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SIMONE CRISTINA SPIANDORELLO

DESENVOLVIMENTO PESSOAL E ORGANIZACIONAL


Rossana Cristine Floriano Jost

Administração: princípios
e aplicações

2020
As organizações e a administração

1 UNIDADE 1

AS ORGANIZAÇÕES E A ADMINISTRAÇÃO

INTRODUÇÃO
A Administração é uma área de conhecimento muito dinâmica e relativamente nova como
objeto de estudo. Os primeiros estudos sistematizados de Administração foram publica-
dos por Frederic Winstow Taylor e têm algo em torno de cento e cinquenta anos. O pri-
meiro livro de Taylor, Princípios de Administração Científica, foi publicado em 1911 e se
tratava de uma compilação de seus estudos sobre o trabalho operacional na indústria.

Mais ou menos na mesma época, o francês Henry Fayol elaborou estudos sobre o
funcionamento das fábricas, sobre o papel social que elas exerciam e, principalmente,
sobre as funções de seus dirigentes (DRUCKER, 2018). Quase duzentos anos antes,
Adam Smith, Karl Marx, Alfred Marshall e os franceses Jean-Baptiste Say, Conde de
Saint-Simon e François Fourier estudaram a produção e o consumo sob a ótica eco-
nômica e deram os primeiros contornos no estudo das organizações como unidades
produtivas que eram gerenciadas para alcançar a máxima produtividade.

Para Peter Drucker (2018), o período entre as duas grandes guerras mundiais foi o
cenário no qual a Administração, como ciência, lançou e desenvolveu seus princípios
básicos. Nesta época, a administração científica foi ganhando contribuições e amplian-
do estudos e resultados.

Novas pesquisas e aplicações surgiram e deram visibilidade a nomes como Pierre S.


Du Pont, Alfred P. Sloan Junior, da General Motors, Julius Rosenwald e Robert E. Wood,
da Sears-Rosenwald, Henry Gantt e o casal Gilbreth, que eram donos de uma cons-
trutora e se dedicaram a estudar os movimentos e o tempo de execução do trabalho
Figura 01. Administração
de pedreiros e seus auxiliares. Também fica-
ram conhecidos Mary Parker Follet e Chester
Fonte: 123rf

Barnard que realizaram os primeiros estudos


sobre a tomada de decisões nas organizações
e Elton Mayo que pesquisou fatores psicológi-
cos associados a produtividade nas indústrias,
dentre muitos outros.

Todos esses novos conhecimentos foram sur-


gindo de forma sistematizada nas primeiras
três ou quatro décadas do século passado e,

6
assim, quando se iniciou a Segunda Guerra Mundial, a Administração já possuía um 1
certo conjunto de princípios que, associados à total mecanização da indústria, ganha-
ram campo e relevância.

Muitos autores concordam que a reconstrução das nações arrasadas pela Segunda
Guerra Mundial e as necessidades logísticas e de suprimentos dos exércitos em guerra
criaram demandas para a ampliação da eficiência e da eficácia produtiva, assim como
a forte demanda por bens duráveis desencadearam o avanço da Administração como
ciência, como função e como profissão. A partir de agora, começaremos uma jornada de
conhecimento sobre a Administração, seus conceitos, métodos e técnicas.

1. AS ORGANIZAÇÕES
A sociedade, tal qual a conhecemos, tem suas necessidades atendidas por algum tipo
de organização. Tudo o que precisamos, desejamos e utilizamos em nosso cotidiano
depende de diferentes organizações, todos os produtos que consumimos, os cuidados
com nossa saúde, nossos estudos, nossos momentos de lazer e entretenimento, tudo
é gerado pelo esforço conjunto das pessoas que compõem as mais diversas organiza-
ções. Para Peter Drucker (2018), vivemos em uma “sociedade composta de organiza-
ções” (DRUCKER, 2018, p. 2).

As organizações são entendidas como grupos de pessoas reunidas em torno da reali-


zação de um objetivo comum que pode ser o fornecimento de um bem ou um serviço
à sociedade. Elas podem ser estruturadas de diferentes formas e assumir diferentes
naturezas jurídicas, mas, para compreender o seu papel social, é necessário, antes de
qualquer coisa, compreender que elas nascem e perduram para cumprir seu objetivo
de oferecer algo à sociedade. Uma organização tem, necessariamente, que ter uma
função social. Esqueça por alguns momentos a ideia de que as empresas existem para
ter lucros, muito embora o lucro seja necessário para assegurar sua continuidade e para
remunerar o capital de seus investidores, é necessário você se desprender dessa ideia
para compreender o conceito de organizações.

