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TEMAS CONTEMPORÂNEOS

SOBRE O PROCESSO
DE ENVELHECIMENTO

Autoria: Daniel Vicentini de Oliveira

1ª Edição
Indaial - 2020
UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Hermínio Kloch

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD:


Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Jairo Martins
Marcio Kisner

Revisão de Conteúdo: Bárbara Pricila Franz


Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais

Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2020


Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.

O48t

Oliveira, Daniel Vicentini de

Temas contemporâneos sobre o processo de envelhecimento. /


Daniel Vicentini de Oliveira. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.

114 p.; il.

ISBN 978-65-5646-251-6
ISBN Digital 978-65-5646-252-3
1. Envelhecimento. - Brasil. 2. Velhice no mundo contemporâneo. –
Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.

CDD 305.26

Impresso por:
Sumário

APRESENTAÇÃO.............................................................................5

CAPÍTULO 1
O Envelhecimento e a Velhice no Mundo Contemporâneo...... 7

CAPÍTULO 2
Aspectos Biopsicossociais e Culturais
do Envelhecimento....................................................................... 47

CAPÍTULO 3
Processos Organizativos e a Construção de
Atores Sociais Na Área Gerontológica.................................... 85
APRESENTAÇÃO
Olá! Seja bem-vindo à disciplina Temas Contemporâneos sobre o Processo
de Envelhecimento. Eu sou o professor Doutor Daniel Vicentini de Oliveira, e
o acompanharei nessa jornada. Esta disciplina abordará informações sobre
o envelhecimento e a velhice no mundo contemporâneo, os desafios do
envelhecimento na sociedade contemporânea, os aspectos biopsicossociais
e culturais do envelhecimento. Ainda, abordará os processos organizativos e a
construção de atores sociais na área gerontológica, assim como os princípios
universais para o envelhecimento digno e saudável.

Esta disciplina está dividida em três capítulos. O primeiro – O envelhecimento


e a velhice no mundo contemporâneo –, tem como objetivos compreender o
processo de envelhecimento humano, conhecer os princípios universais para o
envelhecimento digno e saudável, conhecer e avaliar os conceitos e definições que
permeiam o processo de envelhecimento humano, e estudar o envelhecimento
demográfico (populacional) e suas características.

O segundo capítulo – Aspectos biopsicossociais e culturais do envelhecimento


–, tem como objetivos compreender os aspectos biológicos do envelhecimento
humano, conhecer os aspectos psicológicos e cognitivos do envelhecimento
humano, e estudar os aspectos sociais e culturais do envelhecimento humano.

Por fim, o terceiro capítulo – Processos organizativos e a construção de


atores sociais na área gerontológica –, objetiva compreender o papel do idoso
no mercado de trabalho, conhecer o idoso nas relações intergeracionais e na
família atual, estudar o idoso no mercado de trabalho, e enquanto ser pertencente
à família intergeracional.

Tenha uma boa experiência acadêmica!

Professor Dr. Daniel Vicentini de Oliveira.


C APÍTULO 1
O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO
MUNDO CONTEMPORÂNEO

A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

 compreender o processo de envelhecimento humano;

 conhecer os princípios universais para o envelhecimento digno e saudável;

 conhecer e avaliar os conceitos e definições que permeiam


o processo de envelhecimento humano;

 estudar o envelhecimento demográfico (populacional) e suas características.


Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

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Capítulo 1 O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Olá! Seja bem-vindo ao Capítulo 1 desta disciplina que tem como título “O
envelhecimento e a velhice no mundo contemporâneo”. Neste capítulo, você
retomará conhecimentos básicos sobre definição, conceito e princípios que permeiam
o processo de envelhecimento e a velhice com ênfase no mundo contemporâneo,
como a velhice é vista atualmente. O envelhecimento aqui é entendido como um
processo progressivo e dinâmico, que se caracteriza não apenas por alterações
funcionais, morfológicas e bioquímicas, mas também por alterações psicológicas e
sociais. Essas alterações irão determinar progressivamente a perda da capacidade
do indivíduo em se adaptar ao meio ambiente, o que ocasiona maior vulnerabilidade
e maior incidência de doenças e disfunções, que podem levar o indivíduo à morte.

Você estudará também as teorias biológicas, psicológicas e sociológicas do


envelhecimento. Nos últimos anos, houve um aumento significativo no número de
estudos sobre o envelhecimento humano, fazendo com que a atenção sobre as
teorias do envelhecimento também aumentasse. São elas que tentam explicar as
alterações que passamos com o decorrer da idade.

O segundo tópico abordará dados importantes e mais atuais sobre o


envelhecimento populacional, ou seja, o envelhecimento demográfico. Entender
que o mundo, assim como o nosso país, está envelhecendo é primordial para
o profissional que atuará com essa população. Temos que entender as causas
e, principalmente, as consequências desse aumento significativo do número de
pessoas mais velhas para sabermos dos empecilhos e desafios que teremos de
enfrentar para um bom atendimento a clientela idosa.

Por fim, estudaremos os princípios universais para o envelhecimento


digno e saudável. A educação em saúde dessa população é muito importante e
essencial, tanto para o convívio quanto para o próprio envelhecimento digno e
saudável do idoso e seus familiares. Lembre-se que o envelhecimento não é um
fato social isolado, pelo contrário, é um fato biológico, que possui especificidades
e consequências que irão se estabelecer na sociedade em que vivemos, e isso
requer entendimento adequado e preparação de todos nós.

2 O PROCESSO DE
ENVELHECIMENTO HUMANO
Caro pós-graduando, o envelhecimento é um evento natural para todo
ser humano (Figura 1) e tem como características ser dinâmico, progressivo

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Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

e universal. Está caracterizado por alterações morfológicas, fisiológicas,


bioquímicas, psicológicas e físicas que podem refletir nas condições de vida e na
vulnerabilidade da pessoa idosa. Esse envelhecimento pode ser bem-sucedido,
quando há baixa suscetibilidade a doenças e considerável capacidade funcional,
ou com fragilidade, quando há maior vulnerabilidade em geral às doenças.
A imagem a seguir mostra um indivíduo idoso, já apresentando características
básicas do processo de envelhecimento humano. Conseguimos confirmar isso
por meio da sua pele já envelhecida e seus cabelos brancos.

FIGURA 1 – IDOSO

FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:India_-_Delhi_portrait_of_a_man_-
_4780.jpg>. Acesso em: 10 ago. 2020.

O envelhecimento é um evento natural para todo ser humano e, desta forma,


iniciaremos com a conceituação do termo envelhecimento mesmo que este seja difícil
de ser conceituado, haja vista a impossibilidade de estabelecer parâmetros universais.

A velhice é estabelecida por fatores biológicos e sociais, e é constituída


progressivamente e acontece dentro de variáveis tanto biológicas quanto sociais.
O envelhecimento se refere a um fato que ocorre naturalmente em todos os
indivíduos, afetando fisiologicamente o comportamento social e biológico. Alguns
estudos expressam sobre o envelhecimento psicossocial relatando que, em
virtude do declínio da performance motora – como redução da força muscular e
equilíbrio –, as perspectivas psicossociais dos idosos são prejudicadas.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera, do ponto de vista


cronológico, um indivíduo idoso aquele com 60 anos ou mais, em países em
desenvolvimento, e com 65 anos ou mais, em países desenvolvidos. E ainda,
o muito idoso é aquele com 80 anos ou mais no Brasil e em outros países em
desenvolvimento, e 85 anos ou mais nos países desenvolvidos. Esta diferença
relaciona-se à maior expectativa de vida nos países desenvolvidos, uma vez que
a população possui mais acesso aos serviços de saúde e melhores condições de
vida. Veja na figura a seguir, o conhecido logotipo da OMS.

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Capítulo 1 O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

FIGURA 2 – LOGOTIPO DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE

FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Flag_of_WHO.svg?wprov=srpw1_22>.
Acesso em: 11 ago. 2020.

Caro pós-graduando, leia este documento da Organização


Mundial da Saúde que trata a respeito do envelhecimento ativo
como uma política de saúde: https://bibliotecadigital.mdh.gov.br/jspui/
handle/192/401.

Em suma, para chegar à condição de idoso, o indivíduo passa pela etapa do


envelhecimento, quando ocorrem diversas transformações em todos os aspectos
da sua vida. Sendo que o envelhecimento não é um estado, mas sim um processo
de degradação que se caracteriza por ser progressivo, irreversível e universal,
levando a diversas alterações no organismo que repercutem em âmbito biológico
(morfológico, funcional e bioquímico), social e psicológico.

Esse processo contribui para o aumento da vulnerabilidade e incidência dos


processos patológicos que, influenciados pela estrutura genética do indivíduo,
estilo de vida e meio ambiente, tendem a resultar na morte, seja de uma célula,
um tecido, um órgão ou mesmo do indivíduo. No âmbito biológico, as modificações
morfológicas são caracterizadas pelo aparecimento de rugas (Figura 3), redução
na estatura, cabelos brancos, queda dos cabelos e pelos (Figura 4) e outras. As
modificações fisiológicas se relacionam com as alterações das funções orgânicas,
e as modificações bioquímicas estão ligadas às transformações das reações
químicas que ocorrem no organismo.

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Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

FIGURA 3 – ENVELHECIMENTO CUTÂNEO

FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Aging_Woman.jpg>. Acesso em: 11


ago. 2020.

FIGURA 4 – ALTERAÇÕES DO ENVELHECIMENTO:


IDOSO COM CABELOS BRANCOS E CALVO

FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Russia_-_elderly_man_in_a_gray_
sweater.jpg>. Acesso em: 11 ago. 2020.

No âmbito social, as modificações se referem ao papel, aos estatutos e aos


hábitos da pessoa em relação aos outros membros da sociedade. No âmbito
psicológico, a modificação ocorre mediante a adaptação imposta ao indivíduo
durante o envelhecimento incluindo a inteligência, a memória e a motivação.

O envelhecimento humano pode sofrer influências tanto intrínsecas como


extrínsecas: a primeira é caracterizada pelo componente genético individual,
determinando a longevidade máxima; e a segunda, representada pelos fatores
ambientais e hábitos de vida (poluentes, alimentação, atividades sociais, ambiente
familiar etc.), que influenciam de forma diferente cada indivíduo, dependendo
da velocidade e da gravidade com que ocorrem. Assim, podemos dizer que o
envelhecimento ocorre de forma bastante heterogênea e que, em muitos casos,

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Capítulo 1 O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

as idades biológica, social e psicológica podem ser muito diferentes da idade


cronológica (FARINATTI, 2008). Logo, você estudará sobre essas “idades”.

Agora, vamos abordar rapidamente a diferença entre senescência e


senilidade. Os termos envelhecimento e senescência são usados como sinônimos,
porque ambos se referem ao processo de envelhecimento normal que ocorre com
o passar dos anos, diminuindo a reserva funcional (sem distúrbios de conduta,
esquecimentos graves, entre outros). Quando o envelhecimento ocorre de forma
patológica, ou seja, quando surgem alterações que acometem a saúde do idoso
ou doenças crônicas (perda grave da capacidade de memorizar, desorientação,
desatenção etc.), é denominado senilidade.

O envelhecimento representa a consequência ou os efeitos da passagem do


tempo no organismo e psiquismo. Todas as dimensões são igualmente importantes
na medida em que são auxiliares para a manutenção da estabilidade somática
e psíquica, indispensáveis para o idoso cumprir a sua meta, que é ser feliz. A
busca pela liberdade e pela paz de espírito é a meta do idoso. É preciso que o
indivíduo se liberte dos impulsos cegos e dos preconceitos e busque a virtude,
com serenidade e equilíbrio. A única batalha que traz satisfação é aquela em que
o indivíduo conquista a si mesmo, que integra a necessidade de aperfeiçoamento
moral, de uma ideia correta do mal e do bem.

A livre procura do saber garante o clima para a reflexão, mas é preciso ter
em mente que a visão do idoso é subjetiva e deve ser objetivamente testada na
realidade. O indivíduo deve ter atitude crítica também perante as tradicionais
ideias e os postulados já arraigados, e começar a análise do mundo pela busca
de conhecimento de si próprio. O envelhecimento de cada pessoa depende do
grau de fragilidade do organismo de cada um e do psiquismo:

• Fragilidade física e cristalização psíquica: o envelhecimento somático é


considerado patogênico, com incapacidades e/ou limitações físicas, e o
psiquismo fica cristalizado na infância psíquica.
• Fragilidade física e maturidade psíquica: o psiquismo de cada pessoa
evolui conquistando a maturidade mental. O seu viver é baseado na
aceitação da realidade e na tolerância à dor, e seus estados de equilíbrio
são cada vez mais flexíveis, pois seus dispositivos de segurança são
cada vez mais eficazes na relação com o universo. A felicidade pode
ocorrer, caso não sejam suficientemente graves as limitações físicas
para comprometer os mecanismos homeostáticos do organismo.
• Robustez física e cristalização psíquica: o envelhecimento somático não
está associado a alguma limitante perda física, mas a pessoa apresenta
perturbação do seu psiquismo, impedindo de compreender o sentido da
vida.

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Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

• Robustez física e maturidade psíquica: o envelhecimento somático


não está associado a limitante perda física e o psiquismo alcança a
maturidade mental, a sabedoria e a paz.

A definição do envelhecimento pode também ser compreendida a partir


de três subdivisões: Envelhecimento primário; Envelhecimento secundário;
Envelhecimento terciário. Confira conforme Rebellato (2013).

2.1 ENVELHECIMENTO PRIMÁRIO


O envelhecimento primário, também conhecido como envelhecimento
normal ou senescência, atinge a todos os humanos pós-reprodutivos, pois é uma
característica genética típica da espécie. Esse tipo de envelhecimento atinge
o organismo de forma gradual e progressiva, possuindo efeito cumulativo. O
indivíduo nesse estágio está sujeito à concorrente influência de vários fatores
determinantes para o envelhecimento como exercícios, dieta, estilo de vida,
exposição a eventos, educação e posição social.

Este tipo de envelhecimento é geneticamente determinado ou pré-


programado, sendo presente em todas as pessoas (universal). É referente às
mudanças universais com a idade numa determinada espécie ou população,
sendo independente de influências ambientais e doenças.

2.2 ENVELHECIMENTO SECUNDÁRIO


O envelhecimento secundário ou patológico, também chamado de
senilidade, refere-se a doenças que não se confundem com o processo normal
de envelhecimento. Essas enfermidades variam desde lesões cardiovasculares,
cerebrais, até alguns tipos de câncer (podendo ser oriundo do estilo de vida do
sujeito, dos fatores ambientais que o rodeiam, como também de mecanismos
genéticos). O envelhecimento secundário é referente a sintomas clínicos, incluindo
os efeitos das doenças e do ambiente.

2.3 ENVELHECIMENTO TERCIÁRIO


Já o envelhecimento terciário ou terminal é o período caracterizado por
profundas perdas físicas e cognitivas, ocasionadas pelo acúmulo dos efeitos do
envelhecimento como também por patologias dependentes da idade.

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Capítulo 1 O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

2.4 ENVELHECIMENTO
CRONOLÓGICO, BIOLÓGICO E
PSICOSSOCIAL
A idade cronológica (do calendário) ordena pessoas de acordo com sua
data de nascimento, enquanto a idade biológica (individual) é demonstrada pelo
organismo com base nas condições teciduais, quando comparados a valores
normativos. A idade psicológica é evidenciada por aspectos como desempenho,
maturação mental e soma de experiências. Já a idade social (sociológica)
é indicada pelas estruturas organizadas de cada sociedade: cada indivíduo
pode variar de jovem a velho em diferentes sociedades. O envelhecimento
cronológico é iniciado na infância e facilmente mensurável, enquanto que as
mudanças biológicas associadas à idade são de aferição difícil. Resumindo: o
envelhecimento pode ser biológico, no qual há alterações biológicas, assim como
o envelhecimento psicossocial, que apresenta alterações sociais e psicológicas.
Essas alterações são defendidas por diferentes teorias que veremos adiante. As
alterações da idade biológica, psicológica e social serão abordadas com mais
detalhes no Capítulo 2.

O envelhecimento biológico, em especial, está diretamente ligado ao


declínio das funções orgânicas do ser humano, sendo um processo paulatino e
desenvolvido conforme eventos fisiológicos degenerativos que ultrapassam os
regenerativos. Nesse sentido, o envelhecimento biológico é um processo que
se inicia no nascimento e continua até que ocorra a morte. É o processo que
determina o potencial de cada indivíduo para permanecer vivo, e que diminui
com o passar dos anos. O processo de envelhecimento biológico é ininterrupto
no decorrer da vida e apresenta diferenciações de um ser humano para outro,
havendo, inclusive, diferenciações no mesmo indivíduo, haja vista que alguns
órgãos envelhecem mais rápido que outros.

Desse ponto de vista, o envelhecimento biológico é um processo que começa


no nascimento e perdura até a morte de um ser humano (CHMIELEWSKI, 2020).
Vale a pena destacar que o envelhecimento biológico é o processo que estabelece
o potencial de cada pessoa para permanecer vivo, e que reduz com o passar dos
anos.

Há também na literatura outras abordagens que sugerem que o processo


de envelhecimento biológico é ininterrupto e se estabelece no decorrer da vida,
apresentando diferenciações de um indivíduo para outro e passando, inclusive,
por diferenciações na mesma pessoa, sendo que alguns órgãos do nosso corpo
envelhecem mais rápido que outros (FECHINE; TROMPIERI, 2012).

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Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

O idoso não sofre apenas com as perdas biológicas; a velhice vem


acompanhada de mudanças psicológicas e sociais que resultam na dificuldade
desses idosos a se adaptarem a novos papéis sociais, levando à baixa autoestima,
isolamento social, solidão e depressão, inclusive potencializando o declínio
cognitivo desses indivíduos.

O estado psicológico dos idosos está diretamente influenciado pelo


domínio motor. Desta forma, a redução da força muscular proporcionada pelo
envelhecimento e a inaptidão da realização de atividades domésticas prejudicam
significantemente as interações sociais e psicológicas dos idosos. Assim, é
possível relacionar as alterações das funções psicológicas do envelhecimento
com desuso aliado ao isolamento social, podendo ocasionar doenças emocionais
como a depressão.

FIGURA 5 – IDOSA DEPRIMIDA

FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sad_Old_Woman.jpg>. Acesso em: 11


ago. 2020.

O envelhecimento social é responsável pela alteração do status do idoso,


alterando a relação desses indivíduos com as demais pessoas de sua comunidade,
sendo essas alterações relacionadas com a crise de identidade (ausência do
papel social, causando baixa autoestima e isolamento).

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Capítulo 1 O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

FIGURA 6 – IDOSO ISOLADO

FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Dalian_Liaoning_China_An-elderly-
Chinese-at-Xinghai-Bay-01.jpg>. Acesso em: 11 ago. 2020.

O indivíduo na sociedade é definido como idoso a partir do momento em


que deixa o mercado de trabalho, ou seja, quando se aposenta e deixa de ser
economicamente ativo. A sociedade atribui aos aposentados o rótulo de inativos e
improdutivos.

Com a aposentadoria, muitas vezes se percebe um rompimento abrupto das


relações sociais com outras pessoas com as quais a pessoa conviveu durante
anos. Ocorre, ainda, uma diminuição salarial considerável e a falta de atividades
alternativas fora do ambiente laboral. A aposentadoria é um rito de passagem
para a velhice, ela acentua sua vinculação à terceira idade em uma sociedade de
consumo na qual apenas o novo é cultuado como fonte da renovação, de posse
e de desejo.

A aposentadoria deixou de ser um momento de descanso e recolhimento e se


tornou um período de lazer e atividade. Mais uma vez, nota-se o quanto a velhice
é uma experiência complexa e heterogênea, pois para alguns a aposentadoria
pode significar o desengajamento da vida social, enquanto para outros, o começo

Diversas são as alterações que ocorrem com o processo de


envelhecimento. Você as conhecerá melhor no Capítulo 2. Porém,
adiante seus conhecimentos básicos sobre o assunto lendo este
artigo disponível em: http://www.interscienceplace.org/isp/index.php/
isp/article/view/196.

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Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

2.5 TEORIAS DO ENVELHECIMENTO


O dinamismo do processo de envelhecimento da população mundial refletiu
na busca por soluções que visem minimizar ou retardar os efeitos desse processo,
fato que, nos últimos anos, tem proporcionado o aumento de pesquisas voltadas
para esse tema, cada qual com um conjunto de conceitos, fatos e indicadores,
surgindo várias teorias com o propósito de explicar as causas desse fenômeno
complexo. No entanto, ainda há muita controvérsia, uma vez que muitas teorias
formuladas se apoiam somente em uma alteração biológica isolada, sem
considerar as alterações sociais e psicológicas que também caracterizam o
envelhecimento.

Várias teorias estão descritas na literatura e buscam explicar o processo


de envelhecimento. Entretanto, em virtude da complexidade desse processo,
inúmeros conflitos existem entre as teorias propostas pelos pesquisadores
(SANTOS et al., 2019). Nessa caminhada em busca do estudo do processo
de envelhecimento biológico, alguns autores já propuseram teorias de grande
abrangência, que vão desde a base celular até sistemas; outros estudos se
fundamentaram em órgãos de base genômica e fisiológica; há também os que
buscam explicar o envelhecimento por meio de teorias evolutivas e não evolutivas.

Caro pós-graduando, confira este artigo sobre as teorias


biológicas do envelhecimento, do genético ao estocástico: https://
www.scielo.br/pdf/rbme/v8n4/v8n4a01

A primeira teoria é a Teoria de Uso e Desgaste. Seus defensores destacam


que a carga de agressões ambientais que acontece diariamente, tem capacidade
de provocar um paulatino decréscimo da eficiência do organismo que se encerra
com a morte (TEIXEIRA; GUARIENTO, 2020).

Determinar que as alterações que ocorrem nas moléculas proteicas, logo em


seguida da fase de tradução, no momento da síntese das proteínas, culminando
em mudanças enzimáticas que provocariam a diminuição da eficiência das
células é a afirmativa da Teoria das Proteínas Alteradas, segundo a qual essas
modificações descritas estariam relacionadas com o decréscimo da funcionalidade
dos idosos (TEIXEIRA; GUARIENTO, 2020).

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Capítulo 1 O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

A próxima é a Teoria da Desdiferenciação. Os pesquisadores que a defendem


destacam que as células do organismo se distanciam do seu estado apropriado
de diferenciação ocasionando erros de mecanismos que fariam as células
sintetizarem as proteínas desnecessárias e, assim, reduzindo a eficiência celular,
do que decorre a morte da célula (YU; MCCAULEY; DANG, 2020).

A Teoria das Mutações Somáticas é classificada no âmbito das teorias


biológicas, pois aponta que, ao longo da vida do indivíduo, existem funções
celulares que são extintas devido às agressões sofridas pelo DNA e pelo RNA.

Outra possibilidade é a Teoria do Dano Oxidativo e Radicais Livres que,


segundo indicam seus defensores, grande parte das insuficiências fisiológicas
inerentes à velhice deve ser facultativa ante aos danos que ocorrem em uma
dimensão intracelular. Estes são oriundos dos radicais livres e também das
espécies reativas de oxigênio geradas a partir do dano que ocorre na célula
(TEIXEIRA; GUARIENTO, 2020).

A Teoria de Erro Catastrófico é uma das que é oposta à Teoria das Mutações
Somáticas, pois as afirmações são de que os erros ocorrem nas moléculas e não
no DNA. Além disso, propõe que ao longo dos processos de transição dos ácidos
nucleicos, podem acontecer erros que levariam a uma redução da eficiência das
células que, por conseguinte, promove a morte do ser humano (YU; MCCAULEY;
DANG, 2020).

Há outras teorias biológicas do envelhecimento e a Teoria Imunológica é uma


delas. Ela é baseada em dois princípios relacionados à senescência. Veja quais
são:

• o primeiro princípio está relacionado aos genes do sistema imunológico


de uma pessoa, fato esse que compromete o sistema mencionado e
reduz a resistência do indivíduo durante infecções;
• o segundo princípio liga-se automaticamente ao crescimento da
propriedade autoimune do nosso corpo.

