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Regulamento Técnico de

Manejo Pré-Abate e
Abate Humanitário
(IN 3 DE 17/01/2000)
VÁLIDA MAS ENTROU EM CONSULTA
PÚBLICA ANO PASSADO. AGUARDAMOS
NOVA VERSÃO.

DRª CÁSSIA ALDRIN DE MELLO


Este RT estabelece os métodos humanitários
de manejo pré-abate e abate dos animais e
os requisitos para seu atendimento, a fim de
evitar dor e sofrimento desnecessários, em
todos os estabelecimentos autorizados pelos
órgãos oficiais que realizam abates e
aproveitamento dos animais para fins
comerciais.

DRª CÁSSIA ALDRIN DE MELLO


Primeira legislação de proteção aos animais no Brasil: julho de
1934 (Decreto 24645 que tornava contravenção os maus
tratos contra os animas)

Década de 90 (Europa): Nova mentalidade mundial ... “o abate


dos animais deveria ser realizado sem sofrimentos
desnecessários, com práticas de Bem-estar animal,
humanitariamente.....”

DRª CÁSSIA ALDRIN DE MELLO


HISTÓRICO
• Lei 9.605/1998: “sanções para crimes contra o Bem-estar
animal e atividades lesivas ao meio ambiente”

- Art. 15: São circunstâncias que agravam a pena o emprego


de métodos cruéis para abate ou captura de animais...
- Art. 32: Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar
animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos
ou exóticos:
• Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

• IN 3 de 17/01/2000: RT de Abate Humanitário

• Decreto 9013/2017: RIISPOA


DRª CÁSSIA ALDRIN DE MELLO
• Procedimentos humanitários de manejo pré-abate e
abate: conjunto de operações baseadas em critérios
técnico científicos que assegurem o bem-estar dos
animais desde o embarque na propriedade de origem até
o momento do abate, evitando dor e sofrimento
desnecessários. Deverá haver o programa BEA.

• Todo animal destinado ao abate deve ser submetido a


procedimentos humanitários de manejo pré-abate e
abate.
• É vedado espancar os animais, agredi-los, erguê-los pelas
patas, chifres, pelos, orelhas ou cauda, ou qualquer outro
procedimento que os submeta a dor, medo ou sofrimento
desnecessários.
DRª CÁSSIA ALDRIN DE MELLO
Por que abater com práticas
de Bem-Estar Animal?
- Os consumidores querem ter certeza de que o alimento
de origem animal foi produzido em boas condições

- Nós temos obrigação ética e legal de não submeter os animais


a sofrimento desnecessário

- Muitos Aspectos de Bem-Estar mal sucedido têm impacto


direto ou indireto na eficiência da produção e na qualidade
Responsabilidades do
Inspetor do BEA

- Funcionário responsável por cuidar do


cumprimento das ações do Bem-Estar Animal
- Deve estar treinado para poder realizar todos
os acompanhamentos e registros
- Responsável pelo treinamento de novos
funcionários do setor

- Qualquer dúvida ou dificuldade? Chame-o!


RESPONSABILIDADES DO
COORDENADOR DO BEA

- Médico Veterinário com treinamento especial


em BEA
- Responsável junto aos inspetores nos
treinamentos e controle de todo processo
- Acompanhamento de auditorias de BEA
• O BEA (bem-estar animal): é o estado do animal que
apresenta um padrão satisfatório de vida

• Os fatores que interferem no bem-estar dos animais


são controlados pelo homem, diretamente ou
indiretamente, mesmo que tenham origem num
fenômeno natural:
- doenças, traumatismos, fome, condições de
alojamento, tratamento inadequado, manejo,
transporte, tratamento veterinário, etc.