Vamos pensar em exemplos práticos para facilitar a compreensão desse


conceito. Para começar, tente pensar em alguma situação de sua vida cotidiana.
Imagine-se tendo que tirar a segunda via de algum documento, comprar algum
Figura 02. Organizações eletrodoméstico, consertar
algum equipamento, fazer
Fonte: 123rf

um pagamento ou transação
bancária, aprender um idioma
ou uma nova técnica, ter água
encanada em sua casa, fazer
um procedimento cirúrgico.
Ao refletir sobre isso fica
fácil perceber que, desde o
momento em que acorda, e
até enquanto dorme, sua vida
depende das organizações.

Administração: Princípios e Aplicações 7


As organizações e a administração

1 Todos os exemplos que acabamos de citar se encaixam no conceito de que as orga-


nizações são grupos sociais unidos de forma deliberada e com finalidade de fornecer
bens ou serviços à sociedade. Vamos pensar em um exemplo específico para ampliar
ainda mais sua compreensão com relação a esse conceito?

Figura 03. Laptop Vamos pensar na compra


de um bem, que pode ser

Fonte: 123rf
um computador, já que você
precisará de um para realizar
seus estudos. Ao pensar na
compra de um computador,
você consegue pensar nas
várias organizações envolvidas
nesse processo? Desde a sua
fabricação até a entrega em sua
residência ou a retirada em uma
loja física, no país ou no exterior?

Ao refletir sobre todas essas possibilidades você consegue enxergar as muitas organiza-
ções envolvidas nessa cadeia? Vamos analisar isso tudo com um pouco mais de detalhes.

A fabricação de um computador é realizada por uma organização que dispõe de recur-


sos materiais, pessoais e de conhecimento para a construção desse objeto.
Figura 04. Recursos de uma organização

1 2
Para que as partes possam ser agre- As peças deverão ser agregadas, se-
gadas de modo a compor um compu- guindo procedimentos pré-definidos
tador, essa organização depende de que levarão o produto a alcançar as
outras organizações que fornecerão os características finais esperadas pelo
componentes ou ,ainda, a matéria-pri- consumidor como funcionalidades e
ma para a fabricação desses compo- qualidade.
nentes.

3 4
Antes de ser transportado, esse pro- O transporte dessas mercadorias po-
duto deve ser acondicionado em uma derá ser realizado pela própria fabri-
embalagem que terá sido produzida cante ou por uma outra organização
por uma outra organização. especializada em transportes.

5
Exceto nas situações em que a fabri-
cante tem lojas próprias ou lojas eletrô-
nicas e on-line, a venda desse produto
dependerá de uma outra organização
que pode ser uma loja de departamen-
to ou uma loja especializada em equi-
pamentos eletrônicos, por exemplo.

Fonte: Elaborado pelo autor

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Procure imaginar, agora, tudo o que é necessário realizar para comprar um computador 1
desde a seleção, escolha, compra, pagamento, recebimento ou retirada. Pense em
todas as ações que foram realizadas, todos os registros realizados e todas as pessoas
e tarefas envolvidas no processo. Pensando em todas essas etapas para se realizar a
compra de um bem ou para solicitar um serviço, você consegue perceber a importância
de compreender a definição das organizações.

Em cada uma das etapas que vimos acima, há grupos de pessoas unidos em torno
da realização de um objetivo comum que vai desde a produção de matérias-primas, à
fabricação de um bem, até sua entrega, chegando o atendimento de pós-venda ou de
assistência técnica.

Cada uma dessas organizações terá seus processos, seus funcionários, suas políticas
de gestão de pessoal, suas estratégias de posicionamento no mercado, seus programas
de qualidade e assim por diante. Ficou claro para você o conceito de organizações?

Vejamos, então, como outros autores definem o conceito de organizações e seus ob-
jetivos:
As organizações são grupos sociais deliberadamente orientados para a reali-
zação de objetivos, que, de forma geral, se traduzem no fornecimento de pro-
dutos e serviços. Toda organização existe com a finalidade de fornecer alguma
combinação de produtos e serviços para algum tipo de cliente, usuário ou mer-
cado (MAXIMIANO, 2011, p. 5).