Uma outra teoria que se fundamenta no fato de que os acúmulos de


substâncias intracelulares são produtos do metabolismo e responsáveis pelo
envelhecimento da célula é a chamada Teoria Lipofuscina e do Acúmulo de
Detritos (FARINATTI, 2002). Conforme se sustenta nessa teoria, tais produtos não
podem ser destruídos ou eliminados, e disso decorre a ocupação do espaço e,
por fim, a danificação das atividades celulares normais.

A Teoria Neuroendócrina tem uma definição de envelhecimento que parte


da ideia de que a principal consequência desse processo é que as modificações

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Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

endócrinas e, principalmente, neurais, levariam à progressiva morte de células


específicas integradoras (TEIXEIRA; GUARIENTO, 2020).

A longevidade pode ser notada como uma função do declive metabólico por
meio da Teoria Metabólica. Ela se divide em dois grupos que ilustram a decaída
metabólica, são eles:

• Dano à mitocôndria: os danos que se acumulam do oxigênio, sofridos


pela mitocôndria, têm a capacidade de levar ao declínio fisiológico
celular.
• Taxa de vida: a taxa de longevidade é díspar em relação à taxa
metabólica.

Em continuação, outras teorias, tais como as genéticas e as sistêmicas,


também buscam justificar as peculiaridades do processo de envelhecimento.
Quando elencamos as teorias sistêmicas, estas se baseiam em explicações que
focam o resultado sistêmico das interações entre o meio ambiente e os genes
de indivíduo (TEIXEIRA; GUARIENTO, 2020). Vale a pena destacar que as
interações podem ser fundamentadas e até mesmo subdivididas na genética para
clarificar o processo de envelhecimento.

Em relação às teorias baseadas na genética, estas ditam que as alterações


na sentença genética apresentam como produtos finais modificações senescentes
nas células, podendo ser tanto gerais, quanto específicas (FARINATTI, 2002).

Como visto até aqui, não existe apenas única teoria que, por si só, consiga
explicar todo o processo do envelhecimento. Assim, na busca por encontrar uma
teoria que separe as causas dos efeitos da senescência, destacamos também as
teorias psicológicas e as sociológicas.

Indicamos a leitura do artigo científico intitulado Atividade,


Engajamento, Modernização: teorias sociológicas clássicas sobre
o envelhecimento. Acesse: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/
handle/10183/27274/000677539.pdf?se.

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Capítulo 1 O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

As teorias psicológicas procuram explicar o desenvolvimento psicológico e


identificar os traços associados ao envelhecimento bem-sucedido. Essas teorias
buscam proporcionar descrição e explicação das mudanças comportamentais que
ocorrem ao longo da velhice; a caracterização das diferenças entre indivíduos
e grupos; a diferenciação entre os aspectos inatos à senescência e àqueles
decorrentes do contexto sócio-histórico e à história pessoal; a identificação
das diferenças entre idosos e outros grupos de idade, a descrição sobre como
se alteram e como se relacionam nesta fase da vida, os diferentes processos
psicológicos e, por fim; identificar se os processos psicológicos se modificam ou
se mantêm com a velhice (NERI, 2017).

O Paradigma Mecanicista e as teorias a ele vinculadas foram fundamentais


para o despertar da experimentação em Psicologia com indivíduos mais velhos,
porém tiveram influência modesta na explicação do desenvolvimento. A ideia
central deste paradigma é a do ser humano como uma máquina que reage
a forças externas. Liberdade, decisões, pensamentos e “o próprio eu” não são
vistos como condições causais, mas como constructos teóricos (NERI, 2017).

Experimentos sobre aprendizagem, tempo de reação e inteligência no adulto


mostraram que pessoas mais velhas apresentavam desempenhos piores e que,
quanto mais velhos, maior a discrepância entre seu desempenho intelectual e
o dos mais jovens (NERI, 2017). Esses resultados talvez decorressem não só
de influências biológicas, mas também da bagagem cultural, das experiências
pessoais e do nível educacional dos participantes. Mas, na época, o estudioso
não recebeu devida atenção e prestígio.

Por outro lado, no Paradigma Organicista, as noções centrais são de


processo, integração, organização e desenvolvimento como processo ativo
de mudança na direção de um alvo superior. O desenvolvimento passa a ser
considerado uma sucessão de estágios regulados por princípios intrínsecos,
na qual os determinantes sociais, históricos e culturais oferecem as condições
para a manifestação. Esse paradigma é norteado por: (1) sequencialidade das
transformações ao longo do tempo; (2) unidirecionalidade; (3) orientação à meta;
(4) irreversibilidade; (5) natureza estrutural qualitativa das transformações; (6)
universalidade dos processos de mudança.

De acordo com Erikson (1959, 1968), o potencial para o desenvolvimento


está totalmente presente no indivíduo já no nascimento e caberia ao ambiente
sociocultural dar oportunidades para a manifestação desse potencial. Sendo
assim, sua teoria foi denominada de epigenética, termo cuja etimologia remete à
noção de algo que se origina, aparece ou se manifesta de dentro para fora, por
desdobramento, como no crescimento do embrião. Para o autor, o desenvolvimento
ocorre em fases que se sucedem em ciclos, cada um caracterizado pela

21
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

emergência de uma crise evolutiva. Cada crise é sistematicamente relacionada às


demais e o desenvolvimento adequado depende da vivência de todas elas, uma
após a outra ao longo da vida, do nascimento à velhice (ERIKSON, 1959,1968).
As influências socioculturais seriam as responsáveis pela contextualização da
manifestação e da sua resolução. No Quadro 1, encontram-se as oito fases ou
idades da vida propostas em sua teoria. O autor ainda defende a ideia de que o
enfrentamento ativo de cada crise resultaria no domínio e refletiria no cumprimento
de tarefas específicas.

QUADRO 1 – FASES DO DESENVOLVIMENTO DO SER HUMANO

CRISE TAREFAS QUALIDADE DO


FASE DA VIDA
PSICOSSOCIAL EVOLUTIVAS EGO
Fase bebê Confiança vs. Formação de Esperança
Desconfiança vínculo com a figura
materna, confiança
nessa figura e
em si mesmo;
confiança na própria
capacidade de fazer
com que as coisas
aconteçam.
Início da infância Autonomia vs. Desenvolvimento Vontade/ Domínio
Vergonha e dúvida da liberdade de
escolha; controle
sobre o próprio
corpo.
Idade do brinquedo Iniciativa vs. Culpa Atitudes Propósito
orientadas à meta;
autoafirmação.
Idade escolar Trabalho vs. Aquisição de Competência
Inferioridade repertórios
escolares e sociais
básicos exigidos
pela cultura.
Adolescência Identidade vs. Subordinação do Fidelidade
Difusão da self a um projeto
identidade de vida; senso
de identidade;
capacidade crítica,
aquisição de novos
valores.

22
Capítulo 1 O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

Idade adulta Intimidade vs. Desenvolvimento Amor


Isolamento de relações
amorosas estáveis
que implicam
conhecimento,
respeito,
responsabilidade
e doação como
base; capacidade
de se revelar sem
medo de perda da
identidade.
Maturidade Geratividade vs. Geração de filhos, Cuidado
Estagnação ideias e valores;
transmissão de
conhecimentos e
valores à geração
seguinte.
Velhice Integridade do ego Integração dos Sabedoria
vs. Desemprego temas anteriores;
formação de um
ponto de vista
sobre a morte;
preocupação em
deixar um legado
espiritual e cultural.

FONTE: Adaptado de Erikson (1959,1968)

3 ENVELHECIMENTO
POPULACIONAL
A população idosa está em crescente expansão no Brasil. Você já
percebeu? Isso pode ser explicado pelos avanços da ciência em diversas áreas,
principalmente na médica, na qual houve melhora significativa dos tratamentos
e técnicas terapêuticas, desenvolvimento de vacinas, de medicamentos. Em
consequência, a melhora das condições de vida e o aumento da expectativa de
vida estão diretamente relacionados com a redução das taxas de fecundidade e
mortalidade. Chamamos este aumento do número de idosos no Brasil e no mundo
de envelhecimento populacional.

23
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

O artigo O envelhecimento populacional brasileiro: desafios


e consequências sociais atuais e futuras traz informações muito
interessantes sobre esta temática que estamos estudando.
Confira em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1809-
98232016000300507&script=sci_arttext&tlng=pt.

O envelhecimento populacional é uma das mais significativas tendências


do século XXI. Apresenta implicações importantes e de longo alcance para
todos os domínios da sociedade. No mundo todo, a cada segundo duas pessoas
celebram seu sexagésimo aniversário – em um total anual de quase 58 milhões
de aniversários de 60 anos. Uma em cada nove pessoas no mundo tem 60 anos
de idade ou mais, e estima-se um crescimento para um em cada cinco, por volta
de 2050. O envelhecimento da população é um fenômeno que já não pode mais
ser ignorado. Confira a pirâmide etária do Brasil de 2012 e 2018.

FIGURA 7– PIRÂMIDE ETÁRIA 2012 E 2018, BRASIL

FONTE: IBGE - Pesquisa nacional por amostra de domicílio contínua (PNAD CONTÍNUA),
2018. Disponível em: <https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/18318-
piramide-etaria.html>. Acesso em: 11 ago. 2020.
24
Capítulo 1 O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

Não só no Brasil, mas o envelhecimento da população está ocorrendo em


todas as regiões do mundo, em países com diferentes níveis de desenvolvimento.
Está progredindo mais rapidamente nos países em desenvolvimento, inclusive
naqueles que também apresentam uma grande população jovem. Dos atuais 15
países com mais de 10 milhões de idosos, sete são países em desenvolvimento.
O envelhecimento é um triunfo do desenvolvimento.

O aumento da longevidade é uma das maiores conquistas da humanidade.


As pessoas vivem mais em razão de melhorias na nutrição, nas condições
sanitárias, nos avanços da medicina, nos cuidados com a saúde, no ensino e
no bem-estar econômico. A expectativa de vida no nascimento, atualmente, está
situada acima dos 80 anos em 33 países; há apenas cinco anos, somente 19
deles haviam alcançado esse patamar. Presentemente, apenas o Japão conta
com uma população de mais de 30% de idosos. Estima-se que por volta de 2050,
64 países se juntarão a ele com uma população idosa de mais de 30% do total. O
Brasil será um desses países.

A população é classificada como em processo de envelhecimento quando as


pessoas idosas se tornam uma parcela proporcionalmente maior da população total.
Como você já viu, o declínio das taxas de fecundidade e o aumento da longevidade
têm levado ao envelhecimento da população. A expectativa de vida ao nascer
aumentou substancialmente em todo o mundo. De 2010-2015, a expectativa de vida
ao nascer passou a ser de 78 anos nos países desenvolvidos e 68 nas regiões em
desenvolvimento. Estima-se que entre 2045-2050, os recém-nascidos podem esperar
viver até os 83 anos nas regiões desenvolvidas e 74 naquelas em desenvolvimento.

Em 1950, havia 205 milhões de pessoas com 60 anos ou mais no mundo.


Em 2012, o número de pessoas mais velhas aumentou para quase 810 milhões.
Projeta-se que esse número alcance 1 bilhão em menos de 10 anos e que
duplique até 2050, alcançando 2 bilhões. Há diferenças bem delineadas entre as
regiões mundiais. Por exemplo: em 2012, 6% da população africana tinha 60 anos
ou mais, comparada com 10% na América Latina e Caribe, 11% na Ásia, 15% na
Oceania, 19% na América do Norte e 22% na Europa. Em 2050, estima-se que
10% da população africana terá 60 anos ou mais, comparada com 24% na Ásia,
24% na Oceania, 25% na América Latina e Caribe, 27% na América do Norte e
34% na Europa. As mulheres formam a maioria das pessoas idosas.

Hoje, para cada 100 mulheres com 60 anos ou mais em todo o mundo,
há apenas 84 homens, e para cada grupo de 100 mulheres com 80 anos ou mais,
existem apenas 61 homens. O envelhecimento é um processo que atinge homens
e mulheres de forma diferente. As relações de gênero estruturam todo o curso da
vida, influenciando o acesso a recursos e oportunidades com um impacto que é
tanto contínuo quanto cumulativo.

25
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

Em muitas situações, as idosas são mais vulneráveis à discriminação: menos


acesso ao trabalho e ao atendimento à saúde; estão mais sujeitas ao abuso;
têm o direito negado de possuir propriedades e receber heranças; e lhes falta
renda básica e previdência social. Mas, os homens idosos, particularmente após a
aposentadoria, também podem se tornar vulneráveis devido à maior fragilidade de
suas redes de suporte social, podem também estar sujeitos a abusos – inclusive
abusos financeiros. Essas diferenças têm importantes implicações para as
políticas de planejamentos de programas públicos.

A geração mais velha não é um grupo homogêneo para o qual bastam


políticas generalistas. É importante não padronizar os idosos como uma categoria
única, mas reconhecer que essa população apresenta características tão diversas
quanto qualquer outro grupo etário em termos, por exemplo, de idade, sexo, etnia,
educação, renda e saúde.

Cada grupo de idosos, tais como os de baixa renda, de mulheres, de homens,


de idade mais avançada, de indígenas, de analfabetos, da população urbana
ou rural, tem necessidades e interesses específicos que precisam ser tratados
especificamente, por meio de programas e modelos de intervenção adequados a
cada segmento.

A estrutura populacional continua demonstrando a manutenção da tendência


de envelhecimento da população brasileira, que chegou a 201 milhões de
habitantes em 2013, por meio do estreitamento da base da pirâmide populacional
do Brasil. Este novo perfil demográfico formatado pelo processo de envelhecimento
traz grandes desafios na área da previdência social, saúde, cuidado e integração
social dos idosos.

Sugerimos a leitura deste artigo https://www.scielo.br/scielo.


php?pid=S0102-69922012000100010&script=sci_arttext que versa a
respeito do envelhecimento populacional.

Em 2013, a população do Brasil era constituída por 13% de idosos (pessoas


com 60 anos ou mais de idade). A Região Sul tem 14,5% de sua população
constituída de idosos e o Estado do Paraná alcançando a marca 12,7% de idosos
em sua população. A população idosa brasileira tem 55,5% de mulheres, 53,4%
que se consideram de cor branca e 83,9 % residem em áreas urbanas.

26
Capítulo 1 O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

Como citado anteriormente, o aumento do envelhecimento da população


e o estreitamento da base da pirâmide populacional vêm alterando o perfil
demográfico da população brasileira. Esta mudança demográfica da população
associada à concentração de renda e ao aumento da desigualdade social têm
sido fatores para o aumento da procura por ambientes de cuidado de saúde.

As oportunidades sociais que essa evolução demográfica apresenta são


infindáveis quanto às contribuições que uma população em envelhecimento,
social e economicamente ativa, segura e saudável, pode trazer à sociedade. A
população em envelhecimento também apresenta desafios sociais, econômicos e
culturais para indivíduos, famílias, sociedades e para a comunidade global.

Com o número e a proporção de pessoas idosas aumentando mais rápido


do que em qualquer outra faixa etária e em escala cada vez maior de países,
surgem preocupações sobre a capacidade das sociedades de tratar dos desafios
associados a essa evolução demográfica.

Algumas abordagens, como formas de estruturação das sociedades,


forças de trabalho e relações sociais e intergeracionais, devem se apoiar em
um forte compromisso político e uma sólida base de dados e de conhecimento
que assegurem uma efetiva integração do envelhecimento global no seio dos
processos mais amplos de desenvolvimento. As pessoas, em todos os lugares,
devem envelhecer com dignidade e segurança, desfrutando da vida com a plena
realização de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais. Considerar
tanto os desafios quanto as oportunidades é a melhor receita para o sucesso em
um mundo em envelhecimento.

4 PRINCÍPIOS UNIVERSAIS PARA


O ENVELHECIMENTO DIGNO E
SAUDÁVEL
Para serem classificadas em sua idade funcional, não basta dizer que duas
pessoas idosas tenham, coincidentemente, a mesma idade. Isso vai depender
ainda do contexto social no qual cada idoso se insere e de como vivem o
envelhecimento – de maneira mais ativa ou não. Sendo assim, podemos ter duas
pessoas com a mesma idade, porém com estilos de vida diferentes que afetem,
de maneira positiva ou não, a sua estética e disposição.

De maneira ampla, sabemos que o envelhecimento é caracterizado pela


diminuição geral das capacidades que se realizam diariamente. Alguns idosos

27
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

chegam a perder a sua independência. Porém, atualmente, conseguimos


perceber que os idosos estão se cuidando mais, sendo orientados para se
manterem ativos e funcionais, cultivando assim seu bem-estar.

O idoso deveria ter uma equipe multidisciplinar de profissionais para assistir


seu processo de envelhecimento: fisioterapeutas, profissionais de educação física,
médicos geriatras, clínicos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, assistentes
sociais, psicólogos entre outros, com o objetivo de promover e tratar de sua saúde.
A promoção da saúde é a primeira questão nessa prática, pois o foco é prevenir
a perda da funcionalidade física, psicológica e social do idoso. Para isso, hábitos
saudáveis devem ser adquiridos durante a vida, principalmente na velhice.

Mesmo estando claros os benefícios de manter hábitos saudáveis, fatores


como aderir a uma alimentação saudável e praticar regularmente atividade
física são modificáveis importantes à saúde do idoso, mas isso nem sempre é
de conhecimento de toda a população. Nesse sentido, para promover a saúde,
é necessário informar e orientar, contribuindo positivamente na autonomia
dos indivíduos que promoverão o suporte necessário no cuidado ao idoso.
Alguns programas educativos têm surgido com o intuito de orientar a respeito
de prevenção e auxílio no tratamento de diversas doenças decorrentes do
envelhecimento (COELHO et al., 2013).

Esses programas educacionais para idosos buscam atender as necessidades,


trabalhando com diversos procedimentos pedagógicos com o intuito de despertar
a consciência crítica para a busca do envelhecimento bem-sucedido. Nesse
sentido, por exemplo, foi criada a Universidade Aberta da Terceira Idade (UNATI),
que proporciona maior inserção na sociedade, pois essas instituições com
abordagens multidisciplinares priorizam o processo de valorização da terceira
idade, analisando constantemente os diversos aspectos biopsicológicos, político,
espiritual e sociocultural, com o objetivo de integrar esses cidadãos ao cotidiano,
tornando-os mais ativos, alegres e participativos.

Outras práticas grupais de educação têm sido utilizadas por profissionais


como alternativa para as práticas assistenciais e educativas, pois se nota que
esses espaços produzem conhecimentos que favorecem o empoderamento
individual e coletivo dos envolvidos, por meio da valorização dos diversos saberes
e da possibilidade de intervir criativamente no processo de saúde e doença de
cada ser.

Embora existam ações e intervenções com resultados positivos na saúde


do idoso e na manutenção das boas condições de saúde da população idosa,
evidencia-se a necessidade de se ampliar a discussão de como promover a saúde
e a qualidade de vida para os idosos na sociedade global em um futuro próximo.

28
Capítulo 1 O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

A trajetória da saúde pública possui três agendas: promoção de saúde


e prevenção primária, que requer muito da educação em saúde para
desenvolver hábitos de vida saudáveis e melhorar a compreensão do processo
de envelhecimento; tratamento de saúde apropriado, incluindo profissionais
qualificados e atualizados, visando obter diagnósticos precoces e abordagens
interdisciplinares para manutenção da capacidade funcional; reabilitação das
funções comprometidas, promovendo a independência funcional e a autonomia
mental, em qualquer tipo de incapacidade ou limitação (FREITAS; PY, 2017).

A Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), aprovada pela Portaria


n° 687 MS/GM, de 30 de março de 2006, dá diretrizes e aponta estratégias de
organização das ações de promoção da saúde nos três níveis de gestão do
Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo a integralidade do cuidado.

A Promoção da Saúde é uma das estratégias do setor de saúde para buscar


melhoria da qualidade de vida para a população. Seu objetivo é produzir a
gestão compartilhada entre usuários, movimentos sociais, trabalhadores do setor
sanitário e de outros setores, gerando autonomia e corresponsabilidade.

O objetivo geral da PNPS é promover a qualidade de vida e reduzir


vulnerabilidades e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e
condicionantes modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente,
educação, lazer, cultura, bem como acesso a bens e serviços essenciais.

Para alcançar esse objetivo geral, a PNPS está organizada em eixos, nos
quais o idoso deve estar contemplado: alimentação saudável; práticas corporais/
atividades físicas; tabagismo; álcool e outras drogas; acidentes de trânsito; cultura
de paz; e desenvolvimento sustentável.

Em relação à alimentação saudável, ela deve ser acessível, saborosa,


variada, colorida, harmônica e segura; quanto aos aspectos sanitários, deve-se
considerar também as práticas alimentares culturais e valorizar o consumo de
alimentos saudáveis regionais. Além disso, deve ser adequada às necessidades
biológicas e sociais dos indivíduos, estando de acordo com as fases do curso da
vida. Vale lembrar que a promoção da alimentação saudável é respaldada pelas
Políticas Nacionais de Alimentação e Nutrição (PNAN) e de Promoção da Saúde
(PNPS).

Já com relação à prática do exercício físico, esta tem sido difundida no


mundo como um fator de proteção para a saúde dos idosos. Além dos benefícios
já conhecidos – como a melhoria da circulação sanguínea e o aumento da
disposição para as atividades diárias –, ressaltam-se os aspectos de socialização
e de influência na redução de estados de ansiedade e estresse, o que confere à

29
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

prática da atividade física a capacidade de melhorar o bem-estar dos indivíduos


praticantes. Isso melhorará o processo de envelhecimento, fazendo com o que
o idoso não chegue a ter alterações que o impossibilite de ter qualidade de vida.
É preciso evitar que ocorra agravos como as ocasionais quedas, originadas
pela falta de controle postural consequente do processo de envelhecimento e
sedentarismo.

Um dos fatores negativos do envelhecimento é o sedentarismo, ou seja,


a falta de atividade física, então, qualquer movimento corporal produzido pelos
músculos esqueléticos é considerado atividade física. A modalidade mais comum
de atividade física é a caminhada, utilizada como deslocamento e indicada
para todas as faixas etárias, inclusive idosos. A atividade física coopera para
o envelhecimento saudável, reduz os riscos de doenças crônicas, melhora
os marcadores cardiometabólicos, diminui a pressão arterial e contribui para a
saúde mental. Já o exercício físico é toda atividade física planejada, estruturada
e repetitiva, que tem como objetivo a melhoria e a manutenção de um ou mais
componentes da aptidão física. Esta, por sua vez, pode ser definida em duas
vertentes: relacionadas à saúde e à performance.

FIGURA 8 – IDOSO REALIZANDO EXERCÍCIO FÍSICO

FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Elderly_exercise.jpg>. Acesso em: 11


ago. 2020.

O sedentarismo gera um estilo de vida negativo e representa uma das


principais causas de queda da qualidade de vida e/ou morte prematura,
particularmente nos países industrializados. A atividade e a aptidão físicas foram
associadas à melhora da qualidade de vida dos indivíduos de todas as faixas
etárias, sobretudo dos idosos. Qualquer atividade física é um recurso muito
importante para minimizar as degenerações provocadas pelo envelhecimento,
ou seja, as perdas do domínio cognitivo e as limitações físicas, que podem

30
Capítulo 1 O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

levar a pessoa idosa à dependência em várias funções do aparelho locomotor,


impedindo-a de viver satisfatoriamente e limitando sua participação na sociedade.

Indivíduos idosos com condições específicas de saúde, como doenças


cardiovasculares e diabetes, podem precisar de precauções extras e devem
procurar orientação médica antes de se esforçarem para atingir os níveis
recomendados de atividade física para idosos.

Existem várias maneiras pelas quais os idosos podem acumular 150 minutos
de atividades semanais. O conceito de acumulação se refere ao cumprimento da
meta de 150 minutos por semana realizando atividades em vários períodos mais
curtos, de pelo menos 10 minutos cada, por exemplo: 30 minutos de atividade de
intensidade moderada, cinco vezes por semana, resultam em 150 minutos.

Essas recomendações são aplicáveis a todos os idosos, independentemente


de sexo, raça, etnia ou nível de renda. As recomendações podem ser para idosos
com deficiência, no entanto, com ajustes para cada indivíduo, considerando sua
capacidade de exercício, riscos e limitações específicas.

