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Sigmund Freud

Interpretação dos Sonhos


Ψ Freud trabalha com dois processos que estão presentes no modo de
funcionamento do nosso aparelho psíquico e, principalmente, na formação dos
sonhos: o processo primário e o processo secundário.
Ψ Processo Primário
o Tem relação com o inconsciente, que é regido pelo princípio de prazer.
o Nele, a energia libidinal ecoa livremente, sem barreira de uma
representação para a outra, fazendo com que as representações se
substituam.
o Estas representações se ligam por meio da condensação e do
deslocamento, sem seguir uma lógica específica, devido a representação
de coisa.
Ψ Processo Secundário
o Tem relação com o consciente, que é regido pelo princípio de realidade.
o Nele, a energia libidinal está “ligada”, ou seja, as representações estão
ligadas, ecoando mais controladamente e estavelmente, adiando a
satisfação, devido a representação de palavra.
Ψ Traço Mnêmico
o Pode ser entendido como a primeira forma como os acontecimentos se
inscrevem na memória, sendo uma marca da experiência, substituindo-a
de fato de maneira permanente, porém só é reativado após o
investimento.
o Primeira forma de registro de experiência, sendo uma marca
o A experiência marcada é uma experiência de satisfação que necessita de
repetição e esta repetição pode ser realizada por meio do autoerotismo, já
que aqui é relembrado apenas a satisfação da experiência e não ela em si.
o No autoerotismo, o prazer inicia e termina mesma região erógena.
o Freud toma como exemplo o prazer que o bebê experimenta na primeira
mamada no seio de sua mãe. Ao entrar em contato com a sensação de
satisfação experenciada no ato de mamar, o bebê tem a tendência de
buscá-la novamente, por meio do autoerotismo presente em colocar
coisas na sua boca. Deste modo, a pulsão aqui é puramente autoerótica e
independe da necessidade orgânica/instinto, que seria a fome.
Ψ Representação de Coisa
o É a representação que só se realiza no ato, assim como o traço mnêmico,
derivando da coisa, essencialmente.
o Ela ocorre quando os traços mnemônicos se articulam e substituem-se,
ou seja, um representa o outro sem deixar de existir e atuar, por meio do
ato. Nesta relação, a necessidade orgânica depende da pulsão.
Ψ Representação de Palavra
o A representação de palavra deriva da palavra, essencialmente acústica, e
possui um sentido, realizando um movimento de substituir a coisa ao
atribuir um sentido a ela.
o Por atribuir sentido à coisa, pode ser entendida como um adiantamento
do desejo, já que este não é atendido instantaneamente.
o Sua ligação com a representação de coisa caracteriza a passagem do
inconsciente para o consciente e pré-consciente, por meio da atribuição
de uma imagem a algo abstrato.
Ψ Conteúdo Manifesto
o Pode ser definido como qualquer produção verbalizada que se pretende
interpretar, segundo o método analítico. Sendo, então, o fundamento para
a análise.
o Com relação aos sonhos, é o que se lembra e consegue relatar do sonho,
que será analisado no divã.
Ψ Pensamento Latente
o São pensamentos aparentemente desconexos que aparecem no sonho e
são acessados por meio da decomposição deste, sendo suprimido e
escondido pela mente subconsciente, a fim de proteger o indivíduo de
pensamentos e desejos que são difíceis de lidar.
o Sabendo que o sonho tenta explicar as formações do inconsciente,
aparecendo como uma representação do desejo, por meio de uma
organização de pensamentos ou um discurso, o pensamento latente pode
ser compreendido como um conjunto de significações a que chega à
análise de uma produção do inconsciente.
Ψ Progressão
o Traz o sentido do sonho ter começo, meio e fim e do sonho necessitar
dos restos diurnos e do desejo infantil para ser elaborado.
o Restos diurnos: toda representação/memória tem origem em algo que
entramos em contato, variando apenas na maneira com a qual ela se
apresenta. São deformados por meio da condensação, deslocamento e
figurabilidade, criando a experiência do sonho.