Todas as organizações são constituídas por pessoas e por recursos não hu-
manos (como recursos físicos e materiais, financeiros, tecnológicos, merca-
dológicos etc.). A vida das pessoas depende intimamente das organizações e
estas dependem da atividade e do trabalho daquelas. Na sociedade moderna,
as pessoas nascem, crescem, aprendem, vivem, trabalham, divertem-se, são
tratadas e morrem dentro de organizações (CHIAVENATO, 2014, p. 1).

“Denominamos organização um grupo de pessoas que se constitui formalmen-


te para atingir objetivos comuns” (LACOMBE, 2009, p. 14).

Embora escritas de maneiras diferentes, as três conceituações acima definem as orga-


nizações da mesma forma, ou seja, grupos estruturados que buscam fornecer bens ou
serviços para suprir demandas da sociedade.

É importante notar que o ponto central da compreensão do conceito de


organizações está em perceber sua função social. As organizações são criadas
e gerenciadas para atender à sociedade e para perdurar. Elas podem ter
diferentes naturezas constitutivas, podem ser instituições privadas, públicas,
não governamentais, por exemplo, e essas estruturas definirão, também, a
maneira como serão administradas, mas independentemente de sua natureza,
elas continuarão se encaixando nesse conceito.

É justamente pela abrangência que esse conceito alcança que o adotaremos de agora
em diante em nossos estudos para nos referir a empresas, organizações não governa-
mentais, associações, escolas, prefeituras etc.

Dependemos de uma organização para, praticamente, todas as atividades de nossa


vida cotidiana. Estudamos, trabalhamos, cuidamos de nossa saúde, nos divertimos e

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As organizações e a administração

1 nos deslocamos graças à existência de diferentes tipos e tamanhos de organizações.


A escola, o supermercado, a concessionária de carros, a panificadora, a livraria e as
grandes corporações são exemplos de organizações.

Pensar sobre as organizações que permeiam nosso cotidiano amplia a


compreensão do conceito e desperta nossa percepção sobre o funcionamento
e a composição dessas organizações. Esses são os assuntos que vamos
estudar nos próximos tópicos, os componentes e os tipos organizacionais.

1.1 COMPONENTES ORGANIZACIONAIS


Segundo Maximiano (2011), para a realização de seus objetivos, as organizações pre-
cisarão, também, tomar decisões a respeito da divisão do trabalho, precisarão de re-
cursos e terão que empregar energia física e intelectual na execução de tarefas que
vão transformar planos e recursos em produtos e serviços. Os recursos poderão ser
materiais, pessoal, tempo, técnica, e serão submetidos a processos de transformação
realizados por meio do trabalho, resultando em produtos e serviços correspondentes
aos objetivos da organização. Leia o esquema a seguir para ampliar sua compreensão
sobre esse tema:
Figura 05. Componentes organizacionais

Processos de Transformação

Recursos Trabalho Produtos e Serviços

Objetivo
Fonte: Elaborado pela autora

1.2 TIPOS DE ORGANIZAÇÕES


Podemos classificar as organizações em três tipos principais, observe na figura a seguir:
Figura 06. Principais tipos de organizações
Fonte: 123rf

01

02
Tipos de organizações

03

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01 - Organizações Públicas 1
As organizações públicas são aquelas criadas e gerenciadas pelo poder público, seja
na esfera federal, estadual ou municipal. O objetivo dessas organizações é prestar
algum tipo de serviço ao cidadão. Espera-se das entidades públicas o ordenamento
da vida dos cidadãos e da Nação. A maior parte das funções do Estado é definida pela
Constituição Federal e inclui a arrecadação de impostos, a produção de leis, a justiça,
a educação, a segurança pública dentre outras. Das organizações governamentais
espera-se, ao menos, que não gerem déficit, gastando mais do que arrecadam.

Exemplo: Prefeituras, universidades públicas, fundações públicas.

