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RESULTADOS DE APRENDIZAGEM
Por ora, este texto vai tratar dos componentes-chave para sua compreensão.
PARTICIPAÇÃO
NECESSIDADE DE INOVAR
EQUIDADE
1. Participação
Entendemos que a participação, além de indispensável ao exercício da democracia, permite que as decisões
sejam mais acertadas e produzam melhores resultados, se comparadas com decisões tomadas de forma
autocrática.
Um contexto participativo abre espaço para que posições contraditórias sejam colocadas lado a lado e possam
ser analisadas, permitindo que os diferentes atores assumam uma posição criativa, produtiva e colaborativa.
A gestão será melhor e mais sustentável à medida que for capaz de considerar diferentes perspectivas
no momento de pautar suas decisões – perspectivas que incluem especialmente os estudantes e aqueles
atores que participam de modo indireto dos processos escolares: as famílias e as comunidades.
2. Altas Expectativas
e Valorização
• Definir padrão de alto desempenho por acreditar no potencial dos estudantes e equipe escolar.
O modelo de gestão orientado para resultados exige um ambiente em que todos os atores das comunidades
escolares tenham altas expectativas em relação a seu próprio desempenho e ao desempenho dos outros.
Esse ambiente potencializa a gestão, pois gera clima de confiança e valor capaz de fazer cumprir metas
pactuadas e garantir a aprendizagem de qualidade a todos os estudantes. Isso exige a adoção de estratégias que
garantam a valorização dos atores e segmentos escolares para alcançarem suas conquistas.
Da mesma forma, a criação de uma cultura de altas expectativas nas escolas é uma estratégia poderosa para a
melhoriados resultadosde aprendizagem e para a equidade. Isso porque acreditar que todos os estudantes são
capazes de aprender e atingir os níveis previstos significa direcionar esforços para que todos sejam contemplados
e incluídos – independentemente de raça, gênero, origem social, orientação sexual ou deficiência.
3. Necessidade de
inovar
os territórios têm nome, história, singularidades, limites e potências implicados nos desafios e resultados de
aprendizagem buscados.
A concepção de gestão para resultados não propõe que se trate caso a caso– isso seria uma estratégia ingênua
e inviável –, mas que se considere a existência de peculiaridadesquepodemser trabalhadas de forma coordenada. Por
exemplo, em grandes cidades existem territórios igualmente marcados como áreas em constante conflito, nos
quaisumagestãocomprometida e qualificada não pode prescindir de considerar essa variável para garantir os direitos
de aprendizagem de todos.
Nessa perspectiva, propomos a adoção de padrões de funcionamento para atender grupos por semelhança como
estratégia para favorecer a contextos diversos de forma justa e democrática. No método proposto, com base no
modelo de gestão para resultados, tem-se o agrupamento e o tratamento diferenciado para escolas queselocalizamem
condiçõesde maior vulnerabilidade. Para esse grupo, faz-se um esforço ampliado no suporte e acompanhamento à
gestão escolar,tendoemvistacorrigiruma situação historicamente desigual e democratizar a rede. Para isso é necessário
produzir estruturas e modos de funcionamento que considerem as diferenças capazes de gerar oportunidades
iguais para todos.
4. Respeito a
contextos diversos
5. Equidade
Conforme já mencionado, a gestão orientada para resultados investe intensos e especiais esforços para as
situações e os grupos mais vulneráveis.
A gestão precisa ser capaz de implementar ações direcionadas para reduzir as condições reprodutoras de
desigualdade, com foco em equidade, em um ambiente orientado para resultados, definido pela eficiência dos
processos e pela efetividade da aprendizagem.
Assim, o modelo de Gestão Escolar para Resultados de Aprendizagem afirma os princípios da participação, o
respeito à diversidade, as altas expectativas, a necessidade de inovar e o compromisso com a equidade,
fundamento incontornável de transformação da realidade brasileira.
O que esse modelo defende é a possibilidade de trabalhar de forma articulada e simultânea todos esses
princípios e valores, colocando de modo assertivo e declarado a responsabilidade do MEC, das secretarias
estaduais, regionais e da escola, movendo todas as competências e ações necessárias para a superação das
desigualdades com dedicação à garantia do direito à aprendizagem de todos.