Ψ Elaboração Secundária
o A elaboração secundária é tudo o que se pensa e fala sobre o
inconsciente, sendo uma ação do consciente sobre o inconsciente,
caracterizando o processo de transformar a imagem em palavra.
o É o quarto fator envolvido na formação dos sonhos, agindo quando
acordamos, com duas formas de atuação distintas: a reordenação dos
elementos do sonho e a desvalorização do sonho.
o Atua, primeiramente, ordenando tudo o que ocorreu no sonho,
condensando tudo em pensamentos e atribuindo sentido aos elementos
dos sonhos. A ordenação aqui realizada não é aleatória, já que a censura
age neste processo e no que aparece representado. E a atribuição de
sentido é extremamente necessária, pois a falta de sentido do
inconsciente é insuportável ao consciente, garantindo a coesão egóica do
indivíduo.
o De maneira geral, a elaboração secundária tem função de censura, antes
de qualquer coisa.
o Também trabalha na desvalorização do sonho, auxiliando para o
esquecimento dele.
Ψ Ao desconstruir um sonho, a interpretação dele fica mais fácil, por meio da
atenção flutuante e associação livre.
Ψ Atenção Flutuante
o Estado especial de consciência de que o terapeuta necessita para ser
capaz de ouvir o paciente e detectar o que há de mais significativo em
sua história.
o Pode ser descrita como a arte de ouvir com o terceiro ouvido.
Ψ Associação Livre
o É a passagem do conteúdo manifesto ao latente, sendo um método para a
descoberta do inconsciente.
o Quando abandonamos a consciência e o comportamento consciente,
aquilo que sobressai são os pensamentos inconscientes e isto ocorre
apenas com o ato de falar o que vir à mente.
Ψ Os sonhos, segundo Freud, constituem “uma realização (disfarçada) de um
desejo (reprimido)”, podem exercer influência sobre nossos pensamentos ou
atitudes e é uma das formas de acessar o inconsciente, parte da mente a qual não
temos acesso de forma fácil.
Ψ Cada representação no sonho faz parte de uma cadeia simbólica do analisando e
mais de uma cadeia podem ligarem-se em um único símbolo, sendo que o que
aparece no sonho é o que recebe maior investimento libidinal e precisa ser
figurado.
Ψ Sabendo disto, devemos tomar como objeto de nossa atenção não o sonho como
um todo, mas partes separadas de seu conteúdo. Cada elemento do sonho deve
ser separado dos demais e para cada elemento devemos buscar as associações
individuais para os elementos, para as partes do sonho.

Figurabilidade
Ψ A figurabilidade é o processo de transformar o inconsciente em uma imagem
exigindo uma imagem necessariamente, permitindo dar imagem a algo muito
abstrato. Tem relação com a transição entre pensamento baseado em palavras e
pensamento baseado em imagens, deixando a causalidade e a lógica de lado e
estabelecendo relações entre os diversos pensamentos latentes de um indivíduo.
Ψ Neste processo, o inconsciente deturpa o desejo para mostrar ele para nós, pois
nós não o aguentamos como é e ele é feito por meio do deslocamento e da
condensação. Também pode ser feito por meio da linguagem, seguindo regras do
sonho estabelecidas por Freud.
Ψ Regras do Sonho
o Criadas por Freud e aparecem na descrição dos sonhos, por meio da
linguagem.
o Nexo lógico: proximidade, simultaneidade.
o Causa: sonho preliminar ou principal, transformações.
o Ou... ou: condensação, sonhos de igual duração.
o Oposição: representação pelo oposto, negligenciado, substituições ou
identificações, condensações.
o Concordância, semelhança ou atributos comuns: identificação, unidade
de imagem.
o Negação: paralisia.
o Depreciação: sonho dentro do sonho.
o Partes indistintas: borrado, lacuna, buraco e interrupção.
o Inversão: realização do desejo, afeto, tempo, sentido, sujeito agente.
o Formações distintas: identificação, criação.
o Deslocamento: como troca de palavras.
Ψ O sonho é, para Freud, um discurso a ser lido e interpretado, o que acaba
deixando a sua significação aberta, ou seja, nunca se pode dar certa a
significação de um sonho. E esta significação pode ser positiva (o que é),
negativa (o oposto), histórica (memória ou fantasia) ou simbólica.
Ψ O simbólico não é atingível sem o imaginário, pois o inconsciente manifesta-se
na linguagem por meio do pré-consciente.