02 - Organizações Privadas
Todas as organizações que têm um proprietário, seja ele individual ou um grupo de
proprietários, nas mais diversas configurações jurídicas permitidas pela legislação
vigente, são consideradas organizações privadas ou, simplesmente, empresas. As
empresas são unidades de negócio, criadas para produzir bens e serviços e gerar
lucros. A constituição de uma empresa depende do capital que seu(s) proprietário(s)
disponibilizará para a condução dos negócios. Ao iniciar uma empresa, o proprietá-
rio decide investir seu dinheiro na empresa ao contrário de realizar qualquer outro
tipo de investimento financeiro. Por ter tomado essa decisão ele espera ter algum
retorno e de preferência superior ao investimento financeiro que poderia ter feito,
pois afinal ele arriscou seu capital na montagem da empresa. Por esse motivo é que
o proprietário espera que sua empresa obtenha lucros em suas operações.

Exemplo: Indústria, comércio e prestação de serviço.

03 - Terceiro Setor
As organizações de terceiro setor são aquelas que nascem por iniciativa da orga-
nização social e, em geral, representam algum interesse coletivo. Essas organiza-
ções não têm fins lucrativos, e é bastante comum que tenham dificuldades para
captar recursos. As ONGs são exemplos desse tipo de organização.

Antes de falarmos de como as diferentes organizações são administradas, vamos voltar


à questão dos lucros. Dissemos que, para compreender o conceito de organizações,
era necessário deixar de lado, por um momento, a ideia de lucro, é claro que nenhuma
instituição é criada para não perdurar e é claro, também, que nenhum investidor inicia
um novo negócio pensando em não prosperar ou em não se consolidar no mercado.
Você, então, deve estar pensando que para isso as organizações precisam obter lucro
e isso é verdade, mas o importante é perceber que esse não é o motivo de sua existên-
cia. Gerar lucros é uma necessidade, ou ao menos não causar déficit (se pensarmos
em órgãos de governo), mas não é a razão para a criação de uma organização. A ra-
zão da existência de uma determinada organização é atender a uma demanda social,
evidentemente, para isso ela precisará gerar lucros para que possa sustentar as suas
operações, é nesse ponto que entra a Administração. Esse será nosso próximo tema de

Administração: Princípios e Aplicações 11


As organizações e a administração

1 estudos, mas antes, vamos estudar as noções de eficiência, eficácia e efetividade sob
a perspectiva da autora Joslaine Chemin Duarte (2016).

1.3 EFICIÊNCIA, EFICÁCIA E EFETIVIDADE


Caravantes, Panno e Kloeckner (2005) usam a eficiência, a eficácia e a efetividade na
definição de Administração:
Administração é o processo de consecução dos objetivos organizacionais de
uma maneira eficiente, eficaz e efetiva, por meio de planejamento, da organiza-
ção, da liderança e do controle dos recursos organizacionais (CARAVANTES;
PANNO; KLOECKNER, 2005, p. 385).

Para a melhor compreensão desta definição de administrar, é necessário compreender


os conceitos de eficiência, eficácia e efetividade.

Eficiência
A eficiência é a melhor utilização, ou seja, a otimização dos recursos para se fazer al-
guma coisa. Representa uma ação, enfatiza os meios e está relacionada aos aspectos
internos da organização.

Uma das maneiras de se medir a eficiência é por meio da produtividade. (DUARTE,


2015, p. 32)

“Eficiência é operar de modo que os recursos sejam utilizados de maneira mais


adequada” (SILVA, 2008, p. 17).

Para Maximiano (2004), a produtividade pode ser entendida como a relação entre os
resultados obtidos e os recursos utilizados. É representada pela equação:

Produtividade = Produção
Recursos

Eficácia
A eficácia está relacionada com o alcance dos resultados e com os aspectos externos
da organização.

“ Eficácia significa fazer as coisas certas, do modo certo, no tempo certo” (SILVA,
2008, p. 18).

Efetividade
A efetividade representa o resultado de qualidade de uma organização. É a capacidade
de ser eficiente e eficaz ao mesmo tempo (DUARTE, 2015, p. 32).

12
Em síntese, podemos concluir que: 1
A administração utiliza o planejamento, a organização, a direção e o controle
para tomar decisões sobre os recursos e alcançar os objetivos de maneira
eficiente e eficaz (DUARTE, 2016, p. 18).

O que move uma organização é o dinamismo do processo administrativo. O conjunto de


recursos de uma organização, a começar de seus integrantes, precisa ser direcionado
no sentido de alcançar os objetivos organizacionais, e o que assegura isso é a adminis-
tração, por isso, vamos estudá-la a seguir.

