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Figurabilidade
Ψ A figurabilidade é o processo de transformar o inconsciente em uma imagem
exigindo uma imagem necessariamente, permitindo dar imagem a algo muito
abstrato. Tem relação com a transição entre pensamento baseado em palavras e
pensamento baseado em imagens, deixando a causalidade e a lógica de lado e
estabelecendo relações entre os diversos pensamentos latentes de um indivíduo.
Ψ Neste processo, o inconsciente deturpa o desejo para mostrar ele para nós, pois
nós não o aguentamos como é e ele é feito por meio do deslocamento e da
condensação. Também pode ser feito por meio da linguagem, seguindo regras do
sonho estabelecidas por Freud.
Ψ Regras do Sonho
o Criadas por Freud e aparecem na descrição dos sonhos, por meio da
linguagem.
o Nexo lógico: proximidade, simultaneidade.
o Causa: sonho preliminar ou principal, transformações.
o Ou... ou: condensação, sonhos de igual duração.
o Oposição: representação pelo oposto, negligenciado, substituições ou
identificações, condensações.
o Concordância, semelhança ou atributos comuns: identificação, unidade
de imagem.
o Negação: paralisia.
o Depreciação: sonho dentro do sonho.
o Partes indistintas: borrado, lacuna, buraco e interrupção.
o Inversão: realização do desejo, afeto, tempo, sentido, sujeito agente.
o Formações distintas: identificação, criação.
o Deslocamento: como troca de palavras.
Ψ O sonho é, para Freud, um discurso a ser lido e interpretado, o que acaba
deixando a sua significação aberta, ou seja, nunca se pode dar certa a
significação de um sonho. E esta significação pode ser positiva (o que é),
negativa (o oposto), histórica (memória ou fantasia) ou simbólica.
Ψ O simbólico não é atingível sem o imaginário, pois o inconsciente manifesta-se
na linguagem por meio do pré-consciente.
Ψ A escolha da palavra usada é muito importante na análise, pois, geralmente,
alguma palavra puxa uma memória e produz outra, em uma cadeia de associação
através do deslocamento. Logo, toda palavra é uma memória de algo.
Ψ Sabendo disto, Freud trabalha com os conceitos de signo linguístico, significado
e significante.
Ψ Signo Linguístico
o O signo linguístico une um conceito e uma imagem acústica, sendo,
então, a relação que se estabelece entre um significante e um significado.
o Significante: a imagem acústica de uma palavra, ou seja, a representação
sonora de uma palavra; é contingente e varia conforme o tempo, junto às
sociedades.
o Significado: o conceito que se tem da palavra, ou seja, a realidade que a
palavra representa; é universal e constante.
o Significante e significado formam um signo linguístico, que une-se a
outros signos, compondo um sistema de representações
Ψ Condensação
o A condensação é o processo de juntar várias cadeias associativas em uma
única representação, sendo um dos modos essenciais do funcionamento
dos processos inconscientes.
o Ela está presente no sintoma e, principalmente, no sonho, aparecendo por
meio da metáfora e da substituição.
o Para compreender sua aparição no sonho, pode-se pensar no jogo CS
Composto: a primeira palavra dita vai sendo deformada até chegar ao
que aparece no sonho, que é a última palavra dita.
Ψ Deslocamento
o O deslocamento é um mecanismo de defesa que disfarça o significado
emocional do conteúdo latente, confundindo as partes importantes e
insignificantes do sonho.
o Ocorre por meio da metonímia, tomando “a parte pelo todo”,
deslocando/transferindo uma reação emocional a um objeto ou pessoa
para outro objeto ou pessoa.
Complexo de Édipo
Ψ O Complexo de Édipo (CE) é um conceito presente na obra de Freud, que parece
em 1897, com sonhos semelhantes entre pacientes envolvendo o genitor do
mesmo sexo morrendo e, posteriormente, em análises feitas em si mesmo, por
meio de Fliess em cartas.
