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DIREITO FALIMENTAR E o puniam com a pena de

RECUPERACIONAL responsabilidade pessoal por suas


dívidas. Enfim, passou-se a entender
que os bens do devedor, e que não a
AULA – 01 sua pessoa, deveriam servir de garantia
aos seus credores.

HORIGENS HISTÓRICAS DO DIREITO Mas ainda assim havia um

FALIMENTAR problema a ser solucionado: e quando


a patrimônio do devedor não fosse
suficiente para a satisfação dos seus
Na Roma antiga, houve um credores?
período em que o devedor respondia
No direito Justiniano, a partir de
por suas obrigações com a própria
então, os credores adquiriam,
liberdade e às vezes até mesmo com a
consequentemente, o direito de vender
própria vida.
os bens do devedor, com o intuito de
A garantia do credor era, pois, a saldar a dívida que este tinha em
pessoa do devedor. Assim, este relação àqueles.
poderia, por exemplo, tornar-se
Percebe-se que nesse período
escravo do credor por certo tempo,
inicial o direito falimentar, possuía um
bem como entregar-lhe em pagamento
caráter extremamente repressivo,
da dívida parte do seu corpo.
rendo como finalidade precípua a
punição do devedor.

Somente com a edição da Lex Na Idade Média, quando o


Poetelia Papiria em 428 a.C., a qual direito comercial começou a ser
proibiu o encarceramento, a venda constituído a partir da compilação dos
como escravo e a morte do devedor, o usos e práticas mercantis, a doutrina
direito romano passou a conter regras também identificou regras especiais
que consagravam a sua para a execução dos devedores
responsabilidade patrimonial, em insolventes que podiam ser vistas como
contraposição às regras de outrora, que precursoras do atual direito falimentar.
Todavia, ainda se tratava de regras A afirmação dos postulados da
extremamente repressivas. livre-iniciativa e da livre concorrência
conduz a inexorável constatação de
Mas a codificação Napoleônica
que não apenas os devedores
provocou uma profunda mudança no
desonestos atravessavam crises
direito privado.
econômicas, mas qualquer devedor.
A mudança que o Código
Ademais, essas crises
Comercial de Napoleão trouxe para o
econômicas, de tão naturais que se
direito comercial atingiu,
tornam, passam a ser encaradas sob
consequentemente, o direito
novas perspectiva, não mais se
falimentar, que passou a constituir um
colocando para elas como único e
conjunto de regras especiais, aplicáveis
inevitável remédio a decretação da
restritamente aos devedores
falência do devedor e o seu
insolventes que revestia a qualidade de
consequente afastamento do mercado.
comerciantes.
Hodiernamente, portanto, o
Mas o tempo passa, a sociedade
direito falimentar não mais tem como
evolui, e a falência, até então
característica a preocupação
considerada como uma certa patologia
preponderante de punir o devedor
de mercado inerente aos devedores
insolvente, criminalizando sua conduta
desonestos, passa a ser vistas com
e excluindo-o do mercado a todo custo.
outros olhos e analisada sob novas
perspectivas. A GRANDE PREOCUPAÇÃO DO
DIREITO FALIMENTAR ATUAL É A
Com efeito, o desenvolvimento
PRESERVAÇÃO DA EMPRESA, razão pela
econômico vivenciado a partir da
qual a legislação tenta fornecer ao
Revolução Industrial r acentuado
devedor em crise todos os
progressivamente por meio do
instrumentos necessários à sua
processo batizado de Globalização
recuperação, reservando a falência
trouxe relevantes alterações na
apenas para os devedores realmente
conjuntura socioeconômica.
irrecuperáveis.
PERGUNTA: E qual legislação vigora no 4) Crise Devido a Acidentes Naturais
Brasil?

A LEI 11.101/05 juntamente


Todos estão sujeitos a prejuízos
com a lei 14.112/20.
causados por desastres naturais, com
tempestades, terremotos, entre outros.

TIPOS DE CRISES EMPRESARIAIS

PRINCÍPIOS DO DIREITO FALIMENTAR


(pág. 1016)
1) Crise Financeira

Segundo o art. 75, da Lei


Normalmente o caixa da
11.101/05, diz que os princípios da
empresa é insuficiente para honrar sus
falência são:
compromissos cotidianos.

 Princípio da preservação da
2) Crise Patrimonial
empresa;

Em termos gerais, se caracteriza  Princípio da maximização dos


pela existência de um passivo (dívida ativos;
ou obrigação) mais alto que o ativo
 Princípio da celeridade
(bens que a empresa possui).
processual;

 Princípio da economia;
3) Crise de Imagem

 Princípio do juízo universal da


falência;
Quando a companhia tem a sua
imagem devido ao vazamento de
informação confidenciais.
A lei em sim: Com a vigência da lei 11.101/05
passou a se discutir como se aplicaria a
Art. 75. A falência, ao promover
decretação de falência no caso das
o afastamento do devedor de suas
instituições financeiras, uma vez que,
atividades, visa a:
segundo previsto na lei mencionada,
em regra não se adota a aplicação do

I - preservar e a otimizar a instituto para as instituições.

utilização produtiva dos bens, dos Assim, as instituições financeiras


ativos e dos recursos produtivos, permanecer a serem disciplinadas pela
inclusive os intangíveis, da empresa Lei 6.024/74, que regula também, os

II - permitir a liquidação célere regimes especiais que são aplicáveis a

das empresas inviáveis, com vistas à esse caso, a intervenção judicial, o

realocação eficiente de recursos na regime de administração especial

economia; e temporária e a liquidação.

