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Subsídios à elaboração de provas

História

Ensino Fundamental II
6º ano — 3º bimestre/2019

APRESENTAÇÃO

Com a intenção de contribuir de forma mais efetiva para a elaboração de


instrumentos de avaliação, coerentes com a abordagem metodológica
adotada em nosso sistema de ensino, os autores de nosso material didático
produzem, bimestralmente, estes “Subsídios”. Trata-se de sugestões que
podem ser utilizadas nas avaliações, mas têm como principal destinatário o
próprio professor.
Por esse motivo, será necessário que você analise cada uma das
propostas, verificando o nível de adequação delas, de acordo com as
necessidades de seus alunos.
Sabendo das particularidades de cada região, de cada escola e respeitando
a dinâmica e as características de cada professor, salientamos que a utilização
das atividades sugeridas depende exclusivamente de sua decisão.
CONSIDERAÇÕES E ORIENTAÇÕES GERAIS

Os temas abordados no Caderno 3 da 6ª série articulam-se com os seguintes


objetivos:
• compreender que o continente africano tem como característica a diversidade
natural e humana;
• conhecer mitos de origem africanos e relembrar que essa forma de explicação é
uma prática universal;
• conhecer as fontes para o estudo das sociedades africanas;
• concretizar a noção de diversidade africana, conhecendo três sociedades e suas
respectivas formas de organização;
• continuar a desconstruir a ideia de que “os africanos são todos iguais”, ou de que a
África é um continente homogêneo;
• adquirir conhecimentos para romper a ideia eurocêntrica de que a história da maior
parte da África começou com a chegada dos europeus àquelas terras;
• conhecer aspectos da história do Egito Antigo, contrapondo-os à visão
estereotipada difundida pela literatura e pelo cinema;
• conhecer os diversos tipos de fonte histórica utilizados no estudo da sociedade
egípcia;
• entender o processo de formação do Estado no Egito Antigo;
• relacionar a existência do rio Nilo à organização do Estado egípcio;
• retomar o conceito de teocracia;
• conhecer alguns aspectos da vida e dos costumes dos egípcios;
• retomar algumas crenças egípcias (como a vida após a morte e o caráter divino do
faraó), a fim de perceber a forte relação desse povo com o universo religioso.
Considerando-se os objetivos acima expostos, uma avaliação de desempenho pode
utilizar questões que permitam aferir o desenvolvimento das seguintes habilidades:
• leitura e interpretação de texto;
• leitura e interpretação de imagens;
• compreensão de contexto;
• comparação;
• identificação de características;
• domínio de informações essenciais;
• relação entre informações.
Dando continuidade ao nosso diálogo acerca do processo de avaliação, incluímos um
pequeno texto de Juan Ignacio Pozo alertando sobre a necessidade das avaliações não
aferirem somente a memorização:
Acabaremos este capítulo com um resumo dos cuidados necessários durante o
processo de avaliação para evitar que os alunos “nos deem gato por lebre” e nos façam
acreditar que compreenderam o que apenas memorizaram.

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Entre as muitas causas dessa confusão entre fatos e conceitos que temos analisado
ao longo destas páginas, uma das mais importantes é a ineficácia de alguns instrumentos
de avaliação habituais para discriminar entre a aprendizagem de fatos e a aprendizagem
de conceitos. Diante da observação de que o aluno reproduz com bastante acerto as
quatro causas da queda do Império Romano que aparecem no seu livro-texto, podemos
concluir que as compreendeu? A distinção entre aprender fatos e conceitos [...] não terá
significado educacional a não ser que consigamos discriminar uma situação de outra.
Resumidamente, indicaremos algumas precauções a serem tomadas durante a avaliação
para impedir que a aprendizagem de fatos passe por uma aprendizagem de conceitos.

