1) Tendo por base os autores e conceitos estudados em aula, elabore
um texto (+ou- 20linhas) comparando as noções de J. Locke e J. Stuart Mill sobre os perigos que podem ameaçar a liberdade dos indivíduos. Na sua teoria contratualista, Thomas Hobbes (1588-1679) aponta que os homens em estado de total liberdade, ou seja, em seu estado de natureza, sem nada para constranger e impor limites estavam fadados ao conflito constante e para viverem em segurança concedem ao Estado regular através do poder absoluto, restringir a liberdade total, levando a sociedade para o progresso. John Locke (1632-1704) enxerga o perigo de centralizar o poder nas mãos de um só governante correndo o risco de tirania e defende a ideia de uma constituição que alcançasse ate o soberano e que justificasse a intervenção do Estado como garantia da liberdade, que para o autor, era direito natural ao homem assim como a propriedade, que trabalhada com a razão, daria frutos para sua subsistência e o Estado teria o dever e a legitimidade para intervir na garantia do direito. Locke estava olhando para a classe burguesa de sua época, e pressupunha que quem não tinha posses, a classe servil, não era digna de participar da vida política como representante de seus interesses, embora alcançados pelas sanções da lei. A liberdade, portanto, era elitista. John Stuart Mill (1806-1873) Defende a ideia de liberdade ampla, em todas as classes e gêneros, permitindo a expressão máxima da consciência de cada indivíduo, mesmo sem o crivo da moral imposta pela sociedade, o que sempre está fadado a acontecer. O Estado tem o consentimento popular de restringir a liberdade apenas quando houver a ameaça de prejuízo para a comunidade, mas garante as preferencias individuais. A circulação de diversos pensamentos promove o desenvolvimento como um todo, e os resultados apontarão o erro como aprendizagem dando a oportunidade de progresso pessoal, visto que o ser humano é falível. O perigo residia na coerção da própria sociedade ao impor costumes e comportamentos comuns, o que chamou de tirania da maioria. 2) Escolha um fenômeno ou evento político recente, nacional ou internacional, e busque analisá-lo à luz das teorias e conceitos de ciência política debatidos ao longo da disciplina (20 linhas) O ano de 2020 está sendo ano atípico pelo acontecimento da pandemia, causando incertezas e receios diante da mudança no cotidiano pessoal e coletivo. Há nove meses o mundo vem se adaptando com as imposições das autoridades, o que num outro contexto se encaixaria numa ditadura. O que há de inédito, é que em pleno tempo de paz a sociedade vive um estado de exceção dentro de um isolamento social, restringindo o que costumava ser usual, como ir ao trabalho, crianças e jovens em locais de aglomeração, manifestações culturais e até assistência aos idosos da família. Guardando a diferença temporal, pode-se aludir ao Principio de Dano de John Stuart Mill, em que argumenta que o direito da liberdade individual, de pensamento nas suas várias formas de expressão, pode sofrer intervenção legítima do Estado se causar prejuízo a outros. É o caso de autoproteção e proteção ao próximo, diante do alto grau de contaminação pelo vírus e seus efeitos por vezes letais. A liberdade aqui foi trocada pela responsabilidade e a coerção consentida, como pregava Mill. Em seu ensaio Sobre a Liberdade (1859) o filosofo escreve: “Embora a sociedade não se funde num contrato, e embora nenhum proveito se tire da invenção de um contrato de que se deduzam as obrigações sociais, cada beneficiário da proteção da sociedade deve uma paga pelo benefício, e o fato de viver em sociedade torna indispensável que cada um seja obrigado a observar certa linha de conduta para com o resto. Essa conduta consiste, primeiro, em não ofender um os interesses de outro, ou antes certos interesses, que, ou por expressa cláusula legal ou por tácito entendimento, devem ser considerados direitos; e, segundo, em cada um suportar a sua parte (a se fixar segundo algum princípio equitativo) nos labores e sacrifícios em que se incorra na defesa da sociedade ou dos seus membros contra danos e incômodos. Justifica-se que a sociedade imponha essas condições a todo o custo, àqueles que tentam furtar-se ao seu cumprimento.”