Ψ A escolha da palavra usada é muito importante na análise, pois, geralmente,
alguma palavra puxa uma memória e produz outra, em uma cadeia de associação
através do deslocamento. Logo, toda palavra é uma memória de algo.
Ψ Sabendo disto, Freud trabalha com os conceitos de signo linguístico, significado
e significante.
Ψ Signo Linguístico
o O signo linguístico une um conceito e uma imagem acústica, sendo,
então, a relação que se estabelece entre um significante e um significado.
o Significante: a imagem acústica de uma palavra, ou seja, a representação
sonora de uma palavra; é contingente e varia conforme o tempo, junto às
sociedades.
o Significado: o conceito que se tem da palavra, ou seja, a realidade que a
palavra representa; é universal e constante.
o Significante e significado formam um signo linguístico, que une-se a
outros signos, compondo um sistema de representações
Ψ Condensação
o A condensação é o processo de juntar várias cadeias associativas em uma
única representação, sendo um dos modos essenciais do funcionamento
dos processos inconscientes.
o Ela está presente no sintoma e, principalmente, no sonho, aparecendo por
meio da metáfora e da substituição.
o Para compreender sua aparição no sonho, pode-se pensar no jogo CS
Composto: a primeira palavra dita vai sendo deformada até chegar ao
que aparece no sonho, que é a última palavra dita.
Ψ Deslocamento
o O deslocamento é um mecanismo de defesa que disfarça o significado
emocional do conteúdo latente, confundindo as partes importantes e
insignificantes do sonho.
o Ocorre por meio da metonímia, tomando “a parte pelo todo”,
deslocando/transferindo uma reação emocional a um objeto ou pessoa
para outro objeto ou pessoa.
Complexo de Édipo
Ψ O Complexo de Édipo (CE) é um conceito presente na obra de Freud, que parece
em 1897, com sonhos semelhantes entre pacientes envolvendo o genitor do
mesmo sexo morrendo e, posteriormente, em análises feitas em si mesmo, por
meio de Fliess em cartas.
Ψ Freud articula, no CE, a clínica por meio dos sonhos, a autoanálise com as cartas
para Fliess e a cultura através de seu interesse nas tragédias gregas, com
destaque para Édipo Rei. Podendo, então, defini-lo como um conjunto de
fantasias de erotismos, um mito sobre a origem simbólica da humanidade que é
universal, um conceito que é capaz de articular outros conceitos psicanalíticos
(ex: pulsão, libido etc.) com o campo simbólico singular e é uma crise da
infância, que é longa e intensa, podendo ser revisitado.
Ψ Inicialmente, é um conceito que se refere a uma fase de desenvolvimento
psicossexual da criança, chamada fase fálica, em que ela começa a sentir desejo
por sua mãe e ódio e ciúme de seu pai. Ao longo de seu desenvolvimento, o
complexo de castração passa a ser identificado e classificado.
Ψ Freud busca, com o CE, analisar a gêneses dos totens – símbolos sagrados e
respeitados – e dos tabus – proibições de origem incerta – que cercam e
cerceiam as liberdades individuais e coletivas de uma determinada sociedade.
Desta forma, o Édipo é a tentativa infantil de realizar um desejo incestuoso
irrealizável. É um desejo virtual, nunca saciado, cujo objeto é um dos pais e cujo
objetivo seria alcançar não o prazer físico, mas o gozo.
Ψ É estudado em duas formas: do menino e da menina
Ψ Período Pré-Edipiano
o Este período possui o mito da universalidade do falo, que visa negar a
castração, levando à crença que o falo está em todo lugar.
o Entretanto, o falo não é o pênis, mas a ausência da falta de algo. E a falta
que o falo representa possibilita a relação intra e intersubjetiva do
funcionamento psíquico da criança. Ele é criado para sustenta a angústia
da repetição da perda do interesse da mãe e pode ser qualquer coisa,
desde que ocupe o lugar do que é perdido.
o Neste período, há também a ideia da mãe fálica, que traz a necessidade
da mãe ter o falo e é esta fantasia que possibilita o Complexo de
Castração (CC).
o Ele apresenta a bissexualidade de partilha sexual, fazendo a criança
transitar entre ambos os lados da partilha sexual, fazendo com que, para a
criança, não exista diferença sexual.