a) Evitar perguntas e tarefas que permitam respostas reprodutivas, ou seja, evitar que
a resposta “correta” esteja literalmente incluída nos materiais e atividades de
aprendizagem.
b) Propor, na avaliação, situações e tarefas novas, pelo menos em algum aspecto,
solicitando do aluno a generalização dos seus conhecimentos a uma nova situação. Para
isso será preciso que as atividades de aprendizagem tenham se baseado em contextos
diversos e requeiram também certa generalização.
c) Avaliar, no início das sessões ou dos Blocos Temáticos, os conhecimentos prévios
dos alunos, para ativar suas ideias e trabalhar a partir delas.
d) Valorizar as ideias pessoais dos alunos, promovendo o uso espontâneo da sua
terminologia, treinando-os em parafrasear (dizer com outras palavras, não literalmente
com as que aparecem no texto original) ou descrever por si mesmos diversos fenômenos.
e) Valorizar as interpretações e conceituações dos alunos que se afastam ou desviam
da ideia científica aceita. Essa valorização deve ser feita não somente antes, mas
também depois da instrução. O aluno que mostra uma interpretação desviada de um
fenômeno já ensinado, embora exija uma instrução adicional, está mostrando um esforço
para assimilar esse fenômeno aos seus conhecimentos, o que é um indício de
compreensão incipiente.
f) Usar técnicas “indiretas” (classificação, solução de problemas, etc.) que tornem inútil
a repetição literal e acostumar os alunos a arriscarem-se a usar os seus conhecimentos
para resolver enigmas, problemas e dúvidas, ao invés de encontrarem a solução fora
deles mesmos (no professor, no livro, etc.).
POZO, Juan Ignacio. A aprendizagem e o ensino de fatos e conceitos. In: COLL, César et alli. Os
conteúdos na Reforma. Porto Alegre: Artmed,1998, p.69-70.

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PROPOSTA 1

OBJETIVOS

Avaliar a capacidade do aluno de:


• ler e interpretar texto;
• dominar informações essenciais;
• refletir e se posicionar sobre um tema.

QUESTÕES

Leia o texto e responda às questões a seguir.


Em 2017, foi lançado o Dicionário de História da África, de autoria de Nei Lopes e
José Rivair Macedo.
Leia um trecho da reportagem feita pelo jornal O Globo, com um dos autores, Nei
Lopes, por ocasião do lançamento:
“Ele [Nei Lopes] lembra uma conversa com o historiador e professor Joel Rufino
dos Santos, seu amigo, há muitos anos. Rufino contava a dificuldade de ensinar
história da África para jovens negros. Afinal, a história dos negros só começa quando
eles entram no navio negreiro, ignorando tudo o que veio antes.
— O Joel me disse: “O jovem se sente mal, não quer ouvir. Porque tudo é
escravidão, escravidão”. Eu falei: “Pô, Joel, não tem um jeito de a gente subverter esse
quadro, mudar essa abordagem?”. Chegamos à conclusão de que é preciso mostrar os
grandes momentos da África antes de falar na escravidão.”.
Disponível em: <https://oglobo.globo.com/cultura/livros/aos-75-anos-nei-lopes-lanca-dicionario-de-
historia-da-africa-21340029>. Acesso em: 4 abr. 2019.

a) Considerando o que você estudou, descreva um dos impérios ou civilizações


africanos que viveram momentos de grande poder econômico até o século XVII.

b) Sociedades que se tornaram grandes impérios são o único modelo histórico que
existe na África? Comente.

c) O historiador Joel Rufino dos Santos, mencionado na reportagem, afirma que


sempre há uma associação entre história da África e escravidão e que isso traz
dificuldades no ensino do tema. Qual é sua opinião a respeito?

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COMENTÁRIOS E RESPOSTAS

A proposta aborda a superação de um dos estereótipos acerca da história da


África, mencionado no enunciado, por meio do conhecimento acerca da diversidade e
existência de grandes civilizações, comparáveis em grandeza com as quais os alunos
estão mais familiarizados em outros continentes. Nesse sentido, pretende aferir a
aprendizagem do aluno acerca dessa diversidade de histórias no continente africano.
a) O aluno poderá mencionar:
- os soninké, de Gana, que montaram um grande império centralizado em torno do
imperador (gana ou caia-maga) e uma sociedade estratificada em vários grupos
sociais. Praticavam a agricultura, a pecuária e o comércio, mas se notabilizaram pela
extração de ouro;
- os bantos do reino do Congo, que também estruturaram um império centralizado
em torno do manicongo, ao qual pagavam tributos. Viviam da agricultura, da pecuária e
do artesanato;
- os egípcios, que montaram um grande império governado por faraós e
estruturaram sua economia em torno do rio Nilo; suas realizações no campo
arquitetônico e cultural impressionam até os dias atuais. (0,4)
b) Espera-se que o aluno tenha aprendido que não; sociedades organizadas como
coletoras/caçadoras, como os Khoi e os San, ou grupos nômades, como os berberes,
também se estruturaram na África, em modelos diferentes dos centralizados impérios,
e sobrevivem até os dias atuais. (0,3)
c) A questão pede opinião do aluno e ela deve ser respeitada. O professor deve
observar se a resposta atende ao que é solicitado e se sua opinião está bem
apresentada, sob os aspectos de coerência e clareza. Os alunos podem responder, por
exemplo, que no estudo da história há muita associação entre africanos e escravização
– porque foi na condição de escravizados que os africanos vieram ao Brasi – e que é
um equívoco fazer apenas esse tipo de associação porque a história da África é muito
anterior e muito mais rica que os episódios ligados à escravização. (0,3)