Idosos que estão inativos ou que tenham algumas limitações de doenças


terão benefícios adicionais para a saúde se passarem da categoria de nenhuma
atividade para alguns níveis de atividade. Os idosos que atualmente não cumprem
as recomendações para atividade física devem ter como objetivo aumentar a
duração, a frequência e, finalmente, a intensidade como objetivo para alcançá-las,
melhorando assim sua aptidão física.

A aptidão física relacionada à saúde contempla atributos biológicos (força e


resistência muscular, flexibilidade, capacidade aeróbica e controle ponderal), que
oferecem alguma proteção ao aparecimento de distúrbios orgânicos provocados
pelo estilo de vida sedentário; a aptidão física relacionada à performance
envolve uma série de componentes relacionados ao desempenho esportivo ou
laboral, como agilidade, equilíbrio, coordenação, potência e as velocidades de
deslocamento e de reação muscular. Diante disso, deve-se estimular a população
idosa à prática de atividades físicas capazes de promover a melhoria da aptidão
física relacionada à saúde. Segundo estudos epidemiológicos, a prática de
atividades físicas proporciona benefícios nas áreas psicofisiológicas.

Na área motora e da saúde, observa-se a redução do risco de morte


prematura, doença do coração, acidente vascular cerebral, câncer de cólon e
mama, diabetes tipo II, bem como atua na prevenção e redução da hipertensão
arterial, prevenindo o ganho de peso e o risco de obesidade, auxiliando na
prevenção e redução da osteoporose, promovendo também bem-estar, com a
redução de estresse, ansiedade e depressão. Por outro lado, quando as pessoas

31
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

possuem um estilo de vida inativo ou pouco ativo, são classificadas como


sedentárias. Considera-se sedentário o indivíduo que tenha um estilo de vida
com o mínimo de atividade física, sendo este equivalente a um gasto energético
inferior a 500Kcal por semana.

O sedentarismo pode ser decorrente de diversos fatores, como: o


desenvolvimento tecnológico, que proporcionou mais comodidade à vida,
incentivando a hipocinesia; maior vivência do lazer doméstico (por exemplo,
televisão, videogames e jogos de computador), em virtude do crescimento da
insegurança e do esvaziamento dos espaços públicos nos centros urbanos;
carência de espaços e equipamentos de lazer comunitários que permitam a
prática de atividades físicas, dentre outros fatores.

Em virtude do aumento da quantidade de indivíduos inativos, podemos fazer


os seguintes questionamentos: por que algumas pessoas são ativas e outras não?
Por que tantas outras pessoas que iniciaram um programa de atividades físicas o
abandonam? A adesão às atividades físicas é um fenômeno complexo e depende
da relação de diversas variáveis que geram os chamados fatores associados.

A probabilidade de um indivíduo e/ou comunidade ser fisicamente ativa está


relacionada à influência da análise de fatores individuais micro e macroambientais.
Os fatores macroambientais incluem as condições gerais socioeconômicas,
culturais e ambientais. As influências resultantes dos microambientes incluem
a ligação do local onde se vive e trabalha, bem como o suporte das normas
sociais e das comunidades locais. Nos fatores individuais, as atitudes em relação
à atividade física, o acreditar em sua própria possibilidade de ser ativo ou o
conhecimento de oportunidades no dia a dia pode influenciar a probabilidade de
ser ativo ou de alguém tentar novas atividades.

Apesar de o ambiente ser uma chave influente nos níveis de atividade


física, alguns fatores psicossociais influenciam nas decisões das pessoas sobre
estilos de vida e escolhas quanto a um comportamento saudável ou de risco.
Esses fatores psicossociais são classificados em positivos ou facilitadores e em
negativos ou barreiras.

Os facilitadores são compreendidos em: autoeficácia (acreditar na própria


capacidade para ser ativo); intenção e prazer no exercício; nível percebido de
saúde e aptidão física; automotivação; apoio social; esperança de benefícios
do exercício; e benefícios percebidos. Já as barreiras são classificadas em:
percepção da falta de tempo; percepção de que não se é do “tipo desportivo”
(particularmente para as mulheres); preocupações sobre a segurança pessoal;
sensação de cansaço e preferência em descansar e relaxar no tempo livre;
e autopercepções (por exemplo, assumir que já é suficientemente ativo). Ao

32
Capítulo 1 O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

analisarmos estas variáveis é possível perceber uma inter-relação entre o


comportamento, as barreiras e a adesão para a prática das atividades físicas.

Como informado anteriormente, outro eixo da promoção da saúde é o controle


do tabagismo. Desde 1989, o Ministério da Saúde, por meio do Instituto Nacional
de Câncer, articula a gestão e a governança do Programa Nacional de Controle
do Tabagismo no Brasil, que tem como objetivo geral reduzir a prevalência de
fumantes e a consequente morbimortalidade relacionada ao consumo de
derivados do tabaco. Para tanto, ações educativas, bem como de comunicação,
de atenção à saúde, junto a ações legislativas e econômicas, potencializam-
se para prevenir a iniciação do tabagismo, promover sua cessação e proteger
a população dos riscos do tabagismo passivo. As estratégias essenciais para
o alcance desses resultados têm sido o fomento da rede de parcerias junto às
Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde com outros setores do Ministério da
Saúde e do governo, assim como as organizações não governamentais.

FIGURA 9 – IDOSO TABAGISTA

FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Elderly_Man_Smoking_-_Lviv_-_
Ukraine_(27177188685)_(2).jpg>. Acesso em: 12 ago. 2020.

Sabemos que o tabagismo é uma doença crônica que causa dependência


física e psíquica, além de ser reconhecida pela Organização Mundial de Saúde
que, sendo crônica, está sujeita a recaídas frequentes, as quais nem sempre são
reconhecidas pelos profissionais de saúde.

33
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

Sabemos que o tabagismo é uma doença crônica que causa dependência


física e psíquica, além de ser reconhecida pela Organização Mundial de Saúde
que, sendo crônica, está sujeita a recaídas frequentes, as quais nem sempre são
reconhecidas pelos profissionais de saúde.

Existem vários fatores que contribuem para a dependência do tabaco. O


mais importante é a presença da nicotina, a substância psicoativa que tem uma
elevada capacidade de desenvolver a dependência física e psicológica por meio
de processos que se assemelham às dependências provocadas por outras drogas.
O fumo do tabaco é uma suspensão constituída por mais de 4.000 substâncias
com efeitos tóxicos e irritantes, como o monóxido de carbono, metais pesados e
substâncias radioativas.

Diante de várias consequências que se originam do tabaco, o fumante passivo


é muito prejudicado, pois, ao conviver com o tabagista, inala diariamente a fumaça
derivada do tabaco e dos outros componentes. As evidências apresentadas pela
literatura correlacionam a inalação de fumaça pelos não fumantes a alguns efeitos
adversos no sistema respiratório e circulatório, ação carcinogênica em adultos e
impactos da saúde do idoso.

O câncer de pulmão, as doenças respiratórias, as doenças cardiovasculares,


as doenças de reprodução e outras doenças estão associadas aos fumadores
ativos. No entanto, nos últimos anos, o impacto do fumo do tabaco expõe os não
fumadores aos mesmos malefícios que o fumador ativo. As doenças respiratórias
como asma, alergia e doenças pulmonares, podem conduzir à exclusão social e
laboral. Os idosos sofrem e podem desenvolver pneumonia, bronquite, asma e
problemas na orelha (audição).

FIGURA 10 – CÂNCER DE PULMÃO

FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Lung_cancer.jpg>. Acesso em: 13 ago.


2020.

34
Capítulo 1 O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

A exposição ao fumo do tabaco é um problema de Saúde Pública de grande


magnitude e os profissionais de saúde podem ter um papel fundamental ao
informar aos seus doentes sobre os riscos provenientes desta exposição, incluindo
as equipes de serviço e os locais prestadores de cuidados à saúde.

A cessação do tabagismo gera importantes benefícios em longo prazo na


saúde das pessoas. Parar de fumar antes dos 50 anos provoca uma redução de
50% no risco de morte por doenças relacionadas ao tabagismo após 16 anos de
abstinência.

Além da importante redução no risco relacionado às doenças crônicas,


há outros benefícios relevantes com a cessação do tabagismo: melhora da
autoestima, do hálito, da coloração dos dentes e da vitalidade da pele; melhora
do convívio com pessoas não tabagistas; melhora no desempenho de atividades
físicas; redução dos danos ao meio ambiente, pois uma árvore é derrubada para
cada 300 cigarros produzidos e o filtro do cigarro leva cerca de 100 anos para ser
degradado na natureza.

Todos esses fatos justificam o esforço mundial de controle do tabaco,


incluindo as ações de cessação do tabagismo. O apoio da equipe multidisciplinar
deve promover, sempre que possível, ações de informação, incentivo e apoio ao
abandono do tabagismo não só do idoso em si, mas também dos familiares e
cuidadores de seu convívio. As estratégias usadas para o tratamento de cessação
do tabagismo podem ser divididas em intervenções psicossociais e tratamentos
medicamentosos.

As intervenções psicossociais incluem aconselhamentos e abordagens


cognitivo-comportamentais (alicerce do tratamento). O tratamento medicamentoso
aumenta as chances do fumante alcançar a cessação completa. Antes do
tratamento farmacológico, deve-se motivar o indivíduo à cessação definitiva por
meio de entrevista motivacional e abordagens centradas na pessoa.

As respostas adaptativas ao processo do envelhecimento englobam o


sentimento de se perceberem mais jovens, em um bom estado de saúde física
e mental, prevenindo que ocorram incapacidades. Sendo assim, intervenções
interdisciplinares se fazem necessárias com atuações diretamente a este grupo
populacional, enfatizando ações de promoção e prevenção da saúde.

Agora, vamos conhecer os aspectos relacionais ao envelhecimento


digno, saudável e à cognição. A senescência está associada a prejuízos na
capacidade cognitiva decorrentes de alterações estruturais e funcionais. A perda
da capacidade cognitiva impacta diretamente na independência e autonomia
e, consequentemente, na qualidade de vida dos idosos. É importante estimular

35
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

atividades que promovem a cognição dos idosos. O desempenho cognitivo sofre


declínio com a senescência. Alguns determinantes interferem na cognição, sendo
a idade o principal. No entanto, o sexo, fatores ambientais como níveis inferiores
de renda e educação, sintomas de depressão, inatividade física e alimentação
também são fatores determinantes.

O consumo de vegetais, frutas e peixes apresenta efeitos positivos pela


presença de nutrientes, antioxidantes e vitaminas. O impacto negativo na saúde
cognitiva também está associado ao consumo de carnes gordas e fontes de ácidos
graxos poli-insaturados. Além disso, as alterações biopsicossociais acompanham
o processo de envelhecimento e, deste modo, inicia-se o decréscimo dos
processos funcionais e cognitivos.

Ao envelhecer, o indivíduo relata dificuldade de memorizar fatos do cotidiano,


e este declínio das funções cognitivas pode estar relacionado à idade e/ou estilo
de vida. Algumas funções cognitivas são de suma importância, como o tempo
de reação a um estímulo, memória de atenção – que planeja a realização das
atividades diárias –, e memória de curto prazo – que recorda informações recentes.
Já as capacidades verbais permanecem preservadas com o envelhecimento
normal, porém, ao avançar da idade, observa-se que há uma dificuldade na
realização de atividades que relacionam a memória com a linguagem.

Existem evidências de que a alimentação saudável pode desempenhar um


papel na prevenção e adiar o processo de fragilidade do idoso. Alimentos ricos em
vitaminas, proteínas e antioxidantes podem retardar este declínio. A manutenção
da saúde também depende da alimentação saudável, evidenciando-se o consumo
de frutas, legumes e verduras. A presença destes alimentos na alimentação
auxilia o suprimento de micronutrientes, fibras e demais componentes com
características funcionais, protegendo o DNA contra agravos.

Notam-se diversas modificações nos padrões alimentares da população em


diversos países, até mesmo no Brasil, onde há consumo de gorduras, açúcares,
produtos industrializados ricos em sódio e, em contrapartida, a diminuição do
consumo de arroz e feijão, além da ausência de frutas e hortaliças. Uma dessas
grandes alterações é a deficiência de vitamina B-12, comumente presente nos
idosos de todo o mundo. Concentrações baixas da vitamina têm sido associadas
a danos neuropsiquiátricos.

Também associada ao envelhecimento, a perda progressiva de proteína


influencia em um grande risco de quedas e fraturas, redução da mobilidade,
independência, e declínio da função imunológica, o que aumenta a predisposição
a infecções. A manutenção da massa muscular de idosos requer maior quantidade
de proteínas. A fragilidade delas nos idosos agrava em mudanças no metabolismo,

36
Capítulo 1 O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

propiciando um aumento no catabolismo proteico muscular e redução da massa


muscular. Existe um consenso internacional que baseia a prevenção da fragilidade
à administração de vitamina D, tornando mais eficaz a saúde dessa faixa etária. É
importante destacar que os fatores socioeconômicos interferem diretamente nos
hábitos nutricionais.

O excesso de peso (principalmente a obesidade), hábitos alimentares


inadequados e o sedentarismo (já discutido anteriormente) contribuem como
fatores de risco para o aparecimento de doenças como a hipertensão arterial
sistêmica e diabetes mellitus. As ações de nutrição e alimentação realizadas por
profissionais de saúde na abordagem para as mudanças de hábitos alimentares
são necessárias, pois o foco das fontes alimentares e os aspectos dos nutrientes
promovem mudanças no comportamento alimentar. Em função disso, é de grande
importância a realização de uma avaliação nutricional nos idosos.

Outro grande problema de saúde pública que impacta no envelhecimento


digno e saudável é a queda. A queda é descrita como um evento em que a pessoa,
desavisadamente, vai ao chão ou ao encontro de um local num nível inferior que
o ocupado anteriormente, seja de forma consciente ou inconsciente, com ou sem
lesão (FREITAS; PY, 2017).

Cada queda possui fatores de riscos específicos. É imprescindível uma


análise cuidadosa da situação em que ela ocorreu para que se possa realizar
avaliação clínica e investigação epidemiológica. Ao pesquisar a incidência das
quedas, leva-se em conta as que não são intencionais e resultam em um contato
com o chão, e não apenas as que ocorrem quando se cai de costas de lugar em
que está sentado.

As quedas em idosos são constantes, e os com idade mais avançada são


mais pré-dispostos em decorrência da perda da autonomia. Normalmente, as
quedas são resultado de um desequilíbrio em vários sistemas, graves o bastante
para comprometer a habilidade de compensação do idoso. A parte emocional
também gera um impacto psicológico em pessoas mais velhas.

A queda acontece geralmente quando existe uma perturbação do equilíbrio


e uma falha do sistema de controle postural que não se pode compensar. Podem
ocorrer, não com muita frequência, quedas devido a uma perturbação interna
fisiológica que impede, de forma passageira, a atuação do sistema de controle
postural, acontecendo uma intervenção na perfusão dos centros posturais
cerebrais, do tronco encefálico ou dos sistemas sensório-motores.

Devemos diferenciar os idosos que sofrem quedas por possuírem uma


fragilidade devido a uma instabilidade daqueles que têm um risco maior de cair

37
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

por serem saudáveis e ativos e caem justamente por participar de atividades


arriscadas e vigorosas.

É mais sensato dizer que existe uma interação de fatores associados às


quedas do que a causa ser relacionada somente a um elemento. Alguns fatores,
como função cognitiva e idade, são correlatos, apenas com um indicativo de
relação causal frente a uma avaliação multivariada.

Conheça alguns elementos associados às quedas em brasileiros: o risco


de novas quedas é maior em idosas, viúvos, solteiros ou desquitados; o risco
de quedas recorrentes é mais elevado em idosos que já sofreram fraturas que
comprometem as atividades de vida diária; existência de várias doenças;
problemas psicológicos com comprometimento cognitivo, ansiedade e depressão;
baixo índice de massa corporal; acidente vascular cerebral; incontinência urinária;
uso de remédios benzodiazepínicos e miorrelaxantes (REBELATTO, 2013).

Grande parte das quedas se dá nos períodos diurnos, de maior atividade, e


apenas 20% no período noturno. Em dias mais frios e no inverno, a frequência de
quedas e fraturas aumenta nas mulheres. A maioria das quedas acontece dentro
das residências e uma incidência menor ocorre no jardim ou na área externa
da casa. No que se refere aos locais em que os idosos mais caem em casa,
esse evento acontece nos cômodos em que permanecem mais tempo como na
cozinha, no quarto e na sala de jantar. As quedas que não foram por síncope
estão atreladas a uma série de fatores intrínsecos e extrínsecos no momento da
queda. Doenças crônicas ou alterações decorrentes da idade aumentam o risco
de quedas e fazem parte dos fatores intrínsecos estáveis.

Os fatores intrínsecos que afetam o equilíbrio se devem à principal causa


de queda, que é a falta de controle postural. Essa falta pode ocorrer por: redução
dos sinais sensoriais, como visão, propriocepção ou sistema vestibular; redução
do processamento do sistema nervoso central, como na demência; redução da
resposta motora, como na osteoartrite e miastenia. Alguns fatores intrínsecos
sofrem influência com o decorrer do tempo ou permanecem por pouco tempo,
como em casos em que há mudança na medicação ou em doença aguda.

Ambos os fatores, extrínsecos ou intrínsecos, desencadeiam o início da


queda e alguns determinam se haverá uma lesão pós-traumática. Os fatores que
potencialmente geram lesões são: o local de impacto do corpo no momento da
queda; a presença de respostas protetoras que cessam a queda; a massa óssea.
As fraturas acontecem comumente quando o idoso cai e tem um impacto direto no
punho ou na pelve.

38
Capítulo 1 O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

Os fatores extrínsecos que alteram o equilíbrio são os riscos ambientais nas


atividades diárias em idosos mais frágeis. Ao se virar, inclinar-se ou se estender
para conseguir pegar algum objeto. A maioria dos idosos cai durante as atividades
do dia a dia em suas casas, andando, subindo e descendo escadas. Em metade
dos casos, os riscos ambientais estão presentes, porém a incidência é menor em
idosos com idade mais avançada. Em situações nas quais o estímulo sensorial
é reduzido, como em locais pouco iluminados ou com muito brilho, o risco de
quedas está presente. Alterações consideráveis na resposta do equilíbrio ao se
deslocar rapidamente o centro de massa, como escorregar no tapete ou em uma
superfície lisa, também são fatores de risco (SPIRDUSO, 2005).

A queda da própria altura e aquelas em que é possível se agarrar em algo


para diminuir o impacto são as que menos geram fraturas. A fratura do colo do
fêmur é mais comum em idosos com baixo índice de massa corporal (abaixo de
19kg/m²).

A combinação dos seguintes fatores: baixa densidade óssea, instabilidade


postural, diminuição da força do músculo quadríceps, história de quedas e já ter
sofrido alguma fratura revelam grandes chances de ocorrer uma fratura no quadril.

Para evitar que o idoso caia novamente, acrescentam-se as várias causas


reconhecidas à intervenção de fatores identificados na avaliação multifatorial.
Os métodos mais eficientes são: adaptar ou mudar as causas ambientais
na residência; retirar ou usar, em doses e em um menor tempo possível, a
administração de psicotrópicos; retirar ou fazer o uso mínimo possível de outros
medicamentos; controlar a hipotensão postural; tratar as complicações nos pés
e analisar o tipo de sapato usado; trabalhar atividades de condicionamento do
equilíbrio, força e deambulação; usar suplementos de vitamina D; intervenções
cirúrgicas para aqueles que têm catarata; evitar o uso de óculos multifocais ao
caminhar; uso de marca-passo para os casos de hipersensibilidade cardioinibitória
do seio carotídeo; orientações educacionais adaptadas de acordo com a cognição
e o nível de instrução do paciente; exercícios domiciliares e em academias.

A prevenção secundária também é eficaz, salientando que o indivíduo que


já caiu uma vez tem mais chances de cair novamente. Durante a consulta, até
mesmo de um clínico geral ou em emergências, a identificação dos fatores causais
é passível de ser verificada. Em alguns casos específicos, é necessária uma
avaliação mais detalhada após a queda devido aos traumas por ela provocados.
Em idosas, deve-se verificar se existiram fraturas anteriores por osteoporose, se
a mobilidade foi afetada pelo uso de andador ou bengala, se falta capacidade
para se levantar de uma cadeira sem a ajuda dos membros superiores, caminhar
instável e problemas de cognição.

39
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

1 O envelhecimento é um evento natural para todo ser humano, ou


seja, todas as pessoas irão envelhecer. É caracterizado por um
processo universal, heterogêneo, progressivo, que gera alterações
diversas de caráter físico, psicológico e social. Considerando as
informações apresentadas sobre o envelhecimento, analise as
afirmativas a seguir:

I- Conforme a Organização Mundial da Saúde, no Brasil, a pessoa


idosa é aquela com 65 anos ou mais.
II- Nos países desenvolvidos, as pessoas possuem maior
expectativa de vida, sendo consideradas idosas pessoas com 60
anos ou mais.
III- O processo de envelhecimento contribui para o aumento da
vulnerabilidade da pessoa idosa e da incidência de doenças.
IV- O envelhecimento pode sofrer influência genética, do estilo de
vida e do meio ambiente em que a pessoa vive.

Está CORRETO o que se afirma em:


a) ( ) III e IV, apenas.
b) ( ) I, II e III, apenas.
c) ( ) I, II, III e IV.
d) ( ) II e IV, apenas
e) ( ) II e III, apenas.

2 O envelhecimento pode ser classificado da seguinte forma:


envelhecimento primário, envelhecimento secundário e
envelhecimento terciário. Alguns fatores do dia a dia, além da
genética, podem impactar nesses tipos de envelhecer. Diante do
exposto, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) O envelhecimento secundário também é denominado


senilidade, em que há alterações patológicas.
b) ( ) Alterações normais e patológicas da idade compreendem o
envelhecimento terciário ou senescência.
c) ( ) O envelhecimento primário também é conhecido como
senilidade, em que há alterações normais da idade.
d) ( ) As alterações normais da idade, como queda dos cabelos e
pelos, são denominadas senilidade.
e) ( ) O envelhecimento terciário, ou senilidade, é uma somatória
de alterações normais e não normais da idade.

40
Capítulo 1 O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

3 Na gerontologia se utilizam conceitos, definições e termos


específicos, que permeiam o estudo do envelhecimento.
Esses termos são utilizados também para universalizar a
pesquisa, a avaliação e o diálogo em gerontologia. A respeito
do envelhecimento e alguns termos utilizados na gerontologia,
analise as afirmativas a seguir e assinale V para a(s) Verdadeira(s)
e F para a(s) Falsa(s).

( ) A idade cronológica classifica as pessoas conforme a sua data


de nascimento.
( ) A idade biológica classifica as pessoas com base nas condições
teciduais, quando comparadas a valores de normalidade.
( ) A idade psicológica é evidenciada por aspectos como maturação
mental, desempenho e soma de experiências na vida.
( ) A idade social é indicada pelas estruturas organizadas de cada
sociedade; cada pessoa pode variar de jovem a velho, em
diferentes sociedades.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) F, V, F, V.
b) ( ) V, V, F, F.
c) ( ) V, V, V, V.
d) ( ) F, F, F, F.
e) ( ) V, V, F, V.

4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Caro pós-graduando! Chegamos ao final deste primeiro capítulo da disciplina
Temas contemporâneos do Processo de Envelhecimento Humano. Todo este
conteúdo o ajudará a entender melhor o processo de envelhecimento de uma
forma geral, possibilitando dar continuidade nas demais unidades e pôr em prática
o melhor atendimento possível à população idosa.

Foi possível perceber que o envelhecimento é um evento natural para todo


ser humano, sendo dinâmico, progressivo e universal, e que está caracterizado
por alterações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas, psicológicas, físicas e
sociais que refletirão nas condições de vida e na vulnerabilidade da pessoa idosa.
O envelhecimento é um processo que pode ser bem-sucedido, digno, saudável ou
não.