DRª CÁSSIA ALDRIN DE MELLO


O BEA pode ser avaliado por
mensurações das funções biológicas
(dosagem hormonal, frequência
cardíaca, ferimentos, má nutrição),
e do comportamento animal
(escorregões, quedas e vocalizações)

DRª CÁSSIA ALDRIN DE MELLO


BEA no matadouro:

• Diretamente ligado à:

- Instalações e equipamentos inadequados,


- Manejo inadequado no descarregamento e recepção
dos animais, na movimentação dos animais,
- Falta de treinamento de pessoal

DRª CÁSSIA ALDRIN DE MELLO


AVALIAÇÃO DO BEA EM MATADOUROS DE
BOVINOS:
De acordo com Luís Calefi de Azevedo (2006)

• Nível de Deslizamentos e Quedas (EM 100 ANIMAIS):


- Reprovável: > 3% escorregam
- Reprovável: > 3 % caem

Todas as áreas por onde os animais circulam deve ter piso


antiderrapante.

DRª CÁSSIA ALDRIN DE MELLO


AVALIAÇÃO DO BEA EM MATADOUROS DE
BOVINOS:
De acordo com Luís Calefi de Azevedo (2006)

• Nível de Vocalizações (EM 100 ANIMAIS):


As vocalizações ou mugidos são indicativos de dor. A
utilização de bastões elétricos para conduzir os animais é
um dos motivos do alto índice de mugidos, além do
estresse. Níveis:

- Reprovável:> 3% vocaliza.

A necessidade do bastão elétrico para conduzir os animais


é sinal de que o manejo está inadequado.

DRª CÁSSIA ALDRIN DE MELLO


MANEJO PRÉ-ABATE

➢ Embarque e desembarque dos animais


➢ Transporte dos animais = densidade de carga e
distância percorrida
➢ Estas etapas envolvem: movimentação e contenção
dos animais = estresse e traumas/contusões se mal
feitos
Prever no manual
de BEA cuidados
no transporte e
demais etapas até
a sangria
BEA
BEM ESTAR ANIMAL

MEDIDA DE CONTROLE: Freqüência:


VISTORIA DE CAMINHÕES Realizar vistoria (in locco) através 2 x ao dia
BOIADEIROS do check list para todos os
caminhões boiadeiros após a
lavagem e sanitização.

Data: ___/ ___/ __

Transportadora: _________________________ Transportadora: __________________________

Motorista: _____________________________ Motorista: ______________________________

Placa: ________________________________ Placa:__________________________________

Itens Especificações Avaliação Itens Especificações Avaliação


Gaiola Ausência de ferpas, Gaiola Ausência de
pregos, parafusos, parafusos, tábuas,
tábuas, quebras, etc. quebras, etc.ferpas,
pregos
Piso (grade, Ausência de frestas, Piso (grade, Ausência de frestas,
borrachão) buracos, tábuas borrachão) buracos, tábuas
quebradas, pregos, quebradas, pregos,
parafusos, ferpas, parafusos, ferpas,
etc. etc.
Divisória Presença de Divisória Presença de
divisórias ausentes divisórias ausentes
de pregos, parafusos de pregos, parafusos
e frestas. e frestas
Lavagem Livre de resíduos de Lavagem Livre de resíduos de
poeira e fezes poeira e fezes
Sanitização Aspersão com Sanitização Aspersão com
sanitizante em sanitizante em
concentração de concentração de
0,2% de ácido 0,2% de ácido
cítrico , iodo ou cítrico, iodo ou
hidróxido de sódio. hidróxido de sódio
Legenda: C= conforme/NC= Não Conforme

___________________ _______________________ ______________________

Monitor Supervisor de Produção Supervisor da Qualidade


Desembarque e Recepção dos animais no matadouro:
Manejo no corredor para os
currais
Descanso, jejum e dieta hídrica nos currais:
• Os animais devem ser submetidos a jejum e dieta hídrica
por período mínimo de:
- 8 horas para bovinos, bubalinos, ovinos, caprinos, suínos e
equídeos
- 6 horas para aves.
• A critério do SIF poderão ser abatidos animais que
iniciaram o jejum na propriedade rural, desde que sejam
submetidos no estabelecimento de abate a descanso e
dieta hídrica por no mínimo 2 horas.
• O jejum não deve exceder o total de:
- 24 horas para bovinos, bubalinos, ovinos e caprinos
- 18 para suínos e equídeos
- 12 horas para aves.
§ 1°: O tempo de jejum total deve ser contado somando-se a retirada do
alimento na propriedade rural, transporte e espera nas instalações do
estabelecimento de abate.
• No caso de permanência de animais nos locais
de alojamento por período superior ao tempo
máximo de jejum permitido, os mesmos
devem ser alimentados e novo jejum deve ser
realizado previamente ao abate
Abate de emergência