Ψ Os desejos incestuosos não são exclusivamente eróticos, mas antes um
condensado de tendências eróticas e agressivas. Assim, o CE possui três
fantasias de prazer/incestuosas.
Ψ Fantasias de Prazer/Incestuosas
o Nelas, a pulsão autoerótica passa a ser um objeto libidinal.
o Possuir o corpo do outro: fantasia ativa e erótica e/ou amorosa
o Ser possuído pelo corpo do outro: fantasia passiva e erótica e/ou
amorosa
o Suprimir o corpo do outro: fantasia ativa e erótica e/ou de destruição
Ψ Complexo de Castração
o Depende do CE para existir e é centrado na fantasia de castração.
o Para o menino, a castração é uma ameaça paterna em resposta às suas
atividades sexuais. Já para a menina, a castração é um dano que ela sofre
e precisa compensar.
o A castração é a percepção da falta imaginária que representa a falta
simbólica, que é o falo.
o Até o momento de castração, a criança crê na possibilidade do incesto,
ou seja, de tornar-se uma com a mãe, sem falta.
o Entra-se no CC quando ocorre a interdição da lei (pai genitor/figura
paterna), sendo que esta existe enquanto encenação da dinâmica da
interdição do desejo e permite que a castração imaginária exista.
Ψ Solução da Crise Edipiana
o Neurótica: recalcamento do desejo, das fantasias e da angústia.
o O recalcamento é a desarticulação do complexo e tem relação com a
amnésia infantil, fazendo com que ocorra a renúncia aos pais como
objeto de desejo (ter os pais ou ser o objeto dos pais).
o Esta renúncia propicia o movimento de identificação com os pais,
levando a criança a desejar ser como o ideal do eu (ou seja, os pais, por
meio da incorporação de leis) e também leva a aparição do supereu, que
leva a interdições do indivíduo para ele mesmo. Com isto, a criança
passa a desejar como seus pais e não a eles, vendo-se como os demais.
o É essencial para que a criança perceba a representatividade do pai na
relação, assim como a estruturação da personalidade individual do
menino.
o Caso não haja uma correta resolução do CE, este pode acarretar algumas
consequências no comportamento do futuro adulto: dependência
exagerada do sexo oposto, submissão ou opressão.
Ψ Até a castração, se dá o período de sexualização dos pais e, após a renúncia dos
pais, é o período de dessexualização dos pais, levando ao surgimento do supereu
e da identidade sexual, junto a criação de uma autoimagem.

Complexo de Édipo no Menino


Ψ Por volta de três, quatro anos, todos os meninos focalizam seu prazer sobre o
pênis, vivido ao mesmo tempo como órgão, objeto imaginário e emblema
simbólico. Nessa idade, o órgão peniano torna-se a parte do corpo mais rica em
sensações e impõe-se como a zona erógena dominante. Acontece, no início, um
processo de narcisismo: o menino toma o próprio corpo como interesse sexual,
levando o “eu” a tornar-se o “outro”
Ψ Graças à angústia de castração, esse narcisismo prevalece sobre o desejo pelos
pais, ao final do CE, e este narcisismo serve de antecipação à diferenciação
sexual, que não é relacionada com a castração, inicialmente.
Ψ Na sexualização dos pais, o menino cria fantasia com ambos os pais.
Ψ Fantasias com a Mãe
o Sexual ativa: dar um filho a ela, como seu pai deu
o Sexual passiva: ser o falo de sua mãe
o Ativa amorosa
o Passiva amorosa
Ψ Fantasias com o Pai
o A fantasia com o pai é ambivalente, carregando amor (pai é o ideal) e
ódio (está onde queria estar)
o Ativa odiosa
o Passiva amorosa: ser tomado como desejo pelo pai, como a mãe,
envolvendo uma relação de identificação com a mãe
o Essa fantasia é a mais recalcada dos meninos, explicando a recusa de
homens relacionarem-se com homens e a masculinidade frágil,
posteriormente
Ψ A ambivalência existe para a mãe, pelo desmame, porém em menor graus.
