sim, tivemos “o dia em que a Terra parou”. Um dia em que o holder não saiu para vender suas
LUNAs ou USTs, pois sabia que o capital não mais estava lá.

Como você já percebeu, em nosso Telescópio iremos discutir em detalhes o caso da LUNA e
a stablecoin UST. Mas vamos bem além disso. Vamos mais a fundo no universo das stable-
coins e averiguar o cenário atual para essa categoria de criptomoedas. Nessa edição, temos
ainda uma novidade: DeFi passa a ser uma seção de nosso relatório, trazendo conhecimento
teórico e prático para quem deseja se aprofundar neste setor. Boa leitura!

Tripulação do programa Apollo 13, cuja missão à Lua foi abortada por causa da ex-
plosão de um tanque de oxigênio, após dois dias de viagem. O mundo parou para as-
sistir a operação de resgate que trouxe os astronautas de volta à Terra em segurança.
O retorno só foi possível pois optou-se pelo modelo de espaçonave capaz
de fragmentar-se em divesos módulos.

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ANÁLISE FUNDAMENTALISTA
E DE SENTIMENTO

2022 não tem sido um ano fácil para os investidores de criptomoedas e maio foi a prova dis-
so, sendo mais um mês negativo e com diversos acontecimentos que impactaram o mer-
cado. O pessimismo e uma caminhada em depressão levam o preço do BTC, até o momento
do fechamento desta edição, a desvalorizar cerca de 61,95% desde a sua máxima histórica
de quase US$ 69,000, em novembro de 2021. Isso tem gerado bastante preocupação para os
investidores quanto ao futuro da principal criptomoeda do mercado.

Rumores por parte de especialistas sobre o início do tão temido inverno cripto têm se tor-
nado mais frequentes, enquanto observamos o Bitcoin lutando para se manter em níveis
de preço mais próximos dos US$ 30,000. Observa-se também uma forte onda de aversão ao
risco em todo o planeta frente às instabilidades macroeconômicas.

Com isso, nota-se ainda o alto nível de estresse do mercado por meio de um indicador de
sentimento, o Fear and Greed Index, que voltou a registrar níveis alarmantes de extremo
medo (quando varia entre 0 e 25), com destaque para o dia 17 de maio que chegou a marcar
8. Isso não acontecia desde o “Corona Crash” em março de 2020.

Fonte: Look Into Bitcoin

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O Fear and Greed Index, ou Índice de Medo e Ganância, é uma ferramenta que ajuda investi-
dores e traders a analisar a partir de uma perspectiva de sentimento dos investidores. Este
índice identifica até que ponto o mercado está se tornando excessivamente medroso ou
ganancioso.

A ideia é que quando o mercado está com medo, o Bitcoin pode estar barato/subvalorizado
naquele momento, podendo apresentar uma boa oportunidade de compra. O inverso também
se aplica. Portanto, quando o Índice de Medo e Ganância sinaliza que os participantes do
mercado estão extremamente gananciosos, pode ser um indicativo de que o preço do Bit-
coin está muito acima de seu valor intrínseco, sendo um bom momento para vender.

Dito isto, avaliamos os principais acontecimentos do mês de maio e identificamos um fator


que impulsionou o mercado para esses patamares pessimistas: a Espiral da Morte da Terra
(LUNA). Antes de iniciarmos nossa discussão sobre o que aconteceu, é importante que te-
nhamos conhecimento sobre a história da stablecoin UST, que faz parte do projeto.

Tudo começou em 2018, quando a volatilidade, instabilidade e a dificuldade de transacio-


nar no mercado cripto passou a se tornar um problema que precisava ser resolvido. Foi aí
que surgiu a blockchain Terra, apoiada por investimento vindo principalmente da região da
Ásia-Pacífico e por muitas startups voltadas para sistemas de finanças e soluções de paga-
mentos do mercado tradicional. A Terra tinha por missão prover soluções focadas em pa-
gamentos e finanças, além de emitir e administrar a criação de stablecoins que pudessem
ter dinheiro fiduciário como lastro.

Além disso, seu CEO e o time de desenvolvedores eram, em sua maioria, ligados a grandes
empresas como Apple e a Microsoft, o que gerava mais confiança ao projeto. Dessa forma,
o time entendia que uma grande barreira para a expansão do mercado de criptomoedas era
a sua instabilidade. Assim, o projeto tinha por objetivo criar um ecossistema com foco em
emitir stablecoins de forma descentralizada, além de criar um ecossistema confiável que
ampliasse o uso de criptomoedas como forma de pagamentos.

Assim, a ideia era criar stablecoins que mantivessem paridade com diversas moedas fi-
duciárias, através da blockchain Terra, sendo a LUNA o mecanismo de estabilização, por
meio de um sistema que mantivesse o equilíbrio dessa ação, conforme veremos a seguir.

E assim nasceu a plataforma que, na sequência, gerou seu token nativo, chamado de LUNA,
que tinha a finalidade de garantir a estabilidade do ecossistema Terra. A LUNA, todavia, ao
invés de ser lastreada em moeda fiduciária, adotava um método algorítmico para controlar
sua emissão. O token ainda tinha outras funções, como reduzir a taxa de rede, realizar stak-
ing e papel de governança.

Para esclarecer, vamos explicar de forma simples o que significa as funções citadas:

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Taxas de Rede: A LUNA era utilizada para cobranças e taxas na blockchain da rede Terra.
Assim o usuário poderia, por exemplo, pagar a taxa de transação com qualquer stablecoin.

Staking: Mecanismo de renda passiva, onde você podia utilizar LUNA e receber recompen-
sas por contribuir com a segurança da rede.

Governança: Usuários que possuíam LUNA em suas carteiras podiam participar da gover-
nança do projeto, inclusive com propostas relacionadas à atualização da rede.

Além disso, a ideia era apoiar sistemas de pagamentos existentes como Anchor, Mirror e
CHAI. Assim, podemos, através deste desenho, resumir de forma bem simplificada o obje-
tivo do projeto:

Objetivos do Ecossistema Terra. Fonte: Criptomaníacos

E como funciona o suprimento máximo dinâmico? (Queima de LUNA e UST)

Para entendermos como ocorria a queima de LUNA, vamos explicar de forma sucinta como
funciona o processo de queima de um token.