Os animais devem ser


insensibilizados previamente à sua
movimentação, sendo
preferencialmente sangrados no
local
Manejo na Condução para o abate:

Uso do choque: pode ser aplicado preferencialmente nos


membros posteriores, com descargas que não durem
mais de um segundo e desde que haja espaço suficiente
para que o animal avance ou levante, exceto equídeos,
ovinos e caprinos, qualquer que seja sua idade, ou em
bezerros e leitões
O adequado banho antes do abate:
BEA
BEM ESTAR ANIMAL
PROGRAMA DE RECEBIMENTO DE MATERIA PRIMA

SEÇÃO DE RECEBIMENTO DE PADRÃO: Freqüência:


ANIMAIS Pressão da água no banho de aspersão: min. 3 2 x ao dia
atm
Cloração da água no banho de aspersão: min. 5
ppm
Quantidade de animais por vez no banho de
aspersão: máx. 25
Tempo de permanência no banho de aspersão:
min. 5 minutos

Horas:_________ Horas:________

(01-) Desembarque dos animais

(02-) Recebimento e acomodação dos animais

(03-) A lavagem dos currais está à contento

(04-) Pressão da água no banho de aspersão

(05-) Cloração da água no banho de aspersão

(06-) Quantidade de animais no banho de aspersão

(07-) Tempo de permanência no banho de aspersão

Legenda: C= Conforme NC= Não conforme NA= Não Aplicável

______________________ _________________________ ___________________________

Monitor Supervisor de Produção Supervisor da Qualidade


Condução para a entrada na sala de abate:
Cuidados no boxe de insensibilização
A INSENSIBILIZAÇÃO

- Métodos variam com a espécie


- Objetivo: tirar a dor e consciência do animal (humanizar
o ato)
- Treinamento do operador

- Os animais, após insensibilização, devem permanecer


inconscientes e insensíveis até sua morte por choque
hipovolêmico, consequência da sangria imediata, sendo
facultada a morte do animal pelo método de
insensibilização.
PROCEDIMENTO OPERACIONAL DE
INSENSIBILIZAÇÃO POR PISTOLA:

Concussão penetrativa Concussão não penetrativa


(2cm acima do ponto)
Insensibilização de bovinos
MONITORAMENTO DA INSENSIBILIZAÇÃO POR MÉTODO
MECÂNICO . Ex. bovinos:

Colapso imediato (queda imediata)

• Uma potente pancada na cabeça do animal


causa disfunção da atividade elétrica normal
pela dramática mudança de pressão seguida do
colapso cerebral = insensibiliza profundamente
o animal e levando-o a queda imediata.
❖Ausência de reflexo de córnea/pálpebra
❖ Ausência de respiração rítmica
- A respiração rítmica normal após o atordoamento indica
que a medula espinhal e os nervos que controlam os
movimentos respiratórios no corpo ainda estão funcionando
( consciência)

❖ Ausência de Vocalização
-Se vocalizar é um forte indicativo de que o animal está
sentindo dor

❖ Ausência de reflexo de endireitar-se/ correção de


postura
- cabeça e pescoço devem apresentar soltos e flexíveis

❖ Membros dianteiros estendidos e traseiros em
pedalagem
❖ Mandíbula relaxada e língua solta
REGISTRO DE TIRO DUPLO

PLANILHA DE Caso o animal não perca a sensibilidade no Freqüência:


MONITORAMENTO primeiro "tiro", o operador deverá repetir a 3 vezes por dia
operação em outro ponto, o mais próximo possível
do primeiro. Neste caso o operador deverá ser
novamente treinado e os registros de manutenção
do equipamento deverão ser checados.

