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ISBN 978-85-8055-494-6
CDU 37.07
com cada grupo muitas vezes oferecendo o risco da nação, o público deve apoiar os
preferências distintas e, muitas vezes, con- alunos e ajudá-los a alcançar grandes ex-
flitantes. Os administradores e os membros pectativas e elevados desempenhos aca-
do conselho de educação, por exemplo, gos- dêmicos. Em outras palavras, a comissão
tam de salientar como o dinheiro é alocado fez um apelo por níveis mais elevados de
e como os professores são avaliados. Em eficiência, em especial o desempenho estu-
contraste, os professores preferem enfatizar dantil, e por responsabilização mais forte.
o ensino e a aprendizagem, argumentando Uma nação em risco provocaria uma ex-
que a eficiência está enraizada em métodos plosão de atividade de reformas em nível
instrucionais, climas de sala de aula positi- estadual. Na tentativa de seguir as reco-
vos e relações com e entre os alunos. Con- mendações da comissão, por exemplo, mui-
tribuintes e membros do conselho podem tos estados alteraram seus requisitos para
preferir medidas de resultados e eficiência a formatura no ensino médio, ampliaram
como desempenho acadêmico e custo por o dia escolar e o ano letivo, estabeleceram
aluno. Cameron (2005, p. 312) está prova- novos caminhos de carreira para profes-
velmente correto ao observar com certo sores, criaram testes de competência para
pessimismo: “O consenso sobre o melhor, formatura e instituíram diversos tipos de
ou suficiente, conjunto de indicadores da diplomas para reconhecer diferentes níveis
eficiência é impossível de se obter”. de desempenho estudantil. Essa explosão
Em suma, administradores escolares de atividade durante a década de 1980 tor-
enfrentam três desafios básicos: nou-se conhecida como a “primeira onda”
de reforma educacional. Durante o final
• Como desenvolver uma definição prá- da década de 1980, a substância do movi-
tica do que é eficiência. mento de reforma mudou (VINOVSKIS,
• Como lidar com definições sobre efi- 1999) e uma segunda onda de atividade de
ciência que estejam em constante mo- reformas começou. A National Governors’
vimento. Association e o então presidente George H.
• Como responder às várias partes inte- Bush fizeram uma reunião na Cúpula Edu-
ressadas que detêm múltiplas defini- cacional de Charlottesville, em 1989. O foco
ções de eficiência. da reforma deles foi o estabelecimento de
objetivos educacionais de âmbito nacional,
com o objetivo de melhorar o desempenho
estudantil por meio de ensino exemplar em
UMA BREVE HISTÓRIA escolas seguras e ordeiras. A participação
DA REFORMA dos pais e a aprendizagem duradoura tam-
bém se tornaram objetivos básicos.
Para o desespero dos administradores Embora a lei No Child Left Behind fos-
escolares, o relatório Uma nação em ris- se supostamente reautorizada em 2007, os
co (UNITED STATES DEPARTMENT OF planos de reforma escolar se modificaram
EDUCATION, 1983) constatou que os ní- com a eleição do Presidente Barack Obama.
veis de desempenho acadêmico nas esco- Em março de 2010, a administração de Oba-
las norte-americanas não eram competiti- ma lançou Um plano de reforma: a reautoriza-
vos internacionalmente. Jacob E. Adams e ção da lei dos ensinos fundamental e médio (A
Michael W. Kirst (1999) afirmam que a Na- blueprint for reform: the reauthorization of the
tional Commission on Excellence in Edu- elementary and secondary education act), para
cation expandiu a definição de excelência descrever uma visão sobre a reautorização
para as escolas e o público. Para reduzir da NCLB, que muitas vezes é chamada de
lei Race to the Top. Uma mudança impor- rosas intervenções nas escolas de pior
tante foi partir de um assim chamado sis- desempenho.
tema com base em punição para um que 4. Aumentar os padrões de exigência e pre-
premia um excelente crescimento de ensino miar a excelência: a lei Race to the Top
e dos alunos. O plano descrevia cinco prio- é uma série de subsídios competitivos
ridades (UNITED STATES DEPARTMENT para escolas que fornece incentivos
OF EDUCATION, 2010). para a excelência por meio de encorajar
os líderes locais e estaduais a cooperar
1. Alunos prontos para a faculdade e para a
em reformas, fazer escolhas difíceis e
carreira: independentemente de renda,
desenvolver planos globais para me-
raça, etnia ou linguagem de origem, ou
lhorar os resultados estudantis.
da situação de deficiência, cada aluno
5. Promover a melhoria contínua e a inova-
deve se graduar no ensino médio pron-
ção: além dos subsídios da Race to the
to para a faculdade ou uma carreira.