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A queima de tokens refere-se à retirada de circulação de uma quantidade de suas unidades


da rede. Essa prática é bastante comum, sendo que os tokens queimados não podem mais
ser transacionados na blockchain. Podemos entender então que a queima de token é uma
espécie de recompra por parte dos donos do projeto, reduzindo a oferta e evitando a inflação.
Ainda que ativos como Bitcoin e Ethereum não tenham essa prática, altcoins e stablecoins
comumente a realizam.

Por fim, apesar de nem sempre ser fácil perceber, os detentores dos tokens beneficiam-se
da queima. Nesse sentido, esta ação traz vantagens tanto para os investidores quanto aos
desenvolvedores, que além de contribuir com a estabilização do token, recebem incentivos
para manter o ativo. Além disso, a queima traz um senso de confiabilidade e maior transpa-
rência na governança da criptomoeda.

• Se UST estiver acima de US$ 1, valendo, • Se UST estiver abaixo de US$ 1, por e-
por exemplo, US$ 1.03, os usuários po- xemplo, valendo US$ 0.98, os usuários
dem converter US$ 1 de LUNA em 1 UST, podem converter 1 UST por US$ 1 de
lucrando 3 centavos. O algoritmo queima LUNA, lucrando 2 centavos. O algoritmo
US$ 1 de LUNA e emite 1 UST, aumentan- queima 1 UST e emite US$ 1 de LUNA,
do a oferta de UST para que o preço volte diminuindo a oferta da stablecoin para
ao valor de atrelamento, enquanto LUNA equilibrar novamente o seu valor.
se torna mais escassa e mais valorizada.

Esses exemplos eram válidos não apenas para a UST, como também qualquer outra stable-
coin Terra.

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Essa estrutura utiliza o mecanismo de consenso chamado “proof-of-stake”, que gasta menos
energia elétrica e força computacional. Além disso, utiliza a teoria da oferta e demanda do
mercado, com base na queima de tokens e oportunidade de arbitragem.

Para esclarecer, a arbitragem acontece quando há um desequilíbrio entre o preço do ativo e


a moeda fiduciária que o lastrea. A arbitragem controla esse equilíbrio, oferecendo recom-
pensas. Assim, quando o preço da stablecoin da rede Terra está desbalanceado em relação
ao dólar, o protocolo incentiva a queima ou emissão de tokens LUNA para o estabilizar, dan-
do pequenos lucros aos participantes desta ação. Em linhas gerais, o token perdeu sua pari-
dade com o dólar, devido a grandes operações bilionárias de venda em tempo muito rápido.
A rede ficou sobrecarregada e o sistema baseado em algoritmo acabou sendo afetado.

Como muitas unidades estavam sendo negociadas, a automação do projeto começou a gerar
novas unidades de LUNA para tentar manter a paridade e, por essa razão, o preço começou
a cair rapidamente. Paralelo a isso, quem detinha os ativos rapidamente passou a vendê-los,
causando o colapso do sistema. E assim, o destino dos tokens foi ter seu preço indo pratica-
mente a zero.

IMPLOSÃO

A Terra vinha executando bem o que estava destinada a fazer. Mas a partir de março começa-
ram os questionamentos ao projeto, quando alguns especialistas chegaram a compará-lo
a um grande esquema fraudulento, de forma muito agressiva. Um pseudônimo chamado
“Sensei Algod” postou no Twitter que o token nativo do ecossistema Terra era um Ponzi su-
perfaturado que falharia.

“LUNA é um TITAN glorificado:


quando as pessoas perderem a
confiança, ele vai a zero.”
O usuário do Twitter zombou da
LUNA referindo-se ao token do
protocolo DeFi Iron Finance, que
passou de US$ 65 para US$ 0 no
ano passado. Ele ainda alegou ter
sido rápido na identificação de “gi-
gantescos Ponzis como OHM, TIME
e LooksRare”. Algod passou a de-
safiar qualquer um a aceitar uma Aposta de 1 milhão de dólares
aposta de US$ 1 milhão de que o Fonte: Twitter
preço da LUNA estaria mais baixo
um ano após a data da postagem.

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E assim, o CEO da Terra, Do Kwon, aceitou o desafio. Fomos mais fundo em pesquisas e
percebemos algumas similaridades do ecossistema Terra com um esquema Ponzi, de acor-
do com as informações de Sensei Algod.

Um esquema Ponzi precisa ter algumas características. Entre elas, a promessa de retorno
garantido em qualquer situação econômica. Um esquema ainda depende da constante en-
trada de novos investidores, sendo que quando essa entrada cessa ocorre o seu desmorona-
mento.

Logo, o maior interesse dos investidores no ecossistema Terra se dava por meio dos retornos
proporcionados pela Anchor Protocol que garantia, há mais de 1 ano, rendimento em Stake
de 19,5% por ano, independentemente de qualquer cenário econômico.

Com isso, até o momento das máximas históricas, pudemos observar que os cofres da Ter-
raform Labs estavam abarrotados e acumulavam um valor de US$ 27 bilhões em tokens LU-
NAs, que eram usados no pagamento dos rendimentos de Staking da Anchor Protocol.

Há pouco tempo, a LFG (Luna Foundation Guard) precisou aportar US$ 500 milhões para que
houvesse o acerto das reservas da Anchor Protocol. Esse pode ter sido um indício de que o
projeto estava iniciando sua ruptura.

Por outro lado, quanto mais pessoas quisessem utilizar a Anchor para ter os altos rendimen-
tos, mais LUNAs eram queimadas no mercado e mais elas eram valorizadas. Isso aumenta-
va o valor de reserva dos cofres da Terraform Labs e dava condições para que se garantisse
os juros prometidos pela Anchor Protocol.