Ψ Possui o desejo de suprimir/matar o pai, pois este é um rival da atenção da mãe e
este ódio é necessário, pois ele diz quem o menino é e ele ocorre pois ambos (pai
e filho) são extremamente semelhantes. Logo, pode-se dizer que tomar o pai
como um rival é erotizar este pai, pois é necessário nessa relação edipiana.
Ψ No período de castração, o falo passa a coincidir com o pênis, levando a um
grande investimento libidinal. Nesse ponto, a criança entra em contato com a
visão do corpo feminino nu real ou imaginário, levando a uma valorização do
próprio falo e uma disjunção do corpo da mãe, devido ao luto da fantasia passiva
amorosa do pai. Nota também que a mãe é castrada (desprovida de pênis),
derrubando a onipotência do pênis e a fantasia da mãe fálica, sentindo-se
ameaçado.
Ψ Como a mãe já teve o falo e perdeu, ou teve o pênis e perdeu, cresce uma
ameaça, que traz a angústia de castração, que é o medo de perder o pênis/falo.
Esta angústia tem relação com a potência e a impotência simbólica, que ganha
atributos imaginários.
Ψ Angústia de Castração e Fantasias
o Medo de ser castrado pelo pai repressor (falo já não existe)
o Medo de ser castrado pelo pai rival
o Estas duas têm relação com perder algo do próprio corpo e são de ódio
o Medo de ser castrado pelo pai sedutor
o É uma fantasia amorosa pelo pai,, atingindo a virilidade do menino,
incidindo na potência simbólica dele
Ψ A angústia de castração no menino prolonga-se por muito tempo, pois o CC
mantém-se ao longo do CE para que ele não abra mão do desejo incestuoso. Ao
renunciar ao desejo incestuoso, o CE é resolvido, levando à resolução do CC
Ψ Lógica do Édipo do Menino
o Tenho quatro anos. Sinto excitações penianas  tenho o Falo e julgo-me
onipotente
o Desejo ao mesmo tempo possui sexualmente meus pais, ser possuído por
eles e eliminar meu pai
o Sinto prazer em fantasiar meus desejos incestuosos  meu pai ameaça
me punir me castrando
o Vejo o corpo nu de uma menina ou o de minha mãe e constato a ausência
de pênis  sinto mais medo de ser punido  angustiado, prefiro
renunciar a desejar meus pais e salvar meu pênis
o Esqueço de tudo: desejos, fantasias e angústia
o Separo-me sexualmente de meus pais e adoto a moral deles
o Começo a compreender que meu pai é um homem e minha mãe é uma
mulher e a saber a pouco que pertenço a linha dos machos
o Mais tarde, na adolescência, minhas fantasias edipianas ressurgirão, mas
meu supereu, muito severo nessa idade, vai se opor ferozmente a isso 
essa luta entre fantasias e supereu irá se manifestar por atitudes
exageradas e conflituosas próprias da adolescência: pudor exacerbado,
inibições, medo da mulher e desprezo por ela, bem como negação de
valores estabelecidos.

Complexo de Édipo na Menina


Ψ A menina vive um Pré-Édipo considerado necessário para acessar o pai e entrar
efetivamente no Édipo. Nessa fase, sexualiza, e depois rejeita, sua mãe, e
abandona o Édipo quando deseja outro homem que não seu pai.
Ψ O rancor pelo desmame e a ambivalência com a mãe faz com que o CC seja
visto como a falta de algo. Isso traz o desligamento da mãe, como uma forma de
resolver o CC e liga-se ao pai, entrando no CE, no qual suas fantasias de
castração são fantasias amorosas com o pai.
Ψ Fantasias
o Receber do pai aquilo que a mãe recebeu do pai (falo), levando à
primeira frustração
o Ele não pode dar a ela o que deu a mãe
o Se oferece como objeto amoroso, levando à segunda frustração (ser o
falo)
Ψ As duas identificações constitutivas da mulher – identificação com a
feminilidade da mãe a identificação com a virilidade do pai – foram
desencadeadas por duas recusas do pai: recusa de dar o Falo à filha e recusa de
tomá-la como Falo.
Ψ Nestas fantasias, a mãe é a rival da menina, pois esta não tem o falo e a fez
acreditar que tinha o falo. Essas fantasias levam à inveja do pênis (falo), pois ela
quer ter/ser o falo mas não pode.
