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AUTOS Nº ........
empresa em processo de falência, a saber, ........, inscrita no CNPJ sob o n.º .....,
com sede na Rua ....., n.º ....., Bairro ......, Cidade ....., Estado ....., CEP .....,
representada por seu administrador Gabriel Reginaldo Pelágio, brasileiro (a), (estado
civil), profissional da área de ....., portador (a) do CIRG n.º ..... e do CPF n.º .....,
residente e domiciliado (a) na Rua ....., n.º ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado .....,
pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.
DOS FATOS
O peticionário, no exercício de suas funções no ramo de negócios de veículos usados
no mercado automotivo da sua região, firmou contrato de consignação (em anexo
docs XX.) para a empresa do falido, cedendo 18 automóveis de propriedade do
peticionário, o que por determinação do art. 87 da Nova Lei de Falências - Lei
11.101/05 faz-se seguir a descrição das coisas arrecadadas: (XX, XXX, X.........),
devidamente comprovados por meio dos DUT’s ( doc. em anexo fls XX.), contrato
este representado pelo contrato estimatório (doc. em anexo fls XX.)
Sucede que, após a entrega dos veículos, mantendo-os expostos para venda no Auto
Shopping Bela Parada aonde o falido operava seus negócios como empresário
individual revendendo veículos usados de diversas fontes, inclusive os 18 automóveis
do peticionário, ocorrendo que no mês de maio de 2022, numa operação da Polícia
Civil, amplamente repercutida na imprensa, conduziu à prisão de uma série de
envolvidos num esquema de receptação de autopeças no Auto Shopping Bela Parada,
culminando na prisão do falido, fatos que, sem qualquer conhecimento do
peticionário, ensejaram na apreensão dos bens no Auto Shopping Bela Parada, bem
como relacionados entre os bens do falido, quando na verdade são de propriedade do
peticionário.
Destarte, cumpre ressaltar que o falido apenas mantinha a posse da coisa, porém o
detentor da propriedade sempre foi, e continua sendo.
Entretanto, tendo sido decretada a Falência do Requerido, outra medida não restou ao
Requerente que não a propositura do presente Pedido de Restituição de Mercadoria.
DO DIREITO
Colorário do direito de propriedade o denominado direito de sequestro é o direito de
reaver coisa própria de quem injustamente a possua ou detenha, assim como
determina o Código Civil em seu art. 1228, o qual descreve:
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito
de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
Nessa banda, afirma Sílvio de Salvo Venosa, quando defere posse de detenção,
esculpindo seu conceito partindo de Jhering:
A posse é fato e como fato revela a amplitude da sociabilidade humana, que escapa
a sistematicidade do direito. Tem razão Pontes de Miranda quando, ao reconhecer a
natureza da posse como fato, afirma que a posse que ocorre no mundo fático deve
ser vista a partir do mundo jurídico como fato e não como direito. A posse é poder
fático que materializa a apropriação direta da coisa, embora seja a relação entre
pessoas e não entre pessoas e coisas. A apropriação que caracteriza a posse ocorre
independentemente de qualquer mediação jurídica. A posse assegura a satisfação
imediata das necessidades da pessoa humana. (...) O ato da posse é essencialmente
finalístico.
Portanto a ação para reivindicar a coisa em poder de outrem surgiu ainda da ius
civile romana. A equação jurídica é simples: O proprietário que se vir apartado de
sua res, de forma alheia a sua vontade, poderá invocar pela rei vindicatio o direito
de reaver a posse dessa com quem quer que seja que essa se encontre.
Concluímos, portanto, que a propriedade, tal como figura no art. 1.228 do Código
Civil, descreve a total senhoria e domínio sobre a coisa, podendo isso ser
imposto erga omnes, cujas limitações são todas descritas por força de lei, obedecida
a função social. Contudo, como visto, não enseja a posse e nem dela necessita para
se constituir.
“A coisa consignada não pode ser objeto de penhora ou seqüestro pelos credores do
consignatário, enquanto não pago integralmente o preço.”
Caso haja de fato uma pretensão resistida à do autor o feito comporta dilação
probatória, desenvolvendo-se assim de acordo com o Artigo 87 e parágrafos com a
aplicação subsidiária do Código de Processo Civil, dada pelo art. 189 da LRE: “Art.
189. Aplica-se a Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil,
no que couber, aos procedimentos previstos nesta Lei.”
Portanto, da sentença que reconhece o direito real e sua violação pode-se extrair a
autorização para a recuperação da coisa no próprio processo em curso, vez que
entende-se dispensável execução autônoma para a entrega da coisa. Nesses termos,
até mesmo pelo atual regime jurídico, podemos dizer que – independentemente do
título ser fundado em um relação real ou obrigacional – a entrega de coisa, no caso
a restituição, sempre será ação executiva latu sensu e, secundariamente,
mandamental.
DOS PEDIDOS
EX POSITIS, é a presente para REQUERER se digne Vossa Excelência, a acolher
julgando procedente o presente PEDIDO de RESTITUIÇÃO dos 18 automóveis
listados (conforme docs. Fls. XX) de propriedade do Requerente, determinando-se a
devolução dos bens arrecadados em poder da Massa Falida, conforme prazo legal
de 48 horas determinado pelo art. 88 da Nova Lei de Falências - Lei 11.101/05.
Termos em que,
Pede-se Deferimento.
ESTADO, DATA, ANO
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ADVOGADO
OAB/UF
Nº XXXXXXXX