Espiral da Morte

Com o surgimento de outras stablecoins algorítmicas no mercado com promessa de maiores


rendimentos, a UST e o token LUNA perderam parte de seu apelo entre os investidores. Um
exemplo de projeto que criou um sistema concorrente foi a Tron, com a USDD. O andamento
do mercado com tendência de queda em um prazo estendido ainda causou o sentimento de
aversão ao risco e a fuga de capital das criptomoedas, o que foi um complicador para o pro-
tocolo Terra.

Isso gerou uma forte dúvida sobre a segurança do “PEG” (pareamento do preço da UST com
o dólar) e ficou mais do que comprovada a ineficiência do sistema, causando a queima exa-
gerada de USTs, inflacionando de forma extrema os tokens LUNA, levando a criptomoeda à
morte junto com a sua stablecoin algorítmica.

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O RISCO PARA AS STABLECOINS

Com todos os acontecimentos referentes à LUNA, vimos o mercado entrar em pânico. Como
resultado disso, stablecoins centralizadas, como a Tether, passaram por uma fase onde os
investidores sacaram e converteram as moedas estáveis em outras criptomoedas como for-
ma de verificar se haviam valores de reserva suficientes em seus “PEGs”. Isso resultou, mo-
mentaneamente, na desvalorização e disparidade com o dólar, quando uma USDT chegou a
valer US$ 0.95.

Vale ressaltar que os métodos de emissão das stablecoins algorítmicas e centralizadas são
diferentes em diversos pontos, sendo que um dos principais é a forma de garantia que pos-
suem. A Tether possui em seu canal de transparência a composição das reservas e, ao con-
trário da LUNA, demonstra uma diversificação menos volátil e de liquidez corrente, a exem-
plo dos títulos do tesouro dos EUA e reservas de dinheiro e depósitos bancários.

Composição das Reservas de USDT. Fonte: Tether

A emissora da USDT ainda divulga seus relatórios de reservas consolidadas a cada trimes-
tre. Além disso, houve uma saída de capital das reservas da Tether que levou a empresa a
publicar uma nota onde relata o cumprimento das obrigações das solicitações de resgate:

“Desde 11 de maio, a Tether processou com sucesso US$ 7 bilhões em resgates de USDT para
indivíduos verificados. Todos os pedidos de resgate apresentados foram integralmente res-
gatados. A paridade da USDT foi respeitada na proporção de 1 para 1 com o USD. O tamanho
desse resgate, gerenciado de forma impecável, mostra que a USDT é, de longe, a stablecoin
mais robusta do setor. A Tether atua em cenários constantes de gerenciamento de risco e
teste de estresse, garantindo que sempre tenha à mão uma carteira líquida de ativos para
gerenciar resgates, mesmo em um cenário de banco.”

Até o dia 29 de maio, a USDT possuía uma capitalização de mercado total de


US$ 72,477 bilhões.

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Capitalização USDT. Fonte: CoinMarketCap

Stablecoin USDC

A USDC, que é apoiada pelo Centre Consortium, administrado pela Coinbase e Circle, está no
mercado desde 2018. O consórcio diz que sua missão é fornecer uma moeda digital estável e
criar um ecossistema onde parceiros financeiros, carteiras, exchanges e empresas de crip-
tografia possam interagir dentro dos regulamentos financeiros globais existentes.

Pode-se encontrar USDC em várias redes, incluindo Ethereum, Avalanche, Algorand, Sola-
na, Hedera Hashgraph, Tron e Stellar. O consórcio relata que cada USDC é lastreada em US$
1.00 ou um ativo de valor equivalente mantido em contas em instituições financeiras norte-
americanas regulamentadas.

Composição das Reservas USDC.

Os usuários do sistema podem transferir moeda fiduciária para um emissor e receber USDC.
O emissor executa uma série de instruções com o “Centre” para verificar, validar e cunhar
tokens USDC. A partir daí, o usuário pode transferir os tokens externamente para outras
partes.

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Para resgatar USDC, um usuário solicita um resgate de um emissor. Depois de verificado e


validado, os tokens USDC são “queimados”, ocorrendo a transferência do valor do fundo de
reserva para a conta bancária do usuário.

Até o dia 29 de maio, a USDC possuía uma capitalização de mercado total de


US$ 53,725 bilhões

Capitalização Total - USDC. Fonte: Coinmarketcap

CONCLUSÃO DA ANÁLISE FUNDAMENTALISTA


E DE SENTIMENTO

Com todo esse cenário um tanto quanto caótico, observamos uma sustentação do preço do
Bitcoin frente a todos esses eventos que deixaram o mercado um tanto quanto avesso às
criptomoedas. Assim percebemos que, mesmo diante dos fatores como os ataques às reser-
vas das principais stablecoins, colocando em xeque as garantias de ressarcimento dos in-
vestidores, o Bitcoin teve novamente a demonstração de que está mais do que consolidado
no mercado e que tem o seu lugar na prateleira dentre os ativos mais seguros da atualidade.

Como em todo evento de busca por liquidez ou crashs de bolsas e mercados, devemos apren-
der com os acontecimentos para nos preparar para situações similares no futuro, obtendo
assim consistência nos resultados e diminuição dos riscos.

E quais lições podemos tirar?

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1. Para um ativo ser estável, suas reservas precisam estar seguras, livres de ataques e com
garantias de que não possam ser corrompidas.

Infelizmente, as principais stablecoins não usam um modelo totalmente descentralizado,


pois suas reservas são lastreadas em ativos que não são descentralizados, precisando ser
auditadas com frequência para serem garantidas.

No entanto, UST é uma stablecoin algorítmica que manteve durante todo o seu período a in-
sustentabilidade por meio de uma mecânica ineficiente de garantias de reservas e valor de
mercado.
As reservas estavam alocadas em ativos altamente voláteis e o mercado em baixa somente
acelerou um caminho previsível, rumo ao colapso.

2. Invista em ativo de valor e não de preço e especulação

Não é só porque um ativo está sendo fortemente especulado e possui alto preço que ele é
confiável. No caso da LUNA, o sistema entrou em colapso devido a um mecanismo de es-
tabilização falho. Dessa forma, é sempre importante estudar o projeto, seus objetivos e sua
real utilidade para o mundo para que se possa, então, investir. E como dizem na comunidade
Bitcoin: “não confie, verifique”.