41
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

Esse processo contribui para o aumento da vulnerabilidade e incidência


de patologias que, influenciadas pela estrutura genética do indivíduo, estilo de
vida e meio ambiente, tendem a resultar na morte de uma célula, de um tecido,
de um órgão ou mesmo do indivíduo. Em especial para esta disciplina, temos
que lembrar que o envelhecimento social é responsável pela alteração do status
do idoso, dessa forma alterando a relação desses indivíduos com as demais
pessoas de sua comunidade, sendo essas alterações relacionadas com a crise de
identidade (ausência do papel social causando baixa autoestima) e isolamento.
E que além dessas, todas as demais alterações da idade são defendidas por
diversas teorias que buscam explicar o processo de envelhecimento biológico,
psicológico e social.

Por que devemos nos atentar tanto ao processo de envelhecimento, sendo


que é algo comum a tudo e a todos? O envelhecimento populacional é uma das
mais significativas tendências do século XXI. Apresenta implicações importantes e
de longo alcance para todos os domínios da sociedade. E as oportunidades sociais
que essa evolução demográfica apresenta são infindáveis quanto às contribuições
que uma população em envelhecimento, social e economicamente ativa, segura
e saudável, pode trazer à sociedade. A população em envelhecimento também
apresenta desafios sociais, econômicos e culturais para indivíduos, famílias,
sociedades e para a comunidade global, que irão impactar na sua dignidade,
saúde e qualidade de vida.

REFERÊNCIAS
CHMIELEWSKI, P. P. Human ageing as a dynamic, emergent and malleable
process: from disease-oriented to health-oriented approaches. Biogerontology,
v. 21, n. 1, p. 125-30, 2020.

COELHO, F. G. M.; GOBBI, S.; COSTA, J. L. Exercício físico no envelhecimento


saudável e patológico: da teoria à prática. Curitiba: Editora CRV, 2013.

ERIKSON, E. H. Identity: youth and crisis. New York: Norton, 1968.

ERIKSON, E. H. Childhood and society. New York: Norton, 1959.

FARINATTI, P. D. T. V. Envelhecimento: promoção da saúde e exercício. São


Paulo: Manole, 2008.

FARINATTI, P. D. T. V. Teorias biológicas do envelhecimento: do genético ao


estocástico. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 8, n. 4, p. 129-138,
2002.
42
Capítulo 1 O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

FECHINE, B. R. A.; TROMPIERI, N. O processo de envelhecimento: as


principais alterações que acontecem com o idoso com o passar dos anos.
InterSciencePlace, v. 1, n. 7, p. 106-133, 2012.

FREITAS, E. V.; PY, L. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2017.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Política Nacional de Promoção da Saúde. Série B.


Textos Básicos de Saúde. Série Pactos pela Saúde 2006, v.7, 2010. Disponível
em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_promocao_
saude_3ed.pdf. Acesso em: 13 ago. 2020.

NERI, A. L. Teorias psicológicas do envelhecimento: percurso histórico e teorias


atuais. In: FREITAS, E. V.; PY, L. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.

REBELATTO, J. R. Fisioterapia geriátrica: a prática de assistência ao idoso. 2.


ed. São Paulo: Manole, 2013.

SANTOS, P. A. D. et al. A percepção do idoso sobre a comunicação no processo


de envelhecimento. Audiology – Communication Research, v. 24, n. 1, 2019.

SPIRDUSO, W. W. Dimensões físicas do envelhecimento. São Paulo: Manole,


2005.

TEIXEIRA, I. N. D.; GUARIENTO, M. E. Biologia do envelhecimento: teorias,


mecanismos e perspectivas. Ciência e Saúde Coletiva, v. 15, n. 6, p. 2845-
2857, 2020.

YU, R.; MCCAULEY, B.; DANG, W. Loss of chromatin structural integrity is a


source of stress during aging. Human Genetics, v. 139, n. 1, p. 371-380, 2020.

43
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

44
C APÍTULO 2
ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS E
CULTURAIS DO ENVELHECIMENTO

A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

 compreender os aspectos biológicos do envelhecimento humano;

 conhecer os aspectos psicológicos e cognitivos do envelhecimento humano;

 estudar os aspectos sociais e culturais da senescência.


Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

46
Capítulo 2 ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS E CULTURAIS DO ENVELHECIMENTO

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Bem-vindo ao Capítulo 2 – Aspectos biopsicossociais e culturais do
envelhecimento.

Você já estudou que o envelhecimento é caracterizado por ser biológico,


social e psicológico, que reflete no comportamento e até mesmo na cultura do
idoso. Iniciaremos esta unidade, apresentando algumas alterações biológicas do
envelhecimento humano.

O envelhecimento biológico é caracterizado por eventos degenerativos


fisiológicos, sendo um processo que determina o potencial de cada pessoa
para permanecer viva e que diminui com o passar dos anos. O processo de
envelhecimento biológico é ininterrupto no decorrer da vida, e leva a alterações
nos diversos sistemas orgânicos do corpo humano. Conheça algumas delas nesta
unidade.

O processo de envelhecimento acompanha também declínio das capacidades


psicológicas e cognitivas dos idosos, de acordo com suas características de
vida. À medida em que o aumenta o número de idosos na população, torna-se
essencial um conhecimento maior de suas necessidades e o acompanhamento
de suas alterações. Sendo assim, necessita-se de informação atualizada deste
segmento.

O comprometimento das funções cognitivas é caracterizado por deterioração


progressiva das habilidades intelectuais, como: a diminuição da memória; da
capacidade de julgamento; do raciocínio abstrato; e das habilidades visuoespaciais,
que afetam a capacidade funcional do idoso no seu cotidiano, implicando em perda
de autonomia e independência. Ela varia de acordo com o grau de gravidade, com
consequente perda da qualidade de vida no envelhecimento.

Essas alterações biológicas, psicológicas e cognitivas podem impactar umas


nas outras, e também no envelhecimento social. Porém, o próprio passar da
idade, em muitos casos, já é um fator de impacto negativo nos aspectos sociais
do ser humano.

Tenha uma boa experiência acadêmica!

Professor Daniel Vicentini de Oliveira.

47
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

2 ASPECTOS BIOLÓGICOS DO
ENVELHECIMENTO HUMANO
Caro pós-graduando, o processo de envelhecimento humano está sujeito
a influências extrínsecas como as exposições ambientais que o indivíduo sofre
e sofreu, como o sedentarismo, tipo de dieta, poluição entre muitos outros; e
intrínsecas, como a constituição genética individual responsável pela longevidade
máxima. Ambas as influências proporcionam uma grande heterogeneidade no
envelhecimento. Como já vimos, o envelhecimento orgânico humano pode ser
caracterizado como senescência (envelhecimento normal) ou como senilidade
(envelhecimento patológico).

A senescência é um processo fisiológico caracterizado por alterações que


ocorrem de forma natural com o passar do tempo; a senilidade significa a presença
de doenças crônicas e/ou alterações que podem acometer a saúde do idoso.

Você já estudou que o envelhecimento biológico normal está relacionado ao


declínio das diversas funções orgânicas do ser humano. Conheça algumas dessas
alterações: redução na estatura; embranquecimento dos cabelos e calvície;
aumento da amplitude do nariz e orelhas caracterizando a conformação facial do
idoso; aumento do diâmetro do crânio; aumento dos sulcos labiais; diminuição da
espessura e perda da capacidade de sustentação da pele; perda da elasticidade
da mucosa; queratinização e aumento da espessura do epitélio; perda do paladar;
perda das papilas gustativas; desgaste dos dentes; ganho de peso, redução da
massa muscular e óssea.

Enfim, apresentar e discutir alterações biológicas do envelhecimento se faz


uma tarefa difícil, visto que cada pessoa envelhece de uma forma e são muitas
alterações. Porém, podemos dizer que algumas mudanças são universais. Neste
tópico, abordaremos as alterações no sistema nervoso, sistema cardiovascular,
sistema respiratório, sistema digestório e sistema muscular, a sarcopenia.

Vamos iniciar comentando as alterações biológicas do sistema nervoso. O


processo de envelhecimento é inevitável e acontece de forma mais rápida em
alguns órgãos e sistemas do corpo humano. Dentre esses órgãos e sistemas, o
Sistema Nervoso Central (SNC), responsável direta ou indiretamente por funções
importantes que incluem sensações, movimentos, funções psíquicas e funções
biológicas internas.

As alterações que acometem o SNC podem ser divididas em histológicas,


bioquímicas, morfofuncionais e neurotransmissores ou, didaticamente, em
alterações microscópicas e macroscópicas.

48
Capítulo 2 ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS E CULTURAIS DO ENVELHECIMENTO

Caro pós-graduando, sugerimos a leitura deste artigo que


versa a respeito das alterações neurológicas e fisiológicas do
envelhecimento e o impacto no sistema mantenedor do equilíbrio.
Acesse https://periodicos.unifesp.br/index.php/neurociencias/article/
view/10430 e confira!

Microscopicamente, o envelhecimento do sistema nervoso acontece por


meio da perda lenta e gradual das células nervosas, os neurônios, e de alterações
químicas, que somadas, levam a distúrbios característicos. As principais
alterações relacionadas ao envelhecimento e ao sistema nervoso são a morte
celular, hipotrofia neuronal e diminuição na substância branca (COELHO; GOBBI;
COSTA, 2013).

FIGURA 1 – NEURÔNIO

FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Complete_neuron_cell_diagram_
pt.svg>. Acesso em: 14 ago. 2020.

A morte celular acontece de maneira mais acentuada no córtex pré-frontal


(Figura 2) e de maneira progressiva no hipocampo (Figura 3), putámen (Figura
4), tálamo (Figura 5), substância negra (Figura 6) e locus coeruleus (Figura 7).
No hipocampo, responsável pela memória e aprendizado, há uma perda celular
de 5,4% por década a partir da meia idade, além de diminuição no número de
sinapses, também observada no córtex pré-motor (SPIRDUSO, 2005).

49
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

FIGURA 2 – CORTEX PRÉ-FRONTAL

FONTE: <https://pgpneuromarketing.wordpress.com/sabia-que/cerebro-e-a-neurociencia-
aplicada-ao-consumo-cortex-pre-frontal/>. Acesso em: 14 ago. 2020.

FIGURA 3 – HIPOCAMPO

FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Hippocampus.svg>. Acesso em: 14 ago.


2020.

FIGURA 4 – PUTÁMEN

FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Putamen_-_DK_ATLAS.png>. Acesso


em: 14 ago. 2020.

50
Capítulo 2 ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS E CULTURAIS DO ENVELHECIMENTO

FIGURA 5 –TÁLAMO

FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Thalamus_-_DK_ATLAS.png>. Acesso


em: 14 ago. 2020.

FIGURA 6 – MESENCÉFALO - SUBSTÂNCIA NEGRA

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Subst%C3%A2ncia_negra>. Acesso em: 14 ago.


2020.

51
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

FIGURA 7 – ENCÉFALO - LOCUS COERULEUS

FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:The-Locus-Coeruleus-Norepinephrine-
LC-NE-System.png>. Acesso em: 14 ago. 2020.

Com a diminuição na síntese proteica, há consequentemente uma diminuição


significativa na síntese de RNA, principalmente entre 50 e 70 anos de idade. A
diminuição no RNA do citoplasma é mais evidente em neurônios do córtex frontal,
giro do hipocampo, células piramidais e células de Purkinje. Essa diminuição, em
adição à diminuição do tamanho e do núcleo de Corpúsculos de Nissi e acúmulo
de lipofuscina nos neurônios, leva ao surgimento de um quadro de hipotrofia
neural simples ou pigmentar (FARINATTI, 2008).

É importante ressaltar que a mielina cerebral começa a sofrer diminuição


a partir de 20 anos de idade e as alterações já mencionadas juntamente com
as alterações em neurotransmissores resultam na diminuição da velocidade de
condução em vias aferentes e eferentes, afetando também o processamento em
regiões do córtex. Essa velocidade de condução neuronal chega a ser de 10 a
15% mais lenta no idoso, o que talvez explique a maior tendência dos idosos em
sofrer quedas, certamente por apresentarem uma resposta motora mais lenta, e/
ou alterações nas respostas sensoriais.

Outras alterações que acometem no cérebro dos idosos incluem a


deposição de lipofuscina em células nervosas, acúmulo amieloide em células e
vasos sanguíneos, surgimento de placas senis e emaranhados neurofibrilares
(COELHO; GOBBI; COSTA, 2013).

As placas senis, também conhecidas como placas neuríticas, placas


dendríticas ou ainda placas amieloides, localizam-se na parte externa do neurônio
e parecem ter efeito neurotóxico, sendo comum em casos de demência.

52
Capítulo 2 ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS E CULTURAIS DO ENVELHECIMENTO

FIGURA 8 – PLACAS SENIS

FONTE: <http://anatpat.unicamp.br/bialzheimer.html>. Acesso em: 14 ago. 2020.

Os neurotransmissores são substâncias químicas produzidas pelas células


nervosas, que permitem a transmissão de impulsos nervosos. Com o processo
de envelhecimento, há uma redução na produção, liberação e metabolismos dos
neurotransmissores.

Em relação às alterações macroscópicas, podemos citar a diminuição do


encéfalo (1,4 - 1,7% por década) que se inicia a partir dos 25 anos de idade.
Em relação a sulcos e giros, nota-se um estreitamento dos giros e alargamento e
afundamento dos sulcos, além de uma hipotrofia mais marcante nos lobos frontal
e temporal, relacionados às funções de memória e aprendizado, e uma hipotrofia
menos acentuada no lobo occipital (FECHINE; TROMPIERI, 2012).

O artigo O processo de envelhecimento do sistema nervoso


e possíveis influências da atividade física é um material que
acrescentará muito aos seus estudos. Confira em: https://revistas.
apps.uepg.br/index.php/biologica/article/view/457.

53
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

FIGURA 9 – DIMINUIÇÃO DO ENCÉFALO

FONTE: <https://marcioantoniassi.wordpress.com/2014/05/02/diabetes-pode-causar-
atrofia-no-cerebro-diz-estudo/>. Acesso em: 14 ago. 2020.

A partir dos 65 anos, há diminuição na substância branca em regiões


anteriores do corpo caloso, sendo essa alteração relacionada à hipoperfusão.
Há também alargamento e aumento de volume dos ventrículos bilateralmente
e simetricamente, em especial nos cornos anteriores dos ventrículos laterais.
Além disso, há alterações nas meninges, com espessamento fibroso na área
parassagital, principalmente da aracnoide, e também aumento no volume de
liquor.

Com a redução do volume cerebral, há um aumento no espaço subdural e


subaracnoide. Já em relação ao cerebelo, há redução no tamanho e hipotrofia das
três camadas corticais, além de hipotrofia do tronco cerebral (FARINATTI, 2008).

É importante ressaltar que as alterações que acometem o sistema


nervoso de idosos são influenciadas por fatores intrínsecos e extrínsecos. Os
fatores intrínsecos envolvem sexo, alterações circulatórias, fatores genéticos,
metabólicos e radicais livres, já os fatores extrínsecos envolvem o meio ambiente,
sedentarismo, tabagismo, exposição à radiação, consumo de drogas, entre outros.
Além disso, essa degeneração é comum ao processo de envelhecimento e não
traz obrigatoriamente alterações que possam interferir de maneira significativa no
dia a dia dos idosos. Os comprometimentos mais severos só aparecem quando
essas alterações acontecem em uma proporção muito maior quando comparadas
ao envelhecimento fisiológico (SPIRDUSO, 2005).

Agora, vamos falar sobre o envelhecimento biológico cardiovascular. É alta


a incidência de doenças cardiovasculares em idosos, e isso faz com que haja
dificuldade no reconhecimento de mudanças características exclusivamente do
processo de envelhecimento.

54
Capítulo 2 ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS E CULTURAIS DO ENVELHECIMENTO

É importante saber que alguns fatores influenciam diretamente no processo


de envelhecimento desse sistema, levando uma maior propensão ao aparecimento
de patologias ou de formas de acelerar o quadro de degeneração. Tais fatores
incluem sedentarismo, fatores genéticos, diabetes e dislipidemias, que podem
ser precursores de patologias como hipertensão arterial, doença coronária,
insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral (AVC).

Já é sabido que o processo de envelhecimento gera elevação da


pressão arterial. Para ampliar seus conhecimentos a respeito deste
assunto, sugerimos a leitura deste artigo: https://www.researchgate.
net/profile/Romeu_Mendes/publication/5227507_Aging_and_blood_
pressure/links/0fcfd50e9d30dd3366000000.pdf.

A título de informação, o pericárdio não sofre alterações pelo processo de


envelhecimento. Mas, ele sofre um espessamento principalmente nas cavidades
esquerdas do coração, podendo também ter o aumento na taxa de gordura
epicárdica. No entanto, tais mudanças são causadas por um desgaste progressivo
natural.

FIGURA 10 – PERICÁRDIO

FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:3D_still_showing_the_pericardium_
layer.jpg>. Acesso em: 14 ago. 2020.

No endocárdio há espessamento, principalmente no lado esquerdo do


coração, com aumento no número de fibras colágenas e elásticas. Além disso, o
átrio esquerdo pode sofrer infiltração lipídica e esclerose. Já o miocárdio sofre as
alterações mais relevantes, havendo substituição de tecido muscular por tecido

55
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

fibroso, acúmulo de gordura nos átrios, septo interventricular e paredes dos


ventrículos, o que pode iniciar arritmias atriais (FECHINE; TROMPIERI, 2012).

Uma das alterações que acometem o miocárdio é conhecida como “atrofia


fosca ou parda”, que se caracteriza pela atrofia do miocárdio e acúmulo de
lipofuscina, um pigmento castanho que surge em diversas células do organismo,
principalmente em idosos, dando o aspecto fosco à região em que há acúmulo
(COELHO; GOBBI; COSTA, 2013).

Com o processo de envelhecimento pode também haver acúmulo de


substância mieloide, caracterizando a amiloidose senil, mais frequente após os
70 anos de idade, diretamente relacionada com maior incidência de insuficiência
cardíaca. Essa alteração pode ocorrer em áreas do nódulo sinoatrial, podendo
levar ao surgimento de arritmias atriais, disfunção atrial, e até mesmo bloqueio
atrioventricular.

As valvas cardíacas (Figura 11) são compostas principalmente por fibras


colágenas, estando sujeitas a grandes pressões. Com o passar dos anos ocorre
degeneração, espessamento e calcificação dessas estruturas. Tais alterações
acometem em algum grau quase todas as pessoas ao longo da vida, no entanto,
somente uma parcela irá desenvolver anormalidades a ponto de desencadear
manifestações clínica.

FIGURA 11 – VALVAS CARDÍACAS

FONTE: <https://brainly.com.br/tarefa/6714783>. Acesso em: 14 ago. 2020.

Inicialmente, pode ocorrer uma redução no conteúdo de mucopolissacarídeos


e aumento na concentração de lipídeos; posteriormente, espessamento e
esclerose discreta, fragmentação de fibras colágenas e formação de nódulos na
região de fechamento das cúspides.

56
Capítulo 2 ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS E CULTURAIS DO ENVELHECIMENTO

As valvas mitral e aórtica são as mais acometidas pelo envelhecimento, com


processos de calcificação e degeneração marcantes. Sendo que a calcificação da
valva mitral é a que mais se destaca e acomete os indivíduos, podendo levar a um
quadro de deformação ou deslocamento da cúspide, caracterizada por aumento
na espessura e concentração lipídica, calcificação e posterior degeneração
mucoide.

As manifestações clínicas desse quadro geralmente não implicam em


manifestações clínicas graves. No entanto, pode-se observar em alguns casos
um sopro sistólico na área mitral, apresentando insuficiência e/ou estenose
por disfunção valvar; condução de estímulos alterada; endocardite infecciosa e
presença de condições favoráveis à insuficiência cardíaca.

A degeneração mucoide ou mixomatosa, que acarreta no prolapso da valva


mitral, é caracterizado por deslocamento nos folhetos da valva mitral em direção
ao átrio esquerdo durante a sístole (contração ventricular), podendo ocorrer um
fluxo retrógrado do ventrículo esquerdo para o átrio esquerdo, ou seja, uma
regurgitação ou insuficiência da valva mitral. É uma patologia relativamente
comum, que normalmente não leva a problemas cardíacos graves.

De modo bastante semelhante ao que ocorre com a valva mitral, a


calcificação também é a alteração mais significativa que acomete a valva aórtica,
podendo se estender até o Feixe de His (Figura 12), que formam um conjunto de
células musculares cardíacas transmissoras de impulsos elétricos provenientes
do nodo atrioventricular. Podem também apresentar áreas fibróticas nas bordas
das cúspides, constituindo as Excrescências de Lambia.

FIGURA 12 – FEIXE DE HIS

FONTE: <http://engenhariaclinica1.blogspot.com/2014/07/eletrocardiografo-o-coracao-e-
um-orgao.html>. Acesso em: 14 ago. 2020
57
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

Em grande parte dos casos, esse processo de calcificação da valva aórtica


também acontece em artérias coronárias. Tais alterações estruturais normalmente
não levam a manifestações clínicas significativas.

O processo de envelhecimento leva a alterações no sistema de condução


com a diminuição de células do nó sinusal, podendo resultar em alterações no
nó átrio ventricular e Feixe de His. Tais alterações predispõem o aparecimento
de arritmias relacionadas ao nó sinusal, uma vez que o coração tem dificuldades
para manter uma frequência ideal às necessidades orgânicas.

A presença de fibrose, gordura e a redução de células no sistema de


condução pode ocasionar arritmia sinusal, como a fibrilação atrial. Distúrbios no
ritmo cardíaco podem ser desde benignos até bloqueios de ramos que acarretam
bloqueios nos átrios ventriculares, podendo levar a crise de Stroke-Adams,
caracterizada por episódios de desmaios acompanhados ou não de convulsões
(SPIRDUSO, 2005).

A aorta tem como principal alteração a arteriosclerose. Além disso, há uma


desorganização de fibras elásticas com o aumento de fibras colágenas não
distensíveis e deposição de cálcio, que levam ao aumento na rigidez da parede,
menor elasticidade e consequente aumento no calibre da aorta. Tais alterações
podem levar ao aumento na pressão sistólica e na pressão de pulso, podendo
acentuar o trabalho cardíaco. Pode também haver a insuficiência aórtica
isolada, caracterizada por dilatação da aorta e aumento no anel valvar. Além
disso, pode-se ter a amiloidose senil da aorta, podendo se desenvolver junto
com a arteriosclerose, ou com graus distintos de calcificação da parede aórtica
(COELHO; GOBBI; COSTA, 2013).

As artérias coronárias não sofrem alterações diferentes das já citadas –


como redução na capacidade elástica, rigidez entre outras –, e normalmente
não apresentam implicações clínicas significativas, a não ser pela presença de
arteriosclerose vascular.

O ritmo contrátil do miocárdio é diretamente influenciado pelo Sistema


Nervoso Simpático, em especial pela ação dos receptores beta-adrenérgicos,
que no idoso apresenta diminuição na eficácia sobre coração e vasos, ainda que
durante esforços os níveis de catecolaminas estejam aumentados.

A principal consequência causada por essa alteração na modulação beta-


adrenérgica sobre coração e vasos é observada durante a prática de exercícios,
sendo que com a progressão do processo de envelhecimento há um aumento
do débito cardíaco durante esforços físicos – dilatação cardíaca e aumento no
volume sistólico –, como um mecanismo compensatório. Além da diminuição da

58
Capítulo 2 ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS E CULTURAIS DO ENVELHECIMENTO

modulação beta-adrenérgica, há também a diminuição do efeito vasodilatador


dos agonistas beta-adrenérgicos sobre a aorta e vasos de maior calibre, e
também uma diminuição da resposta inotrópica e capacidade de resposta dos
barorreceptores às mudanças de posição.

O sistema respiratório sofre diversas alterações em sua anatomia e


funcionalidade em decorrência do processo de envelhecimento. Podem variar
no grau de comprometimento, que pode ser influenciado por fatores tais como
tabagismo, exposição à poluição, atividades profissionais de risco, histórico de
doenças pulmonares prévias ou ainda em associação com doenças crônico-
degenerativas.

Sugerimos a leitura do artigo Comparação da força muscular


respiratória entre idosos sedentários e ativos: estudo transversal. Ele
está disponível no link: http://ken.pucsp.br/kairos/article/view/11702.