2. O PROCESSO DE ADMINISTRAR
Quando estudou o papel administrativo que os proprietários de empresas desempe-
nhavam, Henry Fayol propôs que as etapas do processo administrativo eram previsão,
organização, comando, coordenação e controle, termos que deram nome ao seu livro,
editado na França em 1916, sob título original de Administration Industrielle et Généra-
le: Prévoyance, Organisation, Commandement, Coordination, Contrôle.

Vários outros estudiosos deram suas contribuições a essa definição, e ela vem se adap-
tando às mudanças no mundo corporativo e à passagem do tempo, mas, como conceito
fundamental, ela ainda é aceita e a capacidade de análise global e aplicações desses
conceitos em realidades complexas é o que caracteriza o papel de administradores na
atualidade.

Uma dessas contribuições é do Prof. Idalberto Chiavenato, que vamos adotar em nos-
sos estudos. Para Chiavenato (2014, p. 11), a administração consiste em planejar, or-
ganizar, dirigir e controlar, de modo contínuo e sistêmico, as atividades, os recursos e
as pessoas em uma organização.

A expressão contínuo indica que as diferentes etapas da administração devem ser


realizadas ininterruptamente, ou seja, um acontecimento da primeira etapa fornece ele-
mentos para a realização da segunda e assim por diante. A expressão sistêmico signi-
fica que cada decisão tomada deve contemplar a organização como um todo, como um
sistema de partes interligadas, para que uma decisão não comprometa o resultado das
outras etapas ou das outras áreas da organização.

Contínuo: em que não há interrupção; seguido; sucessivo; sequência ordenada


e ininterrupta.
FONTE: Ferreira (2004)

Sistêmico: que afeta o corpo todo; generalizado; sistemático; referente à visão


orgânica; lógica de um sistema; um enfoque sistêmico; um objetivo sistêmico.
FONTE: Ferreira (2004)

Administração: Princípios e Aplicações 13


As organizações e a administração

1 Observe, na figura a seguir, as quatro etapas do processo administrativo:


Figura 07. Processo administrativo

1. PLANEJAMENTO: Definição de 2. ORGANIZAÇÃO: Disposição dos


Objetivos e Recursos Recursos em uma Estrutura

Consiste na determinação de objetivos Decorre do planejamento e é a estrutu-


para o desempenho da organização, ração da empresa para o alcance dos
assim como para a decisão das tarefas e objetivos. Compreende a determinação
dos recursos que serão utilizados. Define das tarefas, a reunião das tarefas em
onde a organização quer estar no futuro e departamentos e a determinação dos
quais tarefas e recursos serão neces- recursos para os departamentos.
sa´rios. A falta de planejamento tem sido
um dos principais motivos da mortalidade
de empresas.

4. CONTROLE: Verificação dos


3. DIREÇÃO: Realização dos Planos
Resultados

Estabelece padrões de desempenho, Corresponde à influência exercida


monitora e faz a comparação entre o para que as pessoas realize as tarefas
desempenho e os padrões estabelecidos/ necessárias para alcançar os objetivos
planejados. Também evidencia ações estabelecidos. A liderança e a motivação
corretivas quando o desempenho não sai fazem parte do processo de direção.
de acordo com o planejado.

FONTE: Maximiano (2004, adaptado)

A primeira etapa do processo administrativo é o planejamento. A realização do planeja-


mento dará elementos para a etapa seguinte, de organização dos recursos que serão
empregados para a realização daquele plano. Uma vez organizados os diferentes re-
cursos necessários para a realização do plano inicial, a tarefa deverá ser executada. Ao
administrador caberá comunicar, acompanhar, incentivar e motivar os demais membros
do grupo e, muitas vezes, ajudar na realização das tarefas necessárias para alcançar
o objetivo planejado. A fase final desse processo será a verificação dos resultados e a
comparação com os resultados esperados. Dessa comparação deverão surgir dados
que retroalimentarão um novo ciclo administrativo que se iniciará no planejamento, ou-
tra vez e sempre. Avalie o esquema a seguir, que apresenta uma situação prática do
processo administrativo:

14
Figura 08. Processo administrativo
1

Planejamento
de vendas

Dimensionamento
Análise do volume
de maquinário,
de vendas e resul-
matéria-
tado financeiro
-prima e de pessoal