CONDIÇÕES DE
APRENDIZAGEM
Um exemplo das implicações que condicionam ou impactam as condições de aprendizagem pode ser verificado
no âmbito da política econômica. O aumento da renda da família brasileira (que, em muitos casos, também está
relacionado a políticas públicas específicas) amplia sua potência econômica para garantir o direito de todos os
estudantesà escolarização e à aprendizagem. Em cenários de pobreza e de vulnerabilidades
múltiplas, as famílias enfrentam a destituição de direitos sociais básicos. Nesses contextos de exclusão, a
garantia do direito à educação ganha contornos ainda mais complexos e dramáticos. As políticas sociais de
transferência de renda, ao estabelecer condicionantes, tentam justamente assegurar que o aumento do consumo
seja acompanhado de mais acesso aos direitos sociais fundamentais – entre eles, a educação.
Do ponto de vista da política educacional, o crescimento e desenvolvimento econômico, ao possibilitar o aumento das
arrecadações, ampliam os recursos que devem ser constitucionalmente direcionados à educação pública.
No modelo de gestão escolar proposto, partimos da premissa de que as condições de aprendizagem dependem
dos parâmetros das políticas econômica, social e educacional. O esforço é para que os gestores não
subestimem essas variáveis ou que deixem de problematizar suas relações (maiores ou menores) com a
capacidade das instituiçõespúblicasde trabalharem a serviço da aprendizagemde todos. Em meio a essa ampla e
complexa problemática, é preciso ter foco para conferir sentido ao trabalho que se realiza, por meio de duas
acepções: direção e pertencimento. O foco aqui é o de compreender e dar visibilidade para a incidência da gestão
escolar sobre essas condições, otimizando a capacidadede a escolagarantiras aprendizagens.
No âmbito da escola, a aprendizagem também depende de condições relativas aos recursos humanos,
práticas pedagógicas, infraestrutura e orçamento, além do contexto sociofamiliar, econômico e etário e da
participação da comunidade, incluindo os jovens. Como vimos, compreender a condição juvenil na
contemporaneidade é um desafio para a educação, poisé um primeiro passo para entender o que motiva os jovens
a permanecer na escola.
Assim, o modelo de gestão para resultados apresenta uma lógica baseada em evidências, para que a gestão
escolar consiga harmonizar múltiplas variáveis em seu contexto, orquestrando os usos dos recursos disponíveis
sem paralisar diante das restrições e colocando a aprendizagem como o centro de todas as decisões.
HUMANOS
Nesse modelo, investimos para que a gestão dos recursos, responsabilidade do gestor, seja realizada em conjunto
com as famílias e os vários atores da comunidade escolar, de modo a compartilhar as restrições e os desafios
que possam existir.
Embora a primeira consideração possa levar à necessidade de obtenção de mais recursos, é preciso refletir
sobre como os recursos existentes estão sendo usados.
Talvez deva-se partir da seguinte questão: como usar melhor os recursos disponíveis a serviço da
aprendizagem? Pode ser que, por prudência, usar bem os recursos seja necessário para que se justifique ter mais
fundosparacontinuara fazer bem o que se faz, sempre a serviço da aprendizagem.
Dada a heterogeneidade dos estados e das escolas no país, sem uma gestão consistente e focada no
enfrentamento de padrõesde desigualdade e na garantia da aprendizagem, tal como o modelo propõe, é possível
que a dinâmica educacional de exclusão continue a se repetir. Uma dinâmica pode fazer uma escola em uma área
de conflito na periferia urbana, por exemplo, ter menos probabilidade de garantir o direito à aprendizagem, se
comparada a uma escola que está em uma área pacificada e com maior acesso a direitos sociais. As escolas
rurais com seus possíveis desafios estruturais podem ser outro exemplo.
Nesse sentido, a gestão é necessária para garantir o direito à aprendizagem, sobretudo no contexto de
desigualdade estrutural em que vivemos no Brasil. Assim, o modelo de Gestão Escolar para Resultados de
Aprendizagem visa garantirque os gestores possam atuar focados e determinados para democratizar o sistema
de ensinoe reduzir as desigualdades potenciais. Para tanto, é imprescindível a tarefa de voltarmos a atenção da gestão
paraa aprendizagemde todosos estudantes.
Porém, para obter resultados de aprendizagem, todos os diferentes atores da comunidade escolar devem estar a
serviço da gestão pedagógica. Nesse ideal, os estudantes estão presentes, motivados; todos aprendem, pensam
e constroem expectativas positivas para o próprio futuro; os professores realizam boas práticas de ensino e
aprendizagem; os gestores conduzem saberes no campo estratégico e cotidiano de modo a diminuir as
desigualdades.