O envelhecimento implica em alterações fisiológicas envolvendo


a musculatura respiratória e caixa torácica, trazendo problemas para o
funcionamento desse sistema de maneira satisfatória.

A principal alteração que acomete os pulmões é a diminuição na elasticidade


do tecido pulmonar, além da diminuição na elasticidade dos tecidos que envolvem
os alvéolos e dutos alveolares. Essa perda de elasticidade está ligada à alteração
estrutural que acontece nas fibras elásticas com o aumento na concentração de
colágeno tipo III (insolúvel) que apresenta pouca elasticidade (SPIRDUSO, 2005).

No “pulmão senil” como é chamado, as células mucociliares brônquicas se


encontram reduzidas e com baixa atividade, dificultando o clareamento das vias
aéreas e levando a uma maior propensão de infecções.

É importante ressaltar que a alteração na elasticidade do tecido pulmonar,


juntamente com as alterações anatômicas características do processo de
envelhecimento, levam a modificações importantes na biomecânica do pulmão,
como:

• perda da capacidade elástica do pulmão;


• aumento na complacência pulmonar;
• diminuição na difusão de oxigênio;

59
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

• obstrução de vias aéreas;


• diminuição nos fluxos expiratórios.

Pode haver enrijecimento da parede torácica, principalmente com a


presença de osteoporose e osteoartrite, diminuição na densidade mineral óssea,
achatamento das vertebras e discos intervertebrais, calcificação das cartilagens
costais e articulações costoesternais que, associado à perda na elasticidade
pulmonar, leva a uma diminuição na complacência do aparelho respiratório.

A musculatura respiratória, assim como todos os grupos musculares do


corpo,

FIGURA 13 – ESTRUTURAS RESPIRATÓRIAS: DIAFRAGMA

FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsculo_diafragma>. Acesso em: 14 ago.


2020.

A perda na massa e potência faz com que o músculo fadigue com mais
facilidade, principalmente quando submetido a maior demanda. Isso serve
também para a musculatura expiratória. Embora esse processo seja basicamente
ativo, em situações de tosse e espirro, a fraqueza dos intercostais pode repercutir
de maneira negativa, tornando essas manobras ineficientes. Além disso, a fadiga
precoce pode levar a uma maior incidência de falência respiratória.

A diminuição na resistência dos bronquíolos torna mais suscetível o


acontecimento de colapso expiratório. Além disso, a redução no número de

60
Capítulo 2 ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS E CULTURAIS DO ENVELHECIMENTO

alvéolos, devido rupturas e fusões, leva a uma diminuição da superfície respiratória


com aumento de volume residual e complacência pulmonar (FARINATTI, 2008).

Há uma redução na Capacidade Vital (CV) de cerca de 25 a 40%. A


diminuição do volume expiratório máximo ao primeiro segundo (VEMS) dependerá
do gênero e idade, e a Capacidade Vital Forçada (CVF) e o Volume Expiratório
Forçado no primeiro segundo (VEF1) também são alterados de acordo com a
idade, do mesmo jeito que a relação VEF1/CVF (Índice de Tiffenau). No entanto, a
diminuição da ventilação máxima voluntária (VMV) é a alteração mais acentuada.

As alterações nesses parâmetros ventilatórios fazem com que haja uma


dificuldade de oxigenação dos tecidos, levando a diminuição do débito cardíaco,
da massa muscular corpórea, além de alterações na dinâmica ventilação/perfusão
e do volume alveolar.

Sabe-se que idosos fisicamente ativos apresentam melhor capacidade


funcional em comparação com idosos sedentários, e que esse grupo ativo pode
retardar o aparecimento das alterações já citadas. Outro fator que tem grande
influência na capacidade funcional respiratória de idosos é a presença de
patologias como doenças cardiovasculares, deformações torácicas, doenças
osteoarticulares, lesões em SNC ou Periférico, além de cirurgias torácicas e
abdominais.

No quesito da função renal, os rins reduzem de tamanho e de peso, há


diminuição do número de néfrons (que são as menores unidades funcionais dos
rins). Os vasos e túbulos renais sofrem mudanças: a irrigação sanguínea diminui
e a filtração e depuração renais caem de 35% a 50%, ocasionando alterações na
capacidade de concentrar e diluir a urina.

Quanto à função digestiva, há diminuição da saliva e modificações na


motilidade da língua, palato e faringe. A contração do esôfago é afetada, podendo
prejudicar a progressão dos alimentos. As células que recobrem a mucosa do
estômago se alteram e se observa menor acidez e esvaziamento mais prolongado.
Os intestinos recebem menor fluxo sanguíneo e apresentam diminuição na
motilidade e na capacidade de absorção de água e de certos nutrientes.

Com o envelhecimento o peso é reduzido, chegando a diminuir cerca de 20%


aos 90 anos. Após os 30 anos, há perda diária de cerca de 50 a 10 mil neurônios,
e essas reduções são mais significativas em áreas responsáveis pela regulação
do equilíbrio do organismo (homeostase) como temperatura, pressão arterial e
frequência cardíaca. No sistema endócrino, observa-se redução na produção de
vários hormônios, entre eles: hormônio do crescimento; hormônio antidiurético,
que regula o equilíbrio da água corporal; melatonina, responsável pela regulação

61
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

do sono; hormônios sexuais tanto femininos quanto masculinos, cujas expressões


máximas são os fenômenos da menopausa na mulher e da andropausa no
homem; e hormônios que compõem o sistema renina-angiotensina-aldosterona,
que exercem papel muito relevante no controle da pressão arterial.

Agora, vamos falar de algumas alterações osteoarticulares e musculares.


Uma alteração importante é a diminuição da estatura e o aumento da cifose
torácica, o que chamamos de hipercifose torácica.

FIGURA 14 – POSTURA DO IDOSO

FONTE: <https://www.colegioweb.com.br/curiosidades/voce-lida-bem-com-sua-postura-
corporal.html>. Acesso em: 17 ago. 2020.

Uma alteração muscular muito importante é a sarcopenia. O termo sarcopenia


(do grego: sarx = carne + penia = perda) foi proposto por Irwin Rosenberg, em
1998, juntamente com uma definição operacional inicial baseada na análise da
quantidade de massa muscular, estabelecendo a sarcopenia como a perda maior
ou igual a dois desvios-padrão da média da população jovem, semelhantes ao
processo empregado em densitometria óssea (FECHINE; TROMPIERI, 2012).

No entanto, o conceito e as medidas de diagnóstico e rastreio de sarcopenia


evoluíram ao longo dos últimos 20 anos. O mais recente entendimento postula
que esta doença deva ser entendida como a desordem no sistema muscular que
leva a diminuição da força muscular, da qualidade e da quantidade da massa
muscular e, em casos de sarcopenia severa, comprometimento do desempenho
funcional (DENT et al., 2018; CRUZ-JENTOFT et al., 2019).

Na figura a seguir, observe a comparação entre um braço com musculatura


“normal” (à sua esquerda) e o com sarcopenia (à direita).

62
Capítulo 2 ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS E CULTURAIS DO ENVELHECIMENTO

FIGURA 15 – SARCOPENIA

FONTE: <https://www.franciscogomesdasilva.com.br/sarcopenia-2/>. Acesso em: 17 ago.


2020.

Em relação a etiologia e patogênese da sarcopenia, podemos destacar


alguns fatores importantes que contribuem para o desenvolvimento da doença,
são eles: diminuição da ingestão calórica e proteica, diminuição da atividade
física, modificações hormonais, aumento gradual e crônico da produção de
citocinas pró-inflamatórias, disfunção mitocondrial e apoptose, além da perda da
função neuromuscular.

A diminuição na quantidade de massa muscular por si só não consegue


explicar a diminuição na força e no desempenho funcional, uma vez que o
processo de envelhecimento usual pode levar a uma alteração na composição do
tecido muscular com progressivas perdas de fibras musculares, em especial fibras
do Tipo IIb e em função de alterações no padrão de atividade física na velhice,
levando ao desuso e à desnervação (FREITAS; PY, 2017).

O processo do envelhecimento pode levar à diminuição no número de


unidades motoras em função da morte de neurônios motores (desnervação)
e a reinervação dessas fibras por outro neurônio motor adjacente. Ainda
que o processo desnervação/reinervação possa não significar diminuição de
força muscular, a diminuição na taxa de ativação neuromuscular, comum no
envelhecimento, pode levar esse novo arranjo a demonstrar menor taxa de
produção de força em função do tempo, comprometendo e resposta eficaz em
ações que exijam velocidade e potência muscular (REBELATTO, 2013).

63
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

Indicamos a leitura do Consenso Europeu de Sarcopenia.


Infelizmente, temos apenas a versão em inglês. Disponível no link:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30312372/.

Em suma, com o avanço da idade ocorrem declínios fisiológicos cumulativos


nos diversos sistemas corporais caracterizados por alterações estruturais e
funcionais. Essas mudanças comprometem o desempenho de habilidades
motoras que podem interferir negativamente na qualidade de vida. Nesse contexto,
como consequência de uma população envelhecida, a educação e a promoção
em saúde para a prevenção e retardamento das fragilidades e doenças, assim
como a manutenção da autonomia e independência, são iniciativas que devem
ser ampliadas no âmbito mundial.

3 ASPECTOS PSICOSOCIAS,
COGNITIVOS E CULTURAIS DO
ENVELHECIMENTO HUMANO
Como já explorado, o processo de envelhecimento é caracterizado pelas
modificações biológicas e psicológicas acontecidas com todos humanos, que
limitam as condições de vida do indivíduo. Dessa forma, o entendimento sobre o
envelhecimento no aspecto psicossocial é de suma importância para podermos
entender este complexo processo.

O idoso não sofre apenas com as percas das capacidades funcionais


biologicamente e fisicamente falando, a velhice vem acompanhada de mudanças
psicológicas e sociais as quais resultam na dificuldade destes idosos a se
adaptarem a novos papéis sociais que levam à diminuição da autoestima, ao
isolamento social, solidão e depressão, i potencializando o declínio cognitivo
destes indivíduos.

64
Capítulo 1 O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

Sugerimos a leitura de um artigo que aborda a promoção do


desenvolvimento psicológico no envelhecimento. Acesse http://www.
revistas.unisinos.br/index.php/contextosclinicos/article/view/4571 e confira!

O estado psicológico dos idosos é diretamente influenciado pelo domínio


motor e, dessa forma, com a redução da força muscular proporcionada pelo
envelhecimento e a inaptidão da realização de atividades domésticas ocorrem
significantes prejuízos às interações sociais e psicológicas dos idosos.

Neste sentido, é possível relacionar a diminuição das funções cognitivas


do envelhecimento com desuso aliado ao isolamento social e as mudanças
psicológicas providas pelo envelhecimento com o surgimento de doenças
emocionais, como a depressão e a ansiedade.

A ansiedade e a depressão são os agravos psiquiátricos mais comuns


na velhice e estão associados à percepção de suporte social como negativo
ou insuficiente, ao menor grau de proximidade com outras pessoas e menor
satisfação com as relações sociais.

A presença de ansiedade e depressão nos idosos está associada ao


sofrimento psíquico e físico, decorrentes do agravamento de incapacidades e
doenças crônicas, perdas de entes queridos e papéis sociais, e ao histórico prévio
de transtornos psiquiátricos.

A idade avançada é um dos fatores que contribuem para o maior


desenvolvimento de sintomas depressivos. A manutenção dos aspectos
psicológicos auxilia na promoção da independência e autonomia do idoso, e a sua
estimulação pode prevenir ou até mesmo retardar o processo de degeneração do
cérebro.

Os idosos que permanecem ativos ao longo da vida apresentam inúmeros


ganhos para a saúde, beneficiando-se com melhoras no campo do bem-estar
psicológico e da qualidade de vida.

O envelhecimento social é responsável pela alteração do status do idoso,


alterando a relação desses indivíduos com as demais pessoas de sua comunidade,
sendo que essas alterações são relacionadas com a crise de identidade (ausência
do papel social causando baixa autoestima) (FREITAS; PY, 2017).

65
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

Outras alterações se destacam: mudanças de papéis (deixa de ser provedor


de sua família, sendo obrigado a aceitar novas missões), aposentadoria
(afastamento das atividades funcionais), perdas diversas (financeiras, de poder de
decisão e afetivas, com a morte de amigos e familiares) e diminuição dos contatos
sociais (ocasionada em virtude das outras alterações).

Vários estudiosos procuraram copilar em uma teoria as alterações


psicossociais do envelhecimento, até que Vern Bengtson reuniu, organizou e
classificou as teorias psicossociais em três gerações: a primeira, com foco no
indivíduo; a segunda e a terceira, mais direcionadas às estruturas macrossociais
(como as políticas públicas). Abordaremos as duas principais teorias psicossociais
do envelhecimento: a teoria do desengajamento social e a teoria da atividade.

FIGURA 16 – VERN BENGSTON

FONTE: <https://gero.usc.edu/2019/11/15/in-memoriam-vern-bengtson-professor-of-
gerontology-social-work-and-sociology/>. Acesso em: 17 ago. 2020.

A teoria do desengajamento social foi elaborada por Cumming e Henry e


preconiza que o idoso tem que se preparar para a morte, ou seja, enquanto o
indivíduo envelhece se afasta do relacionamento com a sociedade ao seu redor,
abandonando dos seus relacionamentos sociais, emprego, igreja, amigos e
famílias, de forma gradual.

Nesta teoria, o idoso deveria aceitar seu novo papel social sem compromisso
ou responsabilidade, e o envelhecimento seria um episódio acompanhado por
vários fatores psicológicos, sociais e econômicos (FREITAS; PY, 2017).

A teoria da atividade foi formulada por Havighurst e sugere o inverso da teoria


do desengajamento social, sendo assim, conforme o indivíduo de meia idade vai
envelhecendo, há uma necessidade de aumentar a interação com outras pessoas
para se manter ativo, por intermédio de programas de atividades física, lazer e
atividades sociais.

66
Capítulo 1 O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

FIGURA 17 – HAVIGHURST

FONTE: <https://alchetron.com/Robert-J-Havighurst>. Acesso em: 17 ago. 2020.

Surge, então, o termo envelhecimento bem-sucedido, aquele no qual o idoso


se manteria ativo, suportando as forças que dificultam a socialização. Assim, a
teoria da atividade preconiza que deverá ser encontrado um substituto para os
papéis sociais perdidos.

As teorias do envelhecimento psicossocial o do envelhecimento bem-


sucedido não tratam de um sinônimo de afastamento de doenças, e sim de
satisfação de vida, atuação social. Elas incluem o contentamento com o passado
e o presente, a felicidade, a interação social e convivência na sociedade.

As teorias psicossociais conceituam o envelhecimento como um processo


dinâmico que reflete o resultado do desenvolvimento individual ao longo da vida,
um aprendizado para o crescimento e o processo de aprender, utilizando as
experiências passadas para conseguir vivenciar o ambiente do presente.

O artigo Aspectos psicológicos e psicopatológicos do


envelhecimento é mais uma leitura indicada para adicionar
informações aos seus estudos! Acesse-a por meio deste link: http://
www.uel.br/seer/index.php/semexatas/article/view/5913.

67
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

O indivíduo na sociedade é definido como idoso a partir do momento em


que deixa o mercado de trabalho, ou seja, quando se aposenta e deixa de ser
economicamente ativo. A sociedade atribui aos aposentados o rótulo de inativos e
improdutivo.

Com a aposentadoria, muitas vezes se percebe um rompimento abrupto das


relações sociais com outras pessoas com as quais se conviveu durante vários
anos. Ocorre, ainda, uma diminuição salarial considerável e a falta de atividades
alternativas fora do ambiente laboral.

A aposentadoria é um rito de passagem para a velhice; ela acentua sua


vinculação à terceira idade em uma sociedade de consumo na qual apenas o
novo é cultuado como fonte da renovação, da posse e do desejo. Ela deixou de
ser um momento de descanso e recolhimento e se tornou um período de lazer e
atividade. Mais uma vez, nota-se o quanto a velhice é uma experiência complexa e
heterogênea, pois para alguns a aposentadoria pode significar o desengajamento
da vida social e, para outros, o começo de uma vida social prazerosa, composta
por lazer e atividades, podendo interferir na saúde mental e cognitiva do idoso
(FREITAS; PY, 2017).

Outro artigo que ampliará seus conhecimentos a respeito


desta temática é Constituição e significação de família para
idosos institucionalizados: uma visão histórico-cultural do
envelhecimento. Para conferir, acesse: https://www.redalyc.org/
pdf/4518/451844510014.pdf.

A senescência está associada a prejuízos na capacidade cognitiva decorrentes


de alterações estruturais e funcionais. A perda da capacidade cognitiva impacta
diretamente na independência e autonomia, e, consequentemente, na qualidade
de vida dos idosos. É importante estimular atividades que promovem a cognição
dos idosos,

É importante que você saiba o significado de cognição. O termo cognição


corresponde à faixa de funcionamento intelectual humano, incluindo atenção,
percepção, raciocínio, memória, tomada de decisões, solução de problemas e
formação de estruturas complexas do conhecimento.

68
Capítulo 1 O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

A dificuldade maior acerca do envelhecimento é o limite entre alterações


normais cognitivas e patogênicas. No entanto, o conhecimento dos diversos tipos
de demências, o avanço dos métodos de avaliação e as evidências científicas
permitiram o julgamento sobre o limite entre saúde e doença no idoso.

Em relação ao tempo, algumas habilidades cognitivas se modificam enquanto


outras permanecem inalteradas. As habilidades que sofrem declínio com a
idade, são: memória de trabalho, velocidade de habilidades visoespaciais e de
pensamento. As que se mantêm inalteradas, são: inteligência verbal, habilidade
de cálculo, atenção básica e a maioria das habilidades de linguagem.

As regiões que estão mais sensíveis às alterações do envelhecimento se


localizam no lobo frontal e, possivelmente, no lobo temporal médio. Além disso,
alterações dos órgãos dos sentidos como visão, audição, tato e olfato dificultam o
acesso às informações e o aprendizado.

A capacidade intelectual do idoso pode ser mantida sem dano cerebral até
os 80 anos. No entanto, o declínio cognitivo com o envelhecimento pode variar
quanto ao início e progressão, pois alguns fatores são dependentes, como:
educação, personalidade, saúde, nível intelectual global, capacidade mental
específica entre outros.

Alguns fatores influenciam o envelhecimento cognitivo, sendo eles: genéticos,


estado de saúde, instrução, atividade mental, conhecimento especializado,
personalidade, humor, treino cognitivo e o meio social e cultural.

O envelhecimento pode levar ao declínio no desempenho cognitivo como


a redução da atenção e da velocidade do processamento de informação. As
mudanças psicológicas com o envelhecimento resultam da dificuldade de
adaptações a novos papéis sociais, falta de motivação, baixa autoestima,
dificuldade de mudanças rápidas, perdas afetivas e orgânicas, somatização,
hipocondria e depressão.

O envelhecimento normal engloba um declínio gradual nas funções cognitivas


dependentes de processos neurológicos que se alteram com a idade. A boa avaliação
cognitiva permite uma diferenciação sindrômica entre depressão e demência em idosos,
por exemplo, o que proporciona dados para a organização de um protocolo racional e
de baixo custo para o atendimento da população em serviços de saúde pública.

Alterações características do envelhecimento promovem déficits cognitivos


observados comumente como naturais no envelhecimento. Dentre esses,
podemos destacar alterações de atenção, dificuldades de cálculo e esquecimento
de fatos recentes.

69
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

Várias vezes, só pode observar a perda se o idoso necessita mais de sua


memória que o comum; indivíduos com uma rotina estabelecida sem necessidade
de muita atividade intelectual, só perceberão quando a perda for mais pronunciada,
o que pode retardar o diagnóstico de um quadro mais grave (FREITAS; PY, 2017).

Várias causas podem levar à perda cognitiva, por exemplo: AVC,


alcoolismo, câncer, demências, encefalopatia metabólica, estado confusional
agudo, hipotireoidismo, infecção, trauma craniano e até mesmo utilização de
medicamentos como ansiolíticos, anticonvulsivantes, antidepressivos tricíclicos,
anti-histamínicos, antiparkinsonianos com ação anticolinérgica, antipsicóticos e
hipnóticos.

FIGURA 18 – ALCOOLISMO EM IDOSOS

FONTE: <https://www.saudegarantida.com.br/blog/wp-content/uploads/2015/08/
alcoolismo-idosos-parar-de-beber-inibimax.jpg>. Acesso em: 16 ago. 2020.

O sedentarismo é outro fator importante que pode contribuir para o


agravamento da perda cognitiva. O estilo de vida de idosos institucionalizados
geralmente cursa com a ausência de estímulos físicos e conversacionais,
causando uma aceleração do envelhecimento e um prejuízo à autoestima do
idoso, o que o desestimula ainda mais e determina um comprometimento ainda
maior em um círculo vicioso.

70
Capítulo 1 O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

FIGURA 19 – SEDENTARISMO EM IDOSOS

FONTE: <https://geriatriagoiania.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Sedentarismo-
aumenta-o-risco-de-quedas.jpg>. Acesso em: 16 ago. 2020.

Diversas pesquisas já foram realizadas para averiguar a influência do


exercício físico em idosos, todas elas chegando à conclusão de que é benéfico
para a longevidade, principalmente relacionado a autoestima e a qualidade de
vida.

Importante que você saiba a diferença entre atividade e exercício físico.


Atividade física é qualquer movimento corporal realizado pela musculatura
esquelética que resulte em gasto energético acima dos níveis de repouso. Já
o exercício físico é uma atividade física sistematizada, com objetivos a serem
alcançados. É uma atividade prescrita por um profissional especializado.

O exercício físico favorece comportamentos que promovem saúde, previne


doenças, melhora a qualidade de vida e ainda gera mudanças na percepção da
pessoa sobre sua saúde. Como consequência, existe um aumento do grau de
independência e integração social. Além disso, a atividade física diminui o risco
de várias doenças crônicas em idosos como a hipertensão arterial sistêmica,
a doença coronariana, o diabetes mellitus, algumas desordens metabólicas e
alterações emocionais (COELHO; GOBBI; COSTA, 2013).

71
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

FIGURA 20 – EXERCÍCIO FÍSICO PARA IDOSOS

FONTE: <http://www.medlogic.com.br/single-post/principais-beneficios-da-atividade-fisica-
na-terceira-idade>. Acesso em: 17 ago. 2020.

Do ponto de vista cognitivo, acredita-se que o exercício físico, em curto


prazo, melhore a função cognitiva por aumentar o fluxo sanguíneo, a oxigenação
e a nutrição cerebrais. Quando o exercício físico é realizado em longo prazo, os
efeitos de aumento do desempenho cardiorrespiratório promovem consequente
melhoras prolongadas na oxigenação cerebral, redução do LDL e a liberação de
fatores antioxidantes que auxiliam a retardar a perda cognitiva por lesão neuronal
(REBELATTO, 2013).

Doenças crônicas não transmissíveis (ou não degenerativas) são os fatores


que mais dificultam as atividades de vida diária, instrumentais ou não, em idosos.
Duas ou mais doenças podem aumentar em até cinco vezes a probabilidade de
dificuldades. Nos idosos, as doenças mais relatadas são hipertensão arterial
sistêmica, seguida por acidente vascular cerebral, cardiopatia, demência, doença
de Alzheimer, Parkinson e depressão. A prevalência dessas doenças está
diretamente ligada à perda cognitiva.

72
Capítulo 1 O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

FIGURA 21 – DOENÇA DE PARKINSON

<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sir_William_Richard_Gowers_Parkinson_
Disease_sketch_1886.jpg>. Acesso em: 17 ago. 2020.

Mesmo não fazendo parte da senescência, é importante destacar informações


sobre a Doença de Alzheimer, pois afeta bastante a cognição do idoso. A Doença
de Alzheimer é a causa mais comum de demência nos idosos se comparada aos
demais tipos de demência. A doença afeta cerca de 7% das pessoas com mais de
65 anos e aproximadamente 40% das pessoas com mais de 80 anos de idade.
Assim, a Doença de Alzheimer é um dos principais problemas de saúde pública
da sociedade.