3. Aprenda agora e não depois

O mercado cripto é um ambiente de grandes oportunidades devido à sua característica de


inovação financeira. No entanto, a falta de regulamentação contribui para manipulação do
mercado. Assim, é muito importante investir em conhecimento. A LUNA é prova disso. O
conhecimento certamente evitou que muitas pessoas tivessem grandes perdas.

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ANÁLISE ON-CHAIN
Com todos os eventos ocorridos em maio, como a implosão da LUNA, não podemos deixar
de falar da Luna Foundation Guard (LFG), que era uma das maiores detentoras de Bitcoins
do mercado e da venda desses ativos para tentar manter o valor da UST.

Com isso, o valor do Bitcoin operou em queda durante maio chegando a depreciar mais de
36%. Dito isto, vamos observar os dados e perceber o comportamento dos investidores diante
do atual cenário e identificar o posicionamento do “smart money” no mercado.

STABLECOINS EM EXCHANGES

Frente ao nível atual da ação do preço do mercado, observamos uma movimentação de re-
torno dos investidores para as exchanges de criptomoedas, pois as reservas de stablecoins
de todas as exchanges continuam em alta e registram, até o momento, um valor superior a
US$ 30 bilhões de dólares.

Saldo de Stablecoins em Exchanges


Fonte: Glassnode

Além disso, pode-se observar uma recuperação da cadeia de suprimentos de todas as stable-
coins, o que pode ser um sinal positivo para a recuperação da ação do preço das criptomoe-
das.

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Supply Total das Stablecoins. Fonte: The Block

LIQUIDAÇÕES NOS FUTUROS

O teste em zonas de suporte levou à geração de eventos de busca por liquidez no mercado,
trazendo bastante preocupações quanto ao limite dessa busca. Onde isso poderia chegar?
Bitcoin e Ethereum protagonizaram eventos massivos de liquidações em maio, resultado da
alta alavancagem do mercado e do movimento de capitulação de alguns investidores com
grandes carteiras no mercado.

Total de Liquidações. Fonte: Coinglass

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“OPEN INTEREST” OU INTERESSE ABERTO EM FUTUROS

O termo “open interest”, ou contrato em aberto, refere-se aos contratos negociados e ainda
não liquidados no vencimento, ou seja, são contratos abertos que ainda não foram zerados.
De acordo com David L. Scott em seu livro Wall Street Words, “um grande contrato em aberto
indica mais atividade e liquidez para o contrato”.

Para esclarecer, os contratos em aberto calculam o número total de contratos em aberto, com-
prados ou vendidos, para um determinado mercado. Embora cada transação aberta tenha
tecnicamente um comprador e um vendedor, apenas um lado da transação é computado
para contabilizar a posição “aberta”.

Por exemplo, se houver apenas dois participantes em um determinado mercado, um com


uma posição comprada em aberto de 1 contrato e o outro com uma posição vendida em a-
berto de 1 contrato, a posição em aberto seria de 2 contratos. Ou seja, independentemente da
direção, os contratos em aberto são a quantidade total de todas as posições não fechadas.
Os dados de contratos em aberto são calculados uma vez por dia pelas exchanges e não são
fornecidos em tempo real.

Por que isso significa muito para o mercado?

O “Open Interest” é utilizado como um barômetro da atividade do mercado. Se tivermos um


alto número de contratos em aberto, significa que há muitos investidores com posições a-
bertas, gerando assim uma “atenção” dos participantes do mercado para o instrumento em
questão.

Sendo assim, podemos afirmar que, em situação de tendência para um ativo, havendo o au-
mento da quantidade de contratos, existe a possibilidade da continuação da tendência. Por
outro lado, a diminuição de contratos pode mostrar que a tendência está se enfraquecendo
e que uma reversão pode estar em iminência.

Dito isto, pode-se observar por meio do gráfico abaixo, uma tendência de baixa com a satu-
ração do interesse que foi esgotado pela realização e liquidação do mercado. Com isso ob-
servamos também a quantidade de contratos abertos e o “long short ratio” chegando a níveis
que apontam um arrefecimento, demonstrando um possível sinal de que o preço está pres-
tes a dar um respiro para níveis mais acima.

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Fonte: Glassnode

OPÇÕES

Os mercados de opções passaram a precificar a incerteza de curto prazo e o risco de mais


queda para o mercado, especialmente para o próximo semestre. Com isso, a volatilidade im-
plícita aumentou com os eventos de liquidação do mercado. As opções mais que dobraram
no curto prazo, indo de 50% para 110%, enquanto as opções de 6 meses saltaram 75%. Esta é
uma grande quebra de padrão, após um longo período de níveis de implícitos muito baixos.

Volatilidade Implícita. Fonte: The Block

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Observando o final do primeiro semestre, vemos uma forte preferência por opções de venda
(PUT), com preços de exercício de 25, 20 e 15 mil dólares. Em contrapartida, o conjunto de
opções de compra em aberto é significativamente menor, concentrando-se principalmente
em torno da execução na faixa dos US$ 40 mil.

No entanto, no longo prazo observa-se uma construção positiva para as opções em aberto,
com a preferência para compras (CALL) com opções de exercícios na faixa entre US$ 70 e
100 mil.

Open interest por preço de exercício.


Fonte: Coinglass

Vale ressaltar que nos próximos 2 meses teremos contratos a expirar nas datas de 3, 16, 21 e
24 de junho, e espera-se que haja um salto no preço para o lado positivo do gráfico visto que
o volume para as datas tem os ursos como predominantes.

Open Interest por prazos de expiração dos Contratos.


Fonte: Coinglass

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CONCLUSÃO DA ANÁLISE ON-CHAIN

Com a exposição dos dados on-chain, conseguimos ter uma maior visibilidade sobre como o
mercado está se comportando e quando movimentos mais voláteis podem acontecer. Dessa
forma, em conjunto com os fundamentos e comportamento do mercado, no curto prazo es-
tamos à espera de um gatilho para que se inicie um movimento de mais longo prazo.