Fabricação
e venda dos
produtos

Fonte: Elaborado pela autora

No exemplo prático citado anteriormente, a primeira etapa foi a realização do planeja-


mento de vendas (Etapa de Planejamento). Ao determinar as expectativas de vendas,
essa organização terá que dimensionar o maquinário existente, a matéria-prima e o
pessoal que irá trabalhar na realização de todas as operações produtivas necessárias
para alcançar o nível produtivo que viabilize a execução do volume de vendas planejado
(Etapa de Organização). Depois de organizados os recursos, as máquinas, a matéria-
-prima e o pessoal, é iniciada a fabricação e a venda dos produtos (Etapa de Liderança).
Encerrado esse ciclo, a organização deverá analisar o volume de vendas realizado e o
resultado financeiro obtido com essa operação. Os resultados apurados nessa fase de
controle deverão servir para retroalimentar a atividade de planejamento de vendas do
próximo ciclo (Etapa de Controle).

Como dissemos, outros teóricos trouxeram contribuições para a definição de Ad-


ministração e vamos estudá-las para ampliar seu conhecimento com relação ao
processo administrativo.

Para Maximiano (2011) a administração é um processo dinâmico de cinco etapas: pla-


nejar, organizar, liderar, executar e controlar. A percepção de Maximiano é a de que a
etapa de execução é o momento em que a inteligência e o trabalho deverão ser empre-
gados na realização dos bens ou serviços, para ele é o momento de aplicar “energia
física e intelectual” na realização das tarefas (MAXIMIANO, 2011, p. 13).

Peter Drucker (2018) também tratou do conceito de Administração e, assim como os


demais, para ele, tudo começa pelo planejamento:

Administração: Princípios e Aplicações 15


As organizações e a administração

Em primeiro lugar, o administrador fixa objetivos. Diz quais devem ser eles.
1 Resolve quais serão as metas em cada área dos objetivos. Determina o que se
fará para alcançar esses objetivos. Coloca em vigor os objetivos comunican-
do-os às pessoas cuja atuação será necessária para alcançá-los (DRUCKER,
2018, p. 11).

Planejar e fixar os objetivos de uma organização é uma tarefa complexa que deve levar
em consideração vários fatores que estudaremos mais adiante.

Drucker (2018) continua afirmando que a etapa seguinte é quando os recursos necessários
à realização do objetivo fixado durante o planejamento serão dimensionados e organizados:
Em segundo lugar, o administrador organiza. Analisa as atividades, decisões
e relações necessárias. Classifica o trabalho. Desmembra-o em atividades ad-
ministráveis e depois subdivide essas atividades em serviços administráveis.
Agrupa essas unidades e serviços em uma estrutura organizacional. Escolhe
as pessoas que administrarão tais unidades ou farão tais serviços (DRUCKER,
2018, p. 11).

A terceira etapa do processo administrativo, para Peter Drucker (2018) consiste em


tomar decisões em relação às pessoas da organização, significa formar e preparar equi-
pes, delegar responsabilidades, integrar cada membro da equipe e das equipes entre
elas, é o momento de incentivar, motivar, relacionar-se e, principalmente, comunicar:
A seguir, o administrador motiva e comunica. Forma uma equipe que reúna as
pessoas responsáveis pelos vários serviços. Faz isso em seu relacionamento
com as pessoas com quem trabalha [...]. E o faz por meio da comunicação
contínua, aos e de seus subordinados, ao e de seu superior hierárquico, aos e
de seus colegas (DRUCKER, 2018, p. 11).

Se prestarmos atenção nessa terceira fase, vemos que surgem dois novos e importan-
tes elementos:

` A formação de equipes;

` Delegação de responsabilidades e comunicação.

Essas são duas importantes tarefas do administrador e as estudaremos a seguir. Por


fim, Drucker (2018) afirma que, sem a avaliação de resultados, o administrador não terá
condições de dimensionar o desempenho de sua organização, não poderá diferenciar
as ações bem-sucedidas das que precisam de reformulação e defende, então, que deve
haver um sistema de mensuração de resultados:
O quarto elemento básico no trabalho do administrador é a mensuração ou
avaliação. O administrador fixa os alvos e medidas [...]. Ele cuida no sentido de
que cada um desses disponha de padrões de mensuração [...]. O administra-
dor analisa, avalia e interpreta a atuação de cada uma (medida) (DRUCKER,
2018, p. 11).

A administração tem se transformado muito ao longo do tempo e exigido de seus repre-


sentantes, ou seja, dos administradores, grande flexibilidade, capacidade de aprendi-
zado e adaptabilidade.