Gestão Pedagógica
(Ensino e
Gestão de Pessoas Gestão Físico- Gestão Relacional
Aprendizagem)
Financeiro
• Alunos não faltam • Há professores • Infraestrutura • Relação entre a
equipe escolar
• Aprendem • Eles não faltam • Biblioteca
• Da equipe escolar
• Estão motivados • Bem formados e • Quadra
com os
preparados
• Pensam no • Laboratório estudantes
projeto de vida • Motivados
• Merenda • Com os pais/mães
• Professores usam • Quadro de
• Transporte • Com a Seme
boas práticas e funcionaários
bons materiais completo • Recursos • Com a
para ensinar financeiros Comunidade
• Altas expectativas • Prestação de
contas
Além da gestão pedagógica, há outros três importantes processos de rotina da gestão escolar: gestão de pessoas,
físico-financeira e relacional. Em uma escola que funciona bem, esses processos atuam em sinergia para a garantia
da aprendizagem.
Assim, a escola precisa ter uma equipe preparada e engajada; deve contar com um espaço saudável, seguro e
acolhedor, que mobilize e potencialize a aprendizagem; ter controle, eficácia e transparência no uso dos recursos
financeiros; manter relações pautadas pelos princípios democráticos e inclusivos, pela ética que sustenta a
participação na vida pública e a preocupação consigo, com o outro e com o bem comum.
A gestão escolar por vezes não age com assertividade, e procura, em meio a tantas demandas, fazer tudo
simultaneamente. Nessa lógica, com frequência o foco central das ações está na escola, não no estudante e na
aprendizagem.
Para que isso não aconteça, o modelo de Gestão Escolar para Resultados de Aprendizagem contribui no
sentido de estabelecer a melhor forma de gerir as rotinas, criando condições capazes de concretizar e garantir a
passagem entre o fazer e o realizar, em direção a uma escola que funcione bem e que gere resultados efetivos, com
o direito à aprendizagem no centro do processo.
Não há direito à aprendizagem em uma sociedade tão desigual como a brasileira se a gestão não se incumbir da
democratização e do enfrentamento dos padrões de desigualdade. A qualificação dos processos de gestão é uma das
condições para a garantia desse direito.
Em uma gestão escolar orientada para resultados de aprendizagem, os processos que compõem a gestão nas
escolas não são igualmente relevantes. De acordo com essa concepção, todos os processos de rotinas de
gestão de pessoas, físico-financeira e relacional estão a serviço das rotinas pedagógicas, isto é, dos resultados de
aprendizagem.
APRENDIZAGEM
GESTÃO PEDAGÓGICA
(ENSINO E APRENDIZAGEM)
Os professores são o “coração” das rotinas pedagógicas. No entanto, sem o aporte qualificado dos gestores
escolares e coordenadores, certamente os educadores terão dificuldades para atuar com qualidade. A gestão
escolar, nesse sentido, precisa garantir os espaços de formação continuada e a priorização incessante do
processo educativo para resultados de aprendizagem.
A responsabilização da escola e a priorização das ações
atendem a um compromisso profissional e ético que
afirma: é preciso colocar a aprendizagem como meta
principal de todas as rotinas escolares. Uma afirmação
relativamente consensual, mas que só será efetiva
quando o estudante estiver no centro do processo de
decisão e da gestão da escola.
Tendo em vista esse pressuposto, priorizar ações a serviço dos resultados de aprendizagem demanda estudo
e apropriação de repertórios técnicos qualificados que possam sustentar e indicar os melhores caminhos ou
métodos.
O método de gestão escolar para resultados de aprendizagem foi inspirado em um referencial consagrado de
gerenciamento denominado ciclo plan, do, check, act (PDCA). O pressuposto fundamental é a integração e a
simultaneidade dos processos e das ferramentas de gestão implementadas de forma sistemática: planejamento;
execução das ações; monitoramento e avaliação de resultados; correção de rotas. Assim, são previstos
contínuos controles e melhoria de processos.
Como veremos, com a implementação dessemétodo, o desafio da gestão é produzir um bom diagnóstico, elaborar
planejamento circunscrito à realidade local, sustentado em dados e informações relevantes, agir conforme
planos e metas, monitorar as ações e corrigir rotas. O método considera determinado intervalo de tempo,
orientado e legitimado não apenas por avaliações externas de larga escala, mas por avaliações processuais e
contínuas das rotinas pedagógicas realizadas por professores e estudantes no diálogo com os gestores
escolares.
Esse percurso, quando incorporado à rotina da escola, permite a reflexão/açãopara a correção de rotas e a
superação das restriçõese adversidades em busca de melhores resultados de aprendizagem.
Cabe à gestão compreender e assumir uma dimensão técnica e qualificada com o compromisso de
transformaçãoda escola,visando a melhoria dos resultados da aprendizagem,com equidade.