Data: ___/ ___/ ___

ABATE Horário Horário Horário

Local do tiro adequado ( interseção das ( )C ( ) NC ( )C ( ) NC ( )C ( ) NC


linhas imaginárias da base das orelhas
até a órbita do olho)

Pistola apontada de maneira ( )C ( ) NC ( )C ( ) NC ( )C ( ) NC


perpendicular em relação ao crânio

Distância entre cabeça e o equipamento ( )C ( ) NC ( )C ( ) NC ( )C ( ) NC


entre 10 e 15 mm

Processo de insensibilização aproximada ( )C ( ) NC ( )C ( ) NC ( )C ( ) NC


de 5 segundos

Total de tiros duplos registrados entre os ( )C ( ) NC ( )C ( ) NC ( )C ( ) NC


horários de monitoramento

Legenda: C= Conforme/ NC= Não Conforme/ NA= Não Aplicável

______________________ _________________________ _______________________ ____

Monitor Supervisor de Produção Supervisor da Qualidade


ABATES RELIGIOSOS
(Schechita ou Kosher e Halal)
- Abates feitos por degola (corte de traqueia, esôfago, artérias e veia
jugular) sem prévia insensibilização
- No Brasil só é permitido o abate SEM PRÉVIA INSENSIBILIZAÇÃO de
animais que atendam preceitos religiosos:
Art. 112. Só é permitido o abate de animais com o emprego de métodos humanitários,
utilizando-se de prévia insensibilização, baseada em princípios científicos, seguida
de imediata sangria.
§ 1º Os métodos empregados para cada espécie animal serão estabelecidos em
normas complementares.
§ 2º É facultado o abate de animais de acordo com preceitos religiosos, desde que
seus produtos sejam destinados total ou parcialmente ao consumo por
comunidade religiosa que os requeira ou ao comércio internacional com países
que façam essa exigência.
- Respeitar normas dos países compradores – certificação e
acompanhamento do abate por autoridades religiosas
ABATES RELIGIOSOS
• Debate do STF em agosto/2018 – decisão de março/2019 =
vale não só para religiões de matriz africana, onde os
tribunais de todo o país deverão ter o mesmo entendimento.

• “A oferenda dos alimentos, inclusive com a sacralização dos


animais faz parte indispensável da ritualística das religiões
de matriz africana. Impedir a sacralização seria manifestar
claramente a interferência na liberdade religiosa” - ministro
Alexandre de Moraes”
• “Não se trata de sacrifício para fins de entretenimento, mas
sim para fins de exercício fundamental que é a liberdade
religiosa. Não existe tratamento cruel desses animais. Pelo
contrário. A sacralização deve ser conduzida sem sofrimento
inútil do animal” – ministro Luís Roberto Barroso
A SANGRIA
- Objetivo
- Tempo entre insensibilização e sangria e duração da
sangria
- Eficiência da sangria
# Degola Religiosa

Fonte: SILVA (2011)


• Não serão permitidas operações que envolvam cortes
ou mutilações nos animais até que seja concluído o
período mínimo de 3 minutos para que o sangue escoe
o máximo possível.

• Parágrafo único. Procedimentos tecnológicos, como a


estimulação elétrica, podem ser aplicados somente no
terço final da sangria.
Percurso da Sangria:
Resultado de manejo inadequado = Contusões e pH

6,2

Fonte: SILVA (2011)


NÃO CONFORMIDADES QUE PODEM REPROVAR A FÁBRICA EM
AUDITORIAS DO ABATE HUMANITÁRIO:

• Negligência e/ ou abuso aos animais


• Arraste de animais sensíveis (debilitados)
• Sinais de sensibilidade após atordoamento
• Tocar um animal sobre o outro caído
• Não fornecer água em todos os currais
• Usar bastão elétrico ou objetos em áreas sensíveis do
animal (olho, úbere, ânus, focinho)
• Alto índice de quedas e escorregões; e ainda
vocalizações
• Lesões graves decorrente de queda

DRª CÁSSIA ALDRIN DE MELLO


Obrigada!

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