A precisão dos diagnósticos clínicos de causas específicas de demência,


especialmente Doença de Alzheimer, tem melhorado nas duas últimas décadas.
Em 1970, o erro de diagnóstico era mais de 30%. Centros clínicos especializados
relatam, por meio da autópsia, a confirmação do diagnóstico clínico da doença em
mais de 90% dos casos.

A maioria dos pacientes com Alzheimer apresenta os primeiros sinais clínicos


em torno dos 70 anos, mas, às vezes, desenvolve-se na vida média (adulta).
Nesses casos, pode haver uma história familiar da doença. Em ambas as formas
da Doença de Alzheimer (esporádica e familiar), os pacientes apresentam
anormalidades de memória, de resolução de problemas, de linguagem, de cálculo,
de percepção visual-espacial, de julgamento e de comportamento. Alguns idosos
desenvolvem sintomas psicóticos, como alucinações e delírios.

Em todos os pacientes, as funções mentais e atividades da vida diária se


tornam prejudicadas progressivamente. Nos estágios finais, os enfermos estão
mudos, incontinentes e acamados, e acabam morrendo de outras doenças.

Voltando a falar sobre a senescência, o desempenho cognitivo sofre declínio


com a senescência. Alguns determinantes interferem na cognição e a idade é a
principal. No entanto, o sexo e a exposição a diversos fatores ambientais, como

73
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

níveis inferiores de renda e educação, sintomas de depressão, inatividade física e


alimentação também são fatores determinantes.

A prática de consumo de vegetais, frutas e peixes apresentam efeitos


positivos pela presença de nutrientes, antioxidantes e vitaminas. Por outro lado,
o impacto negativo na saúde cognitiva está associado ao consumo de carnes
gordas e fontes de ácidos graxos poli-insaturados.

Além disso, as alterações biopsicossociais acompanham o processo de


envelhecimento e, deste modo, inicia-se o decréscimo dos processos funcionais
e cognitivos. Ao envelhecer, o indivíduo relata dificuldade de memorizar fatos do
cotidiano e este declínio das funções cognitivas pode estar adjunto à idade e/ou
estilo de vida.

Algumas funções cognitivas são de suma importância, como: o tempo de


reação para uma resposta a um estímulo, memória de atenção – que planeja a
realização das atividades diárias –, e memória de curto prazo, aquela que recorda
informações recentes.

Já as capacidades verbais permanecem preservadas com o envelhecimento


normal. Porém, ao avançar da idade, observa-se que há uma dificuldade na
realização de atividades que relacionam a memória com a linguagem.

Sugerimos a leitura de um artigo que trata especificamente do declínio


da capacidade cognitiva no envelhecimento. Leia-o acessando: https://
www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-44462005000100017&script=sci_
arttext.

Os idosos que apresentam comorbidades de saúde ou dependência


necessitam de assistência integral para atender suas diversas necessidades.
Dessa maneira, a atividade física é capaz de promover inúmeros benefícios à
saúde, até mesmo nas funções cognitivas. Além disso, indivíduos praticantes de
exercícios físicos regulares apresentam menores riscos de serem acometidos por
desordens cognitivas em relação aos sedentários (FREITAS; PY, 2017).

74
Capítulo 1 O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

Diante dessa situação, cerca de 40% dos países desenvolvem políticas de


saúde mental como forma de estimular atitudes para promoção e prevenção do
comprometimento cognitivo, gerando condições de estilo de vida saudáveis.

O desenvolvimento de estudos sobre o envelhecimento proporcionou


alteração no paradigma do envelhecer psíquico. Durante o envelhecimento, não é
comum o aparecimento de mudanças na funcionalidade mental do idoso, ou seja,
os idosos saudáveis, sem limitações físicas, são produtivos.

A definição de quais e como as funções psíquicas se modificam ao longo


dos anos permitiu a consideração de que o idoso não seja tratado como um ser
limitado cognitivamente, mas que requer a adaptação de estímulos ambientais
para possuir funcionalidade comparável a dos adultos jovens.

O conhecimento sobre o envelhecimento neuropsicológico auxilia a


fundamentar as mudanças exigidas pela sociedade para que os idosos sejam
valorizados adequadamente em nosso meio. O termo cognição corresponde
à faixa de funcionamento intelectual humano incluindo atenção, formação de
estruturas complexas do conhecimento, memória, percepção, raciocínio, solução
de problemas e tomada de decisões.

A maior dificuldade acerca do envelhecimento é o limite entre alterações


cognitivas, patogênicas e normais. O desenvolvimento do conhecimento sobre os
diversos tipos de demências, o avanço dos métodos de neuroimagem e estudos
científicos apropriados permitiram o julgamento sobre o limite entre saúde e
doença no envelhecimento.

Algumas das habilidades cognitivas se alteram em relação ao tempo enquanto


outras permanecem inalteradas. O conhecimento da evolução neuropsicológica
favorece aferir se determinada função cognitiva prejudicada significa doença.

As repercussões funcionais do envelhecimento biológico do SNV, que


vimos no início deste material, são controversas e não afetam significativamente
as funções cognitivas. Como visto, as regiões mais sensíveis às alterações do
envelhecimento ficam no lobo frontal e, possivelmente, no lobo temporal medial.
As mudanças dos órgãos dos sentidos dificultam o acesso às informações e ao
aprendizado.

O lobo frontal não tem mudança na sua porção ventromedial, responsável


pela regulação do comportamento social e emocional. A porção dorsolateral da
região pré-frontal tem alterações funcionais e anatômicas mais proeminentes,
notadas em sua dificuldade aumentada na realização de tarefas dependentes da
função executiva e da memória laboral. Há mais comprometimento na atenção

75
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

e resgate das informações previamente estocadas, tarefas dependentes da


memória de trabalho e também a consolidação de informações recentes. Além
disso, não existe alteração da memória semântica.

Observam-se, clinicamente, lentidão no processamento cognitivo, redução


da atenção, maiores dificuldades no resgate das informações aprendidas e
diminuição da memória prospectiva e da memória contextual.

As informações estocadas não são afetadas, e sim a análise e comparação


das informações que chegam constantemente ao cérebro com as memórias
explícitas e implícitas estocadas no neo-córtex posterior.

Essas mudanças não trazem prejuízos significativos na execução das


tarefas do dia a dia, não promovem limitação das atividades, nem restrição da
participação na sociedade. A influência do tempo sobre a cognição amplifica
também as diferenças entre os sexos. Por exemplo: os homens mais velhos
apresentam mais facilidades nos cálculos matemáticos, enquanto as mulheres,
nas habilidades executivas.

O processo de atenção representa um grupo complexo de comportamentos,


em que o idoso pode selecionar informações e ignorar outras; mudar o foco da
atenção quando for necessário; dividir a atenção entre dois ou mais aspectos ao
mesmo tempo; e sustentar a concentração em uma informação por um período de
tempo.

A capacidade do idoso de dividir atenção entre diversos estímulos para


apreender uma situação é prejudicada extremamente. Outras funções da atenção
não se modificam com a senescência: função executiva (refere-se à capacidade
de resolução de problemas), planejamento, inibição de resposta, abstração e
processamento de informações.

As capacidades cristalizadas ou os conhecimentos adquiridos ao longo


do processo de socialização tendem a permanecer estáveis. As capacidades
fluidas que estão envolvidas na solução de novos problemas, tendem a diminuir
gradualmente. A velocidade na qual a informação é processada representa a
alteração mais evidente no envelhecimento.

A lentidão cognitiva influencia todas as outras funções e pode ser responsável


pelo déficit cognitivo na longevidade. A lentidão no processamento de informações
é notada em idosos quando apresentam dificuldade em compreender textos,
necessidade de explicações mais ricas e extensas de mais tempo para executar
cálculos.

76
Capítulo 1 O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

A presbiacusia prejudica a compreensão da fala, contudo, o déficit periférico


pode ser compensado pelas experiências e recursos cognitivos. A expressão
verbal e o vocabulário podem aumentar durante a vida toda. A linguagem
espontânea pode se tornar menos precisa e mais repetitiva durante a vida.

A capacidade dos longevos em reconhecer objetos, formas, dimensões e


distâncias não é prejudicada quando avaliada de forma simples. Os longevos,
quando avaliados em testes mais complexos, contudo, apresentam habilidades
visuoespaciais e visuoperceptivas menores de que às dos de jovens.

1 O processo de envelhecimento humano afeta todas as pessoas e


todos os órgão corporais. Um dos mais acometidos é o sistema
cardiovascular. Considerando as informações apresentadas
sobre o envelhecimento cardiovascular, analise as afirmativas a
seguir:

I- As valvas mitral e aórtica são as mais acometidas pelo


envelhecimento, com processos de calcificação e degeneração
marcantes.
II- A calcificação da valva mitral é a que mais se destaca e acomete
os indivíduos idosos.
III- Alterações da idade nas valvas geralmente não implicam em
manifestações clínicas graves.
IV- Pode-se observar em alguns casos um sopro sistólico na área
mitral, apresentando insuficiência e ou estenose por disfunção
valvar.

Está CORRETO o que se afirma em:


a) ( ) III e IV, apenas.
b) ( ) I, II e III, apenas.
c) ( ) I, II, III e IV.
d) ( ) II e IV, apenas
e) ( ) II e III, apenas.

2 O indivíduo na sociedade é definido como idoso a partir do


momento em que deixa o mercado de trabalho, ou seja, quando
se aposenta e deixa de ser economicamente ativo. A sociedade
atribui aos aposentados o rótulo de inativos e improdutivo.
Sobre envelhecimento e aposentadoria, assinale a alternativa
CORRETA:

77
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

a) ( ) Com a aposentadoria não se percebe um rompimento das


relações sociais com outras pessoas.
b) ( ) Com a aposentadoria ocorre aumento salarial considerável.
c) ( ) A aposentadoria é um rito de passagem para a velhice, ela
acentua sua vinculação a terceira idade.
d) ( ) Para todos os idosos, a aposentadoria é um momento de
descanso e recolhimento.
e) ( ) A aposentadoria é uma experiência complexa e homogênea
para todos.

3 A respeito do envelhecimento respiratório, analise as afirmativas a


seguir e assinale V para a(s) Verdadeira(s) e F para a(s) Falsa(s).

I- O envelhecimento implica em alterações fisiológicas envolvendo


a musculatura respiratória e caixa torácica.
II- A principal alteração que acomete os pulmões é a diminuição
na elasticidade do tecido pulmonar, e também diminuição na
elasticidade dos tecidos que envolvem os alvéolos e dutos
alveolares.
III- A perda de elasticidade pulmonar está ligada à alteração
estrutural que acontece nas fibras elásticas, com o aumento na
concentração de colágeno tipo III (insolúvel).
IV- As células mucociliares brônquicas encontram-se reduzidas e
com baixa atividade.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) F, V, F, V.
b) ( ) V, V, F, F.
c) ( ) V, V, V, V.
d) ( ) F, F, F, F.
e) ( ) V, V, F, V.

78
Capítulo 1 O ENVELHECIMENTO E A VELHICE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final do segundo capítulo da disciplina Temas Contemporâneos
sobre o Processo de Envelhecimento. Aprofundamos conhecimentos a respeito
das alterações biopsicossociais do envelhecimento humano.

Você estudou que o envelhecimento biológico é amplo e engloba muitas


alterações em todos os sistemas orgânicos corporais como o nervoso,
cardiovascular, respiratório e muscular, por exemplo.

No sistema nervoso há diversas alterações micro e macroscópicas que podem


ou não impactar na saúde do idoso. Geralmente, as alterações senescentes não
impactam significativamente, mas podem haver sinais e sintomas de alterações
cognitivas leves.

O sistema cardiovascular apresenta também alterações que podem impactar


no aumento da pressão arterial sistêmica do idoso, assim como na diminuição
da frequência cardíaca máxima e de repouso. Isso, além de outras respostas
das alterações, pode levar a um idoso mais fadigado e susceptível a doenças
cardiovasculares.

O sistema respiratório é impactado com alterações morfológicas e funcionais,


com consequente mudanças na força e função respiratória do idoso. Já no
sistema muscular, o que mais se percebe é uma diminuição de massa, força e
desempenho muscular com o decorrer da idade.

Por fim, você pode também estudar que o envelhecimento psicológico e


social é caracterizado por alterações de papeis sociais, comportamento, bem-
estar e qualidade de vida.

REFERÊNCIAS
COELHO, F. G. M; GOBBI, S.; COSTA, J. L. et al. Exercício físico no
envelhecimento saudável e patológico: da teoria à prática. Curitiba: Editora
CRV, 2013.

CRUZ-JENTOFT, A. J. et al. Sarcopenia: Revised European consensus on


definition and diagnosis. Age and Ageing, 48, p. 16-31, 2019.

DENT, M. et al. Principles underpinning the use of new methodologies in the risk
assessment of cosmetic ingredientes. Comput. Toxicol., 7, p. 20-26, 2018.

79
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

FARINATTI, P. C. T. V. Envelhecimento: promoção da saúde e exercício. São


Paulo: Manole, 2008.

FECHINE, B.R.A.; TROMPIERI, N. O processo de envelhecimento: as


principais alterações que acontecem com o idoso com o passar dos anos.
InterSciencePlace, v.1, n.7, p.106-133, 2012.

FREITAS, E.V.; PY, L. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2017.

REBELATTO, J. R. Fisioterapia geriátrica: a prática de assistência ao idoso. 2.


ed. São Paulo: Manole, 2013.

SPIRDUSO, W. W. Dimensões físicas do envelhecimento. São Paulo: Manole,


2005.

80
C APÍTULO 3
PROCESSOS ORGANIZATIVOS E A
CONSTRUÇÃO DE ATORES SOCIAIS
NA ÁREA GERONTOLÓGICA

A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

 conhecer as principais políticas públicas voltadas


aos direitos e deveres dos idosos;

 compreender o papel do idoso no mercado de trabalho;

 conhecer o idoso nas relações intergeracionais e na família atual;

 estudar o idoso no mercado de trabalho e enquanto


ser pertencente à família intergeracional.
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

82
Capítulo 3 PROCESSOS ORGANIZATIVOS E A CONSTRUÇÃO DE ATORES
SOCIAIS NA ÁREA GERONTOLÓGICA

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Pós-graduando, seja bem-vindo ao Capítulo 3 – Processos organizativos e a
construção de atores sociais na área gerontológica.

Lembre-se de que a gerontologia é uma ciência interdisciplinar e


multidisciplinar, que tem o objetivo de estudar o processo de envelhecimento
humano. É multidisciplinar, pois aborda questões físicas, funcionais, psicológicas,
fisiológicas, sociais, cognitivas, medicamentosas, espirituais e religiosas dentre
outras, do processo de envelhecimento. Diante disso, faz-se importante também
estudar o idoso em seu âmbito social e trabalhista.

Antes de estudar sobre o idoso no mercado de trabalho, será importante você


entender um pouco sobre legislação e políticas públicas voltadas ao atendimento
à pessoa idosa, como por exemplo a Política Nacional do Idoso e o Estatuto do
Idoso.

Neste capítulo você também terá a oportunidade de estudar sobre as políticas


de assistência social ao indivíduo idoso e a dependência e o cuidado familiar ao
idoso. Por fim, o foco será voltado ao idoso no ambiente e mercado de trabalho.

Tenha uma boa experiência acadêmica!

2 A LEGISLAÇÃO VOLTADA AO
ATENDIMENTO DA PESSOA IDOSA
O envelhecimento populacional brasileiro e o aumento da expectativa de vida
das pessoas são um desafio para a sociedade e para o setor público e indicam
novas perspectivas de vida. A cada ano, a maior parte dos idosos se mantém
em boas condições físicas e psicológicas, contribuindo progressivamente com a
sociedade e com a família.

Esse envelhecimento, porém, ocorre em meio a condições de vida ainda


muito desfavoráveis para uma grande parcela da população. Por exemplo,
rendimentos oriundos da aposentadoria dos idosos aumentam a renda da família
entre os mais ricos (ALCÂNTARA; CAMARANO; GIACOMIN, 2016).

A própria conceituação de idoso se apresenta com avanço em relação ao


oferecimento de mecanismos novos de representação social para as pessoas com
60 anos ou mais, entendida, agora, como atuante e dinâmica, com papéis novos

83
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

constituídos. Portanto, a pessoa idosa deve ser incluída de maneira qualificada


na sociedade, reiniciar um novo ciclo de trabalho e assumir papéis relevantes.
Atualmente, há um aumento no reconhecimento de que os idosos devem ter
condições de trabalhar o tempo que desejarem, devendo, portanto, terem seus
direitos reconhecidos e recompensados.

A Constituição Brasileira Federal de 1988 amparando o indivíduo idoso, foi


base para nortear a elaboração da Política Nacional do Idoso, em 1994, e do
Estatuto do Idoso, em 2003. Ambas são leis que asseguram e abrangem os
direitos da pessoa idosa (PINHEIRO; RIBEIRO, 2016).

FIGURA 1 – CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

FONTE: < https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/66/Constitui%C3%A7%C3%A3o_


Federal_%2832587331477%29.jpg>. Acesso em: 17 ago. 2020.

Sim, o envelhecimento é um direito cuja proteção é direito social. É dever do


Estado a garantia da proteção à vida e à saúde do idoso por meio da efetivação de
políticas públicas que possam permitir o envelhecimento saudável, com qualidade
e com dignidade. As garantias desses direitos são determinadas na legislação
com a criação do Estatuto do Idoso – Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003.

Este documento é considerado uma das maiores conquistas da população


idosa brasileira, por meio do qual os idosos passaram a ser reconhecidos como
pessoas portadoras de direitos específicos, passando a constituir um subsistema
na área do direito.

Vamos tratar do Estatuto do Idoso detalhadamente adiante, e neste momento


convidamos você a observar a evolução da legislação brasileira que culminou na
promulgação da Lei nº 10.741/2003, o conhecido Estatuto do Idoso. Assim, será
possível compreendermos como chegamos a um documento, que embora não
está aplicado em sua totalidade, representa uma conquista para esta parcela da
população.

84
Capítulo 3 PROCESSOS ORGANIZATIVOS E A CONSTRUÇÃO DE ATORES
SOCIAIS NA ÁREA GERONTOLÓGICA

3 A POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO


Apesar das grandes iniciativas do Governo Federal em prol dos idosos na
década de 1970, apenas em 1994 houve a instituição de uma política nacional
específica para esse grupo. Antes da criação dessa política, todas as ações do
governo brasileiro tinham caráter e objetivo de proteção e de caridade.

Foram criados benefícios não contributivos em 1970, por exemplo:


aposentadorias para os trabalhadores de áreas rurais e renda mensal vitalícia
para os idosos necessitados rurais e urbanos com mais de 70 anos e que não
recebiam benefício algum da Previdência Social (ALCÂNTARA; CAMARANO;
GIACOMIN, 2016).

Anos depois, em 1994, com a Lei nº 8.842/1994, foi estabelecida a Política


Nacional do Idoso, consequência das diversas reivindicações realizadas pela
sociedade nos anos 1970, e também o documento Políticas para a Terceira
Idade, produzido pela Associação Nacional de Gerontologia (anos 1990), que
estabeleceu uma gama de recomendações acerca das pessoas idosas.

A Política Nacional do Idoso foi criada com o objetivo de proteção dos


direitos dos idosos, em especial os sociais, promovendo melhores condições para
autonomia, promoção da integração e participação na sociedade.

Conforme o artigo 2º da Política Nacional do Idoso, considera-se idoso, para


os efeitos da lei, a pessoa maior de 60 anos de idade. E segundo o artigo 3º, essa
política é regida por alguns princípios (BRASIL, 1994, p. 1):

I- a família, a sociedade e o estado têm o dever de assegurar


ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua
participação na comunidade, defendendo sua dignidade,
bem-estar e o direito à vida; II- o processo de envelhecimento
diz respeito à sociedade em geral, devendo ser objeto de
conhecimento e informação para todos; III- o idoso não deve
sofrer discriminação de qualquer natureza; IV – o idoso deve ser
o principal agente e o destinatário das transformações a serem
efetivadas através desta política; V- as diferenças econômicas,
sociais, regionais e, particularmente, as contradições entre o
meio rural e o urbano do Brasil deverão ser observadas pelos
poderes públicos e pela sociedade em geral, na aplicação
desta lei.

O artigo 4º traz informações sobre diretrizes que constituem a Política,


sendo algumas:

85
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

• viabilizar formas alternativas de convívio, ocupação e participação do


idoso, proporcionando a integração às outras gerações de pessoas;
• promover a participação do idoso no projeto, por meio de suas
organizações representativas, além de implementar e avaliar programas,
planos, projetos e políticas a serem desenvolvidos;
• por meio de suas próprias famílias, priorizar o atendimento ao idoso, em
detrimento do atendimento por Instituição de Longa Permanência para
Idosos (ILPI). Com exceção de idosos que não possuam condições de
garantir sua sobrevivência.

Importante também que você conheça melhor o artigo 8º. Conforme esse
artigo, por intermédio do Ministério responsável pela assistência e promoção
social, é de responsabilidade da União:

• coordenar as ações que se relacionam com a Política Nacional do Idoso;


• criar, acompanhar e avaliar a Política Nacional do Idoso;
• promover as articulações intraministeriais e interministeriais que sejam
necessárias à implementação da Política Nacional do Idoso.

O capítulo IV, no artigo 10, que trata das ações do governo dispõe que, na
implementação da Política Nacional do Idoso são competências das entidades
públicas e órgãos, na área de assistência e promoção social (BRASIL, 1994, p. 1):

I- Prestar serviços e desenvolver ações voltadas para o


atendimento das necessidades básicas do idoso, mediante
a participação das famílias, da sociedade e de entidades
governamentais e não governamentais; II- Estimular a criação
de incentivos e de alternativas de atendimento ao idoso,
como centros de convivência, centros de cuidados diurnos,
casas-lares, oficinas abrigadas de trabalho, atendimentos
domiciliares e outros; III- Promover simpósios, seminários e
encontros específicos; IV- Planejar, coordenar, supervisionar
e financiar estudos, levantamentos, pesquisas e publicações
sobre a situação social do idoso; V - Promover a capacitação
de recursos para atendimento ao idoso.

Já na área de saúde:

• promover, nos diversos níveis de atendimento do Sistema Único de


Saúde (SUS), a assistência à saúde ao idoso;
• por meio de medidas profiláticas e programas, prevenir, promover,
recuperar e proteger a saúde do idoso;
• adotar e colocar em prática normas de funcionamento às instituições
geriátricas, fiscalizadas pelos gestores do SUS.

86
Capítulo 3 PROCESSOS ORGANIZATIVOS E A CONSTRUÇÃO DE ATORES
SOCIAIS NA ÁREA GERONTOLÓGICA

Na área do trabalho e previdência social:

• promover a garantia de mecanismos que possam impedir a discriminação


do idoso quanto a sua participação no setor público e privado e no
mercado de trabalho;
• dar prioridade ao atendimento do idoso nos benefícios previdenciários;
• criar e estimular a manutenção de programas que preparem o idoso
para a aposentadoria nos setores público e privado, com antecedência
mínima de dois anos antes do afastamento.

A Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, versa sobre a Política


Nacional do idoso e cria o Conselho Nacional do Idoso, assim como
dá outras providências. Por meio dessa Política, muito se evoluiu até
os dias de hoje no trabalho e no respeito com idosos, principalmente
em relação a alguns direitos. Confira em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/L8842.htm.

Muitos outros artigos compõem o último capítulo da Política Nacional do


Idoso, porém, não é nosso objetivo aqui apresentá-los em sua totalidade, mas,
reforçar a existência e a importância dessa Política histórica para o trabalho
com o idoso. Portanto, esse é um material de consulta para futuros trabalhos e
desenvolvimento de ações. Ele pode ser consultado e utilizado para estruturar
respostas às necessidades apresentadas por este grupo social.

4 O ESTATUTO DO IDOSO
É bastante grande o distanciamento entre a lei e a realidade dos idosos no
nosso país. Especialistas alertam para que se modifique essa situação, mas, para
isso, é necessário que esta seja reivindicada e discutida em todos os espaços
e áreas possíveis, pois somente com a constante mobilização da sociedade
será possível configurar um novo olhar sobre o processo de envelhecimento dos
brasileiros (PINHEIRO; RIBEIRO, 2016).