Ψ Freud articula, no CE, a clínica por meio dos sonhos, a autoanálise com as cartas
para Fliess e a cultura através de seu interesse nas tragédias gregas, com
destaque para Édipo Rei. Podendo, então, defini-lo como um conjunto de
fantasias de erotismos, um mito sobre a origem simbólica da humanidade que é
universal, um conceito que é capaz de articular outros conceitos psicanalíticos
(ex: pulsão, libido etc.) com o campo simbólico singular e é uma crise da
infância, que é longa e intensa, podendo ser revisitado.
Ψ Inicialmente, é um conceito que se refere a uma fase de desenvolvimento
psicossexual da criança, chamada fase fálica, em que ela começa a sentir desejo
por sua mãe e ódio e ciúme de seu pai. Ao longo de seu desenvolvimento, o
complexo de castração passa a ser identificado e classificado.
Ψ Freud busca, com o CE, analisar a gêneses dos totens – símbolos sagrados e
respeitados – e dos tabus – proibições de origem incerta – que cercam e
cerceiam as liberdades individuais e coletivas de uma determinada sociedade.
Desta forma, o Édipo é a tentativa infantil de realizar um desejo incestuoso
irrealizável. É um desejo virtual, nunca saciado, cujo objeto é um dos pais e cujo
objetivo seria alcançar não o prazer físico, mas o gozo.
Ψ É estudado em duas formas: do menino e da menina
Ψ Período Pré-Edipiano
o Este período possui o mito da universalidade do falo, que visa negar a
castração, levando à crença que o falo está em todo lugar.
o Entretanto, o falo não é o pênis, mas a ausência da falta de algo. E a falta
que o falo representa possibilita a relação intra e intersubjetiva do
funcionamento psíquico da criança. Ele é criado para sustenta a angústia
da repetição da perda do interesse da mãe e pode ser qualquer coisa,
desde que ocupe o lugar do que é perdido.
o Neste período, há também a ideia da mãe fálica, que traz a necessidade
da mãe ter o falo e é esta fantasia que possibilita o Complexo de
Castração (CC).
o Ele apresenta a bissexualidade de partilha sexual, fazendo a criança
transitar entre ambos os lados da partilha sexual, fazendo com que, para a
criança, não exista diferença sexual.
Ψ Os desejos incestuosos não são exclusivamente eróticos, mas antes um
condensado de tendências eróticas e agressivas. Assim, o CE possui três
fantasias de prazer/incestuosas.
Ψ Fantasias de Prazer/Incestuosas
o Nelas, a pulsão autoerótica passa a ser um objeto libidinal.
o Possuir o corpo do outro: fantasia ativa e erótica e/ou amorosa
o Ser possuído pelo corpo do outro: fantasia passiva e erótica e/ou
amorosa
o Suprimir o corpo do outro: fantasia ativa e erótica e/ou de destruição
Ψ Complexo de Castração
o Depende do CE para existir e é centrado na fantasia de castração.
o Para o menino, a castração é uma ameaça paterna em resposta às suas
atividades sexuais. Já para a menina, a castração é um dano que ela sofre
e precisa compensar.
o A castração é a percepção da falta imaginária que representa a falta
simbólica, que é o falo.
o Até o momento de castração, a criança crê na possibilidade do incesto,
ou seja, de tornar-se uma com a mãe, sem falta.
o Entra-se no CC quando ocorre a interdição da lei (pai genitor/figura
paterna), sendo que esta existe enquanto encenação da dinâmica da
interdição do desejo e permite que a castração imaginária exista.
Ψ Solução da Crise Edipiana
o Neurótica: recalcamento do desejo, das fantasias e da angústia.
o O recalcamento é a desarticulação do complexo e tem relação com a
amnésia infantil, fazendo com que ocorra a renúncia aos pais como
objeto de desejo (ter os pais ou ser o objeto dos pais).
o Esta renúncia propicia o movimento de identificação com os pais,
levando a criança a desejar ser como o ideal do eu (ou seja, os pais, por
meio da incorporação de leis) e também leva a aparição do supereu, que
leva a interdições do indivíduo para ele mesmo. Com isto, a criança
passa a desejar como seus pais e não a eles, vendo-se como os demais.
o É essencial para que a criança perceba a representatividade do pai na
relação, assim como a estruturação da personalidade individual do
menino.
o Caso não haja uma correta resolução do CE, este pode acarretar algumas
consequências no comportamento do futuro adulto: dependência
exagerada do sexo oposto, submissão ou opressão.