III - fomentar o As instituições financeiras se

empreendedorismo, inclusive por meio submeterão ao Banco-Central-BACEN

da viabilização do retorno célere do em seus respectivos processos de

empreendedor falido à atividade liquidação.

econômica.

§ 1º O processo de falência 1) Do procedimento da Falência


atenderá aos princípios da celeridade e
da economia processual, sem prejuízo
do contraditório, da ampla defesa e dos As instituições financeiras foram
demais princípios. excluídas da Lei 11.101/05 em seu
artigo 2º, que diz:

FALÊNCIA DE INSTITUIÇÕES
FINANCEIRAS “Art. 2º Esta Lei não se aplica a:
I – empresa pública e sociedade o Art. 168. Praticar, antes
de economia mista; ou depois da sentença
que decretar a falência,
II – instituição financeira
conceder a recuperação
pública ou privada, cooperativa de
judicial ou homologar a
crédito, consórcio, entidade de
recuperação
previdência complementar, sociedade
extrajudicial, ato
operadora de plano de assistência à
fraudulento de que
saúde, sociedade seguradora,
resulte ou possa resultar
sociedade de capitalização e outras
prejuízo aos credores,
entidades legalmente equiparadas às
com o fim de obter ou
anteriores.”
assegurar vantagem
indevida para si ou para
Dessa forma muitos pensam outrem.
que não há como uma instituição
financeira falir, pelo fato dela ser
 Violação de sigilo empresarial:
excluída da Lei de Recuperação de
Empresas e Falência, porém em
contrapartida tem a Lei nº 6.024/74,
o Art. 169. Violar, explorar
que é uma lei especial que regula a
ou divulgar, sem justa
intervenção, liquidação e falência das
causa, sigilo empresarial
instituições financeiras.
ou dados confidenciais
sobre operações ou
serviços, contribuindo
CRIMES FALIMENTARES
para a condução do
devedor a estado de
Constitui crimes falimentares: inviabilidade econômica
ou financeira.

 Fraude a credores:
 Divulgação de informações  Favorecimento de credores:
falsas:

o Art. 172. Praticar, antes


o Art. 170. Divulgar ou ou depois da sentença
propalar, por qualquer que decretar a falência,
meio, informação falsa conceder a recuperação
sobre devedor em judicial ou homologar
recuperação judicial, plano de recuperação
com o fim de levá-lo à extrajudicial, ato de
falência ou de obter disposição ou oneração
vantagem. patrimonial ou gerador
de obrigação, destinado
a favorecer um ou mais
 Indução a erro: credores em prejuízo
dos demais.

o Art. 171. Sonegar ou


omitir informações ou  Desvio, ocultação ou
prestar informações apropriação de bens:
falsas no processo de
falência, de recuperação
judicial ou de o Art. 173. Apropriar-se,
recuperação desviar ou ocultar bens
extrajudicial, com o fim pertencentes ao devedor
de induzir a erro o juiz, o sob recuperação judicial
Ministério Público, os ou à massa falida,
credores, a assembleia- inclusive por meio da
geral de credores, o aquisição por interposta
Comitê ou o pessoa.
administrador judicial.
 Aquisição, recebimento ou uso judicial, nos termos
ilegal de bens: desta Lei.

o Art. 174. Adquirir,  Violação de impedimento:


receber, usar,
ilicitamente, bem que
o Art. 177. Adquirir o juiz,
sabe pertencer à massa
falida ou influir para que o representante do

terceiro, de boa-fé, o Ministério Público, o

adquira, receba ou use. administrador judicial, o


gestor judicial, o perito,
o avaliador, o escrivão, o
 Habilitação ilegal de crédito: oficial de justiça ou o
leiloeiro, por si ou por
interposta pessoa, bens
o Art. 175. Apresentar, em de massa falida ou de
falência, recuperação devedor em recuperação
judicial ou recuperação judicial, ou, em relação a
extrajudicial, relação de estes, entrar em alguma
créditos, habilitação de especulação de lucro,
créditos ou reclamação quando tenham atuado
falsas, ou juntar a elas nos respectivos
título falso ou simulado. processos.

 Exercício ilegal de atividade:  Omissão dos documentos


contábeis obrigatórios:

o Art. 176. Exercer


atividade para a qual foi o Art. 178. Deixar de
inabilitado ou elaborar, escriturar ou
incapacitado por decisão autenticar, antes ou
depois da sentença que
decretar a falência,
conceder a recuperação
judicial ou homologar o
plano de recuperação
extrajudicial, os
documentos de
escrituração contábil
obrigatórios

1 - Evolução histórica do direito


falimentar

2 - Tipos de crises empresariais

3 - Princípios do direito falimentar

4 - Falência de instituições financeiras.

5 – Crimes Falimentares

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