O crash da LUNA interferiu no preço da maior criptomoeda do mercado, mas para tentar se
sustentar, o mercado, inteligente, percebeu a oportunidade de aumentar as suas apostas em
um futuro não tão distante para o Bitcoin. Com isso, estamos em constante evolução e os
dados poderiam até mesmo indicar um início de uma corrida dos touros, reforçando ainda
mais a tese de que ursos servem para alimentar touros mais fortes.

Mas note que cada escola de análise pode chegar a uma conclusão diferente e é preciso ava-
liar todo o contexto do mercado para chegarmos a uma visão macro e mais assertiva. As-
sim, não há surpresas se uma outra escola de análise do Telescópio não chegar a uma con-
clusão tão otimista, como veremos a seguir com a Análise Técnica. Os dados positivos da
análise On-Chain ainda assim indicam que, apesar do momento delicado do mercado e de
seus preços, o principal ativo do setor de criptomoedas vem se amadurecendo.

GRANDES INVESTIDORES

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ANÁLISE TÉCNICA
Nesta edição da análise técnica vamos atualizar as análises anteriores, mas também acres-
centar um estudo da dominância do Bitcoin e das stablecoins. Sabemos que no mês de maio
o Bitcoin caiu mais de 20% e, da última edição até agora, sua dominância subiu mais de 10%.
Além disso, devido ao problema envolvendo a LUNA e UST, vimos as stablecoins ganhando
dominância e voltando para o topo do mercado.Vamos começar pela dominância BTC:

Fonte: TradingView

Notem que o Bitcoin começou a ganhar muita dominância em maio devido às correções
fortes do mercado e maior aversão ao risco devido ao problema com a LUNA. Sabemos que
o aumento da dominância do Bitcoin é um dos sinais do Bear Market.

Vale lembrar que a dominância do BTC está longe do seu pico, pois no último Bear Market
em 2018 o Bitcoin caiu mais de 50% enquanto a dominância subiu quase 30%, chegando aci-
ma dos 60%. Confira no gráfico abaixo:

Fonte: TradingView

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Agora vamos falar do aumento da dominância das stablecoins observando os snapshots do


CointMarketCap, começando em 2021.

Historical Snapshot 01 de Março de 2021. Fonte: CoinMarketCap

Notem que no começo de 2021 a USDT estava na 5° colocação do ranking das criptos por
capitalização, enquanto a USDC em 12°.

Historical Snapshot 02 de Janeiro de 2022. Fonte: CoinMarketCap

No começo desse ano, a USDT já tinha subido uma posição, assumindo o quarto lugar. A
USDC foi para 7° no ranking.

Historical Snapshot 29 de Maio de 2022. Fonte: CoinMarketCap

O snapshot acima é o mais atual. Observem que a Tether está na 3° posição e USDC na 4°.
Ou seja, em um pouco mais de um ano as duas principais stablecoins assumiram o topo do
ranking, só ficando abaixo do Bitcoin e Ethereum.

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Abortar missão LUNA: Uma análise sobre Stablecoins 25

Um outro detalhe importante referente às stablecoins é que, enquanto elas subiam de


dominância, a USDT foi perdendo capitalização enquanto a USDC ganhava, principalmente
agora no mês de maio. Observem no gráfico abaixo:

Capitalização USDT. Fonte: Coingecko

Capitalização USDC. Fonte: Coingecko

Mas o que isso indica?

Juntando essas informações da dominância do BTC com a das stablecoins, vemos que o
mercado está com uma maior aversão ao risco às altcoins e com desconfiança em relação à
USDT. Esse comportamento indica que podemos estar entrando em um período mais acen-
tuado de correções, já que a dominância do BTC tende a continuar subindo, como aconteceu
no Bear Market de 2018.

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ATUALIZAÇÃO DE MÉTRICAS

Agora vamos atualizar as análises das edições anteriores. Antes de mergulharmos nos gráfi-
cos, vamos relembrar a visão gráfica documentada nas edições anteriores.

Mostramos graficamente, usando as principais escolas técnicas, que ainda não estávamos
no inverno cripto, pois o ciclo de Elliott ainda não foi finalizado e não ativou a onda corretiva
ABC que seria o início do Bear Market, onde o Bitcoin poderia cair abaixo dos 20 mil dólares.
O início dessa correção acontece na confirmação do rompimento da mínima de 2021 que
seria o rompimento da onda 4 na região dos US$ 28,000 e, nas edições anteriores, isso não
tinha acontecido.

Também mostramos que, segundo o diagrama de Wyckoff, poderíamos identificar a for-


mação de uma acumulação e distribuição, já que o diagrama ainda está em formação. Nesse
relatório, você vai perceber o precisa acontecer para confirmar um dos diagramas.

Vale lembrar que identificamos até agora que a região dos US$ 28,000 é a região do último
suporte antes de uma correção mais acentuada e descobrimos esse nível usando os estudos
de Dow, Elliott, Wyckoff, médias e volume.

Agora que entendemos o que estudamos até agora, vamos atualizar essas métricas.

Avançando nos estudos, vemos que o OBV mudou. Na edição anterior, ainda não dava in-
dicações de reversão da tendência de alta de longo prazo. Porém, neste mês de maio houve
uma mudança significativa. Observe os gráficos abaixo:

OBV Semanal. Fonte: TradingView

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Abortar missão LUNA: Uma análise sobre Stablecoins 27

Notem que, diferente da última edição, o OBV está confirmando o rompimento da mínima
de 2021 no gráfico semanal, enquanto o preço apenas caiu abaixo da região e ainda não fez
o rompimento do nível de suporte. Isso pode ser uma indicação de que o preço também vai
perder esse importante suporte, o que poderia levar a uma tendência de baixa mais acentu-
ada. Vale lembrar que nenhuma indicação técnica é 100% assertiva, mas não podemos des-
cartar essa possibilidade e precisamos acompanhar essa métrica de perto no mês de junho.