O Congresso Nacional aprovou o Estatuto do Idoso, conforme a Lei 10.741, de


1º de outubro de 2003. O Estatuto do Idoso foi elaborado com intensa participação
de entidades que objetivam defender os interesses sociais dos idosos. O estatuto

87
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

tem o objetivo de consolidar e regular os direitos à pessoa idosa, ou seja, aquela


com idade igual ou superior a 60 anos (VILAS-BOAS, 2015).

FIGURA 2 – ÁREAS DO ESTATUTO DO IDOSO

FONTE: Adaptado de Vilas-Boas (2015)

No Capítulo IV do Estatuto do Idoso há informações sobre o papel integral


do SUS na garantia da atenção à saúde da pessoa idosa, em todos os níveis de
atenção (primária, secundária e terciária). Especificamente, no Art. 15º:

É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por


intermédio do Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo-
lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e
contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção,
proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial
às doenças que afetam preferencialmente os idosos (BRASIL,
2013, p. 1).

O artigo 3º indica um dos principais direitos do idoso, que é ser assegurado


pela comunidade, sociedade, família e pelo poder público, com prioridade absoluta.
Este artigo também dispõe que é direito do idoso a efetivação do direito à vida,
à alimentação, à cultura, à saúde, à educação, ao lazer, ao esporte, à cidadania,
ao trabalho, à dignidade, à liberdade, à convivência familiar e comunitária e ao
respeito (PINHEIRO; RIBEIRO, 2016).

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Capítulo 3 PROCESSOS ORGANIZATIVOS E A CONSTRUÇÃO DE ATORES
SOCIAIS NA ÁREA GERONTOLÓGICA

Caro pós-graduando, você pode ler o Estatuto do Idoso


na íntegra. A Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, institui, no
primeiro artigo, o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos
assegurados às pessoas idosas (60 anos ou mais): http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm.

Nosso foco, dentre outros, é estudar as políticas públicas, principalmente


relacionadas com as questões sociais da população idosa. Portanto, muito do que
consta no estatuto você não encontrará aqui. Se desejar se aprofundar no tema, é
importante recorrer ao texto oficial na íntegra.

Com relação à previdência social, o Estatuto do Idoso estabelece que devem


ser realizadas pesquisas e estudos epidemiológicos com os segurados. Essas
pesquisas devem ser relacionadas aos agravos e as doenças mais prevalentes
na velhice, principalmente quanto aos impactos na família, na sociedade, no
indivíduo, no setor saúde e na previdência social.

O Estatuto também indica ações do Sistema Único de Assistência Social –


SUAS. Segundo o Estatuto, deve ser reconhecido o risco social da pessoa idosa
como um grande fator que determina a sua condição de saúde. Além disso, devem
ser elaborados inquéritos populacionais para levantar e estratificar as condições
de risco social da população idosa brasileira, assim como elaborar medidas para
abordagem da população idosa sob risco social (PINHEIRO; RIBEIRO, 2016).

5 OUTRAS LEGISLAÇÕES VOLTADAS


AO IDOSO
Além da Política Nacional do Idoso (1994), e do Estatuto do Idoso (2013),
algumas outras leis foram criadas e voltadas ao público idoso. Essas leis focam,
em sua maioria, nos direitos sociais das pessoas com 60 anos ou mais. Algumas,
para idosos com 65 anos ou mais. Veja algumas a seguir:

• A Lei do Atendimento Prioritário, nº 10.048, de 8 de novembro de 2000


- criada para dar prioridade de atendimento em supermercados, bancos,
lojas etc, às pessoas idosas, além de outras específicas.

89
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

• O decreto nº 5.109, de 17 de junho de 2004 - criado para dispor a


respeito da estruturação, composição, funcionamento e competências do
Conselho Nacional dos Direitos do Idoso.
• A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa - aprovada em 19
de outubro de 2006, pela Lei nº 2.528. Foi criada pela necessidade
que o setor de saúde possuía de uma política atualizada, totalmente
relacionada à saúde do idoso.
• O decreto nº 6.214, de 26 de setembro de 2007 - regulamentou o
benefício de prestação continuada da assistência social devido à pessoa
com deficiência e ao idoso.

FIGURA 3 – PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES VOLTADAS AO IDOSO

FONTE: O autor

Além dessas, outras muitas leis, decretos e portarias foram criados e


complementam as leis citadas e, principalmente, o Estatuto do Idoso, de 2003,
promovendo mais direitos à pessoa idosa.

A Lei nº 2.528, de 19 de outubro de 2006, trata da aprovação


da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, considerando a
necessidade de que o setor saúde disponha de uma política atualizada
relacionada à saúde do idoso, além de outras necessidades. Fique
por dentro, acessando: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
gm/2006/prt2528_19_10_2006.html.

90
Capítulo 3 PROCESSOS ORGANIZATIVOS E A CONSTRUÇÃO DE ATORES
SOCIAIS NA ÁREA GERONTOLÓGICA

6 POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS


À PESSOA IDOSA
Caro pós-graduando, é preciso refletirmos sobre as políticas públicas e a
forma como estas devem atender todos os cidadãos sem distinção de qualquer
natureza. Mas, antes de falarmos sobre as políticas públicas voltadas para os
idosos, vamos revisitar brevemente a história e retomar o porquê da necessidade
de estruturação de políticas públicas em uma sociedade.

Considerando Pereira (2008), a relação do Estado com as políticas sociais


vem sofrendo alterações a partir da industrialização, do crescimento das forças
produtivas, bem como da crescente ampliação da força política dos trabalhadores,
que passaram a exigir cada vez mais seus direitos. Sendo que esses se
materializaram em um modelo de proteção social.

“Este conceito, ao associar bem-estar à cidadania, expressou verdadeiramente


um padrão de regulação socioeconômico avesso ao paternalismo, passando a
ser visto como o início do Welfare State” (PEREIRA, 2008, p. 34). Ocorrendo,
desse modo, o fortalecimento do setor público, bem como o gerenciamento dos
sistemas de proteção social.

Com a Revolução Industrial do século XIX, observa-se o acirramento da luta


entre proletariado e burguesia, com a intensificação da exploração da mão de
obra, ampliando as expressões da questão social.

A questão social expressa as desigualdades que a sociedade vivencia e


cobra ações que atendam minimamente as necessidades apresentadas pelos
indivíduos e grupos sociais, o que nos mostra que é imperativo a implantação de
políticas sociais na perspectiva de uma ampla proteção ao cidadão (IAMAMOTO,
2004).

Nesse contexto, o Estado de Bem-Estar Social – Welfare State –, solidifica-


se ao implantar reformas e melhorias nas condições de vida dos trabalhadores e
da sociedade como um todo.

Esse foi um período de significativos gastos sociais e investimentos em


ações voltadas para o bem-estar da população. No entanto, os anos 70 trazem
um novo cenário: com a crise do capitalismo, os economistas e demais estudiosos
neoliberais apontam os investimentos do Welfare State como um dos pontos
principais de agravamento da crise.

91
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

Desse modo, os neoliberalistas começam a indicar o desmonte do Welfare


State como uma solução para contenção de gastos, pois “o ideário neoliberal traz
em seu discurso que os gastos com o social são um ônus para os cofres públicos,
negativando uma ação mais efetiva do Estado com as políticas sociais” (ALVES;
RODRIGUES; VILELA, 2013, p. 8).

Nesse contexto, as organizações sociais, o chamado terceiro setor, se


fortalecem, pois, o Estado transfere parte de suas responsabilidades com as
políticas sociais a este. No entanto, é preciso um trabalho conjunto entre Estado e
sociedade civil para responder eficazmente às expressões da questão social, cada
vez mais crescentes, pois as políticas públicas são “instrumentos ou um conjunto
de ações de intervenção do Estado na sociedade com o intuito de possibilitar o
alcance de certos resultados, impedir outros, ou ambas as coisas” (SEDESE,
2006, p. 37, apud ALVES; RODRIGUES; VILELA, 2013, p. 9).

É importante observarmos a atuação de profissionais da saúde e da área


social nessa mudança e construção histórica, pois incidirá diretamente sobre
as políticas públicas e as consequências da falta destas, como o agravamento
da questão social em suas mais diversas expressões: fome, desemprego,
prostituição, trabalho infantil, abandono, entre outras.

6.1 AS POLÍTICAS PÚBLICAS


BRASILEIRAS E OS IDOSOS
Com a Constituição Federal de 1988, o Brasil passou a se organizar para
responder a demandas específicas de cada grupo social, que até eram invisíveis
resguardando seus direitos com equidade e justiça social, pois “todos são iguais
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza [...]” (BRASIL, 1988, Art. 5). O
princípio da igualdade defendido aqui se baseia no tratamento desigual para que
todos possam ser atendidos em suas necessidades.

Sendo que aos idosos se aplica corretamente esta proposição de igualdades,


posto que, sua condição peculiar de desenvolvimento nem sempre o permite
acessar ou usufruir de forma igual aos demais bens e serviços disponibilizados
socialmente. Portanto, as políticas públicas estruturadas a partir de então,
consideraram tal contexto e aplicam regras e normas que possibilitam ao idoso
acessar os serviços, respeitando sua condição peculiar de desenvolvimento.

É de responsabilidade de cada setor da sociedade atender às demandas


de todos os cidadãos sem distinção, e neste rol os idosos estão enquadrados,

92
Capítulo 3 PROCESSOS ORGANIZATIVOS E A CONSTRUÇÃO DE ATORES
SOCIAIS NA ÁREA GERONTOLÓGICA

devendo os serviços relativos a estes atenderem suas necessidades de maneira


adequada e digna.

A participação social está presente na legislação brasileira desde a


Constituição Federal de 1988, que trata, no segundo capítulo, artigo 194, da
Seguridade Social, que o Brasil se deve basear em um democrático caráter,
descentralizado da gestão administrativa, contando com a participação da
comunidade, como os empresários, aposentados e trabalhadores. Logo, a
Constituição garante a participação do idoso na comunidade, apoiando o bem-
estar e a dignidade, assegurando a essa população mais velha o direito à vida.

Essa participação se materializa por meio das políticas públicas, e como


já vimos, a política pública pode ser considerada a somatória de atividades
governamentais que agem diretamente ou por meio de delegação, influenciando
a vida das pessoas e da sociedade. É o conjunto de iniciativas, decisões e ações
sucessivas do regime político diante de situações socialmente problemáticas,
buscando sempre a resolução.

Embora tenhamos legislações específicas, programas, projetos e serviços


voltados para essa parcela da população, por vezes, ainda desconhecemos
a capacidade das diferentes políticas públicas para tratar com as demandas
geradas a partir da população idosa. Desse modo, destacamos que as políticas
públicas como educação, esporte, cultura, lazer, trabalho, turismo, saúde,
assistência social entre outras áreas também desenvolvam ações voltadas para o
atendimento das demandas dos idosos.

Respeitando as especificidades que essa parcela da população demanda, as


políticas têm buscado se reinventar na perspectiva da inclusão e da estruturação
de serviços de qualidade que atendam às necessidades apresentadas por esse
grupo crescente na sociedade, os idosos.

Apenas uma política pública não dará respostas às necessidades da


população idosa; serão precisas articulações, ações integradas que envolvam
uma ou mais áreas para que ações concretas e efetivas se construam de maneira
articulada e integrada, contemplando o idoso em seus aspectos biopsicossocial e
garantindo um envelhecimento ativo e saudável.

Para aprofundarmos o olhar sobre as demandas dos idosos, destacamos


duas políticas públicas que os atendem: a Política de Saúde e de Assistência
Social. Optamos por essas duas políticas por serem, na atualidade, os maiores
espaços de atuação do assistente social, portanto, faz-se pertinente olharmos
para sua estruturação no atendimento aos idosos. Apresentaremos, na sequência
de maneira geral, o que cada uma destas duas políticas públicas desenvolve em

93
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

relação ao idoso, pois é esse conjunto articulado entre as políticas públicas em


parceria com outras áreas do conhecimento que irão responder às demandas da
população idosa.

6.2 PROGRAMAS SOCIAIS DE


ATENDIMENTO À PESSOA IDOSA
A saúde é uma política universal, ou seja, todos têm direito a ela
independentemente de renda ou qualquer outra distinção, e ao idoso se direcionam
programas e ações específicas para o atendimento de suas demandas. Esses
serviços estão propostos no Sistema Único de Saúde – SUS –, pois “o SUS
está inserido na Constituição, na legislação ordinária e em normas técnicas e
administrativas” (PAIM, 2018, p. 1724).

Portanto, é por meio desse Sistema que a Política Nacional do Idoso, o


Estatuto do Idoso e a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa – marcos
históricos e significativos no Brasil –, (OLIVEIRA, 2014), amparam-se para cobrar
e fiscalizar o atendimento digno ao idoso. Na sequência, vamos perpassar por
ações e serviços que o SUS disponibiliza aos idosos, pessoas acima de 60 anos
de idade.

Ao olharmos para o perfil epidemiológico do idoso, é possível observar que


este é um grupo vulnerável, sujeito a incidência maior de doenças, morbidades
e mortalidade. O Brasil, como signatário de protocolos internacionais para o
atendimento à pessoa idosa, tem respondido às demandas emergentes mediante
as diretrizes estruturadas pelo Ministério da Saúde. No entanto, é indispensável
a articulação com outras políticas públicas, pois a prevenção e o cuidado com o
idoso exigem ações integradas.

Nesse processo de integração chamamos destacamos as Instituições de


Longa Permanência para Idosos – ILPI –, que são trabalhadas em parceria entre
a política de saúde e a política de assistência social. São espaços de moradia
permanente ao idoso sem referenciais familiares, cujo comprometimento físico
não permite que residam sozinhos, as “[...] ILPI são instituições governamentais
ou não governamentais, de caráter residencial, destinadas ao domicílio coletivo
de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos [...]” (CAMARANO; KANSO,
2010, n.p.).

94
Capítulo 3 PROCESSOS ORGANIZATIVOS E A CONSTRUÇÃO DE ATORES
SOCIAIS NA ÁREA GERONTOLÓGICA

Esses espaços são de responsabilidade da política de assistência social, no


entanto a política de saúde mantém uma parceria desenvolvendo um trabalho e
acompanhamento bastante próximo, traçando ações, serviços e fiscalizando.

Destacamos esse serviço para demonstrar o quanto as ações integradas


entre as políticas públicas são necessárias e benéficas para o atendimento
das demandas populacionais. Muitos outros serviços para atender idosos são
disponibilizados pela Política de Saúde, e em 2006, com a publicação do Pacto
pela Saúde – Portaria nº 399 –, a saúde do idoso aparece como prioridade
(BRASIL, 2006b ). O documento possui informações em três dimensões: pela
defesa do SUS, pela vida e gestão.

Também em 2006 ocorre a atualização da Política Nacional da Saúde do


Idoso – Portaria n° 2.528. Essa atualização reconhece a população idosa como
portadora de especificidades que necessitam ser conhecidas para poder promover
a saúde. Por meio dessa atualização, buscou-se, também, garantir adequada e
digna atenção aos idosos (ALCÂNTARA; CAMARANO; GIACOMIN, 2016).

Com o objetivo de inserir os idosos de baixa renda na sociedade, no setor


público existem políticas públicas de assistência mais específicas por estados e
por municípios, que promovem o envelhecimento saudável e ativo. Pelo Brasil,
existem projetos públicos que objetivam estimular a participação social na velhice,
com foco no valor das experiências e potenciais decisões e escolhas, que são
fundamentais para o envelhecimento com qualidade (GIOVANELLA et al., 2012).

Outra política pública voltada ao idoso são as ações no contexto da


Estratégia de Saúde da Família (ESF), pela qual se destaca o trabalho de diversos
profissionais de saúde, com o objetivo de dar assistência a todos os membros
das famílias vinculadas à Unidade Básica de Saúde (UBS), levando em conta o
contexto social e familiar. A ESF atua nas mudanças físicas consideradas normais
da idade, mas também na precoce identificação de alterações patológicas, muito
comuns em idosos.

As campanhas nacionais de vacinação para idosos como, a da gripe, também


são excelentes exemplos da política pública de saúde. Muitas das mortes pela
gripe ocorrem com idosos, portanto, são indispensáveis a prevenção e o rápido
diagnóstico, diante do perigo de complicações graves.

95
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

FIGURA 4 – VACINAÇÃO PARA IDOSOS

FONTE: <http://blog.saude.mg.gov.br/2017/06/11/inclusao-idosos-tem-vacinacao-
garantida-pelo-sus/>. Acesso em: 17 ago. 2020.

O Ministério da Saúde é o responsável pela imunização gratuita de todas as


pessoas idosas. O início da campanha foi no ano 2000 e, desde então, os dados
demonstrando que os casos de mortes por gripe têm diminuído significativamente.

7 A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA
SOCIAL E O IDOSO
Todas as políticas públicas são necessárias para assegurar o bem-estar do
idoso, ofertando serviços e atendimentos especializados. Porém, vamos enfatizar
a Política de Assistência Social que se materializa por meio do Sistema Único da
Assistência Social – SUAS–, que organiza o atendimento ao cidadão de forma
articulada e sistematizada no Brasil todo.

Após a Constituição Federal de 1988, que consagrou o direito de todos os


cidadãos sem qualquer distinção e assegurou os direitos sociais em seu texto,
outras leis foram promulgadas, fazendo referências específicas a cada grupo
social.

A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS/1993) – que visa amparar e


incluir aqueles que estão à margem da sociedade e que sozinhos, sem o apoio
da família e/ou do Estado, não conseguem assegurar a sua sobrevivência –,
enquadra-se nesse rol de leis específicas. A LOAS/1993 trouxe em seu bojo o
caráter da proteção social acessível a toda a população brasileira, incluindo aqui
a pessoa idosa.

96
Capítulo 3 PROCESSOS ORGANIZATIVOS E A CONSTRUÇÃO DE ATORES
SOCIAIS NA ÁREA GERONTOLÓGICA

Na década seguinte, a Política Nacional de Assistência Social (PNAS/2004),


também apresenta em seu texto o cuidado com as demandas que envolvem a
pessoa idosa, destacando a garantia e a segurança de acolhida, sobrevivência
e de convívio e vivência familiar dos indivíduos, a partir do sistema de proteção
social que temos estabelecido no país, bem como o Benefício de Prestação
Continuada (BPC), Benefícios Eventuais, Centros de Convivência (ILPI e Casa
Lares).

Em 2011, o Sistema Único da Assistência Social – SUAS –, consolida-se com


a missão de regulamentar com “padrões de qualidade, critérios republicanos de
alocação de recursos, transparência e controle social e caminhar nessa direção, e
garantir desenvolvimento de oportunidades para todos” (SUAS, 2009, p. 8).

Podemos dizer que “o Sistema Único da Assistência Social é um capítulo


especial na história da política de Assistência Social por tantos motivos, sobretudo
porque é uma conquista de muitos para muitos” (SUAS, 2009, p. 10). Ele
materializa as possibilidades de realmente construirmos e acessarmos nossos
direitos como cidadãos em uma perspectiva de justiça social e equidade, que
a Política de Assistência Social oferecerá em sua rede de atendimento, seja na
Proteção Social Básica, mediante o Centro de Referência da Assistência Social –
CRAS –, ou na Proteção Social Especial no Centro de Referência Especializado
de Assistência Social – CREAS.

As ações da Política de Assistência Social são amplas e vão além do


atendimento específico ou emergencial. Essa política também atua na prevenção
em conjunto com outros serviços, e temos como exemplo o Serviço de Convivência
e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), voltados para os idosos visando a inclusão
social por meio do desenvolvimento de atividades culturais, esportivas, lúdicas e
recreativas.

8 IDOSO E DEPENDÊNCIA PESSOAL


Como visto anteriormente, o Brasil vem passando por transformações no
perfil demográfico e epidemiológico, resultando em um número elevado de idosos.
Essas mudanças se devem aos avanços no campo da medicina e à redução da
fertilidade, que, em conjunto, propiciam o aumento da expectativa de vida da
população.

97
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

FIGURA 5 – ENVELHECIMENTO POPULACIONAL

FONTE: <https://www.ecodebate.com.br/2018/08/31/o-envelhecimento-populacional-
segundo-as-novas-projecoes-do-ibge-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/>. Acesso em:
17 ago. 2020.

Porém, ao mesmo tempo em que o número de idosos na população aumenta,


a quantidade de pessoas dependentes de cuidado cresce também, visto que o
envelhecimento pode vir acompanhado de alterações patológicas da idade que
geram como consequência a dependência parcial ou total para cuidados básicos
da vida.

Diante disso, em 1999, foi estabelecida a Política Nacional de Saúde do


Idoso (PNSI), tendo como princípio que “a família, a sociedade e o Estado têm
o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua
participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e direito à
vida” (BRASIL, 2006b, p. 1), além de estabelecer o incentivo à capacitação de
cuidadores informais, com intuito de manter o idoso, sempre que possível, na
comunidade, junto à sua família, da forma mais digna e confortável possível.

Frente a essas transformações e à real necessidade de adequações, a


Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) foi aprovada pela Portaria n.
2.528, de outubro de 2006, tendo como objetivo principal o estímulo à autonomia
e à independência dos indivíduos idosos com 60 anos ou mais.

A necessidade de cuidado cursa toda a vida do indivíduo, no entanto, ao


assumir a longevidade como uma situação que representa progresso associado
ao aumento da expectativa de vida, devemos ressaltar que o estado de saúde
pode se modificar, necessitando de cuidados que podem variar de simples
a complexos, exigindo uma atenção domiciliar diferenciada e adaptações no
cotidiano da família.

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Capítulo 3 PROCESSOS ORGANIZATIVOS E A CONSTRUÇÃO DE ATORES
SOCIAIS NA ÁREA GERONTOLÓGICA

A crescente necessidade de cuidados que os idosos exigem com o avançar


da idade muitas vezes não conta com respaldo na família ou, por vezes, o idoso é
sozinho e chega em um momento de sua vida que não poderá mais permanecer
nessa situação, pois não será capaz de atender às suas necessidades básicas de
saúde e segurança.

Esse é o momento de procurar por espaços adequados à moradia.


Como vimos, as ILPI são espaços procurados pelos familiares que se veem
impossibilitados de cuidar de seus idosos e, muitas vezes, essa procura é feita
pelos próprios idosos.

FIGURA 6 – INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS

FONTE: <https://gerontounivali.wordpress.com/instituicao-de-longa-permanencia-para-
idosos/>. Acesso em: 17 ago. 2020.

A Política de Assistência Social em conjunto com a Política de Saúde são


responsáveis pela fiscalização e acompanhamento dos serviços nesses espaços.
Nos municípios, esses espaços podem pertencer às redes governamentais ou
serem organizações do terceiro setor ou, ainda, instituições privadas que recebem
de seus internos. Há casos em que o município ou o Estado firma convênio com as
instituições privadas e adquire vagas que serão disponibilizadas pela Assistência
Social.

O cuidar é amplo e engloba aspectos biopsicossociais, significa zelo, atenção,


carinho, indo muito além do cuidado físico. Questões emocionais, a história de
vida do indivíduo, suas crenças e sentimentos devem ser considerados, bem
como as particularidades de cada um que necessita do cuidado.

Portanto, os profissionais que atuam nos cuidados aos idosos precisam se


capacitar constantemente. Longe está o tempo em que era importante a formação
apenas da equipe técnica.

99
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

Nos dias atuais, compreendemos que independentemente da função que o


profissional exerce nos espaços de acolhimento e moradia, é preciso formação,
informação e conhecimentos. Realmente, esse idoso não precisa apenas dos
cuidados físicos; também deve contar com um olhar preciso sobre as suas
necessidades para que seu bem-estar seja assegurado.

Em função disso, temos visto progressivamente a oferta de formação para


cuidadores de idosos, que vão desde capacitações breves até especializações
que tratam de toda a trajetória da vida em sociedade em cada faixa etária,
privilegiando o idoso nesse contexto.

9 O PAPEL DA FAMÍLIA COM OS


IDOSOS
Os idosos têm vivido mais tempo e é justamente nessa fase da vida, a
velhice, que precisarão de apoio dos familiares e de toda a sociedade para, assim,
garantir o bem-estar e a qualidade de vida.