Ψ Para resolver esta inveja, a menina passa por um processo de identificação com
o pai no modo de desejar.
Ψ Ao não ter o falo, a mãe aparece como mulher, fazendo-a se identificar com o
objeto da causa do desejo.
Ψ A menina tem o desejo de possuir o pai. Seu édipo começa quando percebe que
a mãe é castrada, assim como ela, e a culpa por não possuir o falo/objeto de
desejo/de poder. Agora o Falo está no outro e assume doravante a forma de um
pênis. É então que, brutalmente, uma imensa ilusão desmorona, provocando um
pungente dilaceramento interno. Essa fantasia é a fantasia de privação.
Ψ O Falo para a menina não é o pênis, mas a imagem de si e o narcisismo da
imagem de si abre para o Édipo.
Ψ Lógica do Édipo da Menina
o Tempo Pré-Edipiano:
 Tenho quatro anos. Sinto excitações clitorianas  tenho o Falo,
tenho orgulho dele e julgo-me onipotente
 Assim como um menino, desejo possuir minha mãe
o Tempo da Solidão:
 Na frente de um garotinho nu, descubro que não tenho Falo 
sofro por ser privada dele
 Constato que minha mãe também é desprovida dele  critico-a
por ter-me feito acreditar que ambas o tínhamos, logo ela me
enganou  despeitada, abandono minha mãe
 Agora sinto-me sozinha e humilhada. Estou ferida em meu amor-
próprio  invejo o menino
o Tempo do Édipo:
 Volto-me agora para o meu pai, grande detentor do Falo
 Sempre ciumenta e invejosa, peço-lhe que me dê o Falo – ele me
recusa o falo  constato que nunca o terei
 Peço a meu pai para me consolar  minha inveja transformou-se
em desejo. Não quero mais ter o Falo do meu pai, quero sê-lo;
quero ser a favorita do meu pai
 Então, identifico-me com minha mãe enquanto mulher desejada e
modelo de feminilidade  desejo ser possuída pelo meu pai
o Resolução do Édipo:
 Meu pai me recusa  dessexualizo meu pai, mas incorporo sua
pessoa
 Pouco a pouco torno-me mulher e me abro para o homem amado
 para de medir meu sexo pela régua de um mítico Falo e
descubro a vagina, o útero e o desejo de ter um filho do meu
companheiro

Totem e Tabu
Ψ Texto escrito em 1912, que traz algumas concordâncias entre a vida psíquica dos
homens primitivos e dos homens neuróticos.
Ψ É uma resposta a Wundt sobre o que é a psicologia grupal e qual é a relação
entre ela e a individual.
Ψ Possui influência de Charles Darwin, por meio da seleção natural e quanto
tempo há a vida na Terra e da seleção sexual do homem e como o ser humano
passou a existir, fazendo uma ligação da teoria de Darwin como uma evolução
cultural com a antropologia e a mitologia, tomando este trabalho como uma
forma de produzir conhecimento produzindo uma mudança cultural nos mitos da
origem.
Ψ Freud diz que Darwin dá uma pancada narcísica no homem ao colocá-lo como
um animal como outro qualquer, dialogando com a arqueologia.
Ψ Neste momento, está ocorrendo a transição das monarquias para as democracias
por meio de processos revolucionários, tratando, então, da passagem do humano
do estado de natureza para uma comunidade humana.
Ψ A vinculação entre um homem e seu totem é mutuamente benéfica, pois o totem
protege o homem e o homem demonstra respeito ao totem de diversas maneiras:
não o matando (animal), não o cortando nem colhendo (vegetal).
Ψ O totem sempre é uma classe de objetos, geralmente de animais ou vegetais.
Ψ Freud busca analisar a gênese dos totens – símbolos sagrados e respeitados – e
dos tabus – proibições de origem incerta – que cercam e cerceiam as liberdades
individuais e coletivas de uma determinada sociedade. Como faz isso?
Ψ Assim: Toma termos de Darwin, aproximando a filogênese com a ontogênese (o
desenvolvimento da humanidade com o desenvolvimento da criança), trazendo a
transição de natureza (criança) para a cultura (adulto). Com isso, afirma que
entrar na cultura é aceitar duas interdições que são puramente humanas: o
incesto (sexualidade) e o parricídio (agressividade), ou seja, como a sexualidade
é/pode ser exercida e como a agressividade pode ser exercida.