OBV Diário. Fonte: TradingView

No gráfico acima, vemos que no diário o OBV acompanha a lateralização dos últimos dias e
precisamos ficar de olho para ver se vai antecipar a indicação, rompendo o seu último fundo
sinalizado com a linha vermelha. Essa vai ser a confirmação da continuação do OBV para a
tendência de baixa que levaria ao rompimento do suporte chave aos US$ 28,000. Agora va-
mos conferir uma atuação do diagrama de Wyckoff, analisando o gráfico abaixo:

Diagrama de Distribuição. Fonte: TradingView

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Notem que, aplicando o diagrama de distribuição no gráfico acima, vemos que o preço está
perdendo a região de suporte. Para confirmar que estamos vendo o Bitcoin finalizar a dis-
tribuição para cair mais, o preço não pode romper a região de suporte na casa dos US$ 36,000
sinalizado com as linhas verdes.

Diagrama de Acumulação. Fonte: TradingView

Já aplicando o diagrama de acumulação no mesmo período da distribuição, vemos que, para


confirmar que o Bitcoin está acumulando, é necessário o preço voltar rapidamente acima da
região do suporte e rompimento e confirmar a formação dos “SPRING”, que será o ponto de
partida para o Bitcoin voltar na sua máxima histórica. Ou seja, podemos ter uma tomada de
decisão dessa métrica em breve, o que conflui com a indicação do OBV.

Agora vamos revisar o ciclo de Elliott e descobrir se estamos em uma onda corretiva com-
plexa 4 prestes a iniciar a quinta onda ou se na verdade o ciclo de alta está sendo finalizado
e estamos no meio da onda corretiva ABC.

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Abortar missão LUNA: Uma análise sobre Stablecoins 29

Observando o gráfico acima, vemos que preço está no último suporte da possível correção
complexa. Por isso, é importante que o preço não caia abaixo do suporte da pernada A, na
região dos US$ 28,000.

Caso nos próximos movimentos o preço perca esse suporte, teremos a confirmação do ABC
de correção que, pela projeção, pode levar o preço do Bitcoin perto dos US$ 14,000 até o final
da onda C, conforme ilustra o gráfico abaixo.

Fonte: TradingView

Agora vamos analisar os conceitos de Dow e descobrir o que essas métricas estão indicando.

Topos e fundos progressivos. Fonte: TradingView

Analisando o gráfico acima, vemos que o preço do BTC fez um forte processo de correção em
maio e acabou perdendo o fundo anterior, sinalizado com a seta branca. Mas ele ainda está
segurando no fundo de 2021, apontado pela seta verde, que é o último suporte da progressão

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de topos e fundos ascendentes. Note que existe uma confluência com o último suporte apon-
tado pelo ciclo de Elliott e pelo diagrama de acumulação de Wyckoff.

Já o volume também teve uma mudança significativa até agora. No gráfico abaixo, fica visível
que em maio houve um forte pico de volume (apontado pela seta branca) e, como sabemos,
o volume dá sinais de mudança da tendência.

Como neste momento estamos vendo um forte volume vendedor e o preço está no último
suporte da tendência de alta de longo prazo, o volume está apontando para correção, até o
momento. Isso quer dizer que precisamos ver um forte volume comprador no curto prazo
para o preço não perder esse último suporte dos US$ 28,000.

“Agora vamos observar o gráfico da substituição da tendência. Vemos que também, em maio,
o preço do Bitcoin perdeu a LTA de longo prazo. Essa métrica confirma que, enquanto essa
atual tendência de baixa não for revertida, veremos mais quedas.

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Abortar missão LUNA: Uma análise sobre Stablecoins 31

Continuando na teoria de Dow, vamos olhar agora as tendências primárias, secundárias e


terciárias. Notem que a tendência primária ilustrada no gráfico 1, que antes era de alta, foi
revertida, pois o preço perdeu o canal paralelo de alta.

No gráfico 2, vemos que a tendência secundária continua baixa. A tendência terciária no


gráfico 3, que antes estava sendo revertida, confirmou a tendência de baixa.

Fonte: TradingView

Com todos os tempos gráficos em tendência de baixa, o preço do Bitcoin vai precisar de
muita força para voltar a subir e não entrar no Bear Market. Para reforçar a possibilidade da
continuação das correções, as médias exponenciais de 9 e 21 períodos continuam servindo
como resistência para o preço. Confira no gráfico abaixo:

Fonte: TradingView
C
Para a melhora dessa métrica, é importante que neste mês de junho o preço retorne até as
médias e consiga em breve fazer o rompimento delas. Se isso não acontecer, essa métrica

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também estará confirmando a continuação do período de correção.

CONCLUSÃO DA ANÁLISE TÉCNICA

Nessa edição vimos que algumas das métricas que nas edições anteriores sinalizavam a
continuação da tendência de alta tiveram uma mudança significativa e começaram a apon-
tar tendência de baixa.

A teoria de Dow, volume e médias estão sinalizando que a tendência de baixa deve conti-
nuar e que veremos processo de correção mais acentuado no médio prazo. Porém, no curto
podemos ver uma recuperação, já que o preço do Bitcoin caiu muito no mês de maio sem
fazer respiros e está muito distante das médias. Com isso, é provável que antes de continuar
sua correção, o preço reteste essas médias na região dos US$ 34,000 e US$ 38,000.

Já Elliott e Wyckoff ainda estão com suas indicações sem confirmações. No caso de Wyck-
off, precisamos ver um rompimento urgente do Bitcoin da região dos US$ 36,000 para confir-
mar o gráfico de acumulação. Se isso não acontecer, teremos uma confirmação do diagrama
de distribuição. De qualquer forma, uma tomada de decisão deve acontecer em breve.

Já Elliott mostra que o Bitcoin precisa manter o suporte dos US$ 28,000 e depois romper a
região de 0.618% de Fibonacci na casa dos US$ 52,000 para confirmar o início da onda 5. Isso
indicaria que, na verdade, estávamos em uma onda corretiva 4. Porém, se isso não acontecer
e houver uma confirmação de rompimento da mínima de 2021 no gráfico semanal, teremos
a confirmação da onda corretiva C, conforme mostramos na sessão de Elliott, o que levaria
o Bitcoin perto dos US$ 20,000.