Todos os autores que estudamos há pouco se dedicam a estudar também as compe-


tências e habilidades que um administrador precisa ter e desenvolver ao longo de sua

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carreira. Isso não altera, porém, as tarefas que precisa realizar para alcançar os objetivos 1
de suas organizações, planejar e definir objetivos, organizar recursos, executar tarefas e
liderar equipes e, por fim, avaliar resultados são ações indispensáveis para o gerencia-
mento de organizações, de departamentos ou projetos e vamos estudá-los a seguir.

Antes, porém, duas coisas precisam ficar muito claras:

` Administração, gestão e gerenciamento são todas palavras sinônimas, todas elas


se referem ao processo administrativo que acabamos de estudar e, ao menos em
língua portuguesa, não há nada que diferencie uma palavra da outra;

` Depois, mas não menos importante, é esclarecer que conhecer administração


e praticar seus preceitos pode e deve ser uma atividade praticada por todas as
pessoas, seja em sua profissão, seja em sua vida particular. Realizar planos, di-
mensionar recursos, realizar atividades e avaliar resultados é um ciclo de ações
que pode ser empregado em qualquer situação e que permite, de antemão, pre-
parar-se para desafios, objetivos e realizações.

Essa noção generalista da Administração, não pode, porém, ser confundida com a pro-
fissão de administrador, aquele formado em Administração, já que esse profissional
terá um conjunto muito maior de conhecimentos, técnicas e habilidades, a fim de estar
preparado para realizar o ciclo administrativo em todas as esferas das organizações,
nas finanças corporativas, na produção, na administração de materiais, na gestão de
pessoas, na pesquisa, desenvolvimento e lançamento de novos produtos, na inovação,
na responsabilidade ética e social, na sustentabilidade. O Administrador profissional
terá que estar preparado para a tomada de decisões e para tantos outros compromissos
que assume ao aceitar o desafio da profissão de administrador.

3. OS ADMINISTRADORES
As funções de administração precisam ser executadas por alguém dentro das organiza-
ções. A responsabilidade por todas as atividades é dos administradores que planejam,
organizam, dirigem e controlam. O sucesso ou fracasso de uma organização depende
muito da capacidade de seus administradores na execução efetiva dessas funções e
das consequências das decisões que tomam (DUARTE, 2016, p. 34).

3.1 TIPOS DE ADMINISTRADORES


Existem diferentes graus de complexidade das decisões que devem ser tomadas para
a condução das operações de uma organização. As pessoas encarregadas de tomar
essas decisões e de induzir a sua realização, ocupam cargos em diferentes níveis da
estrutura organizacional, criando uma hierarquia, normalmente vinculada ao grau de
complexidade das decisões e dos processos que conduzem (DUARTE, 2016, p. 34).
Classificamos esses níveis em alta administração, média administração ou administra-
ção operacional, como veremos a seguir:

Administração: Princípios e Aplicações 17


As organizações e a administração

Tabela 01. Níveis decisórios


1
Alta administração Pertence ao topo da hierarquia, pode ser representada pelo pre-
sidente, vice-presidente ou diretor. Este nível é responsável por
desenvolver estratégias, políticas e metas para a organização como
um todo.
Média administração Em muitas empresas são os gerentes de departamento ou setor,
tais como os de Marketing, Produção, Recursos Humanos. Esses
profissionais são os que transformam os objetivos da alta adminis-
tração em objetivos específicos para os departamentos, definem e
mobilizam recursos e controlam a realização das atividades.
Administração operacional É o nível diretamente responsável pela produção de bens e serviços.
Constituída de gerente de vendas, chefes de seção ou supervisores
de produção. A maior parte do tempo gasto pela administração ope-
racional é com a supervisão das pessoas na execução das tarefas.

FONTE: Duarte (2015)

Além desses três níveis, também pertencem à organização o pessoal que não exerce
função gerencial. São os traba- lhadores que não têm posição gerencial, como os aten-
dentes e operadores. Eles são responsáveis pela execução das tarefas e têm responsa-
bilidades para com os seus superiores, que podem ser os supervisores, coordenadores
ou gerentes.

Em algumas empresas, os funcionários têm mais liberdade para criar e tomar decisões,
a hierarquia nesse caso, define posições mas não limita o intercâmbio de ideias.