A família tem o dever de oferecer afeto ao idoso, intimidade, proteção


e identidade social. Uma das principais funções da família é a solidariedade
intergeracional. Porém, percebemos nas últimas décadas que os modelos de
família sofreram mudanças, tanto em sua estrutura quanto em sua dinâmica (o
que não vem a ser um problema), e isso pode impedir que os familiares possam
exercer o papel de cuidador. Por exemplo: um idoso que escolher não se casar
e/ou não ter filhos: em determinado momento de sua vida precisará recorrer ao
apoio de outros, seja um amigo, familiar ou mesmo uma instituição de longa
permanência.

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Capítulo 3 PROCESSOS ORGANIZATIVOS E A CONSTRUÇÃO DE ATORES
SOCIAIS NA ÁREA GERONTOLÓGICA

FIGURA 7 – IDOSOS COM SUA FAMÍLIA

FONTE: <https://pensamentoliquido.com.br/interacao-familiar-e-vital-para-o-bem-estar-do-
idoso/>. Acesso em: 18 ago. 2020.

Com a grande exigência do mercado de trabalho, que demanda cada vez


mais formação dos indivíduos, compromisso e mais tempo de dedicação às suas
tarefas laborais, a dinâmica da família e do cuidado se alterou.

É fato que essa alteração está em pauta desde a Revolução Industrial,


no século XIX, mas recentemente tem se mostrado mais severa. Com isso,
é necessária a estruturação de serviços públicos e privados que dê suporte às
demandas daqueles indivíduos os quais as famílias não conseguem mais suprir
no cotidiano.

Tanto as crianças quanto os idosos têm sido institucionalizados, tanto em


espaços abertos ou de longa permanência. Esses espaços buscam trabalhar
o lúdico em conjunto com outras ações, porém, é um substituto pobre para o
espaço familiar, que independentemente dos conflitos internos, é um ambiente
de relação intergeracional, que se organiza pelo carinho, amor, solidariedade e
confraternização.

Visando atender com qualidade a essa crescente demanda, principalmente


em relação à saúde emocional ao longo de toda a vida, as redes de apoio social
são necessárias e muito importantes. Veja a seguir algumas das mais importantes
funções das redes de apoio social para os idosos:

• criação de novos contatos sociais;


• fornecimento e recebimento de apoio emocional;
• obtenção da garantia de que os idosos são respeitados e valorizados;

101
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

• manutenção do sentimento de pertencimento à sociedade;


• fornecimento de suporte para idosos que sofreram perdas sociais e
físicas.

As redes de apoio social que são formadas por familiares podem abalar os
diversos efeitos estressantes nos idosos, já que elas oferecem suporte social na
forma de amor, preocupação e assistência. A integração social deve promover um
sentido de propósito e significado de vida dos idosos. A frequência e a intensidade
dos contatos sociais promovem bem-estar ao idoso.

Pessoas idosas que possuem mais contato com familiares e amigos


possivelmente viverão por mais tempo (FREITAS; PY, 2017). Porém, isso
dependerá da relação que o idoso tem com a família. Caso seja uma relação com
muitos conflitos, possivelmente a tendência é o declínio da expectativa de vida.

Na atualidade, quando a proximidade com a família tem se mostrado mais


instável em função das inúmeras tarefas que seus membros assumem, os
espaços de convivência têm se mostrado uma opção interessante aos idosos,
pois podem conviver com seus pares, retomar aspectos da vida que acreditavam
ter passado como o romance, a amizade, as brincadeiras coletivas, o aprendizado
e acesso às novas tecnologias disponíveis para a sociedade. Para alguns idosos,
tais espaços de convivência são uma possibilidade de revitalização de sua vida,
sentimentos, emoções, pois amparados por profissionais, podem explorar novas
possibilidades e assimilar novos conhecimentos.

Assim, ao contrário do que pensávamos há menos de 50 anos – que a


velhice era o final da vida, restava sentar e esperar a morte chegar –, estamos
presenciando reinvenção dessa etapa da vida, com pessoas sedentas por viver,
experimentar e construir novos caminhos. E as políticas públicas implementadas
têm relação com esse crescente desejo de construção e reconstrução, pois, por
meio dos serviços disponibilizados, os idosos podem buscar apoio, orientação,
amizade e organizar sua vida com qualidade.

10 O IDOSO NO MERCADO DE
TRABALHO
Com as novas organizações e articulações da vida em sociedade, o mercado
de trabalho deve se adaptar às demandas emergentes e incluir idosos em
diversas funções e atividades que até então não estavam disponíveis para esse
público. Anteriormente, ao se aposentar, o idoso deveria se retirar do mercado

102
Capítulo 3 PROCESSOS ORGANIZATIVOS E A CONSTRUÇÃO DE ATORES
SOCIAIS NA ÁREA GERONTOLÓGICA

integralmente. Porém, em função de diferentes fatores, está voltando ativamente


ao mercado ou mesmo atrasando a sua saída.

Pode parecer muito inusitado pensarmos em idosos no mercado de trabalho.


Para aonde vai o valor da aposentadoria? Por quais razões os idosos estão
procurando emprego? Temos que entender que, com uma aposentadoria de baixo
valor, a solidão que pode acompanhar a velhice e principalmente a falta de uma
atividade fixa, leva pessoas idosas a buscarem o mercado de trabalho cada vez,
seja para ocupar seu tempo, criar novos vínculos ou ajudar familiares com as
contas mensais.

Tudo isto vai muito além da questão econômica e política. Com os custos
de vida cada vez mais elevados, os idosos necessitam buscar fontes de renda
condizentes com a sua realidade. No mundo globalizado e capitalista em que
vivemos, as relações de trabalho que envolvem pessoas idosas constituem
um problema altamente relevante que precisa ser discutido e equacionado
amplamente para diminuir a vulnerabilidade, a discriminação e a exclusão social
e, assim, facilitar a sua reinserção e permanência no mercado de trabalho.

FIGURA 8 – IDOSO NO MERCADO DE TRABALHO

FONTE: < https://dcomercio.com.br/categoria/vida-e-estilo/idosos-estao-adiando-a-saida-


do-mercado-de-trabalho>. Acesso em: 18 ago. 2020.

Conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua


(PNAD Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2020),
os idosos ainda são o grupo com menor participação no mercado de trabalho.
Porém, esse percentual vem aumentando, passando de 5,9% em 2012 para 7,2%
em 2018. São 7,5 milhões de idosos na força de trabalho.

Percebe-se que aumenta a participação dos idosos no mercado de trabalho


enquanto diminui a da população mais jovem. Nos últimos cinco anos, a
quantidade dos trabalhadores com idade entre 18 a 24 anos diminuiu de 14,9%
para 12,5%, enquanto daqueles com 60 anos ou mais passou de 6,3% para 7,9%
(IBGE, 2020).

103
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

Temos de nos preocupar com a redução da força de trabalho, com a


diminuição da população jovem e em idade ativa. Pense, caro pós-graduando, que
teremos muitos idosos vivendo muito e poucas pessoas em idade de trabalhar.
Isso impactará na diminuição das receitas e gastos previdenciários, gastos com a
saúde e na diminuição da força de trabalho.

Faz-se necessário, então:

• capacitar a população idosa para reduzir sua saída do mercado e


aumentar o intervalo do que se considera a população em idade ativa;
• capacitar a empregabilidade desse trabalhador mais velho;
• capacitar melhores condições de saúde e de mobilidade urbana, redução
do preconceito e melhores condições de trabalho.

Perceba que cada vez mais os idosos querem ou precisam se manter no


mundo do trabalho, o que parece se distanciar do previsto em lei para pessoas
nessa faixa etária, pois, de forma geral, a sociedade espera que os idosos se
encaminhem para o afastamento do mundo laboral e entrem na aposentadoria.

Na realidade, essa aposentadoria nem sempre é suficiente para que


sobreviva, o que exige seu retorno ao mercado de trabalho em funções, por vezes,
que colocam sua vida e bem-estar em risco. É preciso atenção para esse retorno
ao mercado de trabalho com base nas políticas públicas, para que os direitos das
especificidades inerentes a essa faixa etária da população sejam respeitados.

Precisamos pensar e defender uma nova ideia, que possa instituir o


retorno do idoso ao mercado de trabalho, visto que ele pode sim contribuir
com as suas experiências adquiridas ao longo da vida e da vida ocupacional,
que assegurem sua saúde, qualidade de vida e direitos adquiridos. O trabalho
permite que o idoso esteja mais integrado com o mundo, possibilita a ele construir
e obter conhecimentos, desenvolver argumentos próprios para solução de seus
problemas diários, usar meios que estão disponíveis ao seu redor para cumprir
plenamente sua função como humano, fazendo com que tenha mais autonomia
ao planejar a sua aposentadoria.

Portanto, para a saída mais tardia do mercado de trabalho é necessário


garantir ao idoso bem-estar e qualidade de vida adequados a sua idade. Diante
disso, necessita-se da atenção do governo para o planejamento de políticas
específicas para o público idoso.

104
Capítulo 3 PROCESSOS ORGANIZATIVOS E A CONSTRUÇÃO DE ATORES
SOCIAIS NA ÁREA GERONTOLÓGICA

10.1 A PRESTAÇÃO CONTINUADA


PARA IDOSOS
Conforme a Lei Orgânica da Assistência Social n. 8.742, de 7 de dezembro
de 1993 (BRASIL, 1993), o Benefício de Prestação Continuada garante um salário
mínimo mensal à pessoa idosa com mais de 65 anos que não possui suficiente
renda para manter a si mesmo e à sua família. Isto está relatado na legislação.

Para ter o direito ao benefício, o idoso deve comprovar então a idade mínima
e a renda familiar. A renda por pessoa do grupo da família deve ser menor do
que a 1/4 do salário mínimo vigente no ano. Porém, essa renda será avaliada
considerando o salário do idoso beneficiário, mas também do cônjuge, ou
companheiro (a), dos irmãos solteiros, dos filhos, dos menores tutelados e dos
enteados solteiros, desde que residam na mesma casa do idoso.

E como é um benefício de assistência, o idoso não precisa ter contribuído


para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para ter direito a ele. Esse
benefício não deixa pensão por morte e não paga 13º salário ao idoso beneficiário.
Não é necessário o comparecimento presencial do idoso nas unidades do INSS,
já que o atendimento desse serviço é realizado a distância.

Têm direito ao benefício apenas os idosos brasileiros, naturalizados ou natos


ou; idosos de nacionalidade portuguesa, mas que consigam comprovar residência
fixa no Brasil; renda por pessoa do grupo familiar inferior a 1/4 de salário mínimo
do ano vigente.

10.2 O TRABALHADOR IDOSO – LEI


8.842/1994
Desde 1990, o Brasil direciona sua legislação relacionada à previdência social
para estimular ou impor a postergação da idade para se aposentar, principalmente
dos trabalhadores da iniciativa privada (ou seja, regime geral) regidos pela CLT
– a Consolidação das Leis do Trabalho. Isso ocorreu principalmente por meio de
duas reformas da Previdência Social:

• 1998: durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, no qual foi


criado o fator previdenciário;
• 2003: durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que relacionou
a reforma da aposentadoria no setor público, mesmo que diversas leis
tenham sido promulgadas com alterações mais relevantes no sistema de
repartição. 105
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

FIGURA 9 – FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Fernando_Henrique_Cardoso_(1999).
jpg>. Acesso em: 18 ago. 2020.

FIGURA 10 – LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

FONTE: <https://bit.ly/3oqOhep>. Acesso em: 18 ago. 2020.

Essas modificações foram exclusivamente orientadas por uma visão mais


fiscalista de perseguir o equilíbrio (ou desequilíbrio) das contas públicas. Esse
equilíbrio está ameaçado pela necessidade de alterar o padrão das transferências
de recursos, imposta pela mudança demográfica do país.

Durante os debates legislativos, em momento algum, levou-se em conta


a questão da empregabilidade do trabalhador acima dos 50 anos de idade.
Confirmou-se que, por si só, o crescimento econômico ofereceria emprego à
população e que a elegibilidade para a aposentadoria do idoso do futuro estaria
garantida.

106
Capítulo 3 PROCESSOS ORGANIZATIVOS E A CONSTRUÇÃO DE ATORES
SOCIAIS NA ÁREA GERONTOLÓGICA

O Brasil não se preocupou em envolver nesse esforço fiscalista as empresas


privadas, por meio de medidas que incentivassem à manutenção do emprego das
pessoas mais velhas, programas de preparação para a aposentadoria mais tardia
ou requalificação.

O resultado dessa atuação do país no campo da previdência resulta de


uma cognitiva dissonância entre o seu discurso oficial sobre a postergação da
aposentadoria e a realidade do mercado de trabalho, principalmente no que diz
respeito aos trabalhadores menos qualificados.

Apesar do rápido ritmo de envelhecimento populacional, desde a década


de 1990, tem-se observado a diminuição na proporcional participação de
idosos no mercado de trabalho, apesar de o crescimento da população idosa
economicamente ativa estar em um ritmo acima do da população economicamente
ativa como um todo.

A cobertura da previdência e o reajuste real do salário mínimo, desde 2003,


possibilitaram a inatividade e garantiram a aposentadoria como um direito. É
necessário investigar o papel do próprio mercado de trabalho na desistência
da vida laboral. Resta saber também se, nestes últimos anos, a população
economicamente ativa foi capaz de provocar algum efeito positivo para a
satisfação e a segurança do trabalhador idoso.

São duas as condições principais do idoso no mercado de trabalho:

• o idoso aposentado ainda em atividade;


• o idoso trabalhador por conta própria, ou seja, autônomo ou para o
próprio consumo, aposentado ou não.

No primeiro caso, as reformas previdenciárias não foram capazes de


alcançar seus objetivos e postergar a média de idade de aposentadoria. O
trabalhador do setor privado aceitou a redução de sua renda em decorrência de
uma aposentadoria considerada “precoce” pela própria legislação.

Sob pena de um suposto colapso nas contas da previdência, apesar do


esforço estatal para postergar a aposentadoria, a idade de aposentadoria no
Brasil ficou constante entre 1992 e 2010, menos pelo aumento da idade de quem
se aposenta por tempo de contribuição, a qual incide o fator previdenciário.

Isto significa que o impacto das reformas foi mais intenso sobre o trabalhador
do setor privado, visto que, em média, os homens se aposentam três anos mais
tarde que a idade mínima exigida, e as mulheres, quatro.

107
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

Em 2013, a média de idade de aposentadoria do brasileiro era de 54 anos.


Essa situação atua como causa e consequência da decisão de se aposentar ainda
em condições aptas para o trabalho. O custo de oportunidade tem peso relevante,
uma vez que a aposentadoria formal não significa saída efetiva do mercado.

O fato é que o trabalhador maduro ou o idoso aposentado é devolvido ao


mercado em situação trabalhista precária. Os profissionais mais velhos estão
dispostos a atuar em diversas condições de trabalho. A insinuação confirma
a vantagem da contratação do trabalhador idoso para as empresas, pois, se
aposentado, a tendência é o trabalhador aceitar uma vaga com baixas garantias
trabalhistas.

Além de o mercado demandar por mão de obra mais velha e em quantidade


abaixo da oferta suscitada pelo envelhecimento populacional, quando ele a
absorve, a tendência é fazê-lo em condições de precariedade. As empresas
justificam a negação em manter os trabalhadores maduros em seus quadros
apontando como causas a redução de produtividade ou o corte de custos de
produção.

Pós-graduando, sugerimos a leitura do artigo Os Desafios da


Inclusão do Idoso no Mercado de Trabalho, disponível neste link:
https://cdn.publisher.gn1.link/rbmt.org.br/pdf/v14n2a16.pdf.

Nas sociedades capitalistas do mundo globalizado, as relações de trabalho


envolvendo trabalhadores idosos constituem um relevante problema que precisa
ser amplamente discutido e equacionado, a fim de se diminuir a discriminação, a
vulnerabilidade e a exclusão social que tais indivíduos estão expostos, bem como
facilitar sua reinserção e permanência no mercado de trabalho.

Cada vez mais as pessoas idosas precisam ou querem se manter no mundo


do trabalho, situação que parece se distanciar do previsto para pessoas nessa
faixa etária, pois a sociedade, de forma geral, espera que elas se encaminhem
para a aposentadoria e para o afastamento do mundo laboral.

Essa perspectiva deveria permitir uma nova lógica, instituindo o retorno do


idoso ao mercado de trabalho, uma vez que ele pode contribuir com as suas
experiências adquiridas em anos de vivência e de vida laboral. O trabalho faz
com que a pessoa esteja mais integrada com o mundo, possibilitando ao indivíduo

108
Capítulo 3 PROCESSOS ORGANIZATIVOS E A CONSTRUÇÃO DE ATORES
SOCIAIS NA ÁREA GERONTOLÓGICA

obter e construir conhecimentos, desenvolver argumentos próprios para solução


de problemas diários, usando meios que estão disponíveis ao seu redor para
cumprir plenamente sua função de ser humano, podendo, com isso, ter maior
autonomia ao planejar o difícil seguimento para a aposentadoria.

Sendo assim, para uma saída mais tardia do mercado de trabalho, é


importante garantir ao trabalhador qualidade de vida adequada a sua idade.
Porém, para que isso ocorra, faz-se necessária atenção dos governantes para
uma gama de fatores, e o planejamento de políticas específicas para esse
segmento.

10.3 A MULHER NO MERCADO DE


TRABALHO
O processo de inserção da mulher no mercado de trabalho, é uma “revolução
incompleta”. Legislações mundo afora ainda são insuficientes para garantir a
igualdade de oportunidades e condições entre os sexos.

A diferença no tratamento é considerada a maior hipótese da causa do


envelhecimento populacional do planeta, pois é apontada como protagonista
na queda da taxa de fecundidade. O que interessa aqui é constatar, junto com
ampla literatura, que a regulamentação trabalhista brasileira e as leis de proteção
à pessoa idosa também foram incapazes de garantir à mão de obra feminina
com mais de 60 anos um nível de participação igualitária nas organizações
empresariais.

A situação de crise e desemprego, portanto, prejudica mais a mão de


obra feminina, por esta ser mais vulnerável à descontinuidade. No capitalismo
contemporâneo, os efeitos combinados da divisão social, sexual e internacional
do trabalho colocam a trabalhadora brasileira em desvantagem na concorrência
global de mão de obra. Numa mesma fábrica com unidades de produção na França
e no Brasil, enquanto as trabalhadoras europeias tinham direito à requalificação,
as brasileiras permaneciam sem treinamento.

Só o país pode atuar para garanti-lo, uma vez que acompanhar o avanço
tecnológico é impositivo para a permanência no mercado regido pela sociedade
do conhecimento. A questão de gênero deságua de maneira inquestionável na
fragilização da segunda metade da carreira e na saída precoce da vida ativa. A
divisão sexual do trabalho debilita as chances de a trabalhadora com mais de 60
anos estender sua vida laboral. A despeito de as mulheres serem beneficiadas

109
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

pelo acúmulo de pensão e aposentadoria – o que poderia explicar a sua menor


participação no mercado de trabalho na fase idosa –, e as características de todo
o seu ciclo laboral interferem em sua decisão de aposentadoria ou inatividade
(mesmo depois de aposentada).

O emprego formal para as mulheres cai já a partir dos 25 anos. Depois dos 55
anos, esta taxa estaciona em menos de 20% das trabalhadoras; de 45 a 49 anos,
somente 28% delas trabalham; e depois dos 60 anos, menos de 10% empregam-
se em regime de CLT.

Outro dado importante na trajetória da mão de obra feminina é que, a partir


dos 70 anos, o trabalho para consumo próprio atinge 45% do seu total. Mais
grave ainda: entre as mulheres, esse tipo de trabalho, que implica uma situação
de exclusão das empresas e de outros tipos de empregos formais, é ascendente
desde os 15 anos. Em outras palavras, em toda a vida laboral, esta é a única
ocupação sempre ascendente no universo feminino. Soma-se a este quadro a
importância do trabalho por conta própria, que alcança 20% das mulheres com
mais de 50 anos e 30% com mais de 60 anos.

Como consequências dessa desigualdade de gênero na sociedade em


envelhecimento, na qual o Estado impõe limitações às pensões em nome
do equilíbrio fiscal e as mulheres vivem mais tempo, essa assimetria agrava
o “equilíbrio instável” da economia contemporânea e empurra as taxas de
fecundidade para patamares ainda mais baixos, acentuando o processo de
envelhecimento populacional.

1 Sabemos que a família, a sociedade e o Estado têm o dever de


assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo
sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade,
bem-estar e direito à vida. Estas e outras ações fazem parte
das diversas leis que regem os direitos dos idosos. Assinale a
alternativa que indica o documento que traz essa legalidade
exposta anteriormente:

a) ( ) Estatuto do Idoso.
b) ( ) Política Nacional do Idoso.
c) ( ) RDC 283/2005 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
d) ( ) Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa.
e) ( ) Benefício da Prestação Continuada.

110
Capítulo 3 PROCESSOS ORGANIZATIVOS E A CONSTRUÇÃO DE ATORES
SOCIAIS NA ÁREA GERONTOLÓGICA

2 Conforme a Lei Orgânica da Assistência Social, o Benefício


de Prestação Continuada garante um salário mínimo mensal
à pessoa idosa com mais de 65 anos, e que não possui renda
suficiente para manter a si mesmo e a sua família. Para ter o
direito ao benefício, existem alguns critérios a serem atendidos.
Sobre esses critérios, analise as afirmativas a seguir:

I- Para ter o direito, o idoso deve comprovar a idade mínima de 65


anos.
II- Para ter o direito, o idoso deve comprovar a renda da família.
III- Para ter o direito, o idoso deve comprovar renda por pessoa do
grupo familiar inferior a 1/4 do salário mínimo vigente no ano.
IV- A renda familiar do idoso será avaliada considerando apenas o
salário do idoso beneficiário, e do cônjuge.

É CORRETO o que se afirma em:


a) ( ) I e II, apenas.
b) ( ) I, II e III, apenas.
c) ( ) III e IV, apenas.
d) ( ) II, III e IV, apenas.
e) ( ) I e III, apenas.

3 O processo de inserção da mulher no mercado de trabalho é


uma “revolução incompleta”. Legislações mundo afora ainda
são insuficientes para garantir a igualdade de oportunidades e
condições entre os sexos. Diante disso, analise as afirmativas a
seguir:

I- A diferença de tratamento entre homens e mulheres é considerada


a maior hipótese da causa do envelhecimento populacional do
planeta, pois é apontada como protagonista na queda da taxa de
fecundidade.
II- As leis de proteção à pessoa idosa foram incapazes de garantir
à mão de obra feminina com mais de 60 anos um nível de
participação igualitária nas organizações empresariais.
III- A situação de crise e desemprego prejudica mais a mão de obra
feminina, por esta ser mais vulnerável à descontinuidade.
IV- No capitalismo contemporâneo, os efeitos combinados da divisão
social, sexual e internacional do trabalho colocam a trabalhadora
brasileira em desvantagem na concorrência global de mão de
obra.

111
Temas Contemporâneos soBre o Processo de Envelhecimento

Estão CORRETAS apenas:


a) ( ) I e II.
b) ( ) I, III e IV.
c) ( ) I, II, III e IV.
d) ( ) II e III.
e) ( ) II e IV.

11 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final deste terceiro capítulo da disciplina de Temas
contemporâneos sobre o processo de envelhecimento humano. Nele, você
pôde entender um pouco do idoso na sociedade atual. Em específico, estudou
as principais políticas públicas relacionadas ao atendimento à população idosa,
principalmente as gerais e voltadas à assistência social.

Dentre essas políticas, não podemos nos esquecer da Política Nacional do


Idoso e do Estatuto do Idoso, consideradas até hoje um marco na história do
país no que diz respeito aos direitos da pessoa idosa. Somadas a esses direitos
existem políticas mais específicas, que permeiam o trabalho interdisciplinar de
diversos profissionais na promoção da saúde e do bem-estar dos idosos.

Após ler e discutir sobre todas essas informações, poder resgatar construções
históricas que resvalaram no tema do idoso, acreditamos que você adquiriu com
um novo olhar sobre este assunto. Isso é muito importante, pois você atuará
profissionalmente com essa parcela da população, portanto é mister compreender
a sua organização.

REFERÊNCIAS
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