Além das atualizações das análises anteriores, mostramos que a dominância do BTC e das
Stablecoins estão subindo fortemente e que esse é um comportamento também encontrado
no Bear Market. Vale reforçar que essas métricas indicam que a queda pode durar por um
longo tempo, o que aponta que o inverno cripto realmente pode estar chegando.

Sabendo de tudo isso, entendemos que estamos a um passo de ver o início de uma correção
mais acentuada se o preço do Bitcoin não voltar a subir agressivamente no curto prazo e
acabar perdendo o atual suporte dos US$ 28,000.

Vale lembrar que a confirmação do início do período de correções mais acentuadas acon-
tece com uma confirmação de rompimento no gráfico mensal ou semanal abaixo dos US$
28,000, que é a mínima de 2021.

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Abortar missão LUNA: Uma análise sobre Stablecoins 34

ANÁLISE DEFI
Agora vamos entrar nas criptos no campo das finanças descentralizadas, ou DeFi. Este nome
estranho que se pronuncia “defái” nada mais é que o uso direto de criptoativos sem inter-
mediadores. DeFi vem da junção de duas palavras em inglês: “Decentralized Finance”, que
significa em tradução literal “finanças descentralizadas”. Em lato senso, uma transferência
de BTC entre duas pessoas é uma forma de uso do “DeFi”. Sendo um pouco mais técnico,
falamos em DeFi sempre que houver um uso de um “smart contract”.

Eu sei, você está se perguntando ao menos duas coisas. Como uma simples transferência
pode ser um contrato algorítmico? E o que é smart contract?

OK, vamos por partes. Um “smart contract” é um contrato escrito em forma de um algoritmo
que será executado automaticamente pelo sistema em que ele habita. Uma transferência
entre duas pessoas pode ser escrita em forma de contrato. Por exemplo, a carteira X possui
mais de 10 bitcoins e quer transferir 0.1 bitcoins para a carteira Y. O contrato escrito seria:

Claro que esse não é o código do bitcoin, mas algo escrito em português para compreensão.
O código dessa mesma transferência é:

Mas afinal, o que esse código diz?

Este código informa à blockchain que a carteira X, aquela que possui 10 bitcoins, quer trans-
ferir 0.1 bitcoin para a carteira Y (1Dfyr8BaNfYzWWdD8PzECinkmmbgmGaMJ4), com o
nome “Exemplo” e com a mensagem “Envio de bitcoins”.

Porém, quando se fala por aí em DeFi, em geral, estamos falando em contratos mais com-
plexos e também excluindo o Bitcoin desta lista. É importante essa introdução para que
tenhamos a consciência de que Bitcoin também é DeFi e eliminar questionamentos sobre o
assunto.

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Dito isso, vamos prosseguir com o DeFi mais conhecido: os smart contracts da Ethereum.
A inovação que Ethereum trouxe às criptomoedas foi permitir uma forma de linguagem de
programação mais complexa para a criação de contratos. Com isso, surgiram vários tipos de
contratos e os mais usados são as estruturas para criação de tokens.

Tokens também é um assunto que iremos retomar inúmeras vezes, pois servem a vários
propósitos. Hoje vamos falar apenas dos tokens “mintados”. “Mintar” vem do termo em in-
glês “mint”, que significa “criar” ou “emitir”. Ou seja, o token é criado pelo emissor seguindo
algum critério.

O Bitcoin não é um token na rede Ethereum, mas se negocia Bitcoins na rede Ethereum. Para
isso, usa-se um token chamado de WBTC. O WBTC (wrapped Bitcoin) é emitido por uma em-
presa que cria 1 WBTC a cada 1 BTC transferidos para ela, assim mantendo a paridade 1 para
1 com o Bitcoin, mesmo sendo um token ERC-20.

Sei que são muitos nomes e pode parecer complexo, mas com o tempo você irá se acostu-
mando. Lembra que falei que existem vários tokens e eles servem a vários propósitos? Pois
bem, quando um token é emitido para ser fungível e atender as demandas ou critérios de um
emissor dentro da rede Ethereum, esse token é chamado de “ERC-20”.

Um NFT (Non-Fungible Token) geralmente é um token “ERC-721”. Essas siglas são referên-
cias a estrutura a qual o token foi criado. Visto que é relativamente fácil criar um token, em-
presas começaram a usar cada vez mais este recurso para criar tokens como prestação de
serviço. Uma delas é a Tether, que criou o dólar Tether, também conhecido como USDT. A
exemplo do que vimos com o Bitcoin, esperamos que a cada 1 USDT emitido pela empresa,
ela tenha recebido 1 dólar.

Na prática, sabemos que não é tão simples assim. Tecnicamente, USDT é um passivo, um
documento (contrato) que permite àquele que o possui solicitar a troca de 1 USDT por 1 dólar
à empresa Tether. Porém, o que acontece é que, de certa forma, a empresa Tether tem uma
impressora de dólares, o que é preocupante. Existem 3 empresas por trás do token WBTC,
mas apenas uma empresa por trás da USDT e isso se repete em vários tokens. Futuramente,
veremos que há apenas alguns poucos “players” por trás até mesmo de grandes redes.

Quero concluir essa introdução ao DeFi deixando essa reflexão: quando falamos sobre DeFi,
não estamos discutindo algo realmente descentralizado, mas com iniciativas descentra-
lizadas. Ninguém foi obrigado a criar um token com preço atrelado ao dólar. Isso surgiu do
interesse e necessidade dos participantes da rede. Portanto os tokens, assim como todo o
ecossistema chamado DeFi, são livres para quem quiser usar ou criar. E, como dizia John
Philpot Curran, “o preço da liberdade é a eterna vigilância”

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Abortar missão LUNA: Uma análise sobre Stablecoins 36

As principais formas de proteção

Embora tenhamos que tomar precauções, DeFi é um excelente meio de proteção ao indivíduo.
Criptos são duráveis, não sofrem com a ação do tempo, não corroem, não quebram. Elas são
leves: basta saber as palavras de restauração da sua carteira e poderá acessar de qualquer
celular ou computador com acesso a internet pelo mundo. O peso de uma cripto é o peso de
uma memória computacional. Criptomoedas são inconfiscáveis: hoje elas são a única forma
de tirar o controle do estado de seu dinheiro.