Ψ Além disso, ao fazer a aproximação da humanidade e da criança, Freud busca na
antropologia a fundamentação teórica para o Complexo de Édipo como algo
universal, uma vez que as interdições do incesto e do parricídio são tabus.
Ψ Realiza uma das últimas reformulações das teorias pulsionais, introduzindo o
“eu” como um conceito, tendo sido, anteriormente, o instinto de
autoconservação e permitindo a integração do Édipo.
Ψ A proibição do incesto faz com que o laço familiar perca sua libido para o laço
social, estabelecendo uma estrutura de trocas, regida pela regra do dom (o que
deve fazer), que impossibilita este, inibe a agressividade e, junto à exogamia,
leva a uma maior coesão social.
Ψ O banquete totêmico é um ritual que incide sobre a suspensão de uma das
interdições, reforçando os laços fraternais. Nele, ocorre um ritual como
encenação que possibilita na morte do pai simbólico, que é substituindo pelo
totem. Neste banquete, o indivíduo passa a partilhar das mesmas características
do pai simbólico (pai morto) e passa a ter uma relação ambivalente com seu pai.
Ψ Posteriormente, esse pai simbólico é relacionado com figuras divinas imortais,
que tomam a representação de religião e Deuses. A religião aparece, aqui, como
uma forma de inibição da agressividade, pois esta supressão é necessária para a
manutenção de uma sociedade humana.

A Psicologia das Massas


Ψ Neste texto, Freud trata sobre o começo da psicologia social.
Ψ É contrário à separação entre a psicologia social e individual, pois o outro está
tão presente na vida individual que faz parte desse âmbito, atestando que o outro
está tão presente no indivíduo desde o início de sua vida que ele nunca é um ser
individual/separado, pois não é possível ser sujeito sem o outro.
Ψ Isto ocorre devido ao fato de que o valor do homem se é dado por comparação,
pois ele se vê nos outros homens e acaba, então, se constituindo no
espelhamento por meio desse movimento de reconhecimento de si no outro.
Ψ Charles-Marie Gustave Le Bom começou, em 1895, a estudar a psicologia das
multidões, que definiu como um fenômeno recente de massas urbanas
insatisfeitas. As multidões, ou a massa, podem ser entendidas como grupos
espontâneos, momentâneos e exaltados, partindo para ações muito rapidamente.
Ψ O indivíduo pensa racionalmente, tem o controle, é ordenado e segue a
democracia. Já o povo é irracional, descontrolado, desordenado e onde existe a
tirania.
Ψ Um indivíduo, ao entrar em uma multidão, deixa de ser indivíduo para tornar-se
massa, sofrendo de um rebaixamento da inteligência. Este rebaixamento da
inteligência faz com que o líder da massa necessite fazer um discurso que não
seja abstrato nem elaborado, pois o pensamento é inferior ao ato, dificultando a
compreensão plena do discurso. Além disto, os aspectos do discurso devem ser
repetidos para ser compreendido e levar a um contágio de afeto, colocando todos
da massa no mesmo estado de ânimo.
Ψ Nas multidões, há um inconsciente racial baseado na transição de civilização
para barbárie, estando ligado a questões orgânicas e aos instintos, que orientam
os indivíduos das massas.
Ψ Em grupos, o afeto é sentido mais intensamente e as desordens mentais (loucura)
são contagiosas.
Ψ Na massa, as interdições desaparecem, evidenciando uma onipotência humana e
aumentando a impulsividade nas pessoas, rebaixando a censura e a inteligência,
que intensifica o afeto.
Ψ A massa é volúvel e excitada, sendo passível de sugestões.
Ψ Sugestão
o É uma predisposição natural do ser humano, que torna o ser humano
influenciável.
o Consiste no fato do sujeito receber algo do hipnotizante sem crítica
nenhuma, por meio do pensamento por imagens.
o Pensamento por imagens: é realizado um encadeamento de imagens que
vão se ligando até formar o pensamento por imagens, que carece de nexo
lógico.
o É ofertada pelo líder da massa, fazendo com que ela imite este líder.

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