Top, um Fundo de Investimento na Ino-
Para cumprir esse objetivo, o plano
vação fornece aos líderes locais e sem
recomendava avaliações e subvenções de
fins lucrativos apoio para desenvolver
recuperação para melhorar as escolas.
e ampliar programas que têm demons-
O Ministro da Educação abriu mão da
trado sucesso, bem como para desco-
exigência de 100% de proficiência se
brir a próxima geração de soluções ino-
os estados adotassem seus próprios
vadoras.
programas de avaliação e responsabili-
zação e estivessem fazendo progressos Os esforços de reforma da década de
na preparação de formandos prontos 1980 realmente concentraram a atenção
para a faculdade ou para a carreira do público na aprendizagem acadêmica,
(DILLON, 2011). mas as novas políticas receberam fortes
2. Grandes professores e líderes em todas as críticas por serem fragmentadas e incoe-
escolas: a pesquisa é clara; professores rentes, por fazerem pouca coisa para alte-
com elevado desempenho fazem uma rar o conteúdo e os métodos de instrução,
diferença drástica no desempenho aca- por deixarem de envolver os professores e
dêmico. De fato, ter um professor ex- por ignorarem fatores diretamente relacio-
celente ano após ano reduz de modo nados com a aprendizagem e o desempe-
significativo as lacunas de desempenho nho (FUHRMAN; ELMORE; MASSELL,
(UNITED STATES DEPARTMENT OF 1993; SMITH; O’DAY, 1991; VINOVSKIS,
EDUCATION, 2010, p. 13). Para desen- 1999). Em reação a essas deficiências, uma
volver excelentes professores e líderes chamada terceira onda de reforma escolar
em todas as escolas, o plano propunha tornou-se firmemente estabelecida durante
um Fundo para o Aperfeiçoamento de a década de 1990. Conhecida como “refor-
Professores e Líderes, com subsídios ma sistêmica”, essa abordagem tentou unir
competitivos e novos caminhos para a as ondas de atividade anteriores com dois
preparação dos educadores. temas dominantes: mudança abrangente
3. Equidade e oportunidade para todos os de muitos elementos da escola simultanea-
alunos: todos os alunos devem ser in- mente e integrações de políticas e coerên-
cluídos em um sistema de responsabi- cia em torno de um conjunto de resultados
lização que ofereça apoio aos padrões claros (FUHRMAN; ELMORE; MASSELL,
de prontos para a faculdade e para a 1993). Sob o impulso da terceira onda de
carreira, forneça recompensas ao pro- reforma escolar, a concentração no desem-
gresso e ao sucesso e imponha rigo- penho escolar aumentou substancialmen-
vez disso definem os limites ou a capacida- cluem, para alunos: desempenho acadêmi-
de para os processos de transformação e os co, criatividade, autoconfiança, aspirações,
resultados de desempenho do sistema. Em expectativas, formatura e taxas de abando-
outras palavras, os critérios de entradas no; para professores: satisfação no trabalho,
têm forte influência na capacidade inicial absenteísmo e rotatividade; para adminis-
da escola e em seu potencial para desempe- tradores, satisfação no trabalho, orçamen-
nho eficiente. Até recentemente, os modelos tos equilibrados e comprometimento com
de acreditação escolar depositavam muita a escola; e para a sociedade, as percepções
ênfase em indicadores de entradas; ou seja, de eficiência escolar. De uma perspectiva de
boas escolas tinham altas porcentagens de resultados de desempenhos ou objetivos,
professores experientes com títulos avança- uma escola é eficiente se os resultados de
dos, pessoal de apoio abundante, salas de suas atividades atenderem ou excederem os
aula com menos alunos, grandes bibliotecas seus objetivos.
com muitos livros e lindos prédios moder- Porém, um fator muitas vezes negligen-
nos e bem equipados. Em resumo, a eficiên- ciado nos modelos de objetivos ou resulta-
cia das escolas era julgada com base nesses dos é que organizações complexas como as
indicadores. escolas têm objetivos múltiplos e conflitan-
tes (HALL, 2002). Na superfície, o objetivo
de almejar que os educadores mantenham
Resultados de desempenho ambientes seguros e ordeiros nas escolas é
A eficiência organizacional tem sido de- incompatível com o objetivo de desenvol-
finida em termos de grau de obtenção de ver os valores de confiança, lealdade gru-
objetivos. A exemplo da definição de obje- pal e respeito entre os alunos. Da mesma
tivos individuais no Capítulo 4, objetivos forma, a crescente ênfase em padrões de
organizacionais podem ser definidos sim- desempenho e testes de alto impacto entra
plesmente como os estados desejados que em confronto com manter a satisfação de
a organização procura alcançar. Os objeti- trabalho do educador, resultado que conti-
vos fornecem direção e motivação, além de nua a atrair substancial interesse. As lógicas
reduzir a incerteza para os participantes e de eficiência utilitária, humanitária e orga-
representar padrões para avaliar a organi- nizacional apoiam a importância da satisfa-
zação. Como Scott (2003, p. 352) postula: ção no trabalho como um componente da
“Objetivos são usados para avaliar as ati- eficiência organizacional (SPECTOR, 1997).
vidades organizacionais, bem como para Pelo menos parcialmente, a satisfação no
motivá-las e encaminhá-las”. Objetivos e trabalho é um indicador de bom tratamento
sua realização relativa são essenciais na e pode refletir até que ponto a organização
definição de critérios para a eficiência or- escolar está funcionando bem.
ganizacional. As escolas contribuem com muito mais
No atual ambiente de política de educa- do que apenas o desempenho acadêmico
ção, os objetivos são refletidos nos padrões dos alunos, e o foco em um resultado tão
para julgar a qualidade e a quantidade dos estreito deixa de levar em conta a vasta
resultados de desempenho que as escolas gama de coisas que compõem o desempe-
produzem. Os resultados de desempenho nho positivo da escola. Não obstante, cada
constituem a quantidade dos serviços e vez mais, muitos pais e outros cidadãos,
produtos para alunos, educadores e outros formuladores de políticas e estudiosos de-
constituintes da escola, bem como a quali- finem os resultados de desempenho dese-
dade de cada produto. De uma perspectiva jados para as escolas de modo estreito; eles
de sistema social, saídas importantes in- igualam a eficiência escolar com o nível de