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PROPOSTA 2
OBJETIVOS

Avaliar a capacidade do aluno de:


• ler e interpretar texto;
• dominar informações essenciais;
• analisar contexto.

QUESTÕES

Leia o texto a seguir e responda às questões.


Em 11 de setembro de 2018, uma expedição conjunta entre a Universidade do
Alabama em Birmingham (EUA) e o Ministério das Antiguidades do Egito encontrou
mais de 800 tumbas ainda inexploradas na vila de Lisht, ao sul do Cairo, datadas de
pelo menos 4 000 anos, segundo o ministro Khaled El-Enany. [...]
O professor Antonio Brancaglion, do Departamento de Antropologia do Museu
Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) explica que [...] é um dos
lugares que ainda se tem muito para descobrir”. [...]
O número de tumbas encontradas (802) chama atenção. A partir delas será
possível conhecer como era a vida nesses centros, principalmente a vida dos que não
eram da nobreza. “Provavelmente vão encontrar grandes informações sobre o
funcionamento da política, como era a vida dos funcionários nos centros
administrativos, uma espécie de classe média.”. Por isso, acredita Brancaglion, é tão
importante investir esforços em uma região que ainda não foi explorada. “Achar uma ou
duas tumbas é importante, mas achar um conjunto muito grande é incrível,
provavelmente vão ser encontradas famílias, grupos sociais inteiros ali sepultados”,
afirma o pesquisador.
Disponível em: <www.nexojornal.com.br/expresso/2018/09/21/As-800-tumbas-eg%C3%ADpcias-
descobertas.-E-por-que-o-achado-%C3%A9-importante>. Acesso em: 4 abr. 2019.

a) O texto descreve vestígios arqueológicos de fontes materiais, importantes para o


conhecimento que temos sobre o Egito antigo. Aponte mais dois tipos de fontes
históricas para o estudo da civilização egípcia.

b) Por que as tumbas egípcias encontradas podem oferecer tantas informações


sobre o funcionamento da sociedade egípcia naquela região?

c) O texto menciona que as tumbas encontradas provavelmente pertenciam a


pessoas das camadas médias. Por que os faraós não eram enterrados em tumbas
como essas?

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COMENTÁRIOS E RESPOSTAS

A proposta pretende aferir a apreensão sobre as fontes historiográficas para o


estudo do Egito antigo, bem como aspectos marcantes de sua cultura.
a) O aluno poderá apontar os mitos – que relatam determinadas características
daquela sociedade, as fontes escritas – encontradas em papiros, pedras, cerâmicas,
madeiras e compreendidas depois da descoberta da Pedra de Roseta – que permitiu o
desvendamento da escrita hieroglífica. Poderá mencionar também, especialmente
acessíveis após o encontro da Pedra da Roseta, as muitas pinturas encontradas em
tumbas e edifícios, que também informam muito sobre o funcionamento e a mentalidade
daquela sociedade. (0,3)
b) Os egípcios acreditavam que havia uma vida após a morte. Na outra vida
precisariam de seu corpo preservado e dos objetos de seu cotidiano. Essa crença os
levou ao desenvolvimento das técnicas de mumificação e à prática de enterrar as
múmias com bens pertencentes ao morto. Graças a isso, as tumbas guardam muitos
objetos do passado egípcio e permitem conhecer parte do funcionamento daquela
sociedade. (0,4)
c) Os faraós eram considerados deuses encarnados e representantes dos demais
deuses. Tinha poderes administrativos muito grandes. Como eram considerados seres
especiais, não poderiam ter tumbas como as de outras pessoas da sociedade egípcia.
Seus túmulos eram grandiosos (por vezes, grandes pirâmides) para expressarem seu
poder. (0,3)

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