A tomada de decisões e a condução de processos administrativos são atividades que


requerem certas habilidades e competências. Como destaca Chiavenato (2014), o pro-
fissional administrador não é avaliado somente pelos conhecimentos que possui, mas
principalmente pelos resultados que consegue obter a partir do conjunto de recursos que
tenha à sua disposição (escassos, muitas vezes). Vejamos quais são essas habilidades:

3.2 HABILIDADES GERENCIAIS


As habilidades gerenciais são divididas em três categorias: habilidades técnicas, habi-
lidades humanas e habilidades conceituais. Veremos detalhadamente cada uma delas
a seguir.

Habilidades Técnicas
As habilidades técnicas estão relacionadas ao conhecimento especializado e à ca-
pacidade e facilidade para executar técnicas. Ou seja, trata-se das habilidades rela-
cionadas ao trabalho e a execução de processos e procedimentos. Como exemplo,
podemos citar a habilidade com a contabilidade, a habilidade com o uso de planilhas
eletrônicas, habilidades com produção e interpretação de gráficos. As habilidades
técnicas são, portanto, aquelas relacionadas à execução de tarefas à realização de
processos, ao emprego de materiais, de recursos físicos, objetivos e concretos. Para
Chiavenato (2014), é a habilidade relativamente mais fácil de adquirir e desenvolver.

18
Habilidades Humanas 1
As habilidades humanas envolvem a capacidade de comunicação, motivação, co-
ordenação e liderança e a solução de conflitos pessoais ou de grupos. Ter habili-
dades humanas desenvolvidas permite ao administrador trabalhar com pessoas e
por meio das pessoas. Cria condições para o desenvolvimento da cooperação entre
equipes. O nível e o tipo de engajamento das pessoas, participação, posicionamen-
to, postura, opinião e compartilhamento são aspectos relacionados às habilidades
humanas que favorecem muito o desempenho dos administradores.

Habilidades Conceituais
As habilidades conceituais envolvem a facilidade em trabalhar com ideias e concei-
tos, teorias e abstrações. Essas habilidades estão relacionadas ao pensamento, ao
raciocínio e à capacidade de empregá-las no diagnóstico de situações e na formu-
lação de alternativas de solução dos problemas. Envolvem um conjunto sofisticado
de capacidades cognitivas que favorecem ao administrador entender e planejar o
futuro, interpretar a missão da organização e desenvolver mecanismos que viabi-
lizem sua realização. Ter habilidades conceituais desenvolvidas favorece ao admi-
nistrador elaborar uma visão sistêmica a respeito da organização. Para Chiavenato
(2014), esse tipo de habilidade vai se tornando mais importante à medida que um
administrador ocupa posições de maior responsabilidade e em níveis hierárquicos
mais altos, já que são fundamentais para seu bom desempenho frente à comple-
xidade das decisões estratégicas e do gerenciamento de conflitos de interesses e
outras características dos mercados concorrenciais.

CONCLUSÃO
Se “vivemos em uma sociedade composta de organizações” como nos disse Peter Dru-
cker (2018), então, conhecer seu funcionamento e composição serve não apenas para
nossa formação profissional, mas também para nossa formação pessoal e como cida-
dãos. Nesta Unidade, conhecemos o conceito de organizações e o quanto nossas vidas
cotidianas estão entrelaçadas e dependem dessas organizações, além disso, pudemos
perceber que nosso futuro profissional será, invariavelmente, dentro de algum tipo de
organização como as que estudamos aqui. Da mesma forma, se nossas profissões
estão e estarão atreladas às organizações, conhecer os preceitos da administração e
dominar seus conceitos fundamentais é a melhor forma de nos prepararmos para al-
cançar um bom desempenho e para construir uma longa e bem-sucedida carreira. Viu
como é importante conhecer a Administração?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral 3. DUARTE, Joslaine Chemin. Introdução à gestão
da administração. 9. ed. São Paulo: Manole, 2014. das organizações. Curitiba: FAE Centro Universitá-
2. DRUCKER, Peter Ferdinand. Introdução à admi- rio, 2016.
nistração. Tradução de Carlos Malferrari. São Paulo: 4. FAYOL, Henri. Administração industrial e geral:
Cengage, 2018. previsão, organização, comando, coordenação, con-

Administração: Princípios e Aplicações 19


As organizações e a administração

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