Ψ Até a castração, se dá o período de sexualização dos pais e, após a renúncia dos
pais, é o período de dessexualização dos pais, levando ao surgimento do supereu
e da identidade sexual, junto a criação de uma autoimagem.
Totem e Tabu
Ψ Texto escrito em 1912, que traz algumas concordâncias entre a vida psíquica dos
homens primitivos e dos homens neuróticos.
Ψ É uma resposta a Wundt sobre o que é a psicologia grupal e qual é a relação
entre ela e a individual.
Ψ Possui influência de Charles Darwin, por meio da seleção natural e quanto
tempo há a vida na Terra e da seleção sexual do homem e como o ser humano
passou a existir, fazendo uma ligação da teoria de Darwin como uma evolução
cultural com a antropologia e a mitologia, tomando este trabalho como uma
forma de produzir conhecimento produzindo uma mudança cultural nos mitos da
origem.
Ψ Freud diz que Darwin dá uma pancada narcísica no homem ao colocá-lo como
um animal como outro qualquer, dialogando com a arqueologia.
Ψ Neste momento, está ocorrendo a transição das monarquias para as democracias
por meio de processos revolucionários, tratando, então, da passagem do humano
do estado de natureza para uma comunidade humana.
Ψ A vinculação entre um homem e seu totem é mutuamente benéfica, pois o totem
protege o homem e o homem demonstra respeito ao totem de diversas maneiras:
não o matando (animal), não o cortando nem colhendo (vegetal).
Ψ O totem sempre é uma classe de objetos, geralmente de animais ou vegetais.
Ψ Freud busca analisar a gênese dos totens – símbolos sagrados e respeitados – e
dos tabus – proibições de origem incerta – que cercam e cerceiam as liberdades
individuais e coletivas de uma determinada sociedade. Como faz isso?
Ψ Assim: Toma termos de Darwin, aproximando a filogênese com a ontogênese (o
desenvolvimento da humanidade com o desenvolvimento da criança), trazendo a
transição de natureza (criança) para a cultura (adulto). Com isso, afirma que
entrar na cultura é aceitar duas interdições que são puramente humanas: o
incesto (sexualidade) e o parricídio (agressividade), ou seja, como a sexualidade
é/pode ser exercida e como a agressividade pode ser exercida.
Ψ Além disso, ao fazer a aproximação da humanidade e da criança, Freud busca na
antropologia a fundamentação teórica para o Complexo de Édipo como algo
universal, uma vez que as interdições do incesto e do parricídio são tabus.
Ψ Realiza uma das últimas reformulações das teorias pulsionais, introduzindo o
“eu” como um conceito, tendo sido, anteriormente, o instinto de
autoconservação e permitindo a integração do Édipo.
Ψ A proibição do incesto faz com que o laço familiar perca sua libido para o laço
social, estabelecendo uma estrutura de trocas, regida pela regra do dom (o que
deve fazer), que impossibilita este, inibe a agressividade e, junto à exogamia,
leva a uma maior coesão social.
Ψ O banquete totêmico é um ritual que incide sobre a suspensão de uma das
interdições, reforçando os laços fraternais. Nele, ocorre um ritual como
encenação que possibilita na morte do pai simbólico, que é substituindo pelo
totem. Neste banquete, o indivíduo passa a partilhar das mesmas características
do pai simbólico (pai morto) e passa a ter uma relação ambivalente com seu pai.
Ψ Posteriormente, esse pai simbólico é relacionado com figuras divinas imortais,
que tomam a representação de religião e Deuses. A religião aparece, aqui, como
uma forma de inibição da agressividade, pois esta supressão é necessária para a
manutenção de uma sociedade humana.