Não se pode subestimar a complexidade de atores envolvidos em uma agenda de transformação da educação
brasileira. Então, qual a responsabilidade dos atores da comunidade escolar e do sistema de ensino nesse
modelo?
A base é a escola e o centro é o estudante. Todavia, de acordo com o MEC, existe uma rede de interações em
distintas escalas – micro (escola), meso (redes de ensino) e macro – que deve ser considerada.
MEC
REDE DE EDUCAÇÃO
ESCOLA
A escola necessita de padrões de funcionamento para conseguir democratizar e inovar. Do macro para o micro, os
padrões do sistema e os parâmetros de regulação são essenciais para democratizar o sistema de ensino, pois
permitem incidir sobre os dispositivos reprodutores de desigualdade. Assim, uma agenda efetivamente
transformadora, que não se contenta com a desigualdade educacional, precisa estar focada em melhorar os
padrões. Sem isso, muito provavelmente os mais vulneráveis serão os mais prejudicados.
Para garantir uma interação positiva e uma articulação eficiente entre todas essas instâncias, é necessário
um alinhamento estratégico e tático capazde gerar e induzira corresponsabilizaçãode todos os atores, em todas as
escalas, cada qual com seu distinto papel e com seu justo e correto peso.
Todasessasinstâncias e atores integrados e alinhados trabalham nos diferentes níveis que configuram a gestão:
estratégico, tático e operacional.
É no nível estratégicoque todas as instâncias, inclusive as escolas, definem seus desafios ou mudanças a longo
prazo. Quanto maior a integração entre elas, mais concretas são as chances de sucesso.
O nível tático faz a intermediação entre os níveis estratégico e operacional e prevê resultados a médio prazo.
Nesse nível, os objetivos e metas levantados no nível estratégico começam a ser concretizados; nele, todos os
processos e recursos serão mobilizados para que as mudanças aconteçam.
Já o nível operacional, de rotina, trata da implementação,do fazer cotidiano, da realização das ações elaboradas no
nível tático. No operacional,a execução dasações devepropiciaro alcance das metas estabelecidas no nível
estratégico. Dessa forma, são realizadas as ações cotidianas de natureza pedagógica e de gestão de pessoas,
físico-financeira e relacional.
No modelo de Gestão para Resultados, todas as instâncias do sistema de ensino estão empenhadas em garantir
o direito dos estudantes de aprender, em um processo de corresponsabilização, que necessita de uma gestão
democrática, da participação das famílias e da sociedade em geral, da cooperação para o cumprimento da
função social de educar e da transparência por parte do Estado no cumprimento de seus deveres quanto à
garantia do direito à educação.
A base é a escola e o centro é o estudante. Todavia, de acordo com o MEC, existe uma rede de interações em
distintas escalas – micro (escola), meso (redes de ensino) e macro – que deve ser considerada.
Abandono porque impõe de forma inconsequente a mesma carga de responsabilidade pela elevação dos
patamares de qualidade para escolas muito diferentes em termos de vulnerabilidade, de acesso a recursos e de
capital social e cultural.
PADRÕES
PEDAGÓGICOS EQUIDADE
PADRÕES INOVAÇÃO
REGULAÇÃO
ADMINISTRATIVOS
Desse ponto de vista, quanto mais se desenvolvem protocolos e padrões, maiores serão as chances de a gestão
escolar exercitar a autonomia.
GESTÃO
O QUE FAZER
DIANTE DA
PERDA DE
APRENDIZAGEM?
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>> Estudos recentes >> Melhoria do ensino >> Otimização do
estimam perdas remoto ajudará enquanto currículo e definição
dos estudantes na não for possível volta ao de prioridades podem
pandemia no Brasil presencial acelerar recuperação
U
m número crescente de estudos recentes tem confirmado um cenário
infelizmente já previsto: apesar de todos os esforços das redes e dos
educadores para manter as atividades escolares durante a pandemia,
as perdas de aprendizagem serão significativas. O mais recente deles
(“Perda de aprendizagem na pandemia”) foi divulgado agora no início de
junho pelo Instituto Unibanco e pelo Insper. De autoria de Ricardo Paes de
Barros e Laura Machado, ele teve como foco o Ensino Médio.