Fazer o uso de carteiras seguras e usar criptomoedas de forma adequada garante privaci-
dade. Como no exemplo do código de Bitcoin acima, apenas o que é exposto são as chaves
públicas das carteiras, não havendo identificação sobre quem as possui.

Apesar de poder ser publicizado, normalmente as informações são tornadas públicas apenas
entre as partes que fazem a transferência. No entanto, um mesmo indivíduo pode possuir
inúmeras carteiras para usar em momentos diferentes. Portanto, desde que as duas partes
não comuniquem ao estado, não há como o estado saber o que aquele indivíduo possui. Esta
é a maior força que um indivíduo moderno tem de se proteger financeiramente de um go-
verno tirânico.

Usar carteiras próprias e não de agentes centralizados como corretoras é imprescindível


para o anonimato. Mesmo sabendo que são ativos de grandes variações de preço, ter cripto-
moedas não necessariamente significa ficar à mercê da volatilidade. Como falamos acima,
empresas podem criar tokens e dar lastro a elas em ativos reais, como ouro, dólar e ações

Quando esse ativo usa como métrica uma moeda como o dólar, o chamamos de stablecoin.
Portanto, uma stablecoin é apenas um token que usa uma estratégia para equivaler o seu
preço de mercado ao preço de um ativo monetário como o dólar.

Algumas estratégias podem ser adotadas para a criação e manutenção de tokens. Falamos
da USDT, que usa o lastro em depósitos de dólar (assim esperamos). Também há a USDC, que

usa a mesma estratégia, apesar


de ser emitida por outra empre-
sa. Temos ainda a DAI, que é o
primeiro token de stablecoin al-
gorítmica que existiu na história.
Embora seja algorítmica, ela pos-
sui lastro. Esse lastro não é em
dólar, mas sim em outras cripto-
moedas, sendo sua maior parte
em USDC, como podemos ver no
Fonte: DaiStats site oficial da DAI.

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Ainda que as três maiores stablecoins do mercado cripto sejam tokens com lastros em ativos
reais, esta não é única forma de se criar uma stablecoin. Lembre-se: DeFi não é sobre a des-
centralização dos recursos, mas a liberdade e a criatividade de quem quiser participar.

Não irei repetir o que está nesta mesma edição sobre o caso LUNA e UST (agora de tickers
LUNC e USTC), mas ficou claro o que pode acontecer quando o ativo de pareamento não con-
ta com lastro real. Talvez exista uma forma de criar um token estável puramente algorítmi-
co, mas ainda não existe um que tenha se mostrado eficaz.

Tudo o que falamos até agora em DeFi parece útil e maravilhoso: ficamos anônimos, somos
donos do nosso dinheiro, transacionamos sem intermediários. Mas temos que nos lembrar
que tudo isso ainda é muito novo. DeFi não tem nem mesmo 5 anos de atividade. O seu pico
de volume financeiro não chegou a 110 bilhões de dólares. Esse valor certamente não é pou-
co, mas ainda não representa quase nada do movimento financeiro do mundo, afinal, as
criptos são globais e assim devem ser mensuradas.

CONCLUSÃO DEFI

DeFi, embora ainda embrionário e experimental, parece ser o caminho ao qual todos cami-
nharemos. Em caso de um governo tirânico, é somente fazendo uso de carteiras individuais
que teremos proteção de nosso capital. Hoje em dia, o custo de aprendizagem e de uso no
DeFi ainda é alto, mas vem diminuindo a cada ano. A popularização do mercado certamente
trará facilidades para o uso e diminuição dos preços.

Já é possível usar stablecoins como proteção em momentos de volatilidade do mercado.


Porém isso deve ser feito com cautela, usando ativos com lastros reais. Deve-se entender
que DeFi não é um sistema em que tudo é descentralizado, mas sim onde as iniciativas são
descentralizadas e muitas ideias boas e ruins vão surgir. Portanto é necessário cuidado, em-
bora o maior prêmio seja de quem desbrava o caminho.

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Abortar missão LUNA: Uma análise sobre Stablecoins 38

CONCLUSÃO
Como você leu em nosso Telescópio, este foi um duro mês para as criptomoedas. A movi-
mentação do mercado deixa mais clara a possibilidade da dominância dos ursos. Os pro-
blemas com a rede Terra e seu ecossistema foram um impulsionador para um mês de sérias
preocupações e incertezas no mercado.

Mas, ao compararmos novamente o problema da LUNA com a Apollo 13, vale a pena lem-
brarmos que mesmo num cenário difícil e adverso foi possível que os astronautas chegas-
sem vivos e salvos em solo, depois da mal sucedida viagem à lua. Então, se a LUNA não foi
um porto seguro de aterrizagem para o mercado de criptomoedas, lembremos que este é
somente um astro entre milhares de outros.

A viagem ainda está somente começando e a estrela maior, o Bitcoin, continua brilhando e
indicando a direção a seguir. Cabe a nós, investidores e entusiastas, continuar essa viagem
com a mesma determinação de sempre.

Te espero na próxima parada do Telescópio Cripto.

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AUTORES
Bruno Prazeres Fabrício Santos
Coordenador de Trading e Analista de Conteúdo
analista de Research

Jean Pierre Pedro Moreno


Analista Técnico Analista Técnico

DISCLAIMER
O conteúdo deste relatório reflete exclusivamente a opinião pessoal dos autores que o sub-
screvem, de maneira independente e sem nenhum direcionamento ou imposição sobre as
conclusões apresentadas.

Este relatório tem mero caráter informativo e educacional, não servindo de recomendação
de compra ou venda para nenhum ativo.

As informações utilizadas na confecção deste relatório são públicas. Não se oferece nenhu-
ma segurança ou garantia, seja de forma expressa ou implícita, sobre a integridade, confia-
bilidade ou exatidão dessas informações.

Os desempenhos anteriores apresentados por criptoativos não podem ser considerados


como garantia de retorno futuro.

Qualquer reprodução deste relatório, em trecho ou em sua integralidade, sem a devida


atribuição dos créditos, será ilegal e considerada plágio.

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