Uma vez que o Brasil ainda não realizou uma avaliação diagnóstica de
abrangência nacional, os autores projetaram possíveis efeitos do fechamento
de escolas e do ensino remoto. Os resultados dizem respeito aos alunos
matriculados atualmente no 3º ano do Ensino Médio − aqueles que estavam no
2º ano em 2020, quando as escolas suspenderam as aulas presenciais em função
da pandemia. Segundo o estudo, esses estudantes provavelmente começaram
o ano letivo de 2021 com defasagem equivalente a dez pontos em Matemática
O estudo projeta ainda que se a realidade de 2020 for mantida, isto é, aulas
presenciais suspensas e ensino remoto com pouco engajamento (atingindo
pouco mais de um terço dos estudantes), a defasagem dos atuais concluintes
do Ensino Médio poderá totalizar 20 pontos em Matemática e 16 pontos em
Língua Portuguesa ao final do ano letivo de 2021.
Outro estudo que trabalhou com estimativas de perda foi realizado pelo Centro
de Aprendizagem em Avaliação e Resultados para o Brasil e a África Lusófona,
vinculado à Fundação Getúlio Vargas. O trabalho projetou que os alunos
dos anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) podem ter regredido,
em média, até quatro anos em leitura e Língua Portuguesa, tendo em vista o
desempenho no Saeb.
A ampliação do ensino remoto nas redes enquanto ainda não for possível a
volta segura ao presencial precisará enfrentar o problema da falta de acesso à
internet entre os jovens mais vulneráveis. Em 2020, de acordo com a pesquisa
Pnad-Covid do IBGE, o grau de engajamento dos alunos de Ensino Médio
das redes estaduais ficou em 36%. Ou seja, considerando a carga horária
ideal de 25 horas-aula por semana, os estudantes, em média, cumpriram
apenas 36% disso. Segundo Paes de Barros, no mínimo é preciso dobrar o
engajamento, pois os alunos aprenderão mais à medida que dedicarem mais
tempo aos estudos.
GESTÃO
RECOMPOR
APRENDIZAGEM
AINDA É DESAFIO
EM 2023
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>> Efeitos da pandemia >> É preciso reconectar >> Identificar lacunas e
podem ser duradouros sem alunos a trajetórias engajar estudantes são
ações de recomposição afetadas pelo estratégias fundamentais
distanciamento
P
assados quase três anos do início da pandemia de Covid-19, as
perdas de aprendizagem são uma das consequências mais visíveis
do prolongado período de ensino remoto sobre o desenvolvimento
dos estudantes, e seus impactos continuam visíveis nas escolas neste ano
letivo de 2023.
RECOMPOSIÇÃO X RECUPERAÇÃO
Diante desse cenário, o termo “recomposição das aprendizagens” passou a “No Brasil, estudos
figurar com frequência nos debates educacionais e diversas ações vêm sendo identificaram perdas
desenvolvidas nas redes de ensino com esse foco. Embora ainda haja uma médias estimadas
confusão entre os conceitos, recomposição e recuperação da aprendizagem entre 4 a 10 meses de
não são sinônimos. aprendizagem, sendo maior
em matemática e entre
“No contexto educativo, quando a gente fala de recuperação, estamos falando crianças mais novas.”
de um movimento organizado para atender às necessidades dos nossos Nota técnica produzida e elaborada
estudantes que tiveram a oportunidade de aprender com recursos materiais, pelo Laboratório de Pesquisa em
Oportunidades Educacionais da UFRJ
com formas pensadas especificamente para isso e que, no entanto, não foram
suficientes, não conseguiram consolidar aquilo que era esperado. E aí a gente
realiza a recuperação, que é um processo mais pontual, mais focado naquela
necessidade daquele estudante e damos aí uma nova oportunidade de ele
aprender”, explica a especialista do Instituto Reúna, Cristiane Chica, durante
webinário sobre o tema promovido em setembro de 2022 pelo Consed, em
parceria com o Instituto Unibanco e o Reúna.
Em termos práticos, as ações de recomposição das aprendizagens demandam “Hoje estamos vivendo
num primeiro momento a sensibilização de toda a equipe pedagógica e o um processo de 2 anos
acolhimento dos estudantes, com o objetivo de se criar uma corresponsabili- de afastamento desses
zação mútua no processo. Uma vez estabelecido esse comprometimento de estudantes de aulas
todos, o passo seguinte é a avaliação diagnóstica, para entender em que pé presenciais. Portanto,
está a turma, quais as lacunas de aprendizagem e quais serão as habilidades dizer que vamos fazer um
essenciais trabalhadas (processo de priorização curricular). A realização desse processo de recuperação
diagnóstico bem como o planejamento de como se dará a recomposição exi- com eles não seria justo”
gem ainda formação docente para que os professores consigam definir tanto Cristiane Chica, especialista do
quais as melhores estratégias de avaliação como também quais as práticas Instituto Reúna
pedagógicas mais adequadas.